A Estrangeira escrita por Paola_B_B


Capítulo 4
Capítulo 3. Finalmente comigo?


Notas iniciais do capítulo

Oi gente :D Obrigada pelos comentários! Leio todos, porém não tem como eu responder a todos. Então responderei aqueles que contiverem perguntas ok? Mas não deixem de comentar esse é o meu combustível ;)



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Capítulo 3. Finalmente comigo?

POV Edward

Aos poucos o barulho no refeitório ia aumentando. Geralmente quando eu chegava antes que meus amigos à nossa mesa, eu ficava observando os tão diferentes grupos do colégio. Os adolescentes formavam grupos de acordo com suas atividades extras curriculares. Os fissurados em informática, os skatistas, os estudiosos, os drogados, os roqueiros, os esportistas que normalmente se dividiam pelos esportes que praticavam e tinha os excluídos que costumavam viver em seus próprios mundos. Sempre gostei de observar essa interação social. Não estou dizendo que ver uma das garotas populares pisando em outra excluída é uma coisa legal. Somente acho interessante. Acho que minha próxima graduação deveria ser em psicologia, talvez assim eu entenda esse estranho mundo.

Porém hoje minha distração era outra e tinha nome, um lindo nome para ser mais exato, Isabella. A estrangeira.

É estranho como minha mente fica rodando em fatos que nunca antes em minha vida parei para pensar. Os olhos da novata poderiam ser considerados de uma cor comum para qualquer um, não para mim. Algo naqueles grandes e misteriosos olhos me chamava a atenção. Honestamente, nunca parei para analisar a cor dos olhos ou o jeito que eles observam as coisas de qualquer pessoa. Nem mesmo de minha mãe. Eu até poderia pensar: "Aquela garota tem olhos bonitos", mas o pensamento parava por aí. Eu não passava oras apenas me lembrando de cada piscada. Por Deus! Isso é loucura.

E para melhorar meu estado lastimável Isabella entrou no refeitório. Ela ria despreocupada ao lado de Ângela e nunca achei um riso tão bonito.

Agucei minha audição para saber qual era o assunto tão engraçado.

- Garota você é demais! O idiota do Newton estava precisando de uma invertida dessas! - Ângela praticamente pulava com sua empolgação.

- Não quis dar invertida nenhuma Angie. Eu apenas fiz um favor a ele. Não é legal falar besteiras em público. - Bella deu de ombros. - Mas se ele prefere passar vergonha por ser ignorante eu não posso fazer nada.

Ângela gargalhou mais uma vez e a novata a acompanhou. As duas foram pegar suas bandejas e escolher a comida. Tive que conter o riso com a feição desesperada de Isabella.

- Vocês comem isso na hora do almoço? - perguntou.

- Sim. - Ângela sorriu divertida. - Sinto muito, terá que se acostumar.

Isabella proferiu uma frase em português e imediatamente me xinguei mentalmente por nunca antes ter me interessado em aprender essa língua. De que adiantava minha fluência em francês, alemão e espanhol se nenhuma dessas línguas me faz compreender a estrangeira? Frustrante.

- Edward! Caramba cara! Em que planeta você está? - pisquei rapidamente e fitei Eric que pelo jeito me chamava há um bom tempo.

- Só estava pensando. - murmurei. - O que você queria?

- A gente só estava comentando sobre o primeiro jogo do campeonato estadual.

- Ah! Claro! Será legal! - disse empolgado.

Seria o primeiro campeonato que eu disputaria. Meus pais não gostaram muito da ideia, achavam que por causa da minha parte vampiresca eu me encaixaria como trapaceiro. Mas eu nunca fui o melhor do time justamente para não chamar a atenção de ninguém. Até errava de propósito.

Entretanto, por mais que meus pais não gostassem de me ver em uma competição eles gostavam de me ver jogando. Os dois assistiram a todos os jogos amistosos que tive. Torciam tão empolgados que se eu fosse completamente humano me sentiria envergonhado. Mas eu amava a empolgação dos dois e tenho certeza que Alice também adoraria assistir a um dos meus jogos.

As garotas não paravam de falar sobre as horas extras de treinos que teriam que fazer. Afinal nenhuma delas queria passar vergonha em frente à multidão que assistiria à partida.

- Oh! Nem me fale em treinos extras! No final de semana passado eu passei moída em cima da cama. - reclamou Ângela sentando-se na ponta da mesa.

Para a minha alegria Isabella sentou-se ao meu lado. Sorri para ela que retribuiu e me mandou uma piscadela.

- Do que tanto riam agora a pouco? - perguntei a estrangeira que me olhou divertida.

- Dando uma de perseguidor?

Senti minha pele esquentar. Droga! Não era bem aquilo... Mas meio que era exatamente aquilo!

A garota gargalhou.

- Relaxa! Eu estou brincando. - bateu com seu ombro no meu.

Vendo meu embaraço ela cutucou uma ervilha em seu prato. Seu rosto estava encantador mesmo com a careta de nojo.

- Ângela se divertiu por eu ter feito Mike passar vergonha na frente de todos na aula de espanhol. - explicou.

- O que aconteceu?

- A professora fez eu me apresentar em frente à turma, falar de onde eu vinha e tudo mais. Aí o Mike disse que a aula seria fácil já que eu poderia falar em minha língua natal.

Revirei meus olhos. Era bem a cara do Newton falar algo desse gênero.

- Então eu falei para ele que em meu país eu falava português, não espanhol e que era melhor ele prestar mais atenção nas suas aulas de geografia caso não quisesse passar vergonha falando tremenda besteira.

Não consegui evitar o riso. Bella fez uma careta.

- Eu tenho que aprender a segurar minha língua, caso contrário eu começarei a arrumar confusão. - murmurou para ela mesma.

- Não se preocupe, Mike é do tipo que tem mais músculos do que cérebro. Mas não é má pessoa. É até um bom amigo se você não quiser conversar sobre algo como o paradoxo do tempo. - cochichei. 

A estrangeira segurou o riso.

- Tudo bem, eu não tenho preconceitos.

Sorri.

Ela voltou o olhar em direção ao prato e uma nova careta apareceu.

- Problemas com o almoço?

- É tão óbvio assim?

- Você é um livro aberto.

Suas bochechas coraram e eu sorri. Isabella logo tratou de disfarçar seu constrangimento.

- Isso não pode ser chamado de almoço? Onde está o feijão? O arroz? A carne? A salada? O macarrão?

- Sinto muito. - segurei meu riso.

A novata fez uma careta e bufou.

- Sente nada! Você já está acostumado com isso... - segurou o garfo e o levantou com a estranha mistura de batatas com leite... Acho que era para ser um purê, mas não deu muito certo.

Acompanhei sua careta.

- É por isso que eu pego a pizza. - ergui a minha fatia com a mão.

- Ela não tem a melhor das caras, mas dá para o gasto. - disse ela e antes que eu pudesse agir ela abocanhou quase metade do pedaço.

- Hey! - reclamei.

Fui ignorado pela brasileira que mastigava metade do meu almoço. Ela me olhou em desafio enquanto eu estreitava os olhos. Abusada!

Tratei logo de comer o resto, antes que eu ficasse sem almoço. Nosso grupo ainda estava concentrado na conversa sobre o jogo de sábado.

- Isabella, você não se importa de me esperar não é? Nós temos treino das líderes após as aulas. - falou Angie preocupada.

- Não tem problema Ângela. Vou aproveitar e tentar falar com a minha mãe pelo Skype.

- Porque não tenta entrar para as líderes Isabella? - perguntou Eric.

A expressão do garoto mostrava claramente que ele imaginava a novata com o uniforme indecente das líderes.

- Oh! Não, muito obrigada! Não sou nada boa em acrobacias. - recusou prontamente. - Além do mais eu só vou ficar aqui por 6 meses. Não pretendo entrar em nenhum grupo para atividades extraclasse.

- Então eu tenho 6 meses para te conquistar? - a pergunta saiu da boca de Tyler.

Seu tom era brincalhão, mas não gostei da brincadeira.

- Você tem 6 meses para TENTAR, se vai conseguir aí eu já não sei. - Isabella continuou a brincadeira.

Todos da mesa riram, exceto eu. Me mexi inquieto com o rumo da conversa. Mas para o meu grande alívio Lauren cortou o assunto.

- Onde está Jéssica?

- A última vez que a vi ela estava correndo atrás do professor de química porque ele tomou seu celular. - respondeu Tyler.

Imediatamente eu imaginei Jéssica como um cachorrinho abanando o rabo para o professor. Olhei para Isabella que prendia os lábios, mas assim que seu olhar cruzou com o meu ela não conseguiu segurar mais e caiu na gargalhada. A acompanhei sabendo exatamente que ela tinha pensado o mesmo que eu.

- Pare de rir! Isso é maldade! - disse ela me dando um tapa no braço enquanto tentava controlar o riso.

- Você também está rindo! - reclamei entre risadas.

- Do que vocês tanto riem? - Ângela perguntou curiosa.

- Piada interna Ângie, depois eu te conto. - a novata lhe mandou uma piscadela.

Ângela estreitou os olhos para nós dois.

- Vocês se conheceram não faz nem 5 horas e já têm piadas internas? - então sorriu maliciosa. - Estou achando que não vai ser Tyler que vai te conquistar em 6 meses...

- Ângela! - exclamamos juntos.

O constrangimento tingiu minha pele de vermelho e Isabella não estava tão diferente de mim. Nossa amiga ignorou e desenhou corações no ar. Revirei meus olhos tentando disfarçar a vergonha. Caramba! Não era nada disso! Ou era?

[...]

- Edward! O que aconteceu meu filho? - mamãe correu até mim com os olhos arregalados.

Fiz uma careta. Não pela dor, mas pela vergonha da situação.

- Levei uma bolada. - murmurei segurando da melhor maneira possível o saquinho de gelo em minha testa.

A vampira franziu o cenho.

- E só por isso se machucou? - estranhou afinal minha metade vampira me protegia de acidentes deste tipo.

- A bola acertou minha nuca e eu bati a testa no poste da cesta. - resmunguei.

E para o meu total embaraço minha própria mãe deixou um riso escapar.

- Mãe! Não tem graça! - exclamei azedo.

- Oh! Desculpe querido, mas a cena que imagino é no mínimo inusitada. Como conseguiu essa proeza?

- Eu estava distraído bem embaixo do garrafão. Mike jogou a bola para eu marcar dois pontos, mas como eu estava distraído acabei levando uma bolada e com a força da bola bati com a testa no poste. - expliquei em um murmúrio.

- Sinto muito. Mamãe vai dar beijinho para sarar.

- É, para rir da minha cara a senhora é boa! - resmunguei enquanto Esme beijava minha testa e soltava pequenos risos.

- Mas que menino mais mimado! - riu indo em direção à geladeira e pegando uma garrafinha que continha sangue dentro.

- Não mãe, isso é da Alice, não vou beber.

- Edward, você já está há muito tempo sem caçar. Já está demonstrando fraqueza. Se estivesse bem alimentado não estaria com dor.

- Eu quero disputar o campeonato estadual. E também não quero ficar me segurando o tempo todo. Quero jogar de maneira livre e sem trapacear. Acordar meu lado humano é a melhor maneira. - discordei.

Minha mãe não gostou nada das minhas palavras e falou de maneira séria.

- Sua vida é muito mais importante que um campeonato adolescente Edward. Não esqueça que não é um bom momento para ficarmos vulneráveis.

Desviei meu olhar. Ela estava certa. Eu estava dando sopa para o azar. Talvez daqui alguns anos, tipo 50, eu entro em outro time e disputo quantos campeonatos eu quiser.

Estiquei minha mão e peguei a garrafinha bebendo o líquido em seguida. O gosto de sangue humano logo me inebriou. E apesar de frio estava delicioso. Eu não era acostumado com sangue humano, caçava animais que me saciavam igualmente. Eu até poderia caçar humanos e os deixar vivos, porém o risco de me expor é grande demais. Além do que sugar o sangue de uma pessoa deixaria Esme decepcionada. Mamãe não queria que seu filhinho fosse um monstro sanguessuga.

Não demorou muito para que a dor em minha testa desaparecesse e imediatamente a lembrança de como ele ocorreu eclodiu em minha mente me causando um acanhamento ainda maior.

O treinador decidiu por treinamos na cancha aberta. Tudo ocorreria bem se Isabella não tivesse sentado em uma das mesas de piquenique para conversar com sua mãe com o uso do laptop. Minha curiosidade fazia com que eu forçasse meus ouvidos e escutasse seu diálogo. Era frustrante não entender sua língua, pois tudo o que saía de seus lábios parecia bonito demais. O meu interesse na prosa alheia me distraiu e deu no que deu.

O pior de tudo foi vê-la rindo da minha cara. Simplesmente vergonhoso!

- Satisfeita? - perguntei a mamãe que sorriu cínica para mim.

- Extremamente.

Fiz uma careta. Esme era durona quando queria.

- Onde está a pequena encrenqueira? - perguntei querendo desviar do desagradável assunto.

- Em seu quarto brincando. - o humor de mamãe mudou drasticamente e agora ela sorria de maneira doce.

- Vou dar uma espiada.

Levantei da cadeira em que estava sentado e subi as escadas em direção ao quarto de minha irmãzinha.

Observei em silêncio e com um sorriso em meus lábios a menininha brincando com suas bonecas. Ela tinha uma boneca em uma de suas mãozinhas e um boneco na outra.

- Você demorou demais! - segurei o riso quando Alice afinou a voz fingindo ser da boneca. - Perdão senhorita! - mas não consegui segurar o riso quando ela engrossou para fingir que era do boneco.

Notando minha presença Alice virou-se em minha direção e sorriu largamente. Soltou as bonecas no chão e correu se jogando em meu colo.

- Edinho!

- Oi Licinha! - sorri. - Como foi seu dia?

Alice disparou contando cada detalhe da escola e de como ajudou Esme com o jardim. Eu apenas sorria encantado com a pequena criatura. Ficamos conversando por um bom tempo até que a deixei brincar mais um pouco enquanto eu tomava um banho. Não demorou para que mamãe nos chamar para jantar.

- Papai! – a pequena se jogou no colo do vampiro que acabara de chegar do trabalho.

- Oi minha princesa! Como foi o seu dia? Oi filho. – sorri retribuindo o cumprimento, mas logo Carlisle voltava o olhar para Alice que chamava a sua atenção tagarelando sem parar.

Nós quatro sentamos-nos a mesa para jantar. Ou melhor, apenas eu e Alice comíamos a deliciosa macarronada que mamãe preparou. O casal vinte apenas acompanhava querendo saber tudo sobre os nossos dias.

Os jantares costumavam ser mais silenciosos quando éramos apenas eu, mamãe e papai. Porém depois que Alice se juntou a família nós não sabíamos mais o que era silêncio. A pequenina era tagarela e animava qualquer ambiente.

A conversa já estava perdendo o foco de Alice para se voltar em minha direção quando tio Emm e tia Rose entraram na sala de jantar dando boa noite a todos.

Os dois sentaram-se a mesa se juntando a conversa. Eu gostaria que eles fizessem isso também quando eu estava no colégio e se juntassem comigo e meus amigos. Porém os dois eram vampiros completos e diziam que tinham uma dificuldade muito maior para conviver com humanos. Então eles sempre se mantinham afastados e isolados de qualquer grupinho. Os humanos apenas achavam que eles eram um casal grudado demais.

- Então Carlisle, Edward já contou que está encantado pela estrangeira?

A comida entrou pelo buraco errado e eu comecei a tossir sem parar. Mamãe me deu uns tapinhas nas costas distraidamente, pois seus olhos estavam em tio Emm.

- Encantado por uma estrangeira? De quem estão falando? Quem é ela filho? – acabo de descobrir de quem puxei minha curiosidade colossal.

- Não estou encantado por ninguém mãe. – resmunguei após tomar um gole de suco. – E tio Emm está falando da garota nova que entrou no colégio. Ela veio do Brasil. – dei de ombros tentando não transparecer meu nervosismo.

Entretanto esconder nervosismo de quatro vampiros de sentidos extremamente aguçados não era tão simples. Então não era surpresa os olhos inquisidores e divertidos em minha direção. Suspirei largando os talheres no prato.

- Não estou encantado pela novata. Só curioso. – expliquei.

Tio Emm e tia Rose trocaram um olhar divertido.

- Admita meu sobrinho, você está totalmente de quatro pela garota.

- Claro que não! – exclamei assustado com a suposição.

Aquilo não fazia nenhum sentido! Eu só estava curioso e não apaixonado! Paixão é algo muito forte e totalmente desestabilizador. Já vi muita gente apaixonada. Pareciam cegos por aquela pessoa. Diziam pensar nela o tempo todo. Diziam-se encantados. Felizes e ao mesmo tempo medrosos em relação ao outro. Diziam sentir vontade de descobrir tudo sobre... Droga! Será que finalmente aconteceu comigo?


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Notas finais do capítulo

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