Capítulo XXIX-  Revelação. A Guerra Começou.

"Lute com fervor e encontrarás a glória."

“A vitória está reservada para aqueles que estão dispostos a pagar o preço. Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas...”

-Lúcia...é você?- Miles perguntava deitado numa cama em uma das grandes salas do castelo. Ele via uma figura aproximar-se adentrando o local.

-Não Miles, sou eu ...Edmundo.- respondeu percebendo o desapontamento do ruivo logo em seguida.

-Ah, oi Ed.

-Miles, eu vim aqui pra  saber como você está.

-Eu estou bem, obrigado.- sorria fraco.

-E...também, pra te perguntar como isso aconteceu.- Ed sentava-se num banco ,um pouco afastado da cama do garoto, pois se tiver muito contato, a lepra é contagiosa.- Como foi que essas feridas apareceram em seu corpo? – perguntava olhando para o garoto que lhe encarava com os olhos azuis inquietos. Miles estava nervoso, Edmundo tocou na interrogação da questão. Miles sabia de algo que ninguém nem mesmo Aslam sabia. Edmundo percebia a inquietação do ruivo ,sabia que tinha uma explicação para tudo aquilo. -Miles...-Ed falou indicando para que ele começasse a contar.

-Bom eu...

Flash Back On...

Depois do fenômeno que acontecera com a Diadema de Lúcia, o resto da tarde Narniana foi tranquila. Ao por do sol Miles andava por Nárnia a procura de flores ,uma busca meio difícil por causa das lagartas ,flores do campo para dar a garota cuja estava lhe fazendo sentir o mais lindo dos sentimentos. Ele lhe pretendia fazer uma surpresa. Andou por algum tempo até encontrar um canteiro repleto de flores de cor violeta ,o que o surpreendeu pois em meio a uma praga que destruía a vegetação aquelas flores conseguiram sobreviver. O garoto ficou maravilhado com tamanha beleza, logo tratou de começar a colhe-las ,abaixou-se e suas mãos percorreram as pétalas roxas que estavam em quantidade, mas algo lhe chamou a atenção, em meio a tantas flores roxas havia uma branca ,obviamente diferente de todas as outras, suas mãos não se controlaram trataram de puxá-la ,mas ela estava fixada o suficiente para não conseguir ser arrancada. Miles tentou e não conseguiu até que ouviu uma voz estranha atrás de si virando-se imediatamente. Uma mulher alta, de cabelos loiros esbranquiçados ,com olhos castanhos dourados e com a pele absurdamente pálida estava de pé o observando e lhe dizendo algo.

-Você não vai conseguir arrancar desse jeito.- ela falava sorridente aproximando-se do rapaz.

-Quem é você?

-Não importa, mas vou ajudar arrancar essa danadinha!- falava pondo a mão na flor a arrancando com facilidade.

-Como...como fez isso?- Miles perguntava com uma certa fascinação.

-Digamos que eu tenha um dom com magia.- ela falava olhando fixamente para a flor.

-Bom, obrigada.- Miles dizia indo em sua direção estendendo sua mão para pegar a flor mas a tal mulher não deixou pega-la.

-Qual é o seu problema? Eu só quero a flor, muito obrigada por pegar.- Miles tentava mais uma vez mas foi inútil.

-Eu, quero algo em troca.

-O que? Por que?

-Por que quando uma feiticeira lhe faz um favor você tem que dar algo em troca.- respondeu revelando o que era. Sim ela era familiar da feiticeira branca. Miles deu algum passos para trás e correu ,mas sua perna ficou imóvel... adivinha porque.- Eu não vou deixar você ir assim ruivinho.- ela dava um sorriso .

-O que você quer?!- perguntava raivoso.

-A sua alma.- ela respondeu num tom sério logo em seguida desmanchando sua carranca em um sorriso brincalhão.- Brincadeira bobo, eu quero a coisa que é mais importante na sua vida.- completou aproximando-se de Miles imobilizado. Ela rodava por Miles o comtemplando ,em silencio ,até que...

-Já sei, eu quero a Lúcia.- ela disse deixando Miles apavorado, ele se perguntava como ela sabia da Lúcia se ele não  disse uma só palavra.

-Como...como?- ele perguntava incrédulo. A feiticeira que estava “aprisionando” Miles naquele momento tinha poderes com qualquer outra feiticeira mas seu poder principal era o de ler pensamentos, meio manjado mas uma fria para Miles e qualquer pessoa Narniana naquele momento. Ela foi mandada por Danielle logo depois que as feiticeiras chegaram a Ettin, ela saberia que Miles estaria lá, que estaria naquele momento, tudo por causa de  seus poderes. Ela precisava apenas do nome da pessoa, as características e pronto, leria a sua mente sem nenhum problema. Miles era o gatilho da epidemia.

-Eu não vou “te dar a Lúcia!” ela não !-respondia indignado. –Esse é mais um plano da Danielle não é?!

-Garoto esperto.- ela sorria mais uma vez.- Está bem, digamos que você não me entregue a sua amada, adorada, idolatrada, exaltada Lúcia...podemos fazer outro acordo. Eu deixo ela doente e você poderá passar os últimos dias dela com a mesma.

-Não! Por que você iria querer deixa-la doente?

-Ué , para deixar um a menos quando a guerra chegasse. Primeiro o tal ,do, do... há! Caspian! E depois a Lú.- respondeu fazendo uma cara sínica que deixou Miles ainda mais nervoso

-Não!

-Você quer ir ou não?

-Se for pra salvar a Lúcia eu prefiro ficar. Eu dou a minha vida por ela.

-Hum... sua vida? Não é um mal negocio. Olha, eu queria a lúcia ,mas já que você não concorda , vai a vida de todo o país. Contamine!- disse colocando a flor na mão de Miles que ficou sem entender nada. Nesse mesmo instante as sua pernas voltaram a se mexer e a mulher sumiu.

-Louca.- Miles sussurrou para si mesmo enquanto olhava para a flor em sua mão. Ele procurava a figura pelo local mas não a  encontrou, então tratou de voltar a cidade, ele corria pelos campos a fim de dar a flor a   Lúcia, mas quando voltou já era muito escuro ,havia anoitecido em um piscar de olhos. O garoto então decidiu dar a flor a rainha no dia seguinte ,ele andava pelas ruas ao caminho de  seu dormitório quando percebeu que a flor havia murchado e sangue escorria da sua mão que estava fechada. Ele assustou-se tratando de abrir logo a mão para ver o que havia acontecido, algum corte... era isso que ele pensava ser.

A flor que antes era branca estava coberta por vermelho, Miles achou que estava tendo alucinações ao ver uma enorme ferida  se formar no seu braço de uma hora pra outra. Mas quando tocou sentiu que era real , outras feridas foram aparecendo , a essa altura ele estava desesperado. E então ele desmaiou só sendo achado na manha seguinte.  Uma forte ventania passou pelo local levanto a flor caída a parar no poço do vilarejo, a partir dali toda a água estava infectada e em seguida todos beberiam e estariam com lepra, uma das piores pragas egípcias. Danielle tinha conseguido, ela enganou o pobre Miles o fazendo de isca para matar metade de todo o país.

Flash Back Off...

-E foi assim que tudo começou Ed, eu fui a isca, eu sou o culpado de tudo isso!- ele explicava com os olhos cheios de lágrimas.

-Calma Miles! Você não pode se cansar, você está em recuperação.- falou fazendo o garoto que já estava se levantando deitar-se novamente.- E você não tem culpa, você foi enganado...-completava tentando acalma-lo.- você não foi o único.- a ultima frase saiu como um sussurro para si mesmo. O silêncio então reinou naquela sala, estavam pensativos.

Danielle estava em cima de um trenó com urso polares a puxando, estava idêntica a sua mãe no passado. Estavam com ela Caspian amarrado ao seu lado e Jadis do outro lado. Gigantes marchavam atrás dos mesmos juntos com as feiticeiras que estavam também em trenós. Eles estavam chegando perto do Castelo. Um extenso cobertor branco cobria  toda a Nárnia, desde a floresta até o grande rio  e terras mais adiantes.

Danielle e Jadis estavam com sorrisos nos lábios ,o plano delas tinham dado certo estavam perto de dar o cheque e mate. Finalmente tomariam todo o País. Essa ,a primeira vez de Danielle e a segunda de Jadis... a sensação dela? Poder, é essa é a palavra.

Centauros vigiavam os portões e a guerreira Maggie estava vigiando com um telescópio numa torre próxima aos portões toda a movimentação do local. O vento frio tomava conta do local , as pessoas incluindo Mag estavam agasalhados. Lúcia  e Susana estavam distribuindo água limpa, alimentos e cobertores para a população ,já que as ultimas  desventuras, ou pragas haviam os  deixado desprovidos de tudo isso. E foi ideia de Aslam por o palácio ,ou seja a realeza para dar assistência a todos os sobreviventes dos horríveis acontecimentos.

-Está vendo alguma coisa?- Pedro perguntava chegando ao local alto onde Mag estava.

-Sim, um garoto.- respondeu irônica voltando a olhar o seu telescópio.- Ah Meus Deus!- foi tudo o que Mag conseguiu dizer pois estava apavorada. Isso fez com que Pedro tomasse o aparelho de suas mãos e olhasse. Gigantes e feiticeiras estavam a caminho de Cair Paravel .Seriam atacados.

-Pedro aonde você vai?! – Mag perguntava ao garoto que descia pelas escadas do lugar.

-Avisarei aos outros, toque a trombeta! –respondeu saindo dali indo ao castelo. E foi isso que Mag fez, ao som da trombeta todos sabiam que o ataque viria ,o povo Narniano estava surpreso. Aslam já sabia o que estava a caminho, tudo o que lhe restava era esperar.

-Lúcia pegue as armas , vamos precisar.- Susana ordenava e Lúcia entrava no castelo a procura das armas que seriam a sua defesa naquele momento.

-Ed! Vamos ! –Pedro entrava desesperado no quarto de Miles escancarando a porta.

-O que está acontecendo?!- Edmundo perguntava confuso e já assustado. –Outra praga?

-Não Ed ,estão atacando .-respondeu e logo saiu do local sendo seguido por Edmundo.

-Ed! Eu quero lutar!-Miles gritou fazendo Edmundo virar-se .

-Isso não é uma brincadeira. Você ficará aqui ...chega de sofrimento para a Lúcia. Aqui você ficará seguro.- disse por fim fechando a porta indo a caminho de um dos maiores confrontos que já enfrentaram. A guerra começou.