Como em Um Filme escrita por ellatti
Ele era incrivelmente lindo! Nós achamos que só vemos gente perfeitamente atraente na TV e pensamos que é apenas maquiagem ou até mesmo efeitos especiais, mas ele estava ali. Eu podia ver. Não havia maquiagem nem nada. Eu parei até de respirar e me virei completamente para ele – afinal, por que uma pessoa como ele perceberia a minha existência? – e então ele tirou os óculos escuros e sorriu para todo mundo. Olhos azuis perfeitos se revelaram. Eles brilhavam, e o seu sorriso era perfeito também. Dentes brancos e perfeitamente enfileirados. O seu rosto era impossivelmente irresistível. Ele tinha lindos cabelos que continham o estilo perfeito de cabelo – aquele que quase todas as meninas sonhavam em ter um namorado com aquele tipo de cabelo – eles eram castanho escuro e ele tinha uma pele branca perfeita. E então eu reparei na roupa. Ele estava usando uma camisa social linda com os primeiros botões desabotoados, ela era de cor vermelha, e por cima dela um terno preto que era conjunto com a calça social. Os sapatos dele eram sociais e pretos, brilhantes. E até o cinto que ele usava era maravilhoso.
Então ele cumprimentou um rapaz (um dos que eu saí no meu primeiro dia aqui?) e então este começou a apontar para as pessoas provavelmente dizendo os seus nomes e o que faziam. E então ele apontou para mim. Eu entrei em choque e franzi o meu cenho, e então eu vi que estava plantada na direção do cara extremamente atraente. Senti uma gastura no estômago e corei. Então me virei 90°, estreitei os olhos e virei meu rosto na direção dele. Eu vi que ele estava com um enorme sorriso na minha direção e então eu virei a cabeça para o lado oposto. Eu dei uma espiada sobre os ombros e percebi que ele estava se despedindo do rapaz e vindo na minha direção.
Eu virei para frente e procurei com o olhar alguém para puxar conversa até que achei um dos figurantes e puxei um papo com ele. Aí eu reparei que a diretora estava perto de mim dando umas orientações a algumas pessoas (eu realmente não conseguia me concentrar nesse momento, as pessoas haviam se tornando um bando de estranhos e eu não fazia idéia do que o cara na minha frente falava, ocasionalmente balançando a cabeça como quem está concordando com algo).
Então eu senti um esbarrão leve como uma pluma, mas que me fez mover um centímetro (e foi quando eu comecei a prestar atenção nas coisas). E senti mãos de um homem segurando os meus braços de um jeito quase impercebível e descendo devagar e carinhosamente por eles, como quem se desculpa. Enquanto as mãos faziam esse movimento eu ouvi a voz masculina mais perfeita do mundo inteiro e senti um calor percorrer em todo o meu corpo e meu rosto queimando (sinal de eu estava corando) – me desculpe – ele disse da forma mais doce que eu já havia ouvido. Era ele. Percebi que o rapaz com que eu estava “conversando” havia parado de falar e parecia nos olhar. Eu olhei rapidamente para as mãos dele e aí eu me virei para encarar o seu rosto, tentando forçar um sorriso decente aparecer. Tudo o que eu consegui foi um sorriso torto e bobo e envergonhado – não foi nada... - eu disse.
- Steven. – ele se apresentou e estendeu a mão – Reynolds. Steven Reyonlds.
Eu apertei a mão dele olhando para ela. Era macia. E grande. Era linda – mesmo para a mão de um homem.
- Beatriz – eu olhei pro seu rosto e me perdi nos seus lindos olhos azuis – Morisseau. Beatriz Morisseau...
Ele sorriu e eu inevitavelmente sorri de volta.
- Belo sotaque. – eu deixei escapar – britânico?
Ele riu de uma maneira divertida.
- Culpado... – fez uma pausa e uma expressão divertida – Francesa?
Eu franzi o cenho sem entender como ele podia saber. Eu não tinha sotaque. Mas eu concordei acenando com a cabeça.
- Nada de sotaque – ele pareceu perceber a minha dúvida – me contaram...
Eu ri uma vez e então voltei os olhos para as nossas mãos, ainda estavam juntas, era maravilhoso sentir o toque dele. Steven.
Ele então segurou a ponta dos meus dedos e levou a minha mão no alto de sua boca e delicadamente deu um leve e simpático beijo nas costas da minha mão e - até então eu só havia observado as nossas mãos – olhei para os seus olhos azuis profundos. Ele sorriu e olhou para os meus olhos também. Seu olhar estava intenso.
- É um prazer te conhecer, Beatriz. – ele disse então.
Eu sorri de volta e então eu concordei.
- É um prazer te conhecer também... Steven.
E então ele soltou a minha mão e foi conversar com a diretora. Eu então percebi a presença do rapaz com quem eu estava “conversando” e sorri para ele, como se estivesse me despedindo, pedi licença e me retirei. (aparentemente ele realmente estava nos observando.)
Eu continuei conversando com algumas pessoas. Coisas para reportagem, mas uma ótima distração também (que infelizmente não parecia funcionar, pois eu várias vezes perdi a linha de raciocínio pensando em Steven e então não entendia muito o que eles estavam falando).
Chegou a hora de ir embora e eu realmente não estava entendendo o que estava acontecendo. Eu passei quase a tarde inteira pensando nele. Eu estava olhando pra baixo quando trombei em alguém. Eu estava com as mãos no seu tórax musculoso e aparentemente perfeito, e senti aquele estranho calor novamente. Assustada, dei um passo para trás e tirei as mãos. Eu percebi que ele estava olhando pra mim e então ele sorriu. Percebi também que o celular dele havia caído e sem querer nós nos abaixamos juntos para pegá-lo. Meu rosto estava a um centímetro do dele e nós ficamos paralisados, um querendo saber o que o outro estava pensando. Eu senti o meu rosto corar e aí eu puxei fôlego, olhando para baixo para procurar o celular dele. Ele permaneceu me encarando, mas na hora que eu peguei o celular dele ele colocou a sua mão por cima da minha e então eu voltei a encará-lo.
Ele sorriu.
- Deixa, eu pego. – ele disse gentilmente e eu soltei o celular dele. Nós nos levantamos sem tirar os olhos de um do outro e então ele sorriu rindo, ele já estava com o celular na mão.
- Obrigado e... Desculpe-me.
- Oh, não. A culpa é minha, estava distraída.
Ele ergueu a mão com o celular então o balançou.
- E eu estava – ele bufou – mexendo no celular.
Nós dois rimos - eu ri envergonhada. Ele pareceu verificar se eu deixei algo cair no chão e então olhou pro meu rosto novamente.
- Indo embora?
Eu dei de ombros. Ele riu por um instante.
- Quer... Apresentar-me a cidade? – ele disse com um olhar intenso. – Você pode morar em Paris, mas é daqui da Califórnia.
Eu franzi o cenho. Como ele sabia tanto sobre mim?
- Eu ouvi falar...
“Ah...” eu pensei. Ele parecia responder as minhas dúvidas no pensamento. “Será que ele não tem um ‘pessoal’ para lhe mostrar a cidade?”
- Eu vou precisar conhecer a cidade enquanto eu estiver aqui, e eu preferiria conhecer ela aos olhos de uma moradora (mesmo que não atual) – ele sorriu – de qualquer forma, você não precisa me mostrar se não quiser, e...
Eu o interrompi colocando o dedo nos seus lábios. – Shh. Eu te mostro. – E então sorri. Era incrível como aquele calor não cessava quando eu estava perto dele e parecia aumentar quando eu tocava nele. Eu curti isso um momento, nunca havia sentido aquele calor na minha vida. E então prossegui. – Mas pode ser - Tirei o meu dedo de sua boca. - que a cidade tenha mudado e eu não a conheça como antes...
Nós rimos.
- E nós podemos nos perder... Nunca se sabe...
- Eu não iria me importar de me perder com você. – ele disse, olhando nos meus olhos.
Eu mordi meu lábio, considerei isso um pouco e então segui na direção do meu carro.
- Quer dirigir?
- Não sou eu que conheço a...
- Melhora o aprendizado.
Ele sorriu e eu joguei as chaves para ele. Quando eu ia abrir a porta ele tocou no meu braço de um jeito suave, o que me fez parar, e abriu ela para mim.
- Madame? – ele brincou.
Eu entrei no carro, rindo por um instante e então ele abriu a porta do carro e entrou. Colocou a chave. Deu a partida, colocamos os cintos de segurança, e então ele começou a dirigir.
Ele era uma graça dirigindo.
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