Evocação escrita por Wesley Belmonte, Jaíne Belmonte


Capítulo 2
A carta




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Nadya estava terminando sua corrida; dois meses seguidos à risca seu exercício favorito.

Completando quatro quilômetros em 30 minutos, ela avistou sua mãe pela janela da cozinha de sua casa; provavelmente preparando o café da manhã como de costume, seu pai saía sempre às 6 da manhã para o trabalho e, duas horas depois, sua mãe levantava pra preparar o café para as duas, antes de também ir para o trabalho.

Paula, além de uma ótima dona de casa, trabalha de empregada doméstica para uma família de classe alta. Já Felipe, seu pai, trabalha em construção civil, ganhando um salário baixo, e nos finais de semana faz “bicos” como ele mesmo diz, pra tentar ajudar na renda familiar, e mesmo com todo esforço dos pais eles não conseguem completar um bom salário.

Desde pequena Nadya via o sofrimento dos pais, então dedicou-se totalmente nos estudos, sempre lendo também; não revistas teens, como todas as garotas da sua idade, mas livros. Livros eram suas paixões desde que aprendeu as ler as primeiras palavras. O primeiro livro completo que ela leu, foi quando estava terminando a segunda série do ensino fundamental, Barcos de papel; que conta a história de um grupo de amigos que se perdem dentro de uma caverna, que encontram durante um passeio. Depois de terminá-lo, nunca mais parou de ler um dia sequer. Como não nunca pôde ter uma estante de livros, seus exemplares de leitura sempre foram pegos emprestados da biblioteca municipal de sua cidade; Sorocaba. Sua lista atua de leitura no momento conta com quase 200 livros lidos. Desde Érico Veríssimo a Nicholas Sparks. No último mês, ela prestou vestibular em quase todas as faculdades do interior de São Paulo e também na faculdade que sempre sonhou: a USP.

Entrando em casa ela viu sua mãe com um largo sorriso.

– Nossa, por que tanta felicidade? Ganhamos na loteria? – ficou surpresa ao ver sua mãe tão resplandecente, não por estar sorrindo, mas porque ela mostrava um brilho diferente em seus olhos.

– Não filha, muito melhor que isso. – Ela respondeu, apontando para uma carta em cima da mesa.

Nadya percorreu os olhos até onde ponto onde sua mãe apontou e não acreditou no que viu. Uma carta com três letras nos nome do remetente. Ainda não acreditando no que viu, ela pegou na mão e confirmou: USP universidade de São Paulo. No Brasão, uma figura está humana sentada em uma cátedra, empunhando uma espada com dois escudos ao lado. Seu coração saltou, ela não sabia se era uma resposta positiva ou negativa, ela rasgou e passou rapidamente os olhos em cada letra. Terminou a leitura em prantos, sua mãe assustada perguntou:

– Por que está chorado filha? Não conseguiu passar no vestibular? – Enxugando as lágrimas de Nadya, ela escutou a resposta.

– Pelo contrário, são lagrimas de felicidade. – Ela abraçou sua mãe e completou: – Passei, e com a nota máxima.

E assim ficaram as duas, sem nada a dizer uma para a outra, nesse momento não havia nada para ser dito. Era o sonho de uma família se realizando. Um lampejo cruzou a mente de Nadya naquele momento. Por apenas um breve instante, mas fez o sorriso de Nadya desaparecer: David.


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