Em uma bela noite, Saori estava em seu quarto, enquanto penteava seus longos cabelos pensava em tudo que já havia acontecido em sua vida.

As guerras contra Ares, Odin e Poseidon haviam deixado a jovem cansada e com uma vontade enorme de desistir de tudo. Tinha vontade de ser como uma garota comum, viajar, estudar ir à festas etc.

De repente sente uma vontade de sair, dar uma volta, caminhar um pouco, enquanto pensava ficou observando seu reflexo no espelho e viu seu olhar triste, além das dúvidas sobre sua condição como deusa ainda tinha seus sentimentos em relação ao Seiya.

Saori interrompe seus pensamentos se levanta e pega a bolsa que estava em cima da cama, confere o dinheiro que tem e decide que irá de táxi, pois não quer ninguém com ela. Dinheiro certo era hora de conferir a roupa, ela estava usando um vestido florido de tecido leve e seu comprimento era até acima dos joelhos e usava uma sandália rasteira.

Após checar tudo, ela desce as escadas e procura por uma das empregadas, logo que chega na entrada da cozinha ela esbarra com uma jovem.

—Posso ajudar, senhorita? – pergunta a jovem que estava agitada por conta das tarefas.

—Sim, preciso que avise o Tatsumi que estou saindo, mas que não demoro a voltar.

—Tudo bem, pode ir despreocupada. – disse a empregada com um sorriso simpático.

—Obrigada. – Saori agradece e em seguida se retira, deveria ter falado direto com o mordomo, mas sabia que ele insistiria para que fosse com o motorista e por isso preferiu deixar o recado.

Enquanto se dirigia ao portão, pegou o celular e chamou o táxi, esperou do lado de fora e em poucos minutos o veículo chegou. Assim que entra pede ao motorista para que a leve até a praia, aquele era o local perfeito para relaxar e tentar organizar seus pensamentos.

Durante o trajeto ela pensava no cavaleiro de Pégaso, “o que será que ele está fazendo?” “será que está com ela?” eram as questões que perturbavam sua mente.

—Em qual lugar quer descer, senhorita? – pergunta o motorista que parecia um tanto apressado.

—Hum... pode ser aqui mesmo. – respondeu sem muito interesse, para ela qualquer ponto da praia servia.

Pagou a corrida e desceu do carro, respirou fundo e seguiu em direção da areia assim que chegou tirou suas sandálias, queria sentir a energia daquele lugar, era ali que encontraria um pouco de paz.

Enquanto isso...

Seiya havia acabado de sair do banho quando o telefone começou a tocar, pensou logo que seria o Hyoga que havia saído e tinha esquecido de dar algum recado.

—Alô.

—Seiya, aonde está a senhorita Kido? – pergunta Tatsumi nervoso.

—Sei lá, por que está me perguntando isso? – questiona o rapaz.

—Ela saiu e não disse para onde ia, estou ligando para o celular, mas ela não atende.

Seiya pensou um pouco e perguntou: — Qual o número do celular dela?

—Se ela não atendeu as minhas ligações, quem garante que irá lhe atender? – diz o mordomo já perdendo a paciência.

—Tatsume para de palhaçada e me passa o número. – exige o cavaleiro também perdendo a paciência.

O mordomo passa o número e assim que Seiya anota ele desliga e liga para a garota, o celular toca, mas Saori não atende.

Saori percebe que o celular estava tocando, mas ignorou, pois achava que era o Tatsumi, sabia que não era certo fazer isso porém o que mais queria era permanecer sozinha. Novamente o celular toca, ela hesita um pouco, mas acaba pegando o aparelho e se surpreende ao ver que era o Seiya ligando.

Preocupada decide atender, não poderia ignorar as ligações por muito tempo.

—Alô

—Onde a senhorita está? – pergunta o cavaleiro com um tom sério.

—Oi Seiya, tudo bem?

—Tudo, tirando o fato do Tatsumi ter ligado aqui para saber seu paradeiro.

—Me desculpe. Eu saí e só deixei um recado com uma das empregadas, não tive a intenção de preocupa-lo. – responde um tanto sem graça.

—Não tem problema, mas da próxima vez avise para onde vai. Não é por mal, sei que é chato, mas acabamos ficando preocupados.

—Tudo bem. – foi a única coisa que conseguiu dizer.

—Onde você está?

—Na praia, vim espairecer um pouco.

—Posso te fazer companhia? – pergunta o rapaz fazendo com que Saori fique sem resposta.

—Saori?

—Sim...é...não sei, se você quiser pode vir. – responde um tanto nervosa.

Ela não estava acreditando no que havia acabado de fazer, não se sentia preparada para conversar com ele, porém não tinha mais volta e acabou passando sua localização para ele.

—Vou sair agora. Em quinze minutos estarei ai.

—Tudo bem, eu te espero.

—Até mais.

—Até. – respondeu Saori encerrando a ligação em seguida.

Agora estava nervosa, querendo ou não teria sua presença e só de pensar sentiu um frio no estômago. Sempre que estavam juntos ela sentia um bem-estar enorme, era ele que ela amava e por diversas vezes se pegou pensando no beijo que lhe foi roubado semanas antes.

Foi seu primeiro beijo e se sentiu nas nuvens por ter sido com ele, mas logo após esse acontecimento os dois se afastaram, Seiya estava ajudando Mino no orfanato e com isso passavam muito tempo juntos.

Logo chegou a seus ouvidos a estória de que eles estariam envolvidos, isso fez com que a Saori se afastasse, receber aquela notícia foi como um tapa no rosto acabou ficando triste e com isso evitava encontra-lo.

Passaram-se os quinze minutos e Saori já estava cansada de esperar, “deveria ter recusado a proposta” pensou a garota enquanto se levantava para se alongar um pouco e em seguida sente a presença do cavaleiro logo atrás.

—Boa noite, senhorita fujona.

Saori ouve aquela voz e sente como se uma chama tivesse acendido uma chama em seu coração, respira fundo e se vira.

—Boa noite, Seiya.

O rapaz analisa cada detalhe dela, o vestido que na sua opinião caia muito bem em seu corpo e os belos cabelos que eram sua marca registrada. Percebendo os olhares Saori logo corou fazendo com que ele ficasse satisfeito em ver que ela percebeu.

—Estava indo embora? – ele pergunta se aproximando mais.

—Não. Eu estava apenas me alongando, fiquei muito tempo sentada.

—Por que decidiu vir para cá e ainda por cima sozinha?

—Precisava pensar – respondeu enquanto se sentava novamente – sente-se. – disse indicando o lugar ao seu lado.

Seiya sentou ao lado dela, era difícil parar de admirar a beleza que se encontrava  ali, e estava também curioso para saber os motivos que a levaram até aquela praia.

—Precisava pensar em quê?

—Na vida, nos meus problemas e em todos os acontecimentos dos últimos anos. – respondeu olhando para o mar.

—Quanta coisa hein? Algo me diz que você está triste por esses e outros motivos.

—Outros motivos? – pergunta ficando tensa.

—Você sabe que eu não gosto de enrolar, prefiro falar logo e resolver o assunto – ele olhava para Saori com uma expressão séria – quero saber por que se afastou de mim.

A jovem ficou sem reação, não queria falar sobre o assunto, pelo menos não naquela hora.

—Eu não quero falar sobre isso. – disse desviando o olhar.

Seiya com todo carinho toca o queixo dela e vira seu rosto para que ela volte a encará-lo.

—Me diz Saori, por que tem me evitado? – pergunta novamente olhando para o rosto a sua frente, no começo ela evitava seu olhar mas depois encarou seus olhos.

—Porque eu soube que você e a Mino estavam juntos. – respondeu com mágoa voltando a encarar o horizonte.

Seiya permaneceu calado, não estava acreditando que era aquele o motivo.

—Quem foi que te disse essa mentira?

—Isso não importa. – responde de forma seca, o que incomodou muito o rapaz.

—Claro você tem razão. O que importa é que isso é mentira, eu nunca tive nada com a Mino.

—Pensei que estivessem juntos... não é ela que você ama? – pergunta Saori com voz de choro.

Ele logo percebeu que aquilo havia magoado, e se pudesse daria uma surra em que havia inventado aquela mentira.

Ele se levanta em silêncio Saori acompanha seus movimentos com o olhar. Parado em frente à garota ele lhe estende a mão, ela por sua vez estende a sua e sem pensar duas vezes Seiya a puxa com força e ela cai em seus braços.

Antes que ela diga algo, o cavaleiro a beija, um beijo cheio de paixão, Saori tenta empurrá-lo para se soltar, mas é em vão, ele tem mais força. Aos poucos ela vai cedendo e se entregando aquele momento, o beijo dele era como um remédio capaz de curá-la de todo mal.

Ele deslizava suas mãos pelas costas e apertava a cintura dela, ela por sua vez acariciava seus cabelos castanhos. Pararam um pouco para recuperar o fôlego, enquanto Seiya acariciava seu rosto ela olhava intensamente naqueles  belos olhos castanhos.

—É você que eu amo. – ele disse com os lábios bem próximos ao dela, mas sem desviar o olhar.

—Eu também te amo, meu amor. – disse enquanto acariciava os braços que tantas vezes a carregou, transmitindo segurança e carinho.

Voltaram a se beijar e dessa vez com mais delicadeza, menos pressa. Eles queriam aproveitar o lugar e o momento, aquela noite seria o inicio de uma bela história de amor.