O Segredo de Peter escrita por letiiciabriefs


Capítulo 1
Revelação


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :3 ~



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Os braços de Peter deslizam sob meus joelhos e ombros e ele me levanta. Minha cabeça desaba sobre seu ombro.

- Para alguém tão pequena, você é pesada, Careta - murmura ele.

Ele sabe que estou acordada. Ele sabe.

Ele começa a correr novamente, dessa vez me segurando. Felizmente, parece que não há soldados por perto. Não tenho como saber, meus olhos ainda estão fechados, e não consigo me mexer. Ele para novamente e abre uma porta. Entramos, e ele senta no chão, deitando-me e apoiando minha cabeça em seu colo. Abro os olhos. Ele está olhando ao redor, provavelmente checando se não há soldados ou câmeras de segurança ao redor. Ele olha para mim.

- Parece que o efeito do soro está passando - diz ele.

- Não consigo...me mexer...- falo, com a voz fraca.

- Não se preocupe - diz, olhando para o teto - daqui a alguns minutos.. você já vai estar normal de novo - finalmente, ele abaixa a cabeça e olha para mim. É meio constrangedor estar tão perto dele assim. 

- Como você fez isso ? - pergunto.

- Eu apenas troquei os soros e fiz alguns "ajustes" no monitor cardíaco. Foi moleza. - Responde, com um tom de superioridade. 

- Mas por que.. por que me salvou? Achei que me queria morta! - falo, rispidamente. 

- Porque eu tinha uma dívida com você - responde, revirando os olhos. - Na sede da Amizade.. quando atiraram contra mim, a bala estava na altura da cabeça, e eu poderia ter morrido, mas você me desviou do trajeto da bala. Obrigado - as palavras escapam de sua boca como se fossem veneno. Não contenho uma risada. 

- Você me agradecendo? Não se vê isso todo dia - digo. Peter desvia o olhar. 

- Ah, cala a boca, Careta - responde.

Sinto um formigamento na sola do pé. Depois nas pernas, nos braços, até que se espalha por todo o meu corpo. Levanto-me com dificuldade, e Peter me ajuda a sentar ao seu lado.

- Obrigada - digo.

- Você me agradecendo? Não se vê isso todo dia - responde, em um tom de deboche. Faço uma cara feia. Ele ri. Pela primeira vez, o vejo rindo de verdade. Quer dizer, ele é o Peter, sua natureza é rir da desgraça alheia e da fraqueza dos outros. É assim que ele é. Mas agora, sua risada não parece irônica, ou debochada. Ele está apenas rindo, como uma criança. Encaro-o fixamente.

- O que você tá olhando? - pergunta, com o rosto corado.

- Nada - respondo. Meu coração dispara. Ele olha para a minha clavícula. 

- Que tatuagem tosca - ele fala, se aproximando e colocando um dedo abaixo do queixo, como se estivesse avaliando-a. 

- São pássaros - falo, irritada - um para cada membro da minha família. 

Ele toca em um por um, do mesmo jeito que Tobias fez quando mostrei a tatuagem para ele. Sinto um calafrio ao lembrar de Tobias. Ele veio até a sede da Erudição por mim.. para morrer comigo. E aqui estou eu, sã e salva, dentro de uma sala com Peter, enquanto Tobias  provavelmente está sendo usado para os experimentos de Jeanine. Eu deveria ir procurá-lo, mesmo que não consiga salvá-lo...ele precisa saber que estou viva. 

- Peter... você poderia me levar até Tobias? - pergunto. Ele hesita um pouco antes de responder.

- Preciso levá-la daqui o mais rápido possível. Depois, os sem-facção que mandem alguma tropa para resgatar ele - diz, com uma pontada de raiva. O egoísmo de Peter me tira do sério. Ele não se importa com ninguém, nem estaria me salvando se não fosse essa  dívida que ele tem comigo. Cruzo os braços.

- Só vou embora daqui se ele for junto - digo seriamente. Ele franze a testa.

- Está sendo ridícula. Ele não está nem aí para você - seus olhos param nos meus por um instante - precisa deixar que eu a leve de volta. Por favor - ele está quase implorando. 

- Isso não é verdade - digo - ele me ama. Preciso salvar ele. - respiro fundo e tento levantar. Ele puxa meu braço.

- Não, você não vai - diz, severamente - eu disse que iria salvá-la, e ainda não está em total segurança. Vou levar você de volta, queira você ou não - ele aperta meu braço com mais força.

- Não consigo entender você - digo, quase gritando - esqueceu que você já tentou me matar? Já esqueceu de todas as vezes em que me humilhou? - empurro ele para o chão e prendo suas mãos com meus joelhos. Apoio minhas mãos em seus ombros e me agacho para perto dele - hein Peter?! Por acaso esqueceu tudo o que você fez comigo? - lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto. - Porque agora quer tanto me salvar? Você já pagou sua dívida, agora estamos quites. Por que ainda insiste em me levar embora? - paro e respiro com dificuldade. Ele solta uma de suas mãos e coloca em meu rosto, enxugando minhas lágrimas. Não tenho forças para me equilibrar e desabo em cima dele. Passamos alguns segundos sem falar nada. 

- É porque.. -ele hesita um pouco e continua - porque eu gosto de você - meu coração acelera novamente. Sinto meu corpo inteiro pesado. Tento absorver as palavras dele. 

- Você.. o que? -pergunto, com a voz rouca

- Tsc..você ouviu - responde. Ainda estou deitada em cima dele. Levanto-me rapidamente e sento, tentando não encará-lo. 

- Mas você me odeia.. como pode gostar de mim? - pergunto. 

- Eu não odeio você - diz - mas não conseguia admitir a ideia de estar apaixonado por uma Careta. É ridículo - seu rosto está corado - tive que parar de sentir isso por você, de qualquer jeito. Achei que se passasse a agir como se odiasse você...você também me odiaria, e seria impossível que um dia, você me amasse - ele para e encara o chão. Não sei o que dizer.

- Peter...eu...eu amo o Quatro - começo - e não estou pronta ainda para perdoá-lo. Desculpe. Acho que essa conversa termina aqui. - levanto e limpo a calça. Preciso procurar Tobias. 

- É, eu sei - ele força uma risada sarcástica e põe as mãos no bolso - Parece que você não virá comigo...se você quer salvá-lo, pode ir, mas não irei com você. 

- Tudo bem - respondo. Ele caminha em minha direção.

- Tris... antes de ir.. - ele coloca as mãos em meu pescoço e encosta seus lábios nos meus. Sinto um calafrio. - tome cuidado. Ele me entrega uma arma. 

- Obrigada - respondo. Olho para ele mais uma vez e forço um sorriso. Caminho em direção a uma saída. 

- Espere - ele corre atrás de mim - seria revoltante salvar sua vida e logo você ficar à beira da morte de novo - ele passa a mão em seus cabelos - vou com você - diz.  

Isso me surpreendeu. Tudo o que aconteceu hoje, desde a hora em que acordei, foi estranho. Quase morri. Peter me salvou, e disse que me ama. Franzo a testa. 

- O que foi, Careta? - pergunta - não quer que eu vá com você? - pergunta ironicamente. 

- Claro que quero. Quem sabe você pode ser de alguma utilidade - digo, forçando uma risada irônica. Ele balança a cabeça. 

- Vamos - diz, colocando seu casaco em mim e escondendo meu rosto com o capuz - não podem saber que você ainda está viva - diz. Afirmo com a cabeça. Ele me guia pelos corredores até onde quero chegar. Onde Tobias está. 


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