Pântano De Sangue escrita por Dead Memories


Capítulo 20
Capítulo 20 Revelações


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal! Não briguem comigo pela demora :/ tive uns problemas para postar e depois fiquei de castigo, treta... Mas enfim aqui está! um capítulo novinho pra vcs! E vou tentar recompensá-los postando o cap 21 amanhã mesmo ou sexta. Me desculpem pela demora... Nos vemos lá em baixo u.u

Capí­tulo narrado por Camille



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Sinto o cheiro forte de mofo, as paredes daqui são velhas, o prédio é velho, não sei como não desmoronou antes. Enquanto ando até as escadas vejo algo se movendo rapidamente pelo chão, um rato. Dou um pequeno gemido de repulsa e sigo até as escadas.

Ao chegar á sexta escada, meus pulmões já ardem em busca de ar. Ainda faltam mais seis. Respiro profundamente e continuo. Faltam cinco, quatro, três, duas, a última. Chego a um corredor tão deserto quanto todos que acabei de passar, mas esse é sombrio, só consigo ver algo, pois uma luz esverdeada emana de uma porta branca sem qualquer identificação, é essa.

Com os pulmões ainda ardendo apoio a cabeça na porta, e ponho a mão na maçaneta, fecho os olhos e respiro fundo, Calma, não há o que temer aqui Camille, está tudo bem...

Giro a maçaneta, tapetes persas, gatos de cerâmica, esperava mais cabeças de animais nas paredes, coisas de cartomantes, livros velhos, mas nada. Parece a sala de estar de minha tia Patricia. A única coisa incomum é a cadeira de balanço, na verdade é o quê está na cadeira. O cheiro que sinto ao me aproximar é de carne velha, esse cheiro embrulha meu estômago, mas mesmo assim continuo em direção a cadeira, quanto mais perto chego, pior fico, esse cheiro é totalmente insuportável, minhas narinas ardem. Mas não posso parar agora, tenho muitas dúvidas, e provavelmente esse oráculo é o único que tem as respostas, posso suportar um mal cheiro.

Estou a apenas alguns centímetros de seja lá o que houver ali em baixo, mas não sei o que fazer agora, nem sei porque vim até a cadeira, ninguém me disse que era para vir até ela, mas algo me atraiu para ela, provavelmente a curiosidade. Não resisto e tiro o pano que está lá, não creio no que meus olhos veem, uma... Múmia? Eu cambaleio para trás, não consigo fazer com que palavras concretas saiam de minha boca, então apenas gaguejo algumas sílabas.

Quando finalmente consigo me acalmar, a múmia se mexe. Ai. Meu. Deus. O que está acontecendo? Seus olhos se acendem em um vermelho vibrante, ela levanta a cabeça, e abre "boca" e uma larva sai de dentro dela o que me dá arrepios. Ela permanece assim por alguns segundos, eu só consigo ficar parada, pasma, encarando. Eu penso em me virar e voltar lá para baixo com os outros, mas ela se manifesta.

– Camille Moore - a voz sai de sua boca, mas ela não se move, apenas fica aberta - Filha de Lucily Moore e Kazimir Wencks

– O quê? Esse não é o meu pai, meu pai é Jules Andrew.

– Não, seu pai é Kazimir Wencks,

– Mas... como? E quem é esse tal de Kazimir?

– Kazimir Wencks, era um poderoso arcanjo, foi banido do céu por violar as ordens divinas, além de ter torturado, e até estuprado humanos em algumas de suas missões na terra. Ao cair, seu primeiro ato foi criar este vale. No começo apenas habitado por ele, e mais algum anjos que eram seus seguidores. Durante o tempo em que ele governava aqui, muitas vezes saia e ia para o seu mundo, deitava-se com várias mulheres, que cediam facilmente a seu charme, a maioria dessas mulheres comprometidas, que depois de se relacionar com ele, eram abandonadas pelo marido, e posteriormente, pelo próprio anjo. Ele fazia isso apenas para espalhar a dor e o sofrimento por onde quer que passasse, para deixar mais difícil a vida das pessoas, para vê-las em amargura enquanto ele se erguia em glória. Foi então que conheceu Lucily sua mãe, que estava casada com Jules Ela não cedeu a Kazimir, pois estava totalmente apaixonada por Jules.

Ha! Sabia que minha mãe seria fiel a mau pai, ela nunca faria isso com ele. O oráculo deve estar errado, não tem como esse Kazimir ser meu pai.

– Kazimir acabou apaixonando-se por ela - ele continua - ele precisava tê-la de qualquer maneira. Então ele a ameaçou. Disse que mataria seu amado caso ela não se deitasse com ele, ela sem outra saída aceitou. Ela assim engravidou de você. Kazimir achou que assim que Jules soubesse da traição, deixaria sua mãe e ele a teria somente para ele, mas ele estava errado. Seu pai entendeu que ela fez isso por ele, para salvar sua vida, e assim como ela, ele a amava profundamente, então apenas fingiu que nada aconteceu, e os dois juntos criaram você normalmente.

Não, não, não, não e não! Isso não pode ter acontecido... Então por isso ele sempre chorava quando olhava para ela, não era apenas porque ela lembrava Lucily, era também porque ele lembrava da traição, do sofrimento que deve ter sentido ao saber de tudo. Mas mesmo assim ele sempre ignorou, a criou com todo o amor, fazia tudo por ela, como um pai de verdade. Nunca, em nenhum momento ele a tratou com desprezo ao se lembrar de Kazimir. Oh pai! Obrigada, obrigada por tudo... Não importa qual seja a verdadeira história, pra mim VOCÊ será sempre meu pai. Você me criou, cuidou de mim... Kazimir não fez nada, apenas atrapalhou sua história com mamãe... Você é meu pai, sempre foi, e sempre vai ser.

Uma outra duvida martela em minha mente, diante desta revelação, ela parece começar a fazer sentido.

– O anjo que sempre aparecia nos meus sonhos... que eu jurava conhecer de algum lugar... é o Kazimir? É o meu - engulo em seco antes de dizer entre dentes cerrados - pai ?

– Sim. Seu próprio pai lhe "mandou" esses sonhos. Ele queria que você descobrisse a verdade, que viesse até aqui.

– Por que ele queria isso?

– Não possuo essa informação. Apenas o próprio Kazimir tem a resposta.

Que ótimo penso e reviro os olhos.

– Han... Por que os meus sonhos, começaram a piorar depois que visitei o pântano?

– Como eu disse, seu pai quem manda esses sonhos a você, conforme a situação que você estava vivendo ele mandava um sonho diferente. Cada sonho era para cada situação que você enfrentava, para lhe dar um aviso, ou ajudá-la a saber o que fazer.

Do jeito que ele fala, parece que o Kazimir era uma pessoa boa, tentando ajudar a filha. A cada momento que falamos mais sobre ele, sinto mais repulsa e ódio, por que ele tinha que aparecer assim do nada na vida dos meus pais e bagunçar tudo? Por que tinha que escolher logo a minha mãe? São perguntas sem resposta, eu sei, mas elas continuam a brotar em minha mente mesmo assim.

– Meus sonhos... todos eles, são reais? Realmente aconteceram? Ou vão acontecer?

– Os que falavam do passado sim, realmente aconteceram, foram todos reais, mas os que falam do futuro podem ser alterados.

Ao mesmo tempo que fico aliviada me preocupo, Mike não vai morrer, mas e quanto a todos os outros sonhos? O que houve com Zack? E aquele outro sonho com Mike, que o mostrava desde bebê até o momento em que um sombra o tenta persuadir? Depois que sair daqui, vou precisar de um tempo para pensar.

Uma outra duvida aparece na minha cabeça, uma que na realidade até tem uma resposta, só que uma resposta ruim, que eu não acho que seja verdade.

– Como exatamente minha mãe... morreu? - Minha visão já começa a ficar embasada só de falar isso, mas eu não vou chorar.

– Kazimir nunca superou perder Lucily para Jules Então combinou com Serafine, uma de suas aliadas um jeito de ele roubá-la para si. Ele possuiu o corpo de um homem rico, e usou seu navio para fazer um cruzeiro, ao qual contratou os serviços de sua mãe como guia turística. Mas houve um imprevisto. O navio acabou batendo, e começou a afundar, Lucily ajudou o máximo de pessoas que pôde a saírem, mas acabou não conseguindo se salvar.

Então pelo menos, não mentiram para mim. Ela realmente foi para um cruzeiro á trabalho, e realmente o cruzeiro afundou e ela não conseguiu se salvar. Mas agora posso parar de me culpar como fiz desde que ela se foi. Achava que por não impedi-la de ir ao cruzeiro quando tive chance, eu era a culpada. Mas agora sei que não sou, sei quem realmente atrapalhou tudo. Kazimir. Meu coração acelera, a raiva flui dentro de mim, não sei como encontrá-lo, mas eu vou, e vou me vingar dele, não apenas pela morte de mamãe e por fazer papai sofrer todos esses anos, mas também por cada mulher que ele enganou, por cada dor e sofrimento que ele causou.

– Onde está Kazimir?

– Desde a ultima guerra que houve aqui no vale, na qual Kazimir perdeu o vale para os anjos que ainda estão do lado da luz, ele nunca mais foi encontrado, já tentaram rastreá-lo, mas nunca nada deu certo. Não acreditam que ele tenha morrido, mas essa é a única explicação que eles tem até agora.

Merda. Sem a ajuda do oráculo como vou encontrá-lo? Deve haver mais algum modo, eu só preciso de um tempo para pensar. Deve haver alguém aqui que possa me ajudar.

– Há alguém aqui, que possa me ajudar a encontrá-lo?

– Há bruxos e feiticeiros por todo o vale, você pode pedir ajuda a eles.

– Está bem... Obrigada.

– Posso servi-la em algo mais?

– Não, não! Já esclareci minhas dúvidas.

Nesse momento sua boca se fecha em um baque surdo, a cor intensa de seus olhos diminui até sumir, e então finalmente sua cabeça caiu para o lado.

Não havia percebido, mas enquanto a múmia estava "viva" não sentia mais o cheiro de carne em decomposição, mas agora que ela voltara a "dormir" novamente o cheiro se espalhava pelo ar, me dando náuseas novamente.

Cubro a múmia novamente com o pano e ando rapidamente até a porta. Assim que a bato, me escoro nela e vou escorregando até cair no chão. Minha visão começa a embaçar, e as lágrimas escorrem pelas minhas bochechas, não sei exatamente porque estou chorando, mas não consigo parar. Fecho os olhos por um longo instante tentando fazer as lágrimas caírem. Quando elas finalmente param, respiro fundo e me levanto.

Desço as escadas com pressa, e em poucos minutos vejo a porta da frente, a empurro com força e voo direto aos braços de Mike, que demora um pouco para entender o que está acontecendo, mas logo retribui o abraço e afaga meus cabelos.

– Ei, o que foi? - ele diz quase em um sussuro.

Viro a cabeça para cima e encaro seus olhos, seus lindos olhos que conheço muito bem. O azul deles me acalma. Não vou contar a ele tudo agora, não na frente de Ravenna e Simom, mal os conheço, quando tiver um tempo a sós com ele e Charlotte, eu me abrirei.

– Tem uma múmia assustadora lá - não estou exatamente mentindo, ela era realmente assustadora - Por que não me disse?

Ele da uma pequena risada e me abraça mas forte e beija o topo de minha cabeça.

– Não queria estragar a surpresa...

Eu forço uma pequena risada, e finalmente nos soltamos.

– Bom, vamos indo então - diz Ravenna.

– Você não vai ver o Oráculo? - eu indago.

– Não - ela suspira - eu não gosto muito de ir vê-lo... Grande parte de minhas dúvidas ele não pode responder... e além disso, a verdade machuca... - ela tira o braço de Simom de seus ombros, e os dois se viram para irem embora.

Eu e Mike os seguimos.

***

O caminho foi silencioso, ao chegarmos no bar, me dirijo ao banheiro.

Apenas fecho a porta e fico ali parada diante do espelho encarando meu reflexo com as mãos apoiadas na pia. Meus cabelo longos estão secos e bagunçados, as bochechas rosadas, os olhos parecem enormes e estão avermelhados. Lavo o rosto tentando parecer um pouco melhor, esse cabelo todo está me incomodando. Vasculho as gavetas dos armários a procura de uma tesoura. Assim que acho uma, pego mecha por mecha do meu cabelo e as corto lentamente tentando igualar o tamanho. Depois de recolher todo o cabelo do chão e jogá-lo fora encaro meu reflexo novamente, não ficou ruim, apenas... diferente. Meus cabelos que antes iam até o final das costas, agora batia a um pouco a abaixo do queixo. Ficou meio repicado graças á minha falta de talento com a tesoura, mas eu acho que ficou até bonito, ao invés de ondulado como estava antes meus cabelos agora estão lisos.

Ouço uma porta bater e passos no chão.

– Então, vamos aproveitar agora que estamos sozinhos para conversar... O que você quer que eu descubra? - diz uma voz que eu reconheceria em qualquer lugar, é Mike.

– Claro, claro! O que quero é bem simples na verdade... Quero que espione Holly - responde alguém, a voz não é fina para ser de Ravenna ou Charlotte, então é claro que é Simom.

– Espionar Holly? Por quê?

Eu sei que deveria sair e avisá-los que estou aqui e que ouvi uma parte da conversa, mas agora até eu estou curiosa. Ando lentamente e na ponta dos pés até a porta do banheiro e encosto a orelha nela.

– Isso não vem ao caso agora... Quero que a espione, onde ela for, e quando for. Claro, não vou forçá-lo a ficar acordado espionando-a até quando dorme, mas fora isso terá que segui-la todos os dias, e ela não deve nem desconfiar de sua presença... Entendido?

– Sim... mas ainda queria saber o porquê de tudo isso.

– Você vai saber, mas não agora... Enfim, mesmo que ela não tenha feito nada suspeito, quero que me conte detalhadamente o que ocorreu no dia dela.

– Okay - responde Mike e percebo a relutância em sua voz - Se eu fizer isso Simom... promete que não vai contar nada á Camille?

– Claro cara! Eu nem ia fazer essa... hum... chantagem com você, mas eu realmente preciso que alguém faça isso, pois eu mesmo não posso já que tenho que trabalhar e ajudar Ravvie... Mas quero que você saiba que pode confiar em mim, mesmo que você não consiga o que eu quero, só por ter cumprido o acordo e ter feito o que pedi, Camille não vai saber de nada sobre o beijo.

O que EU não posso saber? E que beijo? não estou entendendo mais nada.

– Obrigado Simom... Você não sabe o quanto isso me deixa aliviado.

– Na verdade sei sim... Mas eu ainda acho que você deveria contar a ela que na verdade ela beijou você, e não a mão... que mal tem? Ela mesma não disse depois que foi ótimo?

Eu beijei Mike?! Sabia que não tinha sido minha mão, o beijo foi real de mais, mas por que ele mentiu pra mim? Ele não fez nada de errado, fui eu que o beijei, eu estava bêbada, ele não tem culpa. Ao ouvir aquilo solto sem lembrar que eles não deveriam saber de minha presença:

– O quê?! - no mesmo momento em que as palavras escapam eu tampo a boca com a mão.

Com certeza eles me ouviram, pois não dizem mais nada, só há silêncio. Ouço passos se aproximando e a maçaneta gira.

Mike está na porta com os olhos arregalados e o rosto branco.

– Ca-camille?! - sua respiração está acelerada - Você estava ouvindo a nossa conversa?! - seus olhos se arregalam ainda mais ao notar meu cabelo, ele começa a esticar a mão como se fosse tocá-los mas desiste no caminho e abaixa o braço novamente - o seu cabelo...

– Como assim eu te beijei? - ignoro totalmente sua pergunta, pois sei que não devia ter ouvido nada - Por que você mentiu pra mim?

Ele abre a boca, mas as palavras não saem, então ele me puxa para fora do banheiro e me deixa sentada na cama, e para á minha frente.

– Tá, vamos conversar sobre tudo o que aconteceu aqui... mas primeiro preciso saber, o quanto da conversa você ouviu?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado...
Reviews please!!
Obrigado por acompanharem
Bjs, Biah!!