Rizzoli and Isles - Rizzles Songfics escrita por Bruna Cezario


Capítulo 3
Capítulo 3 - Te Esperando


Notas iniciais do capítulo

Não, eu não curto Luan Santana, só que a letra dessa música é tudo e mais um pouco, mesmo que ele cantando essa música tenha algo que me incomode e eu não sei bem o que é. Enfim...

Depois dessa música ser tema de zuação na minha familia eu imaginei que ela daria uma ótima songfic, depois eu fui ver o clipe da música e achei tão sem história, além de copiar Cidade dos Anjos que eu não resisti e tive que escrever uma songfic =)

Espero que gostem e darei um desconto se não quiserem ouvir a música, por que né (mesmo sendo impossivel alguém não ter ouvido essa música pelo menos uma vez na vida)

Luan Santana - Te Esperando: http://www.youtube.com/watch?v=Z5pWz_OR5Sg

Ótima leitura!



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Ela estava prestes a casar. A pessoa que ela mais amou na vida, a única pessoa que ela amou na vida para falar a verdade, a única pessoa por quem ela realmente se apaixonou, mas nunca teve a coragem de se declarar, de dizer como se sentia, mesmo por que nunca foi muito bem em lhe dar com sentimentos e sabia muito bem, conhecendo a amiga como conhecia, ela não ia reagir muito bem por tal declaração, então desde a primeira vez que a viu guardou esse sentimento para si se contentando em ser somente a melhor amiga dela, mas agora, com ela prestes a subir no altar com um homem que ela não julgava bom o suficiente para o grande amor de sua vida, se arrependia por nunca ter dito como se sentia.


Foi uma surpresa para Maura quando Jane contou que casaria.


A legista estava em sua casa, tinha ficado chateada por mais uma vez ter sido trocada por Casey, o que tinha passado a ser frequente desde que ele tinha voltado do Afeganistão e dessa vez parecia que não iria embora nunca mais. Não se lembrava qual foi a última vez que teve um momento com Jane que não fosse no trabalho. Antes costumavam sair – nem que fosse até o Dirty Robber -, beber – também no Dirty Robber – ou uma ficava na casa da outra por que tinham resolvido assistir a um filme ou coisa assim, mas desde que Casey tinha voltado todos os seus convites das duas saírem juntas era recusado pela detetive o que magoava e muito a loira.

Sabia que nunca teria uma chance com Jane, por que desde que Casey apareceu naquele evento de homenagem ela não queria admitir, mas tinha perdido Jane ali, o que era irônico, já que nunca a teve, aliás, teve como sua melhor amiga e só. Quantas que não foram ás vezes que ela tinha ficado feliz, aliviada, contente e até agradeceu a um Deus que ela não sabia muito bem se acreditava, se ele realmente existia, quando Casey voltava para o Afeganistão e depois de um tempo deixava de dar sinal de vida? Pensava que eventualmente Jane o esqueceria e talvez percebesse o que tinha bem em sua frente, que Maura era completamente apaixonada por ela e faria qualquer coisa para fazê-la feliz, mas infelizmente ela nunca percebeu.

Estranhou a campainha tocando àquela hora da noite, pois já tinha passado das 23 horas, mas não deixou de atender a porta e se surpreendeu quando viu que era Jane quem tocava. Maura sabia que era errado desejar que o relacionamento de Jane desse errado e que ela tivesse batido àquela hora da noite em sua porta por que queria desabafar e dizer quanto foi um erro toda essa história com o Casey, mas assim que a morena abriu um sorriso ao vê-la assim que abriu a porta teve certeza que tudo não passaria de desejos.


– Desculpa bater a essa hora Maur, mas... – Maura abriu espaço para que Jane entrasse. Nunca tinha visto a amiga tão entusiasmada assim. – Eu não ia aguentar até amanhã para te contar, na verdade para te mostrar.

– Me contar? – Maura estava confusa. – Me mostrar? O que é Jane?


Jane puxou a amiga pela mão e a levou até a sala. Maura resolveu por sentar, por que nunca tinha visto Jane tão animada assim, não fora a alguma vitória do Red Sox, mas como ela sabia que o time não estaria jogando naquela noite imaginava que a animação seria por causa de notícias boas. Não boas notícias para Maura, mas para Jane excelentes.


– Você está pronta? – A loira estava realmente estranhando o comportamento de Jane. Parecia até uma adolescente daqueles filmes de comédias românticas adolescentes que ela fazia com que Jane assistisse com ela. Fez um afirmativo com a cabeça, então Jane levou sua mão esquerda para o campo de visão da Maura, exibindo uma linda aliança de ouro branco com uma pequena pedra de diamante. – Casey me pediu em casamento!


Aquelas cinco palavras foram o suficiente para o coração de Maura parar de bater por alguns segundos. Nunca tinha sentido nada assim na vida, mas ao ouvir aquelas palavras saindo da boca de Jane parecia que seu coração tinha se partido em dois, mesmo sabendo que isso era improvável. Sentiu uma tristeza invadindo e uma vontade imensa de chorar. Por que já era demais ter que conviver diariamente com Jane falando de Casey, com Jane a trocando por Casey e agora teria que conviver com Jane casando com Casey? Isso estava absurdamente errado e a deixava magoada, chateada e irritada. A loira se segurou para não colocar seus sentimentos para fora, tentou esboçar um sorriso, mas os músculos da sua face não obedeceram.


– Casar? – Foi a única pergunta que ela conseguiu fazer. Tinha acabado de perder o chão. – Você tem certeza Jane? Quero dizer... Você disse para mim que não queria casar, que esse não era seu sonho...

– Talvez não fosse meu sonho com qualquer outro homem com que eu me relacionei, mas com o Casey... – Abriu um sorriso que despedaçou mais ainda Maura. – O Casey é diferente, eu sabia que ele era o grande amor da minha vida desde o colégio.

– Só que ele nunca ligou para você! – Tentou, mas não conseguiu esconder o tom rude em sua voz. Jane estranhou. – Eu quero dizer... – Balançou a cabeça em negativo. – Deixa para lá.

– Não Maura, fala. O que foi?


Não queria, mas já que Jane estava insistindo... Levantou do sofá e respirou fundo enquanto dava a volta no mesmo buscando coragem para dizer tudo que queria dizer ou quase tudo.


– Você não pode casar com o Casey! – Saiu quase em um grito. Jane ergue uma das sobrancelhas surpresa com o que tinha acabo de ouvir. Pensava que Maura apoiava o relacionamento dos dois, pelo menos sempre pareceu que sim. – Ele não te merece Jane. Ele só te faz sofrer, ele não te dá todo o amor e carinho que você merece. ELE NÃO SOU EU!


Tudo bem. A última frase não era para ter saído, mas como saiu ela não tinha mais nada o que fazer. Teve que ficar encarando uma Jane estática, que abriu a boca alguns milímetros tentando assimilar o que tinha acabado de ouvir. Percebendo o choque que tinha causado resolveu tentar arrumar o que pensou que já tinha estragado por completo.


– Eu quero dizer... – Procurou pelas palavras certas, se é que existiam palavras certas depois daquilo. - Eu sou sua melhor amiga, eu sempre estou aqui por você, então pensei que você merecesse alguém como eu, que fosse seu amigo também, que não te fizesse sofrer, que te compreendesse, não alguém como o que Casey que fala palavras bonitas para você só pra te levar para cama e depois fala que está voltando para o Afeganistão.


Não tinha ajudado muito, mesmo por que tinha deixado Jane confusa com toda a parte de “você merece alguém como eu”, mas resolveu se agarrar só na frase final, por que já estava ficando irritada com aquela conversa. Por que logo Maura, a pessoa que ela pensou que tinha todo o apoio do mundo para seguir com esse relacionamento com o Casey dizendo que era errado? Não entendia.


– Da onde você tirou isso, Maura? Casey me ama, ele quer me fazer feliz. Se ele quisesse só dormir comigo ele não se preocuparia em me pedir em casamento.

– Você já se ouviu falando, Jane? Você está falando em casamento, passar o resto da sua vida com um homem... Você odeia vestidos de noivas e depois você é uma idiota quando está com o Casey.


Jane soltou um riso de indignação por tudo que ouvia. Não podia ser verdade aquilo. Não era Maura, sua melhor amiga que estava dizendo todas aquelas coisas, alguém tinha tomado o corpo dela. A legista sempre tinha se mostrado tão feliz pelos dois e agora que ela queria compartilhar uma das maiores felicidades da sua vida com ela estava recebendo só desaprovação? Queria entender por que, mas não iria perguntar.


– A idiota aqui pensou que poderia compartilhar uma ótima notícia com a melhor amiga dela, mas parece que a idiota se enganou em achar que tinha uma melhor amiga.


E Jane foi embora batendo a porta tão forte que quase a levou junto e foi ao ouvir essa saída que Maura sentou de volta no sofá e começou a chorar.

Todo esse tempo de amizade, de esconder seus sentimentos com uma fagulha de esperança de que Jane percebesse tinha acabado por ali, por que ela iria casar e não era com ela e sim com um cara que ela tinha certeza absoluta que não ia fazer Jane feliz como ela merecia.


Mesmo que você não caia na minha cantada
Mesmo que você conheça outro cara
Na fila de um banco
Um tal de Fernando
Um lance, assim
Sem graça


Depois da discussão Jane e Maura ficaram exatos dez dias sem se falar – não que uma delas estivesse contando -, mas Maura percebeu que estava na hora de dar uma trégua, por que pior do que perder a pessoa que você mais amou na vida era perder a sua única amiga e ela não estava disposta a arriscar, mesmo por que ela torcia para que Jane percebesse a besteira que estava fazendo e que desistiria da loucura que era esse casamento, mas a cada segundo que passava ela tinha mais certeza que não aconteceria.

Ás vezes, algumas poucas vezes, Maura tinha a impressão de que seus sentimentos eram correspondidos. Poderia parecer desespero, mas ela ainda tinha a esperança de ter uma chance com Jane e então não sairia do campo de vista dela, por que uma frase que tinha ouvido uma vez que resolveu levar para vida é que “quem não é visto não é lembrado”, então ela seria muito bem vista, para que algum dia Jane percebesse que ela era a pessoa por qual a detetive procurava, por isso resolveu “apoiá-la”, mas já imaginando o futuro e as consequências que esse casamento traria.


Assim que Maura entrou no Dirty Robber seu olhar cruzou com o de Jane que fez sinal para que ela fosse até a mesa costumeira das duas, pelo menos costumava ser, até Jane se casar e quase não ir no bar e quando ia era para se encontrar com Casey que se sentia no direito de sentar no lugar das duas. Mesmo sabendo que iria ouvir reclamações a loira não deixou de abrir um pequeno sorriso assim que viu Jane a chamando, pediu uma taça de vinho no balcão e assim que estava com ela em mãos se encaminhou até a mesa que a amiga estava sentada. Quase não tinham se visto o dia inteiro, as poucas palavras que trocaram tinha sido por causa de trabalho, mas Maura sabia que Jane não estava bem, ela sempre sabia quando a detetive não estava bem e mesmo a morena tentado mascarar isso sabia que não tinha como esconder nada de Maura, mesmo por que sua cara de poucos amigos, mais visível do que normalmente a denunciava.


– Dia difícil? – Maura perguntou se sentando na frente da morena. Recebeu um sinal de negativo. – O que aconteceu?

– Não aconteceu nada. – Jane tomou um gole de sua cerveja. – Não posso mais te chamar para beber?

– Pode. – A legista respondeu com um meio sorriso. – Mas eu sei que aconteceu alguma coisa. Casey?


Percebeu a hesitação de Jane antes dela finalmente fazer um positivo com a cabeça enquanto tomava mais um gole de sua cerveja. Não queria dar motivo para Maura jogar na sua cara que provavelmente ela estava certa, mesmo ela sabendo que a amiga não estava.


– Tínhamos marcado de jantar, mas ele ligou dizendo que não pode por que está ocupado na fundação e que provavelmente durma lá. – Fez uma careta. - De novo.

– Ele está fazendo muito isso ultimamente?

– Deve ser aquela crise do primeiro ano de casamento, sabe? Só temos seis meses de casados, é besteira.


Se policiou para não falar nenhuma besteira, desde que Jane havia se casado sabia que não era crise de um ano de casado, por que Casey já fazia coisas parecidas quando eles nem namoravam, por que mudaria agora?


– Absolutamente. – Jane estranhou a amiga não vir com nenhum estudo sobre isso. – Obrigada por me chamar para beber com você.

– Sempre fazemos isso, não fazemos?


Respondeu com um doce sorriso, mesmo que por dentro não estive sorrindo, estivesse sofrendo e quisesse dizer para Jane que depois que ela se casou com o cara que não merecia nem respirar o mesmo ar que ela tinha parado de ser frequente as vezes que elas saiam para beber, as vezes que elas conversavam sobre tudo, sobre todos e também sobre nada, como elas costumavam a se divertir juntas, mas que infelizmente tudo tinha mudado.


Mesmo que vocês fiquem sem se gostar
Mesmo que vocês casem sem se amar
E depois de seis meses
Um olhe pro outro
E aí, pois é
Sei lá


Só poderia estar fora de si ou deveria ter tomado algumas taças de vinho mais do que o normal, por que definitivamente não estava em perfeito estado quando tinha aceitado ser a dama de honra de Jane, por que fazer papel de tal estava sendo uma tremenda tortura.

Casey não ajudava no casamento, mal sabia se ele tinha ido pelo menos encomendar o terno. Tudo tinha ficado por conta dela, Jane e Angela – que também não era nenhum pouco a favor desse casamento, por que já tinha percebido como Casey tratava sua filha, mas todos os conselhos e conversas não tinha resultado em nada – e Maura já estava perdendo a cabeça. Era a igreja, era o salão de festas, o Buffet, o bolo e ainda tinha que lhe dar com Jane vestida de noiva.

Jane vestida de noiva: Uma das vistas mais belas que já tinha visto em toda sua vida. Assim que Jane virou para Maura reclamando do vestido a legista não deixou de abrir um sorriso e ficar a olhando admirada. Sabia que não fazia sentido Jane se vestir de noiva, não depois de quando ela confessou sua fantasia de casamento para Maura, mas mesmo assim não deixou de ficar admirada, pena que durou pouco tempo sua admiração e Casey teve que ligar bem na hora fazendo com que assim a loira lembrasse que Jane estava se vestindo de noiva para ele e mais uma vez sentia uma tristeza sem fim e só conseguia imaginar se algum dia aquilo chegaria ao fim.


– Tia Maura! – A garota que atendia pelo nome de Claire e que estava acabando de completar sete anos, pele morena e cabelos pretos enrolados que nem o da mãe, assim que viu a loira não deixou de correr em sua direção com um sorriso para abraçá-la. – Pensei que você não ia chegar nunca!

– Já me viu faltar em algum aniversário seu? – A garota fez um negativo com a cabeça. – Eu trouxe isso para você. – Maura estendeu uma sacola para a menina que com um sorriso não pensou duas vezes antes de tomar a sacola da mão da tia.

– Como se diz Claire? – Jane perguntou.

– Muito obrigada tia Maura.

– Não tem o que agradecer. – A loira respondeu com um sorriso.

– E o meu presente? – Um garoto que atendia pelo nome de Alex e que já tinha completado seus quarto anos meses antes perguntou cruzando os braços. – Você esqueceu de mim tia.

– Ela não esqueceu de você Alex. – Respondeu Jane. - Você já fez aniversário, esqueceu?

– Só por que não é meu aniversário eu não posso ganhar presente?

– Isso mesmo. – Jane respondeu ganhando uma cara fechada do filho. – Hoje é o dia da sua irmã.


O garoto nada respondeu. Só deu as costas e saiu correndo para brincar com os amigos, arrancando muitos risos de Jane e Maura.


– “Era uma vez”! – Claire respondeu animada voltando a abraçar Maura assim que viu que tinha ganhado um livro de conto de fadas. – Muito obrigada tia Maura, eu tinha pedido pra mamãe esse livro, mas ela não achava. – Abraçou com mais força Maura. – Obrigada!


E saiu praticamente saltitando para exibir o livro para as amigas.


– Eu disse que ela ia gostar mais desse livro do que o Anatomia de Gray.

– Não sei por que... Eu amava o Anatomia de Gray quando tinha a idade dela.

– Só que ela é uma criança normal, não um super gênio feito você.


As duas riram.

O relacionamento das duas não era mais o mesmo. Tinham seus momentos, mas nada como um dia chegou a ser. Não costumavam sair muito mais, pouco conversavam sobre suas vidas pessoais e quando se encontravam eram somente assim em eventos familiares. As duas sentiam falta do relacionamento que tinham antes, mas nenhuma admitia, não era de preferência, mas era melhor deixar as coisas como estavam. Jane ainda se surpreendia como Maura ainda aceitava ir em sua casa, nas suas festas, por que sabia que estava longe ser a amiga que Maura tinha conhecido há muito anos atrás, mas ficava feliz dela ir, por que adorava como seus filhos gostavam dela e como ela tratava as crianças, ela os amava como se fossem de sua própria família mesmo e o sentimento era recíproco, as crianças eram loucas por ela.

Mesmo que a amizade não fosse a mesma Maura gostava de estar perto, ainda tinha aquela sensação de estar em família quando estava com Jane, mesmo que agora fosse limitado e ela amava mesmo as crianças, era loucura e nunca dividiu isso com ninguém, mas os tinha como seus próprios filhos, por que ela foi a primeira a saber quando Jane estava grávida, foi a todas as ultrassons e até esteve com Jane no parto, por que Casey nunca estava lá por Jane, mas mesmo assim eles permaneciam casados.


– Vem, vou pegar alguma coisa para você beber.


As duas se encaminharam até a cozinha, mesmo que desse a vista para todo o quintal onde estava acontecendo a festa, a cozinha ainda era o lugar mais tranquilo de toda aquela festa repleta de crianças correndo de um lado para outro.


– E o Casey?


Jane quase derrubou a taça que estava em sua mão que ela ia começar a servir o vinho de Maura por causa da pergunta. Mas não fez menção em não responder, precisava de alguém para conversar, mesmo esse alguém sendo Maura e ela soubesse que a amiga não ia lhe dizer coisas agradáveis ou provavelmente não ia dizer nada que era o que mais ela costumava fazer ultimamente só para não dizer coisas desagradáveis.


– Eu não sei. – Jane despejou um pouco de vinho na taça. – Tem dois dias que ele não vem para casa, que ele não atende o telefone, ele não deve nem lembrar que hoje é aniversário da filha dele.


Pode notar o tom de aborrecimento e tristeza na voz de Jane. Sabia que ela não era feliz no casamento, se é que algum dia ela foi realmente feliz, mas não podia simplesmente fazer a grossa e dizer que tinha avisado que ele não era homem o suficiente para ela.


– Você acha que ele tem outra?


A detetive arqueou a sobrancelha devido a pergunta. Maura pensou que ela lhe mandaria uma expressão de surpresa ou indignação, mas nada, parecia uma expressão de conformação. Jane entregou a taça de vinho para ela.


– Eu não quero saber.


A resposta saiu em um fio de voz, mais rouco que o comum. Maura não aguentava mais aquilo, não aguentava mais ver Jane sofrer, não conseguia mais vê-la aguentando tudo que tinha que aguentar e não tomando nenhuma atitude. Aquela não era a Jane, detetive linha dura que ela tinha conhecido, só via aquela detetive no trabalho, mas em seu pessoal como costumava ver também, mesmo que fosse menos linha dura e mais amável não via mais e já estava cansada disso.


– Você é uma idiota Jane! – Dessa vez Maura ganhou a expressão de surpresa que indignação. Percebeu que a frase não era pra ter saído, mas saiu, estava na hora de continuar. – Você nunca percebeu e parece que nunca vai perceber. Eu sempre estive aqui por você, eu sempre estive do seu lado, fiz coisas por você que tenho certeza que Casey nunca seria capaz de fazer por que ele é um egoísta que só pensa nele mesmo, que nunca vai se importar com você, com seus filhos, com essa família, por que ele não te ama! – Jane ouvia tudo com os olhos arregalados, Maura tinha explodido. Percebeu os olhos da amiga começarem a marejar. – Ele nunca vai te amar como eu te amo. Será que você nunca vai perceber isso?


Jane estava estática. Nunca em toda sua vida pensou que ouviria algo assim saindo da boca de Maura. Tinha até ficado um pouco desnorteada, não conseguia formar uma frase, mas também, frases não eram necessárias, por que quando menos esperou sua boca já estava colada com a de Maura. Por muitos anos a loira tinha sonhado com esse beijo, mas por todo tempo que sonhou pensou que não passaria disso: sonhos. Pelo menos até Jane percebê-la. Tinha absoluta certeza que após aquele ato impensado, mas necessário para ela, Jane a empurraria e ainda diria que nunca mais ia querer vê-la em sua frente, mas foi surpreendia com a morena puxando seu corpo para mais perto dela, afundando as mãos em seu cabelo e aprofundando o beijo. Não sabia explicar, mas aquele beijo era o melhor que já tinha dado em sua vida, sua boca com a da Jane se encaixavam perfeitamente, o beijo era doce, com algum gosto salgado algumas lágrimas que tinha começado a cair, mas não deixava de ser maravilhoso, nunca tinha experimentado algo parecido, por ela podiam ficar se beijando o resto da vida que não teria problema nenhum, por que finalmente, depois de muitos antes fantasiando sobre o beijo, ela estava finalmente beijando Jane Rizzoli.

Quando o ar foi necessário elas se separaram, mas ainda ficaram próximas. Maura procurou pelo olhar de Jane, mas a morena olhava pra o chão, estava procurando não encará-la.


– Eu acho melhor você ir. – Jane disse quase em um sussurro, deixando Maura completamente confusa. Não disse nenhuma palavra. – Droga Maura! Por que você faz isso?

– Eu não vou para lugar nenhum. – Ela finalmente respondeu. – Não até você me dizer que vai acabar com esse casamento, você não é feliz com o Casey e nem nunca foi e além do mais acabamos de nos beijar.

– Eu tenho filhos! – Estava tentando não se exaltar, mesmo por que tinha uma festa acontecendo em seu quintal. – Eu não vou deixar meus filhos crescerem sem pai.


Maura soltou um riso de indignação.


– Se você não percebeu seus filhos já estão crescendo sem pai.

– Sabia que Casey queria que eu me afastasse de você? – Maura a encarou, mas sem demonstrar sua indignação por ouvir aquilo, claro que ele queria. – Mas eu não me afastei por que achei um absurdo ele dizer que você ia ser contra o casamento por que não ia aguentar ver nossa felicidade e...

– PARA JANE! – A legista já estava possessa. – Que felicidade? Você não é feliz nesse casamento e até hoje eu não consigo entender por que você casou com o Casey já que ele não tem faz feliz, já que ele não te merece. Eu tentei entender, tentei procurar alguma coisa que explicasse isso, mas eu não achei, por que é um absurdo. Por que Jane? Por que você casou com ele?


Jane tinha a resposta que Maura queria, na realidade estava prestes a dá-la, mas foi distraída com Casey chegando no quintal e se deu conta que era melhor ficar calada. Tinha uma família.


– Acabamos por aqui Maura.


Foi a única coisa que a morena disse antes de passar pela porta da cozinha que dava no quintal e correr para os braços de Casey e beijá-lo, como se ela estivesse no casamento mais feliz do mundo, como se os minutos atrás não tivesse acontecido, como se ela e Maura não tivessem se beijado.


Mesmo que você suporte este casamento
Por causa dos filhos, por muito tempo
Dez, vinte, trinta anos
Até se assustar com os seus cabelos brancos


Após o aniversário que acabou mal pelo menos para Jane e Maura, as coisas só pioraram. A morena pediu transferência da Homicídios sem dar nenhum detalhe do motivo, mas ela sabia, assim como Maura também sabia, que tinha sido por causa do beijo e que ela não ia conseguir trabalhar com a loira depois disso e sabendo que Maura não ia para lugar nenhum, ela resolveu então que seria ela que teria que ir.

Claro que Maura sofreu com essa decisão, mesmo não tendo o mesmo relacionamento que antes com Jane, ela ainda era sua melhor amiga e também continuava sendo a pessoa por quem ela era apaixonada.

Podia ser só puro desejo e estar sendo a pessoa mais idiota do mundo que não sabia como seguir em frente, mas depois do seu beijo correspondido, depois de tudo que ouviu Jane dizendo e depois até mesmo da transferência seria só questão de tempo para Jane cair em si e ver a besteira que tinha feito da sua vida, mesmo que essa “questão de tempo” fosse daqui uns vinte anos e elas tivessem perdido absoluto contato, mas no que Maura se agarrava era que não importava quanto tempo que passasse, uma hora Jane ia parar e se perguntar onde Maura estaria e assim depois de tudo, elas se encontrariam, provavelmente até ririam de tudo e se ela acreditasse em toda essa história de destino, seriam finalmente felizes assim como o destino havia desenhado.


Um dia vai sentar numa cadeira de balanço
Vai lembrar do tempo em que tinha vinte anos
Vai lembrar de mim e se perguntar
Por onde esse cara deve estar?


Ás pessoas dizem que um amor de verdade só se encontra uma vez na vida e ás vezes passa até despercebido. Depois dessa imaginação toda sobre o futuro que levaria a vida dela e de Jane, Maura sabia que a morena era o amor verdadeiro dela e que não podia perdê-la, mas também sabia que não podia se declarar por que tudo fugiria do controle que ela pensava que tinha de tudo, mas depois desses pensamentos ela não tinha certeza de mais nada.

Também dizem que ás vezes o nosso amor de verdade não é aquele que estamos predestinados a ficar, e mesmo que não acreditasse muito nisso ela entendeu que essa história de ficar esperando para todo o sempre era coisa que ela só via em seus filmes de romance, e que muitas vezes não se aplicava a vida real e que mesmo que ela quisesse lutar por esse amor sabia que não tinha esse direito por que Jane tinha escolhido o outro e ela sofria por causa disso e também não aceitava, então na noite anterior do casamento Maura simplesmente mandou uma mensagem para Jane dizendo que não poderia ir ao casamento por que sua mãe precisava dela - não se preocupou em mentir por que Jane não estaria com ela mesmo para ver suas urticarias – e se trancou em uma hotel em uma cidade duas horas de Boston. Por que depois de tudo que veio pensando nos últimos meses, de tudo que imaginou para a vida das duas quando Jane cassasse, era capaz dela querer impedir tudo isso e quando o padre perguntasse se tinha alguém contra o casamento ela levantaria a mão e contaria na frente de todos seus sentimentos, provavelmente seria tirada da igreja pelos colegas policiais de Jane, o casamento aconteceria e perderia a amizade da morena, então seria bem pior do que em seus pensamentos, por isso resolveu que era melhor ficar o mais distante possível.

Tinha acabado de sair do banho, precisava espairecer, por que só ficava pensando no casamento, mas foi em vão por que assim que entrou debaixo da água mais pensamentos sobre o casamento vieram e ela não deixou de desabar. Chorou tudo que tinha que chorar, tudo que já tinha segurado todo esse tempo que teve que fazer o papel de dama de honra de Jane, que teve que ouvi-la toda animada por se casar com o Casey, logo a última pessoa na terra que lhe daria o devido valor, a pessoa que ela tinha certeza que não ia pensar duas vezes antes de fazê-la sofrer. Deitou na cama e pegou seu celular. Seu coração disparou assim que viu uma mensagem de Jane, tudo de pior passou em sua cabeça, imaginou que ela pudesse ter descoberto sua mentira, o motivo de sua mentira e por isso não queria vê-la nunca mais na vida, mas quando abriu a mensagem percebeu que estava completamente errada.


Espero que esteja tudo bem com a sua mãe.

Só queria que você soubesse que eu acredito que Casey pode sim me fazer feliz e que eu realmente gosto dele, mas não como eu gosto de você e sei que seria feliz ao seu lado se meus sentimentos fossem recíprocos, ás vezes eu pensava que poderia ser, mas eu sei que não são.

Estou casando, mas o grande amor da minha vida é você, Maur.


Maura teve que ler a mensagem umas três vezes para ter certeza que tinha lido certo porque pensou que fosse algum tipo de engano, mas não, estava escrito tudo ali, ela não tinha imaginado, não era de outra pessoa, era de Jane dizendo que tinha sentimentos por ela. Não sabia o que fazer depois daquilo, seu coração estava acelerado, tinha se enchido de alegria, ela agora tinha uma esperança. Discou o número de Jane, mas só deu caixa postal. Queria gritar para ela não casar, queria avisar que seus sentimentos eram sim recíprocos. Pegou as chaves do carro e deixou o hotel rumo a Boston, rumo a igreja, rumo a impedir o casamento.

Ao estacionar na frente da igreja desceu do carro feito um furacão e encontrou um rapaz que estava terminando de fechar as portas, respirou aliviada, pensou que não ia conseguir chegar a tempo, mas se ele estava ali fechando a porta era por que o casamento tinha acabado de começar.


– Por favor, desculpa o atraso, preciso entrar nesse casamento.

– Desculpa moça... – O rapaz disse meio sem jeito. – Mas o casamento já acabou.

– Como assim já acabou? Casamentos atrasam, não, não pode ter acabado e...

– Eu também fiquei surpreso por que começou tudo na hora, foi a cerimônia mais rápida que vi na vida, mas eles foram para a festa, se a senhorita for convidada...

– Não... – Maura o interrompeu. Não sabia mais o que estava sentindo naquele momento, era um misto de tristeza, chateação, raiva, angustia, uma vontade imensa de chorar, por que Jane tinha se casado, sua Jane tinha se casado e ela não conseguiu impedir. – Acho melhor eu nem aparecer nessa festa. Muito obrigada.


Estava devastada. Maura voltou para seu carro, entrou nele e se jogou no banco prestes a começar a chorar, só que então todos aqueles pensamentos que ela teve sobre o futuro das duas não faziam mais sentido e que tudo podia ser mudado agora. Jane tinha se declarado, ela sabia que seus sentimentos eram recíprocos, ainda não entendia por que ela tinha resolvido se casar ao invés de se declarar e mesmo que se não acontecesse a declaração para que casar, mas isso seria algo que conversariam com o tempo. Pegou seu celular e mandou a seguinte mensagem:


Quando você perceber que esse casamento foi uma péssima ideia me avisa que nós podemos sair para conversar sobre tudo isso.

Eu vou estar te esperando.


Agora era só esperar para ver se ao invés de ficar imaginando sobre o futuro, pudesse realmente fazer um futuro. Pelo menos esperava por isso.


E eu vou estar
Te esperando
Nem que já esteja velhinha gagá
Com noventa, viúva, sozinha
Não vou me importar
Vou ligar, te chamar pra sair
Namorar no sofá
Nem que seja além dessa vida
Eu vou estar
Te esperando


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Notas finais do capítulo

"Estou casando, mas o grande amor da minha vida é você, Maur." Estou rindo até agora de mim por ter colocado essa frase na fic, mas sei lá, não achei melhor e se é pra ser songfic, vamos ser songfic ~ aquelas ~

Até a próxima =)