Prostituta Do Governo escrita por Peregrino das Palavras


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Valentina ainda sofre com problemas sociais e econômicos, mas um personagem estranho entra em sua vida.



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Faz oito dias desde que eu os escrevi. Muitas noites passaram. Muitos orgasmos falsos aconteceram. Mas três dias atrás, um cara novo - cliente poderia dizer - pediu pelos meus serviços. Foi algo muito...como posso dizer. Algo anómalo.  
Era aproximadamente onze e meia - Tinha chegado cedo, porque não teve nenhuma interrupção, como assistir filmes lindos na casa de algum bom amigo - quando um Astra preto se aproximou de mim. E como sempre, fui até a janela do carro, que foi abaixada para que eu pudesse ver o "infeliz". Seus cabelo era escuro, meio liso, meio encaracolado, não dava para ver, barba cerrada, aparentemente magro, usava casaco e calça jeans devido ao frio. Devo confessar, é um dos melhores que já vi por aqui.
-Como posso ajudá-lo? - Disse com uma voz """sexy""" e com um olhar e sorriso sarcástico.
-Quanto ficaria a noite toda?
Ah não. A noite toda não! Não queria que tivesse essa opção, a única coisa boa dela era o dinheiro que eu ganharia. Se ele me pagasse, nunca sei.
-180. - Respondi, ainda com o sorriso
-O prazer está caro hoje em dia.
Então porque na vez de vir aqui não encontra uma namorada para fazer sexo com ela? É de graça. Pensei.
Suspirei e um incomodo silêncio tomou conta do recinto, o qual era eu no intenso frio quase nua, e o burguesinho em seu aconchegante carro com ar condicionado e casaco.
-Então o que vai ser? - Perguntei com uma pontinha de impaciência. 
-Bem, o que são 180 né?
Comida, roupa, contas quase pagas. Algo mais?
Ele destrancou o carro e eu entrei. Um choque térmico se apoderou do meu corpo, tirei o máximo de roupa possível, ou seja só o casaco se não eu ficaria despida.
-Curte música? - Perguntou com sua voz doce quando já estávamos a  50 quilômetros por hora
-Gosto - Tentei ser simpática, sendo que queria que aquela noite terminasse logo
-De que tipo? - Por incrível que pareça, ele queria puxar assunto, e não pisar no acelerador para que chegássemos em um motelzinho sem vergonha.
-Bem... pop, rock, reggae, nacional...música clássica....bem acho que todas.
-Uou, uma moça eclética.
Moça? Moça? Tipo...MOÇA?
Dei uma risadinha
-Bom aqui vai - Pegou um CD e colocou no radio, em poucos minutos começou a tocar Last Kiss, regravada pelo Pearl Jam. Não pude não me lembrar de meu pai. Ele era um homem muito bom, quando minha mãe estava viva. 
Um dia, quando eu ainda tinha treze anos, houve um acidente. Meu pai e minha mãe estavam voltando para casa no dia da festa de casamentos de ambos, eles tinham ido jantar fora. Estava chovendo. E meu pai, em uma curva, perdeu o controle do carro. Eu ouvi ele dizer, chorando, para minha tia, que ele não pode evitar, o encontro do carro com a árvore foi algo rápido e repentino. E desde então todos os domingos á noite ele botava essa música para tocar em seu velho radio, e a ouvia com um copo de vinho na mão. E na parte que a música dizia:

 

Nós não tínhamos ido muito longe

Na estrada, logo em frente,

Um carro estava enguiçado, o motor estava morto

Eu não conseguiria parar, então eu desviei para a direita...

Eu nunca esquecerei o barulho daquela noite:

Os pneus "cantando", o vidro quebrado,

O grito doloroso que eu ouvi por último.


Ele começava a chorar bebia todo o vinho e atacava ou a taça ou a garrafa no carro que fora concertado.
Não pude conter e as lágrimas do meu pai vieram para os meu olhos, o cara viu e perguntou:
-Tudo bem?
Estraguei tudo, pensei
-Não, é que eu amo essa música

Assim que a música acabou, entramos em um apartamento, não, não era um motel barato. Era um condomínio de família. E as surpresas não param por ai. Não subimos no elevador de empregados, os que não têm câmeras e sim no normal. Ele não tinha vergonha de mim, eu acho. Ou ele ia me estuprar. Sempre tive esse medo, de um cliente meu ser um maluco. O apartamento dele ficava no décimo quarto andar, número 142.
Ele abriu a porta e me deixou entrar primeiro. Cavalheirismo. Uou, o mundo não está perdido.
A casa era linda, gigante, maior que a do Pru, e com uma sacada enorme. Fui pra la. Meu cabelo voaria graças ao vento, mas os dreads não permitiam. A cidade era linda, muita luz, carros passando, prédios altos, placas, pessoas - pequenas vistas daquela altura.
-A propósito...
-UOU - levei um susto, o cara apareceu atrás de mim do nada.
Ele riu, ri também.
-Qual é o seu nome?
-Valentina.
-Que nome...exótico. - Aquelas palavras bailavam em meus ouvidos. Exótico. Exótico. Exótico. O tipo de adjetivo que eu usaria para meu nome. Ou estranho. Ele se juntou a mim. Olhava a cidade, como se estivesse inspirado. Olhava para ele
-E o seu? 
-Carlos.
 


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Notas finais do capítulo

Eu, particularmente adorei esse capitulo. '-' e vocês? Bem é isso! Espero que gostem.



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