Eu escuto alguém entrando apressadamente em meu quarto:

— Senhorita America! – disse Anne e arregalou os olhos quando viu Maxon. – Me desculpe! Perdoe-me! – ela pediu extremante constrangida.

— Pode falar, Anne – pedi enquanto me ajeitava e Maxon fez o mesmo, nós só estávamos abraçados, mas o constrangimento dela me deixou sem graça.

— Me perdoe – ela pediu mais uma vez -, mas é que a Rainha disse que se você não for ao jantar, ela te mandaria um medico aqui, para ver se está doente – disse Anne um pouco urgente.

Eu e Maxon rimos.

— Bem, é melhor descermos – ele disse se levantando.

Eu pulei da cama tentando arrumar meu vestido e meus cabelos, eu estava pronta só que uma bagunça.

— Quer ajuda para se ajeitar? – perguntou Anne timidamente.

Eu dei uma corridinha até o espelho. Não estava na minha melhor produção, talvez precisasse mesmo de uma pequena arrumação... O reflexo de Maxon me chamou atenção...

— Bem, talvez eu precise... – eu disse olhando para ele através do reflexo com cara de interrogação.

— Você está ótima, America! – ele me disse com um pouco de divertimento pela minha preocupação.

Andamos sem pressa pelos corredores. Nós estávamos menos formais do que de costume, ele estava com o braço em volta dos meus ombros e eu segurava sua mão. Estavamos em silencio e eu me sentia cansada, meus olhos estavam pesados por causa do choro, mas eu sentia que toda a minha raiva tinha se ido e estava muito feliz por estar com Maxon:

— Você me ama mesmo? – perguntei a ele, sentindo uma euforia só de lembrar o que ele disse.

— America – ele disse parando nós dois – Eu te amo! – ele disse perto do meu ouvido.

Eu sorri e me virei para lhe dar um beijo, mas eu mal tinha lhe dado um celinho:

— Majestada – eu ouvi a voz de Aspen e petrifiquei. Essa não era uma cena que gostaria de compartilhar com ele. E era estranho como a culpa veio tão rápido... Aspen tinha sido a primeira pessoa que eu tinha beijado e...

Maxon que me afastou um pouquinho sorrindo com a minha atitude desconcertante.

— Não se preocupe, America – Maxon disse acariciando meu rosto. – É só o soldado Leger – ele disse despreocupado.

Eu tentei arrumar a minha postura, o único problema meu era porque era só o "soldado Leger".

— Ele é de confiança, o soldado que eu mais posso confiar aqui! – afirmou Maxon cumprimentado Aspen com um aceno.

Eu me vivei para encara-lo, ele fez uma pequena reverencia para mim também , com um sorriso que só quem o conhecia muito bem, como eu, poderia saber que era de ironia.

— Seu pai não está no seu melhor humor, senhor. Disse que não gosta da ideia de você ficar pulando as refeições e não dar atenção as outras participantes – disse ele parecendo escolher cada palavra.

— Não era de se esperar – disse Maxon com um pouco de irritação na voz. – Mas obrigado! – disse Maxon com camaradagem, e eu fiquei me perguntando quando os dois tinham se tornado tão próximo.

— Acho melhor não entrarmos juntos – disse Maxon á mim, enquanto eu não conseguia tirar os olhos de Aspen. – Pode ir em frente, America...

— Acho melhor não, senhor. Eles estão o esperando para começarem a comer – explicou Aspen.

— Ok – Maxon concordou depois de refletir. – Espere um pouco e depois entre, querida! – ele disse beijando o topo da minha cabeça.

— Tudo bem! – concordei e ele se foi.

Eu encarei Aspen sem expressão...

— O que? – ele perguntou cheio de indignação. – Agora você é a querida dele? – indagou em um murmúrio exaltado.

— O que? – rebati também em um sussurro.

— Ele te trata mal daquele jeito que eu vi hoje e de repente já estão se beijando? - as questões dele eram de acusação. – Pensei que você tinha um pouquinho mais de orgulho próprio...

— Não é assim! –eu o interrompi brava. - Você não sabe de nada! – contestei não querendo entrar em detalhes, apesar de tudo ele não tinha nada haver com essa história.

— Eu só sei que queria quebrar a cara dele por ver ele falando daquele jeito com você, mas porque? Se você mesmo não se importa!

Aquilo foi como um tapa na minha cara. Eu sabia que vendo desse ângulo, Aspen tinha razão, e eu estava lisonjeada com a afirmação dele de querer me defender, mas ele não sabia todos os detalhes.

— Eu agradeço, mas posso cuidar de mim sozinha! – falei com um pouco de raiva. – Cuide da sua vida e deixe que eu cuide da minha!

Quando todos estavam saindo da mesa fiquei irritada por ver Maxon e Kriss saírem de braços dados, o que indicava que os dois tinham marcado um encontro. No fundo eu não conseguia entender, se Maxon dizia me amar e querer só a mim, por que não acabar logo com esse jogo? Por que só não me escolhia e pronto?

Mas eu segurei esses sentimentos dentro de mim e repeti que deveria confiar nele, meu único trabalho aqui era prova a ele e a todos que eu era realmente a melhor opção...

— Desculpe! – pediu Celeste que tinha colocado o pé na minha frente e eu levei um tropeçou. – Pena que você não caiu – sussurrou ela sorrindo, e saiu logo atrás de Maxon e Kriss.

Meu desejo era correr e lhe dar um empurrão, mas eu me segurei.

— Você está bem? – perguntou Elise, que ainda estava lá.

— Estou! – disse brava. – Essa menina é um inferno! – resmunguei.

— Sim – concordou Elise -, eu realmente não entendo como ela está aqui... Quero dizer, eu sei que Maxon tem um motivo especial para deixar cada uma de nós aqui, mas a Celeste... – ela não terminou de falar só balançou a cabeça em negativa.

Eu suspirei, mas queria continuar essa conversa.

— Por que você acha que ele está te mantendo aqui? – perguntei tentando não mostrar nenhum interesse especifico, só pura curiosidade.

— Talvez ele sabe que eu sou útil! – ela disse sem se importar. – Eu já sei que ele não me ama... – ela afirmou jogando os ombros.

— E você não se importa com isso? – perguntei mais curiosa ainda.

— Bem, eu até que gostaria muito que fosse ao contrario, mas o que importa? – ela rebateu. - Afinal, se ele disser que me ama, ele já disse isso para Kriss, pode ter pode ter dito para você e quem sabe até mesmo para Celeste, então realmente faz alguma diferença?

Eu não respondi, pensando que ele tinha acabado de me dizer isso, e era verdade mesmo que tinha dito isso para Kriss? Eu limpei a mente.

— Então, você acha que no final vai vencer realmente quem for mais útil e não quem ele diz amar? – perguntei tentando entender o ponto dela.

— Eu acho que nessa altura tanto faz, todas nós aqui temos algo para dar, e quem der mais vai ganhar – disse Elise friamente sobre o assunto.

— E você não se importa se ele não te escolher por amor? - eu ainda estava surpresa dela não se importar com isso.

— Acho que não! – disse se levantando do lugar e depois me deu um pequeno sorriso. – Mas talvez por que sei que no final ele não vai me escolher. Boa Noite, America – ela disse indo até a saída.

Eu fiquei parada tentando entender essa conversa. Ela realmente não achava que seria escolhida? O estava fazendo isso para não parecer uma candidata forte? Afinal se for mesmo como ela disse todos estavam aqui porque poderia servir de alguma coisa para Maxon... Será que ela era tão forte assim? Eu nunca tinha pensado nela como uma verdadeira possibilidade....