Rizzoli and Isles - Rizzles Songfics escrita por Bruna Cezario


Capítulo 1
Capítulo 1 - Quer Saber?


Notas iniciais do capítulo

Preciso desabafar: Desde que escutei essa música ela ficou martelando na minha cabeça para escrever uma fic Rizzles e em consequencia disso me deu block para que continuasse a escrever a outra fic, então né, aqui está por que não sou obrigada.
Primeira songfic, espero que tenha ficado boa ^.^

Ótima leitura!

PS: Música: Quer Saber - Claudia Leitte e Thiaguinho ( http://www.youtube.com/watch?v=Y95v_2hA4WY )



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Tinha acabado de completar quinze dias que elas estavam separadas. Não trocaram nenhuma palavra sequer desde que Jane tinha deixado a casa de Maura quase levando a porta junto de tão forte que tinha batido. Tinham tido uma briga feia, mas depois desses quinze dias tudo parecia tão sem importância e completamente sem sentido.

Jane estava distante. Em primeiro momento Maura pensou que fosse por causa de um caso que estava tirando todos do sério, mas depois que o caso acabou já havia se passado uma semana e o comportamento de Jane não tinha mudado. A legista sabia que tinha alguma coisa de errado com a namorada, mas sempre que a questionava ganhava como resposta um “Está tudo bem”, “Só estou um pouco cansada”, “Quando eu dormir tudo vai voltar ao normal”, mas ela nunca voltava ao normal, então começou a pensar que o problema era com ela, na relação das duas.

Já fazia um pouco mais de um ano que tinham assumido um relacionamento, tinham suas diferenças, por que praticamente nada mudaria do que já estavam acostumadas a conviver quando eram amigas, tinham suas brigas ás vezes, mas nada que as distanciassem como estava acontecendo no último mês. Talvez Jane estivesse cansada dela, talvez o relacionamento não era como pensou que seria, talvez só quisesse passar um tempo sendo namorada de Maura. Tantos talvez e a loira odiava um talvez, odiava uma suposição e estava odiando ainda mais essa situação. Precisava resolver isso, não conseguia e nem queria seguir com um relacionamento assim.

Com o fim do expediente Maura marcou um encontro com Jane no Dirty Robber. Nunca pensou que se arrependeria tanto de se encontrar com Jane no lugar onde praticamente tinham uma história, onde já tinham passado por vários momentos e que dessa vez tinha passado por mais um momento, completamente desagradável.


– Você não vai falar comigo? – Jane bateu com a porta da casa de Maura com toda força do mundo. Estava revoltada com a legista pelo motivo de Maura estar revoltada com ela. – Sério Maura? Vai ficar me ignorando agora?


– Você bateu naquele rapaz! – Maura ainda dizia indignada com a cena que tinha presenciado no bar. Indignada não, realmente brava. – Ainda não estou acreditando que você fez isso.

– Você queria que eu fizesse o que? – Perguntou possessa. Ainda não acreditava que estava brigando por causa daquilo. – Ele estava te incomodando, estava com as mãos em você...

– Ele estava bêbado, Jane!

– Ele tentou te beijar! – Jane soltou um riso de indignação. – Mas acho que você não estava preocupada com isso.

– Eu não estava preocupada? – Maura balançou a cabeça em negativo. Não acreditava que estava escutando aquele tipo de coisa. – Eu pedi para ele se afastar, disse que tinha namorada, mesmo que você não esteja se comportando como tal ultimamente.

– Agora a culpa é minha? – Jane perguntou incrédula. – Por favor, Maura!

– Seja sincera comigo, Jane. Esse namoro ainda significa alguma coisa para você?

– Do que você está falando?

– Eu estou falando de você ficar trabalhando até tarde ou inventando desculpas para não vir dormir em casa. Nem conversar mais comigo você conversa direito. O que aconteceu?

– Já falei que não aconteceu nada!

– Tem outra pessoa, não tem?


Mesmo que fosse doer se a resposta fosse sim precisa saber. Não podia ficar naquela situação, não podia simplesmente fingir que estava tudo bem, que Jane estava normal por que ela sabia que não estava e quem estava sofrendo com tudo isso era ela, por que Jane parecia que não se importava.


Como começo de resposta ganhou uma cabeça sendo balançada em negativo e um riso de indignação como se Jane tivesse acabado de ouvir a pergunta mais absurda de todo mundo.


– Da onde você tirou isso? Óbvio que eu não tenho outra pessoa.


– Então qual é o problema?

– Não tem problema nenhum. O dia de hoje foi um saco e eu estou cansada, só isso!


Mais uma vez a mesma desculpa. Já estava cansada de ouvir a mesma mentira quase todo dia. Tinha alguma coisa de errada, não sabia se foi ela que fez algo de errado ou se o problema estava todo e exclusivo com a Jane, mas já estava cansada de perguntar e ganhar sempre a mesma resposta.



– Eu cansei, Jane. Juro que cansei.


– Cansou de mim?

– Cansei dessa sua atitude. Cansei do seu “não tem problema nenhum”. Quando você quiser me contar o que está acontecendo, quando você descobrir o que eu significo na sua vida, quando você descobrir o que quer dessa relação nós conversamos, tudo bem?

– Você está terminando comigo?

– Não Jane, eu não estou terminando com você. É você que está terminando comigo a cada dia que passa e eu nem sei ao menos o porquê.


Pensou que de alguma forma, depois de dizer aquilo, Jane ia cair em si e finalmente ia dizer o que estava acontecendo, mas ela não o fez. Ficou em silêncio e Maura que já estava cansada daquilo olhou para Jane indignada por ela não tomar nenhuma atitude, por não dizer nenhuma palavra, então o que lhe restou foi subir para seu quarto e deixá-la no andar de baixo sozinha. Quando tinha terminado de entrar em seu quarto ouviu a porta bater com mais força ainda do que tinha batido quando elas tinham entrado na casa. Aquilo definitivamente indicava o fim do relacionamento das duas.



Mesmo depois desse término sem sentido Maura sentia falta de Jane, por que tinham vivido um ano maravilhoso de namoro e ela não queria esquecer disso. Entendia que precisava, por que se fosse para ela e Jane se resolverem isso já teria acontecido, só que nesses quinze dias não tinham se falado, vontade não faltou de Maura ligar para a ex-namorada, mas quem poderia garantir que não teria uma briga pior dessa vez? Se não tivesse ganhado alguns dias de férias praticamente que obrigada as coisas poderiam ter sido diferentes, ela e Jane poderiam ter conversado, se resolvido ou teriam terminado tudo de vez mesmo, não tinha como saber e já estava cansada de tentar supor o que poderia acontecer, odiava supor. Então aproveitou a chuva que tinha começado a cair e ficou se afogando em suas lembranças.



Em seu apartamento Jane também estava se afogando em lembranças, sentia falta de Maura e com a chuva que estava caindo sentia mais ainda, por que esse seria um dos dias que elas sentariam em frente da televisão e assistiam quantas comédias românticas fosse possível até uma das duas cair no sono. Por mais que pensasse que fosse necessário seguir em frente não conseguia e não queria. Tinha sido a mais idiota de todas em não ter dito uma simples palavra quando a única coisa que Maura queria era uma explicação, preferia acabar com um relacionamento de um ano. Pensou que seria mais fácil não ter Maura por perto no departamento devido as férias que ela tirou, mas foi mais difícil do que pensou, todo dia se via com o celular na mão para ligar para ela, todo dia se via no meio do caminho para ir até a casa dela, todo dia pensava em Maura e em tudo que viveram e em como ela conseguiu destruir isso.


Com o celular nas mãos passava pelo número de Maura por diversas vezes, queria ligar, queria quebrar o silêncio, queria saber se ela estava bem e mesmo que se a resposta fosse positiva e fosse lhe machucar queria saber se a ex-namorada já tinha seguido em frente, mesmo que torcesse para que a resposta fosse não.


Olhando o único álbum de fotografia que tinha se salvado em um momento que Maura estava fora de si a loira ouviu seu celular tocando e quando foi pegá-lo para atender se surpreendeu com o nome que aparecia na tela: Jane.



Sabe aqueles dias que você morre de saudade e já nem sabe se quer esquecer?


Nesse dia relampejava lá fora e chovia bem aqui dentro de mim quando o telefone tocou.

Era ele.


– Jane?



Atendeu um tanto quanto em dúvida se era a ex-namorada mesmo que estava ligando. Mesmo que o nome que aparecia no visor fosse o dela.



– Oi amor.



Seu coração bateu até mais forte ao ouvir aquela voz rouca que não ouvia há quinze dias lhe chamando de amor. Mas sabia que não fazia mais nenhum sentido Jane chamá-la assim, por que não estavam mais juntas, mas mesmo assim sentia falta de ouvir.


Jane se odiou mentalmente por tê-la chamado assim, sabia que Maura pensava que não fazia mais nenhum sentido chamá-la assim já que elas estavam separadas, mas ela não conseguiu evitar por que já fazia quinze dias que ela queria chamar Maura assim, sentia falta de chamá-la assim.


– Está tudo bem? – Perguntou. – Aconteceu alguma coisa?


– Não, não aconteceu nada. Me desculpa te ligar a essa hora, mas é que disquei seu número sem querer, queria mesmo era ligar para minha mãe e como estão próximos na agenda...


Era tão ingênua que tinha acreditado na desculpa de Jane. Se a ex-namorada tinha discado seu número errado isso significa que ela desligaria nos próximos segundos, mas Jane não o fez.



– Como você está?



A morena sabia que tinha começar por algum lugar. Se tinha ligado para Maura e por algum motivo ela não tinha ignorado sua ligação tinha que aproveitar qualquer segundo, mesmo não estando tão confiante assim de que Maura lhe daria atenção, que não dissesse que está ocupada e desligasse o celular, não sabia como estava a cabeça da ex-namorada depois da briga.


Maura poderia dizer que estava tudo bem, mesmo não estando e ter uma crise de urticária, por que não teria problema nenhum já que Jane não iria vê-la. Mas tinha passado a noite lembrando de vários momentos que tinham passado juntas, de como eram felizes e a forma de como tinha acabado. Mesmo que fosse parecer uma pessoa que não conseguia seguir com a vida depois de um término não queria mentir, queria que Jane soubesse como ela realmente se sentia sobre o término, por que antes de serem namoradas eram melhores amigas e mesmo que isso não tivesse contado para elas se afastarem durante esses quinze dias, se tivesse tido um término difícil a pessoa a quem recorreria para contar tudo seria Jane.


– Se eu não soubesse que está tudo bem com meu coração devido aos checapes que faço anualmente diria que tinha algum tipo de anomalia ou que estava prestes a ter um infarto de tanto que ele está doendo. Eu sei que ele não está doendo de verdade e sim que o cérebro fica mandando sinais que fazem com que pareça uma dor no coração. Tudo isso por que terminamos e eu não faço a mínima ideia do que fazer para acabar com essa dor psicológica.



Jane não deixou de abrir um sorriso ao ver aquela boca de Google novamente. Esses quinze dias pareciam que tinham sido uma eternidade, mas logo seu sorriso desapareceu por terminar de assimilar o que Maura tinha acabado de dizer. O modo Google foi a forma que ela encontrou para expressar e dizer que estava sofrendo com a separação das duas. Ia responder alguma coisa, mas foi impedida com Maura continuando o falatório.



– Eu fiquei com muita raiva de você e por causa disso acabei rasgando todas as nossas fotos juntas. Não conseguia olhar para você e em como costumávamos ser felizes juntas, mas de nada adiantou por que as lembranças continuavam. Mas acredito que isso não ter importância para você, acredito que você já deve ter seguido em frente.



Percebendo que já tinha falado demais e Jane não tinha feito nenhuma menção de dizer algo, resolveu parar por ali. Estava na cara que ela tinha realmente ligado para o número errado e que já tinha seguido com a vida sem nem ao menos perguntar se ela queria seguir junto.



Oi amor


Sei que você pensa já não faz nenhum sentido eu te chamar de amor

Me perdoa, eu não consigo evitar, amor

A minha mão discou teu número, foi sem querer

Se acabou

Diz pra mim o que é que eu faço pra acabar com a dor

Eu já rasquei o seu retrato, mas não se rasgou

Eu trago na minha memória mil imagens de nós dois

E os versos que escrevemos de uma história de amor sem fim

Você virou a página e se esqueceu de consultar a mim

Quer saber?


Não fazia ideia do quanto tinha machucado Maura até a ouvir dizer todas aquelas coisas. Era uma completa idiota e não fazia ideia se conseguiria consertar isso, mas não custava nada tentar.



– Eu sinto muito, Maura.


– Sente muito pelo o que Jane? Por ter ligado para meu número?

– Não... Por pensar que nossa história não significava mais nada para você depois da besteira que eu fiz.


Depois de ouvir aquilo Maura ficou em duvida se Jane tinha mesmo ligado sem querer para seu número, para falar a verdade ela passou a acreditar que foi de propósito.



– Se nossa história não fosse nada eu nem iria te atender, Jane.



Um sorriso surgiu nos lábios da detetive. Talvez ainda tivesse algum tipo de esperança para as duas. Talvez se conversassem tudo se resolveria, mas será que Maura queria conversar? Será que ela gostaria de continuar com a conversa? Por que se quisesse ela teria muita coisa para dizer.



– Maur...


– Jane desliga esse telefone e vem aqui em casa para eu te ver.


Quer saber, será que foi Deus mesmo que te deu coragem para me entender


Quer saber?

Eu acho que foi mero acaso você disse que foi sem querer

Quer saber?

Se nossa história fosse nada eu nem iria te atender

Quer saber?

Desliga o telefone e vem aqui na porta agora pra eu te ver


Não fazia a mínima ideia da onde tinha saído aquilo. Tinha enlouquecido? Se Jane não tinha ido até sua casa durante esses quinze dias por que iria agora? Só por que tinham trocado algumas palavras por telefone? Claro que não! Não deixou nem que Jane respondesse se iria até sua casa ou não, então desligou o telefone deixando a morena completamente sem entender.


Jane sabia que tinha duas opções: Fazer o que Maura pediu ou deixar as coisas como estavam, por que uma hora o sofrimento teria que acabar, uma hora elas seguiriam em frente. Claro que ela tentava pensar assim, mas respondendo por si sabia que o sofrimento estava longe de acabar e que dificilmente conseguiria seguir em frente. Tomou a decisão que já deveria ter tomado há quinze dias, resolveu terminar o que tinha começado.

Já tinha perdido as esperanças de que Jane viria. Ainda mais com a tremenda chuva que estava caindo. A cada trovão que dava ela lembrava de um momento das duas, lembrava que Jane costumava fingir que tinha medo de trovão só para ficar abraçada com ela. Óbvio que nunca acreditou, mas não custava aproveitar. Estava prestes a levantar para trocar de roupa e ir dormir quando ouviu a campainha tocar. Seu coração disparou e por uma vez ou outra não conseguiu distinguir o barulho da batida dele com mais um trovão que acabava de dar.


Só quem já enlouqueceu de saudade sabe o que é não saber distinguir entre o estrondo dos trovões e as batidas frenéticas do próprio coração. Eu corri para abrir a porta e naquele momento eu já sabia o que ia fazer.



– Oi amor.



Não conseguiu acreditar quando abriu a porta e encontrou uma Jane um tanto quando molhada devido a chuva parada na porta de sua casa. Melhor que ouvir ela lhe chamando de amor pelo telefone era ouvir pessoalmente, aquela voz rouca sempre lhe causou arrepios. Mesmo não fazendo mais sentido Jane lhe chamá-la assim, ainda gostava de ouvir.


Jane continuava a bater na mesma tecla de que sabia que não fazia sentido chamar Maura daquele jeito e se odiava por não conseguir pará-la de chamar assim, mas precisava chamá-la desse jeito nem que fosse por uma última vez.

Ainda parada na porta, vendo uma Maura completamente sem reação, pôde admirá-la e ela continuava linda, não que em quinze dias fosse mudar alguma coisa, mas é que o tempo que ficou sem ver Maura foi uma eternidade que teve que admirar sua beleza por alguns segundos. Reparou que além dela continuar linda ainda usava uma blusa que ela tinha lhe dado de presente, tudo bem, na realidade tinha levado Maura para comprar em agradecimento ao vestido que a namorada tinha a ajudado escolher, não que ela tivesse feliz com isso, mas se sentia feliz em saber que quando viesse Maura que só se vestia impecavelmente bem poderia dizer que contribuiu com isso.


– Sabe... Eu senti saudade de dirigir até sua casa, estava tão acostumada a ficar aqui.



Precisava de uma outra forma para quebrar o gelo já que o “Oi amor” não tinha funcionado. Parecia que tinha dado certo, por que Maura finalmente abriu espaço para que Jane pudesse entrar. Claro que pensou que depois disso iriam conversar, mas Maura simplesmente abriu o espaço deixando a porta aberta e indo para a sala. Jane começou a achar que não era tão bem vinda assim como pensou que era, mas mesmo assim fechou a porta atrás de si e foi até a sala atrás de Maura.


Podia ser só impressão, mas parecia que a sala estava como tinham deixado há algum tempo. Vários DVDs de Jane em cima da mesa de centro, um urso que tinham ganhado em um parque de diversão. Lembrava quando Maura lhe falou que morria de vontade de ir a um parque de diversões e para fazer a vontade de seu grande amor a levou, a princípio o urso era para ir para o quarto da legista, mas acharam melhor deixar na sala. Para falar a verdade ela não sabia como muitas das coisas ainda estavam lá, depois de ouvir que Maura tinha rasgado as fotos com as duas pensou que tanto suas roupas, quanto qualquer coisa que a ligasse a ela seria devolvida, mas agora o mais provável era que tudo tivesse sido jogado fora.


– Minha mãe mandou beijos. Disse que está com saudade de você.



Mais uma tentativa de quebrar o gelo. Tinha conversado com Angela pelo telefone antes de deixar o apartamento a caminho da casa de Maura. Não era mentira que a mãe tinha mandado beijos para sua ex-namorada, mas óbvio que ela estava ocultando toda a conversa por trás disso. Uma conversa onde Angela quase obrigou Jane a acertar as coisas com Maura e se não fizesse seria a pessoa mais burra do mundo.



– Preciso conversar com ela. – Maura finalmente tinha conseguido dizer algo desde que tinha aberto a porta. – Também estou com saudades, mas é que achei melhor dar um tempo de tudo.


– Ela também achou melhor, por isso não falou com você por esses dias. – Jane sentou ao lado de Maura no sofá. – E me desculpa, mas dei um tempo também, por isso não vim buscar minhas coisas e nem trouxe os livros que você deixou lá em casa... Queria lê-los.

– Você lendo meus livros? – Maura perguntou descrente sobre o que ouvia. – Sério Jane?

– Na realidade não. – A morena falou sinceramente. – Era só uma desculpa para ficar com eles, era a última coisa que eu tinha sua em casa, não queria devolvê-los. Acredito que minhas coisas tenham ido fazer companhia para as fotos que você rasgou, não?


Para sua surpresa recebeu em sinal negativo de Maura.



– Eu ia colocar tudo em uma caixa e pedir para entregá-los em seu apartamento, mas sinceramente? Não queria devolvê-las. Ainda tinha esperança de você vir falar comigo. – Maura baixou os olhos. – Só que você não veio.


– Eu estou aqui agora. – Disse Jane fazendo com que Maura voltasse a encará-la. – Você ainda lembra da nossa briga?

– Como esquecer Jane? Para falar a verdade não sei nem por que estávamos brigando. Eu só queria uma explicação sobre o que estava acontecendo, só isso.

– Você disse que eu estava terminando com você.

– Por que estava! Eu tinha feito alguma coisa? Até agora, não entendo.


Sabia que se quisesse pelo menos tentar resolver tudo aquilo teria que contar toda a verdade para Maura. Contar o porquê estava distante, por que estava tratando a ex-namorada de alguma forma até mal.


Pensou que seria fácil se distanciar de Maura, tirá-la de sua vida, mas antes mesmo de ter Maura em sua vida como amiga a tinha como sua melhor amiga e com a decisão de não explicar para a loira o que realmente estava acontecendo acabou perdendo a namorada e a amiga. Não sabia se depois do que contasse seria perdoada e se teria Maura de volta, mas pelo menos, depois desses quinze dias pode perceber que o que tinha feito era a maior estupidez do mundo, talvez o maior motivo por ter ligado para Maura aquela noite.

Respirou fundo. Precisava começar de alguma forma.


– Sua mãe pediu para que eu me afastasse de você.



Maura encarou Jane sem entender. Por que Constance pediria uma coisa dessas?



– Minha mãe? Você tem certeza? – Jane fez um afirmativo com a cabeça. – Por que minha mãe pediria uma coisa dessas Jane? Ela te adora. Ficou revoltada com você quando soube do nosso término e queria falar umas verdades para você, mas... – Balançou a cabeça me negativo. - Eu não entendo.



Claro que era de não se entender. Jane tinha falado “sua mãe”, mas não tinha citado qual das duas e percebeu a confusão que causara. A mãe a quem Maura se referia que a adorava e que falou umas poucas e boas para ela quando descobriu que as duas tinham terminado – sim, ela fez Jane jurar que nunca falaria para Maura que ela tinha ligado por que Maura tinha a proibido – era Constance, só que não era de Constance a quem ela se referia.



– Não Maura. – Resolveu corrigir o mal entendido. – Sua mãe, Hope.



Maura soltou um riso de indignação.



– Hope?


– Eu sei o quanto você tentou um relacionamento com ela e eu só estava no meio atrapalhando, desde que ela descobriu sobre nós ela não aceitou e deixou isso bem claro, então ela veio conversar comigo dizendo que tentaria uma relação com você caso eu me afastasse. Eu achei um absurdo na hora ela me pedir isso, mas então eu cheguei à sua casa e encontrei vocês duas discutindo por minha causa, eu não queria isso Maura, não queria você sofrendo e não conseguindo estabelecer uma relação com sua mãe por minha culpa. Então resolvi me afastar, fazer você se cansar de mim...


Maura estava completamente perplexa com o que tinha acabado de ouvir. Toda essa confusão, todos esses dias que ficaram sem se falar foi por causa de Hope?



– Hope pode ser minha mãe biológica, mas ela nunca será minha mãe. Era sobre isso que discutíamos aquela noite. Disse que não queria estabelecer nenhuma relação com ela já que ela não te aceitava, diferente de Constance, minha mãe verdadeira, por que ela não tem vergonha de mim. Depois de Angela ela foi a primeira a nos apoiar. Disse que se ela queria fazer parte da minha vida ela teria que te aceitar, caso contrário podia esquecer que eu existo por que eu te conheci antes dela.



Jane ainda se sentia a pessoa mais idiota do mundo por ter tomado tal decisão de se afastar de Maura, mas agora, mais do que idiota estava se sentindo envergonhada. A ex-namorada tinha escolhido ela a mãe e o que ganhou em troca? Uma Jane a tratando como se ela não tivesse um mínimo de importância em sua vida.



– Maur, me desculpa, eu não... Você não precisava...


– Claro que precisava. Eu sei que sempre sonhei em ter contato com minha mãe biológica e que ela fizesse parte da minha vida e você fazia parte da minha vida.

– Fazia?


O que Maura ia responder? Depois de quinze dias não tinha noticias de Jane e não sabia se ela faria parte de sua vida novamente. Tudo bem, na realidade ela ainda fazia por que estava presente em seus pensamentos diariamente, mas não sabia até quando poderia viver assim, uma hora teria que seguir em frente, mesmo que não quisesse.



– Me de um motivo para eu acreditar que ainda faz.



Oi amor


Sei que você pensa já não faz nenhum sentido eu te chamar de amor

Me perdoa, eu não consigo evitar, amor

Eu tava tão acostumado a passar por aqui

Bom te ver

Você ta bonita e essa blusinha fui eu quem te deu

Eu to querendo ler aquelas livros

Você se esqueceu

A minha mãe mandou mil beijos de saudade

Sinceramente muita coisa tua eu não to a fim de devolver

Tantos presentes, momentos lindos

Aquela briga você se lembra?

Nada é só meu, nada é só teu, é tesouro nosso

Depois de tudo isso você diz que é capaz de se esquecer?

Quer saber?


Antes de Hope aparecer e praticamente tentar estragar tudo e Jane deixar com que tudo se estragasse ela tinha tomado uma decisão. Já fazia algum tempo que pensava nisso, mas nunca achou um momento perfeito para colocar seu pensamento em pratica. Levantou do sofá inquieta, ainda não sabia se aquele era o momento perfeito.


Maura pensou que ela tivesse levantado do sofá para ir embora, por que tinha ficado um tanto quanto traumatizada quando há quinze dias Jane não lhe deu nenhuma resposta e foi embora de sua casa. A ex-namorada estava parada de costas para ela, a loira só estava esperando o adeus...


– Eu sei que isso é uma loucura, mas... – Maura viu a morena mexendo em seu casaco, poderia dizer que ela tinha tirado algo, mas não sabia o que era. Se virou para Maura. – Eu sei que estraguei tudo, que fiz você sofrer, mas acredito que ainda há esperança para nós duas, por que senão você não teria nem aberto àquela porta. Eu te dei meu coração há algum tempo e eu não quero ter que aceitá-lo de volta.



A loira olhou para Jane assustada.



– Do que você está falando, Jane? Eu não tenho seu coração, na realidade se eu estivesse com ele você não estaria viva, por que você precisa do coração para que o sangue seja bombeado...



Jane soltou um riso. Poderia explicar que aquilo era modo de dizer, mas aproveitou que a legista estava distraída explicando por qual motivo não tinha o coração de Jane e escolheu por fazer algo que ela achava estúpido, não era romântica para chegar naquele ponto, mas julgava necessário, era algo que Maura merecia. Ajoelhou em frente a Maura e abriu a caixinha que tinha tirado do bolso.



– Maur você quer casar comigo?



Já tinha imaginado um pedido de casamento vindo de Jane de todas as formas possíveis, mas um pedido para encerrar uma briga e acabar com todos seus questionamentos de se elas voltariam a ficar juntas, se tudo não passava de uma crise e que iriam se resolver logo, se ela ainda fazia parte da vida de Jane e outros mais que envolviam o futuro das duas juntas foi algo completamente surpreendente e ela queria dar uma resposta, mas não conseguia responder, só conseguiu abrir um sorriso emocionada e olhar com carinho para a ex-namorada e como Jane conhecia Maura como ninguém conhecia entendeu aquele olhar como um sim para sua resposta e a beijou.



Quer saber?


Sei que é mesmo uma loucura, mas que tal uma proposta?

Quer saber?

Se não houvesse esperança você não teria aberto essa porta

Quer saber?

Dos presentes que eu te dei meu coração eu não aceitou de volta

Quer saber?

Vem aqui me dar um beijo meu olhar já te deu a resposta.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem =)