Cilada escrita por Caderno Azul


Capítulo 3
Primeiras Impressões


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o capítulo dois. Demorou, mas chegou :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/377652/chapter/3

A vibe de inconseqüente acabou pegando. Chegar de taxí sem mala nenhuma e com a fofoca fresca de um acidente de carro parecia prato cheio para a comunidade estudantil me catalogasse como rebelde e, consequentemente, descolada. Os olhares espantados e admirados me diziam isso. Minha mãe teve que voltar para lidar com a questão do seguro. Eu ainda tinha a minha bolsa com meus documentos, celular,cadernos e um casaco. Mas o meu computador, meu guarda-roupa e todo arsenal de produtos de higiene estavam perdidos. Teria que dar um jeito de passar na loja local no dia seguinte. O diretor, parecendo muito compreensível com o estranho acidente, me assegurou que tudo ficaria bem.

–Você pode passar no shopping local no final da tarde amanhã para comprar os artigos de necessidade imediata. Sua mãe já avisou que trará mais roupas e um novo computador no próximo fim de semana.

Respirei mais aliviada com a notícia. É claro que estava agradecida por estar viva, mas ainda lamentava ter que economizar a bateria do celular até lá, para não mencionar que a roupa do primeiro dia teria de ser o shorts e meu casaco de caveira. Ainda bem que mantinha peça íntima extra na bolsa sempre e que os cadernos também estavam lá.

–Claro, podia ser bem pior - resolvi concordar ao invés de expressar minhas preocupações fúteis.

O homem de meia idade barbudo sorriu e ergueu-se da cadeira. Acompanhei seu movimento agarrando minha bolsa. Sua sala combinava com seu jeito excêntrico, havia enfeites de todo lugar do mundo e sua mesa era de uma material muito colorido. Parecia que eu ia ficar cega se olhasse demais.

–É ótimo saber que estou lidando com uma garota madura, Srta. Rivers. Agora vou mostrar seu quarto e sua companheira.

Segui os corredores em seu encalço, sentindo os olhares curiosos queimarem minhas costas. O dormitório feminino ficava num dos prédios adjacentes ao principal e meu quarto era o último do quarto andar. Depois de bater a porta, o diretor abriu a porta revelando um cômodo arejado e espaçoso com duas camas com cobertas cor de marfim. Estantes repletas de livros e porta-retratos coloridos cercavam o quarto e havia uma menina loira sentada na mesa perto da janela, rodeada de livros. Ela ergueu a cabeça e pude perceber os traços finos e delicados em seu rosto.

–Srta. Willow, essa será sua nova colega de quarto. Visto seus recentes contratempos, espero que dê seu melhor para fazer com que ela se sinta em casa - o senhor Gaunt sorriu não parecendo tão compreensível assim mais. - Srta. Rivers, espero que não tenha problemas em se acomodar.

–Não terei, minha mala é pequena - ironizei acenando para minha bolsa. A menina Willow soltou uma risada que foi interrompida pelo sorriso contrafeito do diretor. Com essa mesma feição, ele deixou o quarto.

Esperei o som de passos se afastando para falar.

–Tem gente que não tem um pingo de bom humor.

–Ele é assim mesmo, você se acostuma - disse a menina se erguendo da cadeira - meu nome é Alicia. Soube do acidente de carro.

–Já deve ter virado notícia - falei desanimada virando para as camas. - qual a sua?

–Perto da janela - respondeu Alicia cruzando os braços. Joguei-me na cama, sentindo o cansaço em meus ossos.

–Me chamo Caroline. Não estou te atrapalhando com os estudos, estou? - falei erguendo as sobrancelhas para a mesa de livros.

–Não, daqui a pouco vamos ter que descer para o jantar de qualquer forma - disse ela sentando na cama. - Ah, pode me chamar de Lissa. Não gosto muito do meu nome.

Apesar de não ver nada de errado com o nome dela, concordei.

–Então, Lissa, algo que eu deva saber sobre esse lugar? - perguntei olhando para o teto do quarto.

–É uma faculdade normal, nada demais. No jantar eu te mostro as pessoas - falou ela sacudindo os ombros de novo.

–Na verdade, eu já conheço uma pessoa. Era meu amigos de infância, Travis...

Travis Mcbay? – Lissa me cortou e parou de chofre no meio do quarto.

–Esse mesmo - falei estranhando a sua reação. – Por quê?

–Ele construiu uma reputação por aqui – ela falou voltando a se sentar e pude notar em sua voz, a nota inconfundível de rancor. O que havia acontecido entre os dois, ficou no mistério, porque Lissa deu a entender que não falaria mais uma vírgula sobre o assunto.

Revirei os olhos sorrindo. O Travis que eu conheci sempre foi travesso, mas era um bom menino. Dependendo da sua ideia de bom menino, quero dizer.

–Bom, suponho que as pessoas mudam. – falei tentando dar o assunto como encerrado.

Ergui-me da cama, sentindo-me subitamente mal com o quarto abafado.

–Por que não ligamos o ar? – questionei cruzando os braços.

Lissa franziu a testa.

–Ele quebrou, mas o pessoal da manutenção vem amanhã – falou voltando a atenção aos seus papéis.

Suspirei, descontente com aquela situação. Foi aí que vi a porta da varanda fechada e de um salto fui até lá abrir. Quando Lissa percebeu meu movimento, se levantou num pinote e gritou tentando me impedir.

Mas é claro que já era tarde demais e quando abri, ao invés de receber a brisa gelada da noite, recebi o peso de uma criatura negra que rosnava ameaçadoramente em minha direção.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agora começa a famosa sessão mendigação!
Se você gostou da história, comente por favor. Isso é super importante para dar um up nas atualizações. Se quiser, pode também favoritar e escrever uma recomendação :)
Obrigada a todos que passaram por aqui, e um agradecimento duplo aos que vão comentar.
Vejo vocês na próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cilada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.