Numa Tarde Qualquer escrita por Sak Hokuto-chan


Capítulo 2
Numa Tarde Qualquer II


Notas iniciais do capítulo

É o seguinte… O plano era que esta fic fosse uma oneshot, mas aí fiquei pensando "E se o Mu acabasse doente também?" e "Hmm, Aiolia ficaria bem naquele jaleco…". Daí, bom, já estou há meses às voltas com essa segunda parte :~ Então, aqui está, finalmente :3

Orphelin, meu carneiro-beta, obrigada pelas revisões e revisões das revisões e revisões das revisões das revisões -qqqq



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Parte II

Mu se moveu na cama, sob o edredom. Seu corpo doía. Pajeara tanto Aiolia que acabara adoecendo. Seu único alívio era que ele tinha sarado. Ambos doentes seria um caos.

Não teve tosse, embora sua garganta tivesse inflamado. Mu precisou ir ao médico, o que significava que remédios se tornaram parte da rotina junto a seus chás habituais.

— Eu sempre me recupero sem precisar dessas coisas. – Aiolia teve a audácia de relembrar, sem nem disfarçar o desdém.

Por ter um atestado, Mu não precisou ir ao trabalho. Uma benção, pois o primeiro dia foi péssimo. Para Mu, porque mal conseguia sair da cama ou comer. Para Aiolia, porque ele não era versado em cuidar de pessoas convalescentes.

E havia o fato de que uma vida inteira dedicada aos esportes não tinha feito nada pelas habilidades culinárias inexistentes de Aiolia.

— Não tem importância – dizia Mu. – O máximo que consigo consumir são pedacinhos de frutas.

Enquanto Aiolia ia à universidade, aos treinos e ao estágio, Mu passava a maior parte do tempo dormindo.

A partir do terceiro dia, Mu enfim começou a melhorar. Aiolia não tivera treino e, portanto, chegara em casa no meio daquela tarde chuvosa.

— Isso não adianta. – Aiolia apontou para a medicação organizada sobre a mesinha de cabeceira. – Acho que, assim como você foi a minha cura, o remédio ideal pra você sou eu.

Mu cobriu metade do rosto, deixando os olhos esverdeados à mostra para fitá-lo.

Certo. No segundo dia doente, Aiolia havia se restabelecido o suficiente para ficar fora da cama, ainda que continuasse dormindo bastante nos momentos em que a febre ressurgia. Porém, ele quase não tinha dores nem tosse.

Assim, com os olhos brilhantes e as faces avermelhadas pela alta temperatura corporal, Aiolia teve a capacidade de envolvê-lo com beijos e carícias até o ponto em que, quando Mu percebeu, se encontrava sentado sobre ele, movendo-se com cadência e não usando nada além do jaleco infame.

Por fim, Aiolia dormiu sem interrupções e, na manhã seguinte, acordou bem-disposto.

— Foi coincidência. Você já ia se curar. Não teve relação com o que fizemos.

— Não dá pra você ter certeza disso. – Aiolia puxou o edredom de cima dele. – Aliás, você ficou mal logo que eu me recuperei, será que absorvi sua energia? Tipo um incubus?

— Acho que não. – Mu bocejou, pestanejando. – Seria sinistro…

*

Ao constatar que Mu adormeceu, Aiolia o beijou na testa febril e balançou a cabeça. Que diferença entre eles: Mu era tranquilo e conseguia para dormir durante o período de convalescença alheio. Aiolia era inquieto demais para dormir ou permanecer deitado por longos períodos sem um pingo de sono.

Na teoria, observar Mu repousando era legal. Na prática, aumentava sua agitação vê-lo tão indefeso, quente e corado…

Nos períodos em que estava em casa, ficava deitado com Mu o máximo que aguentava, até precisar se levantar – desvencilhando-se com cuidado para não perturbar o sono dele – e procurar algo para fazer a fim de espairecer.

Não foi diferente nessa tarde. Aiolia continuou na cama com Mu, acariciando os cabelos dele por um tempo, antes de se levantar, alongando-se. Seus passos felinos permitiram que andasse em círculos silenciosos pelo quarto.

O que faria?

Não que quisesse fazer muitas coisas. Se pudesse ficar somente se exercitando com Mu em posições variadas, fosse pela casa ou pelo quintal, estaria feliz.

— Aww… – Aiolia estalou a língua. O pensamento foi duro em amplos sentidos.

Era melhor sair do quarto um pouco. No entanto, ao passar pelo closet entreaberto, vislumbrou a roupa inocente – apesar de meio transparente – que tinha dado para Mu pendurada ali.

Caramba, a mera lembrança dele vestido naquele traje foi quase demais para o autocontrole de Aiolia.

Talvez não fosse mera coincidência o fato de ter sarado após fazerem sexo… 

*

A febre diminuíra. Sem sequer de abrir os olhos, Mu chamou:

— Aiolia…?

— Aqui.

Ele voltou a se deitar. Mu passou um braço pelo torso de Aiolia, apoiando a cabeça sobre aquele tórax forte, e soltou um suspiro satisfeito pelo cheiro familiar que adorava nele. Chamou de novo:

— Amor?

— Hmm?

— Lia?

Lia, não.

— Bebê?

— Piorou! Aff, você deve estar bem, pra ficar aí me zoando, né?

Mu soltou uma risadinha contra a pele dele e levantou a cabeça, para olhá-lo direito.

— Oh, doutor…

Hmm, Aiolia vestira o jaleco. Ficava um pouco justo nele. Interessante.

— Fica melhor em você do que em mim.

— É perfeito em você. – Aiolia ergueu seu queixo e o beijou nos lábios.

O beijo foi breve, devido à dificuldade que Mu teve em equilibrar o ato com a respiração problemática. Aiolia não pareceu se abalar. Direcionou os beijos para seu pescoço, descendo pelas clavículas e…

— Ehrm, acho que não estou em condições para isso, Aiolia. Se você, que tem uma energia quase sobre-humana, apagou ao terminar, doente daquele jeito, imagina eu. Apagaria bem antes.

— Por terminar você quer dizer chegar ao orgasmo?

— É. – Mu fez beicinho sem perceber. Aiolia com certeza havia entendido o eufemismo. Se fazia de desentendido para pentelhar.

— Agh, é difícil acreditar que eu fiz aquilo.

— Esqueceu sua febre? Foi incomum, visto que você estava, ahn, em mim ao adormecer, mas… terminei antes de você. E eu estava por cima. Você não me esmagou ou algo similar. Por que ficar chateado?

— Hmph, você sabe que não sou do tipo que vira pro lado e dorme. Ou nem vira, o que é pior.

Aiolia arregalou os olhos de tal forma, demonstrando tamanha descrença, que Mu teve que rir.

Okaay. Se você diz que não te deixei na mão, menos mal. Enfim, você prefere dar atenção a conselhos médicos. Então, resolvi apelar, amor.

— Ihh… – Mu cutucou um botão da vestimenta indecente. – Para você me chamar de amor é porque quer alguma coisa. Vamos lá, pule os elogios que costumam vir na sequência e diga o que é.

— Que absurdo. Não quero alguma coisa. Quero uma única coisa superespecífica que é, veja só, amar você.

— …

— Sério, sente aqui. – Ajeitou a mão de Mu sobre o próprio baixo-ventre. – Todo meu grande amor está concentrado e pronto pra preencher você até o fundo da sua alma. Você vai sarar rapidinho.

— Céus! – Mu desvencilhou-se com um tabefe. – Eu já falei que essa sua mania de usar amor como eufemismo para obscenidades é terrível?

— Já. – Aiolia deu de ombros. – Por que você pode usar eufemismos e eu não? Okay, não importa. Basta você envolver o meu amor com o seu amor pra dar certo. – Sorriu, apertando o traseiro de Mu com nítida apreciação. – O que acha?

— Acho que você me deixou confuso. Não deve ser uma boa ideia.

— Poxa, e aquele papo de na saúde e na doença?

— Ahn, nós não somos casados, lembra? Além dis-… – Mu se calou, observando Aiolia segurar sua mão e avaliar seu dedo anelar com interesse. – Espero que você não esteja pensando em se casar comigo apenas por causa dessa história.

— Que injustiça. Estou quieto, admirando essa sua mão pálida e macia.

— Aham. Bom, como eu dizia, além de não sermos casados, os votos não se referem a indecências, sabia?

Aiolia o soltou e pegou o celular debaixo do travesseiro.

— Espera. Vou ver direito na internet esses tais votos.

— Aff… – Mu rolou na cama, ficando de costas para ele. – Nem casei e estou pensando em divórcio.

— Impossível. Você me ama e tudo mais.

— Não estou me sentindo amado de volta e tudo mais.

— Por que não? Estou aqui atrás de coisas de casamento por sua causa.

— Eis o problema: suas motivações são tortas.

Aiolia sequer demonstrou ouvi-lo.

— Achei. Aqui diz… blábláblá, prometo ser fiel, amá-lo e respeitá-lo… Viu? Amar.

— Esse amar não é sexual, menino. E por qual motivo estamos tendo essa conversa absurda?

— Porque você não quer se casar comigo.

— O quê? Eu nunca falei que não queria.

— Nem nunca falou que queria.

Mu inspirou fundo e expirou devagar. Não porque precisasse se acalmar. Era para se impedir de cair no loop do nonsense com o namorado.

— Onde eu estava com a cabeça ao me apaixonar por você, Aiolia?

— Hmm… Se não me engano, estava com ela inclinada pra trás, daquela maneira sexy que você faz na hora do orgas-…

Mu deu um peteleco na testa dele.

— Ouch! Ehrm, na hora de terminar? Ouch! Certo, parei. Não quero mais sexo.

— Quer, sim.

— Okay, eu quero. Mas não vou insistir.

— Ótimo.

— Ótimo.

Aiolia também rolou na cama, de modo que ficaram um de costas para o outro e um longo silêncio se espalhou pelo quarto.

Mu tentou repassar a conversa em sua mente. Puxa, por que tinham se desentendido?

Instantes depois, ouviu o alarme do celular dele tocando. Sentiu Aiolia se mexendo e virou-se para descobrir o que ele pretendia fazer.

— Toma. – Aiolia lhe entregou um copo d'água e um comprimido.

— Oh, obrigado.

Após Mu devolver o copo, Aiolia o colocou na mesinha de cabeceira e se deitou… de barriga para cima.

Com toda a naturalidade do mundo, sem nem refletir o que fazia, Mu voltou a se aninhar no tórax dele.

— O incrível é que não consigo nem me aborrecer por você criar esse tumulto por causa de sexo, porque eu sei que você quer me ajudar de verdade, mesmo que seja ao seu estilo duvidoso.

— Eu sou um excelente namorado. – Aiolia o envolveu com um braço, girando-o de modo que ficasse por cima do corpo de Mu. – E aí, você vai querer?

Um calor que não tinha relação com febre se espalhou pelas bochechas de Mu.

— Não precisa perguntar. Só… vamos fazer de uma vez.

Aiolia franziu as sobrancelhas por um segundo. Em seguida, deu risada.

— Na verdade, a pergunta era sobre você querer se casar comigo. Quem é que está pensando em sexo agora, hein?

O queixo de Mu caiu, seu rubor se intensificando.

— Eu nã-… Ahn? Quê? Calma. Isso de casar seria uma pergunta hipotética ou um pedido oficial?

Pelo pau relampejante de Zeus! Que complicado.

— Culpa sua. – Remexeu-se para escapar do abraço. – Sua diversão é me confundir e me constranger.

— E você me ama.

— Sinal de que devo ser uma espécie de masoquista. 

— O importante é que você disse com todas as letras: vamos fazer de uma vez.

Mu estreitou os olhos. Estaria sendo manipulado de alguma forma obscura? Não ofereceu resistência em ter a blusa do pijama que vestia erguida. Entretanto, suas mãos tocaram as faces lisas de Aiolia ao avisar baixinho:

— Você ainda vai me pagar caríssimo por tanto atrevimento…


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Notas finais do capítulo

Incubus é um demônio que invade o sonho de pessoas fragilizadas, a fim de ter uma relação sexual com elas para drenar suas energias.

Bem, essa fic acabou de vez agora. Então, quando o Aiolia vai pagar? Bem, provavelmente numa noite qualquer aí… ;)

Para o pessoal que comentou a primeira parte: Scarlett Collette, Orphelin, Miharu, Akasha Korhinny Aylam, Suzuki_Yoi, Kass, chérienavare, Laiza, Bakanda, Svanhild, Daiana Lua e Sra Amazing, fica meu muito obrigada ♥

E pra quem leu mais essa aqui, que tal ficou? :3

P.S.: Leia mais sobre a vida deles morando juntinhos em "Numa Manhã Qualquer" e "Num Ano Qualquer". Se quiser saber como eles começaram a namorar, e ainda não leu "Change of Heart", dê uma olhadinha ^^



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