O silêncio predominava naquele imenso quarto, Dio observava as marcas negras que Lire possuía em seu peito, o que deixava a garota curiosa e envergonhada com aquela situação, abrindo totalmente seus olhos.

- D-Dio? - pergunta ainda vermelha, olhando o garoto em sua frente que estava quieto e com uma expressão séria em seu rosto.

- Então é isso... - ele diz baixinho colocando a mão sobre o símbolo, Lire deu uma leve recuada envergonhada.-A marca de Elyos...-no momento em que o asmodiano comenta, os riscos negros começam a brilhar em um tom roxo.

- Ah!! - a elfa grita de dor, colocando as mãos envolta de seus seios, retirando sem querer a mão do rapaz da frente. Ela se contorcia, um pequeno vendaval é formado em sua volta afastando Dio alguns passos para trás.

- Tsch. A marca está começando a fazer efeito... - o garoto resmunga, observando a loira em seu sofrimento, ele não conseguia fazer nada devido ao vento forte que a cercava. A única coisa que ajudaria naquele momento, seria a espera até que tudo se acalmasse.

- Isso dói!! – Lire diz alto com certa agonia e dor em sua voz. Os fios loiros balançavam com o vendaval como se fossem linhas de ouro ao vento. Alguns minutos se passaram e a pobre elfa estava no mesmo estado, Dio não aguentava mais ver o sofrimento da companheira e resmunga baixinho, mordendo sua mão esquerda. O sangue escorria pelos dedos demoníacos, mas o asmodiano não se importou com isso, colocando um pouco do líquido rubro em sua boca.

- “É a minha única chance, droga...” – pensa, segundos antes de enfrentar as rajadas de vento em volta da arqueira. Com certa dificuldade ele dá alguns passos firmes e lentos em direção à garota, se aproximando cada vez mais. A franja caía sobre seus olhos dificultando sua visão, mas ele sabia que isso ia acontecer, andando em linha reta com determinação. – “O vento está mais forte aqui, ela está perto” - assim, ele pega impulso pressionando o chão abaixo de seus pés pulando sobre a companheira.

Dio aproveitou que Lire ainda estava de boca aberta e colou seus lábios nos dela, empurrando com a língua o sangue que retirou de sua mão. Mesmo com seu peito ardendo, a elfa se surpreendeu com a ação do garoto, esquecendo um pouco a dor e engolindo o líquido que foi inserido em sua boca. No momento em que as hemácias do asmodiano atravessaram sua garganta, o brilho roxo desapareceu junto do vendaval, restando apenas as marcas negras sobre o peito nu da arqueira.

- Ah... – Lire tenta dizer algo depois do beijo ser desfeito, mas de alguma forma seu corpo estava estranho e sentia um grande cansaço para continuar a falar. Suas bochechas ficaram vermelhas por causa da ação do amigo, mas no fundo se sentia agradecida por ele ter parado seu sofrimento. Mesmo que estivesse com seus seios à mostra, ela abraçou de leve o asmodiano. – Obrigada... – sussurrou com certa dificuldade, seus braços tremiam e filetes de suor podiam ser vistos em seu rosto.

- Elfa... Você está me sufocando! – Dio fala meio irritado, pegando de leve os braços da garota, desfazendo o abraço. Ele vira seu olhar para o lado meio corado, mas um grande alívio percorria seu corpo por saber que sua chance de salvá-la obteve sucesso. – Eu tenho que te contar uma coisa, escute com atenção! – depois de se recuperar da vergonha pelo beijo e o abraço, Dio volta a encará-la, percebendo que Lire ainda não estava bem.

- H-hum... – ela murmurou tentando dar um sorriso, o asmodiano suspirou e começou a falar meio irritado. – Eu acho que sei quem está por trás disso... Heitarus Cratsus, o líder das Tribos Demoníacas. Tenho certeza de que foi ele quem mandou aquele ser das agulhas para me atacar e colocar essa marca em mim, mas como saí da frente na hora exata, você foi acertada em meu lugar – o garoto comenta lembrando-se da cena onde viu Arme falando da amiga que foi acertada pelas agulhas.

- Eu vou obter mais informações com Alfred e Sebastian sobre essa marca em seu peito, fique aqui e descanse. Voltarei rapidamente depois de pegar um copo de água para você. – Dio empurrou o corpo de Lire para frente, fazendo-a cair de costas na cama. Logo em seguida saiu de cima da garota e jogou um lençol sobre ela, antes de passar pela porta do quarto, a elfa chama por ele com dificuldade. – Dio...! Por favor, não fale a ninguém sobre isso... – disse quase sussurrando as últimas palavras.

- Ok, Elfa. Agora descanse! – o asmodiano fecha a porta ao sair, o silêncio predominou no quarto. Lire olhava para o teto com um pouco de dificuldade em respirar, seu peito ainda ardia, mas agora não doía tanto quanto antes. Seus olhos começavam a se fechar lentamente, mas quando faltavam poucos milímetros para isso acontecer, ela ouve uma voz feminina surgir do nada naquele local. – Sua idiota!