Entre Luz e Trevas escrita por Bryden Rivers


Capítulo 3
Transição


Notas iniciais do capítulo




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Nós fomos, simplesmente, abandonados. Muitas daquelas crianças, que agora correm pelo pátio como se não se importassem com suas posições, não tem o simples conhecimento de seu passado, mas também há aqueles que decidiram fugir da casa de seus pais e foram pegos, sem contar os que foram deixados na porta deste orfanato, sem um adeus, sem que olhassem para trás.

Eu sou um deles.

Era uma manhã clara, o que me pareceu um ultraje, faltava cerca de três dias para o meu aniversário — Se é que posso chamar o dia em que fui deixado em um Orfanato de aniversário — Eu ainda estava deitado, no quarto; e não conseguia pensar em nenhum motivo para me levantar.

A porta destrancada foi aberta por Kelly. Ela aproximou-se lentamente da minha cama e sentou-se ao meu lado, passando a mão pelo meu cabelo e olhando intensamente em meus olhos. Entendo isso como um aviso para não me atrasar para a escola.

Me arrumei, sai do quarto e comecei a vaguear pelo Orfanato, quando cheguei ao pátio, não vi mais nenhuma das outras crianças que antes brincavam, então olhando para a torre do relógio, vi que estava muito atrasado, e comecei a correr em direção a o portão. Quando cheguei à escola, os alunos ainda estavam se dirigindo à sala, havia chegado a tempo, uma sensação de alívio me recuperou da longa corrida.

O prédio onde ficava a escola era formado por dois grandes blocos de salas, mas não havia motivo pra mantê-los, sendo que os poucos alunos não completariam o primeiro.

Durante aula eu costumava olhar discretamente à janela, algo que já havia me acostumado, o vidro da janela pareceu começar a dividir-se, formando trincos. Frestas de luz passaram discretamente, e então começaram a se mover, como numa dança, quando pisquei, o vidro voltou ao normal.

Quando voltei da escola, cumpri minhas obrigações e procurei por Kelly, que havia se tornado a responsável por nós quando o padre morreu e a Diocese se recusou a enviar outro para um local tão afastado, então ela montou uma organização para nos ajudar, e a Diocese permitiu que continuássemos a morar no Orfanato.

Encontrei Kelly no jardim, apreciando o aroma das orquídeas que tinham acabado de desabrochar, me sentei ao seu lado, Kelly me entregou um papel e acenou para um pacote, quando o abri, vi sua letra esguia e cuidadosa, li que ela me pedia para abri-lo em três dias, na data do meu aniversário. Eu acenei com a cabeça e então ela saiu. Quando cheguei ao quarto, coloquei a caixinha sobre a escrivaninha e olhei de relance para o cadeado que a trancava.

Passaram-se dois dias desde que Kelly havia me entregado a caixa, os dias corriam normalmente, chegando a me esquecer de sua existência.

Acordei no meio da noite, já era costumeiro isto acontecer, a maioria dos meus pesadelos cumpria este papel, eles não eram sobre monstros ou catástrofes, eram sobre eu falhar, diante de todos.

Lá fora já estava escuro, e um leve brilho iluminava o quarto, olhei de soslaio, e quando levantei, constatei que o brilho provinha das brechas da caixa e que o cadeado desaparecera. Ao abri-la, vi uma pedra de coloração azulada, e seu brilho, desvaneceu. Então senti um vento gelado soprando forte, e comecei a sentir uma tontura seguida por uma longa sensação de êxtase e logo, estava caindo e perdi a consciência.


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