A Escolha escrita por Nyx


Capítulo 7
Medo


Notas iniciais do capítulo

Escrevi este capítulo ouvindo a música "What's left of me", do Nick Lachey infinitamente...............



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O dia tinha começado com um baita temporal. Já era hora do almoço e a chuva não dava uma trégua.

Mãe: Jack, preciso que você leve o almoço para o seu pai. Ele está no galpão da aldeia com os outros lenhadores. Se a chuva continuar assim, teremos que rever todo o estoque de lenha.

Jack: Neste dilúvio que está lá fora?

Mãe: Quer que eu mande sua irmã no seu lugar?

Irmã: Posso ir com ele?

Mãe: Claro que não. Já arrumei tudo. Está aqui.

Brincadeira isso. E ainda nem existem as capas de chuva aqui. Peguei o casaco mais grosso que eu tinha e sai. Fui correndo até o galpão. Entreguei o almoço do meu pai e voltei pela trilha da floresta. Era o caminho mais longo para minha casa, mas eu podia encontrar com ela, talvez...

Encontrar com ela? Bobagem! Porque a princesa estaria andando na chuva? Eu não conseguia entender o que acontecia com a gente. Não conseguíamos ter uma conversa sequer sem brigar. Ela era geniosa demais. Mas eu gostava desse jeito dela. Mas como eu podia gostar e detestar alguém ao mesmo tempo. Ela me fazia sentir muito estranho. Eu nunca tinha pensado em garotas. E agora não conseguia esquecer dela.

Vivi trezentos anos e não estava preparado para aquilo que eu estava sentindo. Era novo, intenso e esmagador, assim como ela.

Olhei mais à frente e vi alguém correndo. Era ela! Eu tinha certeza. Quem mais teria o cabelo daquela cor? Mais o que ela estava fazendo correndo na chuva assim. Eu devia estar mesmo louco, enxergando-a assim pelos lugares. Saí correndo atrás dela. Eu tinha que ter certeza. Era obra do destino, só podia.

Consegui ver de longe novamente. Não tinha sido uma visão. Era ela. E corria muito rápido. Onde aquela louca estava indo. Ela parou na base de uma montanha e olhou para cima.

Ela não ia... Ela ia sim. Mas o que estava passando na cabeça dela? Ela ia subir. Estava chovendo muito. Ela podia cair. Continuei correndo até ela. Ela já tinha escalado uns poucos metros.

Jack: Merida!

Ela olhou para baixo instantaneamente e o que eu temia, aconteceu. Ela escorregou e caiu. Corri para segurá-la, mas o impacto do corpo dela me derrubou também.  Acabamos cheios de lama. Eu não me machuquei.

Jack: Você está bem? Está machucada?

Tive medo da resposta.

Ela apenas negou. Estava acontecendo algo. Eu podia ver no rosto dela. Eu a abracei e respirei aliviado.

Jack: Ficou louca de vez? O que estava pensando? Olha todo este temporal. Se você despencasse lá de cima?

Ela deitou a cabeça no meu peito e me abraçou mais forte. Tinha algo muito errado. Porque ela não revidou o que eu tinha falado? Mas eu resolvi não falar nada. Era bom tê-la assim em meus braços.

Mas ela foi me soltando, e ficou sentada na minha frente, de cabeça baixa. Eu me sentei também.

Jack: Merida? O que está acontecendo?

Ela apenas negou.

Jack: Porque você não fala comigo?

Merida: Eu não quero falar.

Jack: Pode me contar. Sei que nós não somos os melhores amigos, mas não quero te ver assim.

Ela permaneceu em silêncio. Ela chegou a abrir a boca, mas voltou a fechá-la. Ela ia contar, mas resolveu que não. Aquilo estava me matando.

Peguei nas mãos dela.

Jack: Pode me contar.

O meu coração se apertou. Ela estava sem casaco. Ensopada. Tirei meu casaco e coloquei nela. Não ia adiantar muito, mas senti vontade de fazer isso. Ela não esboçou qualquer reação. Então resolvi segurar o rosto dela, para que ela me olhasse.

Jack: Estou odiando ver você assim! O que eu posso fazer para você se sentir melhor?

E ela então me pegou de surpresa. Também segurou meu rosto. E aproximou o rosto dela do meu. Gelei. Mas não fiz nada para me afastar. Ela me deu um beijo no rosto e me abraçou mais uma vez. Porque eu tinha ficado desapontado? Ficamos abraçados na chuva, sem dizer nada por muito tempo.

Merida: Obrigada pelo casaco. Assim que der eu devolvo.

Ela se levantou e voltou a correr como louca.

Jack: Merida! Espere!

Eu saí correndo atrás dela, mas ela já tinha sumido.

Como ela tinha evaporado assim? O que tinha acontecido com ela ainda era um mistério. Mas o que tinha acontecido ali nos pés daquela montanha tinha esclarecido muita coisa pra mim.

Ela estava triste com alguma coisa e eu me senti impotente de não poder ajudar. E eu fiquei decepcionado porque ela tinha me dado um beijo no rosto. Por que minha vontade era de beijá-la... De outra forma.

Como isso tinha acontecido? Eu estava? Estava apaixonado por ela? Eu tinha que rir. Devia ter sido um feitiço muito bom dos meus pais. Ou dos pais dela. Mais o que eu ia fazer? Por mais que eu gostasse dela, meu tempo era curto aqui. Eu tinha que voltar para o futuro. Não queria que ela ficasse magoada comigo. Era melhor deixar as coisas como estavam. Peguei o caminho de volta para minha casa. E os meus dias não foram mais os mesmos.

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Eu saí correndo do castelo. Tinha tido outra briga com meu pai. Ele disse que ia escolher um noivo pra mim. Eu gritei, berrei. Não me importei com a chuva. Eu só queria sair dali. Que vida era essa? Eu não queria casar com ninguém. E quem eu gostava me odiava. Corri como louca para a floresta. Quando dei por mim, já estava escalando a montanha.

Foi quando ouvi a voz dele. Assustei-me e caí. Em cima dele. Estávamos caídos na lama. Mas não me importei. Era bom vê-lo novamente. Ele parecia realmente preocupado comigo. Mas eu travei. Ele insistiu em saber o que estava acontecendo, mas só conseguia tocar nele. Não conseguia me afastar. E ele não me afastou. Ter encontrado com ele ali só aumentou a certeza dos meus sentimentos. Minha mãe tinha razão. Eu tinha encontrado o amor da minha vida.

Admitir isso pra mim era muito difícil. Não estava preparada para contar pra ele ainda. Resolvi fugir. Eu ia ficar com o casaco dele. Corri como se minha existência dependesse disso. Se eu fosse rejeitada por ele, meu mundo ia acabar. Só de pensar nisso, eu comecei a chorar. De novo. Por que o amor era tão doloroso?


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