A Elfa Escarlate escrita por Koda Kill


Capítulo 20
Viajando na maionese


Notas iniciais do capítulo

Eita, como será o reencontro da Luna com o Will hein? kkkk



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Hesitei por um segundo na frente do quarto me perguntando se Ava estaria ali para me bombardear de perguntas. Mas no final das contas não tinha ninguém. Com o coração acelerado procurei um bom esconderijo para o celular enquanto eu podia. Acabei escondendo junto do meu estoque de bebida secreto. Por sorte, Ava não sabia onde era. Cai na cama e suspirei cansada.

Como era possível sentir tantas coisas ao mesmo tempo? Aquilo era tão cansativo. Como garotas como a Íris que gostavam tanto de não fazer nada produtivo conseguiam dar conta de tanta coisa? Será que gastavam toda sua inteligência nisso? Levei um susto quando a porta se abriu de repente. Dei um pulo e com a mão no coração, tentei me acalmar. Se fosse alguns segundos antes eu teria muito o que explicar. Teria sido pega com a mão na massa. Esse pensamento enviou um arrepio pela minha coluna.

— Dance, dance, dance sem paraaaaaar. – Cantava uma Ava bêbada. – Hey! Você voltou! – Ela se jogou na minha cama.

— Você quase me mata de susto – Reclamei sem muita convicção. Nossa eu estava cada vez mais fácil de assustar. Deve ser por estar escondendo um segredo tão grande. Isso realmente era desgastante. Ter que ficar sempre pisando em ovos e com medo de que descubram, me escondendo o tempo todo. Dava o maior trabalho.

— Achei que só ia te ver amanhã na aula do gostoso do Will. – Revirei os olhos. – Na verdade estava torcendo que ele aparecesse na C.A.V.E, mas não tive sorte.

— E aí, algo interessante lá?

— Você está fedendo a vomito. – Falou torcendo a cara.

— Bebi demais. - Ela fez um som de nojo.

— Falando de coisas nojentas advinha quem era a acompanhante de Jorge essa noite...

— Íris? – Chutei sem forças para pensar muito. Uma ninfa faria sentido no padrão dele. Mais um troféu fofinho para exibir o quanto ele era viril. Agora aquilo parecia tão bobo em comparação. Eu mal conseguia lembrar do sentimento que eu tinha por ele, parecia um desenho desbotado e mal feito. Uma reprodução falha da coisa real que agora eu havia experimentado. Aquele desejo primitivo que te puxava para perto da pessoa, que bagunçava todos os seus pensamentos e removia qualquer resquício de orgulho. Senti um frio na barriga ao lembrar de Yuri. Do seu olhar malicioso e dos seus olhos gelados de lobinho pidão.

— Você não vai acreditar! – Era engraçado o quanto ela ficava empolgada com as fofocas. – Ele estava com a Vagaba-Adams 

— Ugh! – Nossa, sério mesmo? Ela era o oposto do seu tipo. Será que estava querendo diversificar o cardápio por acaso? Não fazia o menor sentido, mas me irritava muito. Quase parecia que ele queria me atingir, visto que eu sempre reclamava dela para ele.

— Estavam no maior love. Era meio nojento. Nem sabia que a Alais tinha um lado romântico.

— Como alguém sem coração poderia ter um lado romântico? – Meus olhos quase entraram dentro do meu crânio de tanto que eu os revirei.

— Olha, não sei não. Eles pareciam bem convincentes. Sem contar que eles praticamente se assumiram para o instituto inteiro. – Bufei sem querer continuar aquele assunto chato.

— Eles definitivamente se merecem. Agora será que eu posso voltar a dormir? – Empurrei-a para fora da minha cama e ela quase cai.

— Ta bom, ta bom. Já estou indo. – Ava entrou no banheiro e não demorou muito até que eu caísse no sono.

Meus sonhos foram repletos de beijos. Queria a falsa sensação de segurança que seus braços me faziam sentir. Pela primeira vez em muito tempo eu tive dificuldades para acordar. Queria ficar ali nos meus sonhos para sempre onde era seguro e eu podia viver todas as minhas fantasias mais loucas sem o medo de morrer. Escutar sua voz me chamando, beijá-lo sem precisar ficar nos escondendo. Viver coisas que um casal normal poderia viver.

Acordar e perceber que tudo aquilo não passava de um sonho certamente lançava uma pontada de dor no meu peito. Queria tanto que pudesse ser real que  chegava a doer fisicamente. Queria que as coisas fossem mais simples entre nós. Suspirei ainda de olhos fechados. O quão ferrada eu estaria se eu faltasse a aula? Poderia fingir uma dor de barriga na enfermaria e ficar com Yuri nos meus sonhos mais um tempo. Tentei lembrar de como tinha voltado para o instituto, mas depois do porre no Ronneys eu não lembrava de nada e minha cabeça doía.

— Acordaaaaa. – Gritou Ava me sacudindo da cama. Controlei a vontade de lhe bater. Porque ela tinha que falar tão alto?

— Me deixa, vou faltar hoje. – Murmurei. Ela se sentou na cama.

— Você vai faltar a aula de combate?! Está doente? Você nunca faltou a aula antes. – Ela colocou a mão na minha testa e eu a afastei. Respirei fundo e fiquei em silêncio por alguns segundos.

— Só diga que eu estou com dor de barriga. Quero dormir mais.

— Não vou te deixar na fossa por causa do Hans. Anda, levanta logo. Ou vou chamar o Will aqui pra te dar mais detenção.

— Eu te odeio – Falei entredentes enquanto me levantava a contra gosto.

— Cala a boca e vamos logo. – Olhei feio para ela, mas não disse nada. 

Depois de vestir a primeira roupa que eu achei no guarda-roupas, seguimos o grupo de alunos que conversava casualmente em direção ao centro de treinamento. O lugar já estava bem cheio quando chegamos e as ninfas como sempre já estavam em seu lugar habitual ao lado de Will tentando flertar descaradamente com ele, que dava sorrisos convencidos.

Estava claro que ele adorava toda aquela atenção, era meio patético. Independente disso eu sempre me surpreendia com o quanto sua pele era branca e sem nenhuma imperfeição. Tenho certeza de que ele nunca esteve no meio do campo de guerra, seria impossível ter a pele tão limpa assim, nem mesmo um arranhão.

Como sempre nas aulas seu cabelo preto como a noite estava preso em um rabo de cavalo alto. Ele parecia um espadachim japonês... Como é que os humanos os chamavam mesmo? Ah! Samurais, ou algo assim. E de fato eu não podia ignorar suas habilidades de combate. Seu estilo de aula era tão diferente de Hans. Era mais abrangente, incorporava as diversas matérias como se fosse um grande manual de sobrevivência. Mesmo sem gostar dele, não conseguia evitar de admirá-lo por isso. Dava para perceber o quanto estávamos evoluindo em pouco tempo.

Mesmo assim, eu ainda preferia estar na minha cama sonhando com Yuri. Olhei para baixo e sorri distraída. Escutei a voz de Will ao longe, mas estava tão concentrada nas minhas fantasias que não liguei. Na verdade isso estava acontecendo com certa frequência. Ainda bem que eu conseguia pegar rapidamente as atividades observando os outros. Não conseguia evitar. Minha mente estava na cidade humana, nunca voltou de lá. Ava me cutucou com o braço. Levantei o rosto enquanto o sorriso no meu rosto sumia. Todos estavam me encarando. Porque todos estavam me encarando? Will olhava para mim com sua sobrancelha levantada. Gaguejei sem saber o que estava acontecendo.

— O professor está te chamando para ajudar na demonstração. – Disse Ava disfarçando com uma tosse.

— Ah certo. – Me mexi desconfortável enquanto ia em sua direção olhando para o chão. Tinha certeza de que as ninfas estavam todas rindo da minha cara. 

— Então, como eu estava falando, hoje vamos estudar técnicas para aumentar nossa agilidade. – Ele me entregou uma corda. – Gire isso assim. – Ele demonstrou e depois me entregou a corda para que eu fizesse a mesma coisa. – O objetivo é que você complete o golpe sem que a corda bata em você. – Ele acenou para mim e eu comecei a girar a corda. Então acertou alguns socos com tempo de sobra entre os giros da corda. – Conforme forem se sentindo confortáveis podem aumentar a velocidade. – Girei a corda com mais velocidade e ele continuou a aplicar golpes sem que a corda sequer chegasse perto. Aumentei mais ainda a velocidade só por maldade. Ficou até difícil acompanhar seus movimentos. – Muito bem, agora é a vez de vocês. 

A sala toda estava impressionada com sua velocidade e todos ficaram alguns segundos parados em puro espanto, antes de Will bater as mãos e tirar todos do torpor na base do susto. Pulei de susto, odiava estar nesse estado de me assustar tão facilmente. Nossa eu realmente não estava no clima. Além disso, aquela palma foi tão alta que acionou minha dor de cabeça com todo vapor. Tentei ficar o mais longe possível daquele mago intragável. Meu humor já estava piorando só de estar no mesmo ambiente que ele. Gildar acenou com a cabeça para mim e eu apenas me apressei mais ainda para formar dupla com Ava.


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Notas finais do capítulo

Tá só comecando!



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