Pokémon: A Revolução escrita por Kaox


Capítulo 2
Amigos Inconvencionais


Notas iniciais do capítulo

- Este capítulo tem destaque para a apresentação do ambiente e dos personagens.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/376761/chapter/2

Em um continente dominado pelo medo e pela desconfiança, poucos lugares ainda conseguem manter um clima tranquilo e pacífico, e um desses lugares é a pequena e pacata cidade de Dalaron, localizada a leste de Viridian. Não há nada ali que mereça grande destaque, suas casas e construções, à exceção do centro pokémon e do palácio da prefeitura, são pequenas e modestas, no típico estilo das cidades interioranas. Seus arredores são repletos de árvores e colinas e há também um rio que corta a cidade de norte a sul.

Numa dessas casas tão comuns, mais precisamente no centro de Dalaron, vive a família Harris, ou pelo menos o que restou dela. Elena Harris é uma mulher alta e magra de quarenta anos, com cabelos castanhos claros e muito lisos, pele clara, um rosto um pouco marcado pelas rugas, e cansados e profundos olhos negros. Ela sempre foi uma pessoa preocupada e um pouco estressada, mas as coisas pioraram muito desde que seu marido, o pesquisador Anton, após partir em uma viagem para Saffron, simplesmente desapareceu. Dois anos depois disso, suas maiores preocupações recaem sobre seus filhos, a pequena e ainda tão inocente Lidia, uma alegre e um pouco levada menina de seis anos, e principalmente Willian. Ah o Willian... este é um caso à parte.

Willian é um adolescente de dezessete anos, só por isso você já percebe que ele é alguém difícil de conter. É um rapaz, assim como a mãe, alto, magro e de pele clara, mas que puxou os cabelos loiros como o ouro e ondulados de seu pai, seu rosto é bastante simétrico e seus olhos castanhos acinzentados sempre exibem um tom de desafio e deboche. Por conta disso, muitos o consideram como um garoto arrogante, e seu senso de sarcasmo e humor negro acaba por afastar de vez as pessoas, não que ele se importe. O que mais deixa sua mãe louca é que ele adora uma confusão, na escola sempre dava um jeito de ser suspenso e na rua já é conhecido pela vizinhança como um arruaceiro. Certa vez foi até parar na polícia, sorte dele que está em Dalaron, se estivesse em cidades grandes como Saffron ou Celadon, sabe-se lá o que teriam feito com ele. Elena acredita que o principal motivo das atitudes perigosas de Willian são as más influências, seus amigos maloqueiros que estão sempre por perto, Rick Simons, Allan Gerrard e a detestável Serena Dalton.

Pelo menos Elena não está sozinha, ela tem a companhia e ajuda de seu velho pokémon, um simpático e fiel Gloom, que ela carinhosamente apelidou de Gloomy. Ele a acompanha desde que ela era criança, na época ainda como um pequeno e indefeso Oddish. Além de ajudar nas tarefas domésticas, ele sempre cuida e brinca com Lidia, que literalmente o ama.

Era mais uma manhã normal e Willian, que já havia terminado a escola e ainda não arrumara nenhum rumo em sua vida, recebeu uma mensagem de Rick dizendo que arrumou um rolê muito foda e pedindo para que se encontrassem perto da fonte próxima ao centro pokémon. Rick era sempre meio exagerado, mas não era normal que o chamasse num horário tão precoce, e foi isso que despertou sua curiosidade. Quando estava saindo de casa, sua mãe lhe interrompeu:

– Onde você vai moleque? – ela lhe lançou um olhar irritado, com aquela cara de quem já sabia a resposta – eu falei pra você que hoje iríamos visitar sua avó!

– Vou dar um rolê por aí. – ele olhou maliciosamente para o lado - Relaxa mãe, a velha já tá tão gagá que nem vai perceber minha ausência!

Ele percebeu o rosto de sua mãe ficar vermelho de raiva, e não aguentou deixar escapar um risinho. Abriu a porta rapidamente e escutou:

– A não! Porque você não me escuta, eu não supor...

Nem deixou que ela terminasse a frase e bateu a porta com tudo, depois saiu correndo em direção à rua, apenas imaginando o sermão estúpido que teria de escutar quando voltasse. ‘’Sempre o mesmo blábláblá, porque não me deixa em paz? Não seria mais fácil simplesmente me ignorar e ir cuidar de suas escrotisses sozinha? Bom, pelo menos irritá-la é muito engraçado.’’, foi o que pensou.

Foi andando calmamente até o ponto de encontro. Enquanto passava, notou que não eram poucas as pessoas que disparavam olhares frios e acusadores em sua direção, mas aquilo só o deixava mais orgulhoso de sua forma de levar a vida, longe das inúteis obrigações sociais e hipocrisias que o ordinário cotidiano impunha as pessoas. Por outro lado, reparou nos pokémons pelo caminho, e seu lado sonhador e mais infantil tomou conta de si. Ele nunca conseguia esquecer das histórias que seu pai lhe contava, do tempo em que corajosos treinadores saíam pelo mundo em busca dos mais poderosos pokémons, desafiavam-se em épicas batalhas e participavam de competições extraordinárias, lutando por um lugar entre os melhores de todo o planeta. Aquilo tudo parecia-lhe simplesmente magnífico, seguidos dias de emoção e adrenalina, uma vida dessas era tudo o que ele poderia pedir. Hoje, ele sabia, devido ao novo sistema de governo, nada daquilo era permitido, e todas as pessoas pareciam extremamente nervosas e perturbadas quando ele mencionava qualquer coisa acerca daquilo, sobretudo sua mãe.

De fato, quando Willian nasceu, as batalhas ainda eram permitidas, porém ele tinha apenas três anos quando elas foram banidas, muito novo para se lembrar de qualquer coisa. Outros tipos de torneios sempre aconteciam na cidade, sobretudo os concursos de beleza pokémon, que eram muito populares em Dalaron, mas aquilo ele considerava um porre de tão chato. Contudo havia algo que sempre lhe gerou uma enorme curiosidade e tentação, as tais ligas piratas pokémons, os torneios ilegais e extremamente marginalizados. Comentar sobre elas era um tabu ainda maior do que sobre o passado, e sempre era amplamente dito nas escolas e na TV que elas eram a fonte de todo o mal que ainda restava na região de Kanto. O governo realizava frequentemente campanhas para que o povo denunciasse ou desse informações sobre qualquer suspeita de liga pirata, embora era óbvio que se ele soubesse de alguma, ele jamais iria relatar. Ao que parece, há uns anos atrás elas eram muito comuns, mas hoje em dia a maioria já foi fechada e as poucas remanescentes estão muito bem escondidas.

Finalmente ele avistou o local de encontro, logo notou que Rick também havia chamado seus dois outros parceiros, Allan e Serena, o que não o surpreendeu nem um pouco. Rick era um moleque alto e musculoso, e um pouco mais velho do que Willian, já tinha dezenove anos. Tinha pele negra como ébano, cabelo raspado e olhos muito escuros. Era o típico mala, jeito folgado e falava muito, sempre se vangloriando dos seus feitos, mas no fundo era um cara gente fina. Allan já fazia o tipo caladão, era meio frio e mal-humorado, e era frequentemente vítima de zombaria de seus colegas. Tinha dezessete anos, estatura média, cabelos castanhos claros e lisos, a pele pálida de um nórdico e pouco emotivos olhos azuis-escuros como o mar durante à noite, também tinha o ridículo costume de andar agasalhado, mesmo nos dias de calor. Já Serena era a famosa mulher-macho, daquelas que todo mundo pensa ser lésbica, mesmo seus amigos, apesar dela sempre negar e ficar puta quando escuta algo a esse respeito. Apesar de tudo, era muito atraente, tinha dezoito anos e estatura média, com um corpo curvilíneo e peitos avantajados, mas que combinavam perfeitamente com sua constituição física. Seu rosto era oval, seu cabelo era negro, liso e comprido até abaixo do tórax, e sua pele era bronzeada, os olhos emotivos eram esverdeados, lembrando pequenas jades, e exibiam um misto de tédio e agressividade. E agressividade, por sinal, era o que não lhe faltava, seu temperamento era realmente explosivo e qualquer coisa já a tirava do sério, mas quem a conhecia bem, sabia que ela escondia alguma meiguice e insegurança por trás de toda aquela fúria.

Enfim, Willian sabia que todos ali eram cheios de defeitos e o tipo de gente que o povo adora falar mal, mas estes eram os seus amigos e as poucas pessoas das quais ele realmente gostava. Claro que ele, mesmo com todos os problemas, também amava sua família, só que ali, junto do seu grupo, era onde ele se sentia mais feliz e à vontade.

Quando ele chegou , Rick, com o seu mais característico sorriso zombador, falou em voz alta:

– E ai seu viado? Porque demorou tanto?

– Porque você acha? – ele respondeu com uma careta entediada.

– Tava ocupado dando o cu na esquina? – Respondeu Rick, imitando um gesto homossexual com as mãos.

Não tinha jeito, aquele era o Rick de sempre. Willian sabia que para lidar com ele, precisava jogar o seu joguinho.

– Não exatamente, minha mãe me convidou para uma adorável suruba com ela e minha avó, uma deliciosa idosa obesa e peluda. – Ele parou por um minuto, notando o tamanho da bizarrice que acabara de dizer – Foi muito duro pra eu escolher entre aquilo e vir para cá, mas meu amor por vocês falou mais alto. Quanto disse para minha adorável mãezinha que ia recusar a oferta, ela fez um escândalo e eu tive que me desdobrar para fugir.

– Resumindo – Rick parou para rir por um estante – a mamãezinha não deixou você vir pra cá. Calma meu caro garotinho, um dia você vai crescer.

Willian já se preparava para dar mais uma resposta irônica, quando:

– Puta que pariu! Calem a boca seus imbecis! – O grito de Serena assustou a todos, mas logo se acalmaram ao lembrarem que não passava da atitude corriqueira da garota – Rick, cacete, você me acordou às oito horas da manhã do sábado para ficar de putaria com o Willian? Fala logo o que você quer!

– Ai, ai... sempre delicada nossa querida amiguinha. – Falou Willian, com seu sorriso mais sarcástico, que logo foi respondido com um olhar fulminante e assassino da mulher raivosa. Ele adorava encher o saco dela, mas sabia que, diferentemente do que ocorria com sua mãe, suas brincadeiras poderiam facilmente acarretar uma bicuda no estômago ou no saco.

– Beleza, beleza, acalme-se – Rick dessa vez parecia preocupado, parou um pouco para recuperar seu estado normal, então falou – a parada é a seguinte, meu tio é cheio das mutretas, e eu sei que ele tem envolvimento com um bagulho muito foda. Adivinhem o que é!

Finalmente Allan, que até então estava quase despercebido para os demais, se pronunciou:

– Ninguém aqui quer adivinhar nada. – Ele falou com o seu característico tom de voz baixo e monótono – Também já perdi a paciência, desembucha logo...

– Como você é sem graça, zumbi. – Rick então fez um sorriso vitorioso, como se soubesse que todos iriam pagar um pau para ele – O negócio é o seguinte... tão afim de assistir uma Liga Pirata?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pokémon: A Revolução" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.