Pai, Estou Gravida De Um Coreano! escrita por RosyFerreira, Koda Kill


Capítulo 2
Capítulo 2 - Ele estava lá!


Notas iniciais do capítulo

Por favor, leiam e deixem seus comentários!
Beijinho.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/376643/chapter/2

Capítulo dois

Um mês depois...

Eu estava na frente do meu computador terminando de editar meu formulário de informações pessoais para o Colégio Belas Artes, aonde eu iria cursar o terceiro ano do ensino médio. O colégio, que situava na área nobre da cidade, era a fonte de desejos de qualquer estudante que sonha em fazer parte da maior instituição de ensino das Américas.

A instituição pertencia a duas famílias bilionárias, uma inglesa e outra coreana, que há dois anos tinham instalado suas empresas no país. A escola, que reunia os alunos mais bem "endinheirados" e de famílias tradicionais, possuía o vestibular mais concorrido de todo país.

Para entrar neste paraíso, que era composto por três quadras esportivas, duas piscinas para natação profissional, campo de futebol, centro de música clássica e oficina de balé especializado; era necessário ralar muito. Sem dizer, que todas as salas de aulas eram compostas de ar condicionado e cadeiras acolchoadas e salas com quadro digital. Era pura modernidade.

Mas, como sempre, era feito por ricos para ricos e não havia lugar para pessoas de classe média ou classe baixa como eu. Na verdade, aquele não era um lugar que eu pudesse me encaixar. Lulu, minha prima, que tinha o pai como Gerente - Geral da OCEA, uma empresa multinacional - era que se encaixava perfeitamente em uma sala com ar condicionado e cadeiras acolchoadas. O máximo que eu podia espera de uma escola, olhando para minha classe social, era uma escola com merenda.

– Lívia! Vamos logo! Eu não quero chegar atrasada no primeiro dia! - Lulu estava empolgada vestida com aquela sainha rodada azul e a blusa de botões. - Vamos!

Olhei para ela e suspirei. Por que será que só ela estava empolgada? Talvez fosse medo? Seria sensato dizer que eu estava com medo sim, pois ir para uma escola de riquinhos não era algo que eu poderia me acostumar e nem pagar. Não sou pobre, mas não acho que ter um pai secretário da OCEA conseguiria pagar as mensalidades.

Apertei o botão do mouse em "imprimi” assim que terminei de digitar as informações no formulário. Peguei o formulário na impressora e sai do quarto da Lulu, que já esperava na garagem, batendo o pé esquerdo nervosissimamente. Ela odiava esperar, principalmente quando eu era motivo de atraso dela.

– Lívia! Onde você estava? Caramba, demorou um século!

Revirei os olhos.

– É impossível você ter me esperado um século – A contrariei. - Agora você estaria enrugada ou dentro de um caixão!                      

– Ok! Ok! - Lulu correu para o lado do pai, que era um homem aristocrata com óculos e bigode. - Pai, você comprou meu Tablet?

– Comprei - Titio olhou para mim e sorriu. - Lívia, como vai sua mãe?

– Tá bem - Retribui o sorriso. - E a tia?

– Ela está em Paris para uma conferência de Moda! - Ele disse com orgulho. – E sua mãe?

Titio abriu a porta do seu escandaloso carro, uma BMW, importada e adquirida com um generoso salário de gerente geral. Lulu entrou na minha frente pulando no banco de trás, pegando uma caixa pequena e colocando-a sobre as pernas enquanto eu entrava no majestoso automóvel.

– Olha Lívia - Ela retirou uma placa finíssima de dentro da caixa. - Olha isso! Não é magnifique! Eu tenho um tablet!

– Hum... Uma revolução digital - Falei me referindo ao microcomputador, mas Lulu olhou para mim como se eu tivesse falado um palavrão. - Ah... Esquece!

Titio deu a volta no carro, abriu a porta do seu potente dirigível e sentou no banco do motorista, ligando o motor. O carro deslizou para fora da garagem.

Eu estava indo para a boca do furação e meu coração batia num ritmo cardíaco descompassado. Olhei para minhas mãos, que trêmulas, mostravam o nervosismo em que me encontrava.

– Tá nervosa? - Lulu perguntou.

– Não. - Menti.

– Não é o que parece!

Olhei para ela. Qualquer ser vivente que olhasse para mim saberia que eu estava nervosa, então por que miséria, ela estava me fazendo uma pergunta tão idiota se ela já sabia a resposta?

– Lulu, você já pagou a primeira parcela da mensalidade?

– Claro, né? - Ela jogou o cabelo escovado para trás, imitando uma patricinha. - Meu papai já pagou duas parcelas... E você?

Virei o rosto na direção da janela do carro. Minha mente se encheu de imagens da noite passada. Papai e mamãe tinha passado a noite toda contabilizando os custos das dívidas. Eu estava me sentindo culpada por isso. Os dois estavam se sacrificando, trabalhando o máximo que conseguiam para que eu pudesse estudar na melhor escola do país.

Mesmo que eu tivesse ganhado uma bolsa de estudos, ainda era preciso que meus pais pagassem a metade da matrícula, comprassem os materiais escolares e caso eu tivesse algum interesse em matérias extracurriculares eles teriam que pagar vinte por cento da mensalidade.

Durante o tempo em que estava viajando em meus pensamentos, titio conduziu o carro até o colégio, parando no meio fio ao lado de um imenso murro branco. Lulu começou um pula-pula no banco ao meu lado enquanto eu me afundava no acento.

– Lívia, abre logo essa porta!

– Acho que estou preste a ter um ataque do coração, Luciana!

– Hã? Tá falando serio?

Encarei-a.

– Acha que estou brincando? - Mostrei as mãos trêmulas. - Estou tendo um ataque de nervos!

– Lívia, tudo bem? - Titio olhou pelo retrovisor ao perguntar.

– Estou tio, nada demais. - Menti, abrindo a porta do carro.

– sai, sai, sai. - Luciana me empurrou e por pouco eu não cair de cara no meio fio. - Sai logo!

Desci do carro com o coração nas mãos e as pernas bambas. Na minha frente estava a magnifica e esplendida escola dos sonhos! Era incrível como eu me sentia emocionada. Luciana pegou em minha mão e saiu me carregando. Ela estava em um nível de empolgação acima dos 100 batimentos cardíacos por segundo, o que a deixava imperativa diante de tanta grandeza.

Na entrada havia um portão de ferro de mais ou menos três metros de altura, revestido por uma tinta branca. O murro do lado de fora pegava todo o quarteirão, terminando á duas ruas dali. Com minha mochila nas costas, e vendo uma multidão de garotas e garotos que deviam ser da mesma idade que eu - Era algo óbvio - fui levada para dentro através da minha prima, que se enfiava no meio dos adolescentes, os empurrando, pisando nos pés de alguns e até mesmo derrubando os materiais escolares de outros.

Ela só parou quando ficamos de frente para um pátio florido, com duas praças e um prédio de dois andares de cor amarela. Luciana se virou para mim com as mãos balançando no ar.

– É aqui o dormitório! É aqui!

– Hum... - Olhei para cima observando a arquitetura moderna. - Legal!

– Ah, olha ali. - Ela apontou para o outro lado e eu virei a cabeça para ver o que ela estava apontando. Haviam garotas vindo, três para ser mais exata e com elas dois garotos. - Laysa! Fernanda!

Ela saiu correndo na direção das garotas que tinham um jeitinho bem particular de andar. As meninas, duas morenas naturais e uma loira, vestiam o mesmo uniforme que eu, mas era evidente pelos adereços - joias nos pescoço, brincos, pulseiras e até mesmo os tênis - que eram de uma classe social vinte vezes superior do que a minha.

Perto delas Luciana parecia uma selvagem descontrolada, e pela maneira que elas a olhava, estava na cara que elas tinha uma olhar meio "encarrancados" a respeito da minha prima.

Respirei fundo e me mantive longe daquele bando de gazelas enrugadas, não queria que ninguém soubesse quem eu era e muito menos de onde eu estava vindo. Eu não tinha vergonha de ser quem eu era e muito menos, de pertence à classe que pertencia, somente não queria estar ao lado de pessoas que iriam me olhar com indiferença por causa da conta bancária dos meus pais.

Foi cansativo, mas depois de Luciana correr e abraçar metade da escola, incluindo garotos nobres e a diretora, ela me mostrou meu quarto, que pela modesta forma de dizer, era um quarto de princesa com direito a duas camas, uma para mim e a outra para minha parceira de dormitório, um banheiro, mesinha de computador e dois armários com portas de vidro. Minha "mudança" tinha sido levada há duas semanas para o dormitório, e por isso, eu não precisei passar um dia arrumando as coisas, o que foi um alívio.

Retirei da mochila o porta-retrato dos meus pais e coloquei sobre a mesinha de cabeceira da minha cama. Minha parceira de quarto ainda não havia chegado e como eu estava um pouco cansada, acabei indo dormir.

Quando acordei, notei que a janela do quarto estava fechada, o que deixava tudo em um breu total. Saltei da cama e andei pelo quarto a procura do bocal, até que finalmente o encontrei. Para minha surpresa, quando as luzes se acederam, vi sobre a outra cama um corpo feminino estendido sobre os lençóis.

Aproximei-me da cama, fazendo o mínimo de barulho possível, para ver quem era minha colega de classe. Ela, que tinha o as costas imprensadas contra a parede e um travesseiro no meio das pernas, era morena, com os cabelos negros como a noite e ultra cacheados.

Pensei em acorda-la, mas não o fiz, pois ela dormia tão pesadamente, que parecia que há dias não descansava. Fiquei algum tempo observando ela, até que resolvi ir tomar um banho.

O banho não demorou muito. A água quente descia do chuveiro como uma cachoeira de fumaça, transformando o box em uma espécie de sauna. Sai do banho e vesti uma saia rodada dois dedos acima do joelho juntamente com uma regata branca.

Pendurei minha toalha molhada no cabide dentro do box e abri a porta para sair do banheiro quando por reflexos me desviei de um vulto negro. Meu coração acelerou e por pouco não bati a coluna contra a pia.

O vulto era na verdade minha colega de dormitório. Ela rapidamente levantou a tapa do vaso sanitário e começou a vomitar compulsoriamente. Neste instante, corri para o lado dela, segurando seus cabelos para não sujar. Ela tentou me afasta, mas continuei segurando seus cabelos sedosos e com cheiro de morango.

Quando ela parou, ajudei a levanta-la e depois que ela lavou a boca na pia, dei descarga no vaso e a levei para sua cama. Ela deitou, resmungando algo que não consegui ouvir.

– Pega pra mim o remédio. - Ela apontou para a mala rosa ao lado da cama.

Fiz o que ela pediu. Abri a mala, que era composta por frasco de remédio, roupas íntimas e sapatos radiantes, e peguei o remédio que ela tinha pedido.

– Obrigada. - Ela disse, sorrindo fracamente. - Você deve ser minha colega de quarto, né?

– Sim... Sou Lívia - Disse.

– Hum... Mary. - Ela abriu o frasco do remédio e pegou um comprimido amarelo. - Lívia, por favor, não conte a ninguém que me viu vomitar, ok?

– Claro! Não irei. - Sorri. - Mas, tudo bem? Não quer que eu chame a enfermeira não?

– Não é preciso. - Mary me entregou o frasco e deitou a cabeça sobre o braço, ajeitando o travesseiro sobre as pernas. - É só uma doença passageira.

– Hum... Certo. - Coloquei o remédio dentro da mala e sentei na mesinha do computador, na cadeira com rodinhas. - Aqui tem internet?

– Tem! Vai mexer no facebook?

– É... Quero ver ser minha mãe tá online. - Olhei para trás sobre o ombro. - Tá tudo bem mesmo?

– Está! Só preciso de um sorvete com cauda de chocolate. - Ela sentou na cama, abraçando o travesseiro verticalmente. - Me adiciona ai no face!

Olhei para a garota que a pouco estava vomitando e parecia pálida como um defunto, e que agora estava me pedindo para adiciona-la no facebook. Que remédio era aquele? Ela mal tinha acabado de toma-lo e já estava fazendo efeito?

Acessei minha página social através do notebook da escola, e a primeira coisa que fiz foi mandar uma mensagem para minha mãe dizendo que estava bem e que já estava com saudade de casa. Depois aproveitei para dar uma lida no livro "A garota que não sabia ler" enquanto Mary acessava a internet.

Assim que o relógio marcou nove horas, as luzes do quarto se apagaram automaticamente e a internet foi cortada. Bufei, contraria às normas do colégio, mas tratei de guardar meu livro e me enrolar no cobertor. Mary fez o mesmo, abraçando o travesseiro e dormindo em seguida. Demorei um pouco para dormir, fiquei pensando em meus pais, e depois de algum tempo, não sei ao certo por que, relembrei da manhã em que acordei em outra cama, ao lado de um asiático o qual eu nem ao menos sabia o nome.

Quando fui ao ginecologista com Lulu, a médica disse que eu realmente já não era mais virgem, e na hora que ouvi isso fiquei meio preocupada, mas Lulu me deu todo apoio e depois contei para minha mãe que, como sempre, conversou comigo e pediu para que eu não contasse para o papai, pois provavelmente ele ficaria louco de raiva.

Chorei, chorei e chorei muito. Muito mesmo. Acho que chorei por uma semana seguida todas as noites por causa deste fato, mas depois de muitas conversas com a mamãe, passei a aceitar o fato de que não dava para volta no passado. Mesmo assim, voltei à ginecologista com a mamãe e ela me passou alguns remédios para prevenir doenças e para talvez uma indesejável gravidez.

Mamãe e Lulu foram minhas grandes aliadas quando eu mais precisei delas e por isso eu me sentia na obrigação de contar para elas tudo o que me acontecia.

....

Acordei às seis da manhã com o despertador da Mary tocando a musica " Prepara, que agora é show das poderosas..." que aos meus ouvidos não era agradável. Eu tinha um estilo musical meio exótico, como posso dizer, pois em minha listas de músicas preferidas estava Roxette, Lana Del Rey e outras. Mas eu gostava também de rock como evanescence e Linkin Park.

Pulei da cama com o entusiasmo de uma criança que vai para o parque de diversão. Bem, pelo menos até o presente momento nada de ruim tinha acontecido. Minha colega de dormitório parecia ser legal, eu tinha internet no quarto e ainda refeições pagas por um mês no refeitório.

Vesti a saia rodada e a blusa azul com o brasão da escola, peguei minha mochila e calcei minhas botas de cano longo rosa. Sei que não combinava com o uniforme, mas era o único "tênis" que eu tinha para usar naquele momento.

Mary demorou meia hora só para pentear os cabelos, pois toda vez que ela terminava de penteava um lado o outro embaraçava. Ela era da classe A, numero dois no prédio verde e eu, Classe B, o mesmo prédio, mas no terceiro andar. Subi duas rampas correndo e quando avistei minha sala, abri a porta e entrei com tudo. A professora já tinha começado a aula e para o meu azar, quando abri a porta, acabei batendo-a no braço de uma garota que estava jogando o lixo na lixeira, que por pouco não me fuzilou com os olhos.

– Desculpa a demora professora, é que eu me perdi. - Respirei fundo, ficando um pouco corada.

– Senhorita, está me dizendo que teve a capacidade de ser perder dentro da escola? - A professora ficou carrancuda assustadoramente, digna de filme de terror. - Vejo que seu senso geográfico é péssimo!

– Desculpa professora!

A sala começou a ri e eu fiquei morrendo de vergonha. De repente a porta se abriu novamente e uma pessoa entrou, passando por mim e entrando na fila do meio, indo se sentar na última cadeira. A pessoa era um garoto, que usava fones de ouvido e um capuz do sobretudo que usava. Por um tempo fiquei curiosa para ver o rosto do outro aluno, mas quando ele olhou na minha direção, rezei automaticamente que aquilo não fosse verdade.

Era ele! Meu coração acelerou e por pouco não fiquei tonta. O garoto que eu tinha tido minha primeira noite estava estudando na mesma escola do que eu! Não dava para acreditar!

– Senhorita! - A professora gritou e eu olhei para ela.- vá se sentar!

Voltei a olhar para o final da sala segurando a respiração. Dei os primeiro passos naquela direção quando notei que a única carteira vaga era ao lado do Asiático arrogante. Minhas emoções estavam explodindo dentro de mim e eu me senti uma bomba relógio enquanto caminhava e me sentava ao lado daquele ser.

Durante a aula, não consegui me concentrar e somente fiquei pensando no cara ao meu lado. Na hora do intervalo corri para o quarto e quando percebi que Mary não estava, tombei na cama e comecei a chorar. Não me pergunte por que, pois nem eu mesma sabia o motivo.

.....

Depois de muito chorar, fui com Lulu e Mary para a educação física. O sol estava bem quente, e mesmo vestindo um short curto e uma regata eu estava sentindo muito calor. A aula era administrada na quadra ao lado das duas piscinas, o que fazia com que eu quisesse tomar um banho naquelas imensas banheiras de piso branco.

O primeiro exercício que fiz foi correr debaixo do sol quente pela pista de atletismo, duas vezes seguidas junto com a turma, que era composta por dois professores e trinta alunos.

Neste meio tempo, fiquei olhando a cada segundo para o garoto que teimava em usar o capuz e o sobretudo mesmo estando em uma temperatura 30 graus e permanecia ouvindo musica desde a hora que tinha entrando na sala de aula. Ele estava sentando na arquibancada, com cinco garotas bonitas ao redor dele - que ele não dava atenção - e um garoto, que lia um livro e era da nossa sala, mas não era oriental.

Engoli em seco quando ele olhou para mim e percebeu que eu estava o observando, e como eu fiquei paralisada ele levantou e desceu pelo lado direito da arquibancada e veio até o meio do campo, onde eu estava sentada descansando com Mary e Lulu. As duas ficaram radiantes quando ele aparou perto de nos.

– Céus! - Lulu colocou as duas mãos sobre a boca, admirada por ele.

– Que maravilha da natureza! - Mary disse levantando.

Lulu também levantou e enquanto eu continuava a olhar para ele, as garotas que estavam com ele na arquibancada chegaram também. Algumas começaram a cochichar e Lulu e Mary ficaram trocando olhares, desconfiadas.

E agora?



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários! POR FAVOR!