Elena não via Damon há dias. Parecia absurdo que ele tivesse sumido tão de repente, logo depois de terem ficado tão próximos. Naquele fim de tarde, após ele tê-la levado ao terraço da Biblioteca, o inesperado e delicioso amasso no carro dele foi abruptamente interrompido pela chegada de Jenna.

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- Mas o quê… - Jenna quase gritou, descendo do próprio carro que ela estacionara ao lado do Damon na frente da casa dos Gilbert.

- Ah, meu Deus!… - Elena se desvencilhou de Damon e começou a sair do carro. Estava tão zonza que não conseguia abrir a porta. – Jenna! – chamou, mas a tia pareceu não ouvir e entrou na casa.

Damon segurou o seu braço:

- Calma, Elena – ele se inclinou e abriu a porta dela. Em seguida abriu a própria.

- Pelo amor de Deus, Damon, fica nesse carro e vai embora!

- Não…

- Damon, por favor… Eu preciso falar com ela…

- Eu vou com você.

- Não, por favor, por favor, só vá embora. Eu nunca passei por algo desse tipo antes. Por favor… Depois eu falo com você.

Ele segurou o volante um pouco mais forte do que devia, enquanto a encarava em silêncio.

- Ok. – disse por fim.

- Ok – ela deu um sorriso nervoso e o beijou de leve na boca. – Ok.

Elena desceu do carro e entrou em casa fechando a porta um instante depois de Damon sair em alta velocidade pela estrada.

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Havia agido como uma menininha, ela chegou à conclusão naquela noite. Era uma garota de 17 anos e não uma de 12, afinal de contas. Não tinha por que ficar tão nervosa por ter sido surpreendida dando um amasso. Por outro lado, ela nunca tinha sido pega nessa situação e ainda mais pela tia que agora era responsável por ela. Tudo o que passou pela cabeça de Elena na hora que ouviu a voz de Jenna foi que ela estava na frente de casa, dentro de um carro, agarrada com um cara que ninguém da família dela conhecia. Que nem ela mesma conhecia bem, embora não estivesse se importando com esse detalhe. O que passou pela cabeça dela foi que ela precisava falar com Jenna e explicar alguma coisa, não que ela soubesse exatamente o quê.

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- Jenna, eu…

- Quem é aquele homem, Elena? – Jenna, ao contrário da sobrinha, parecia bem calma, enquanto esvaziava sacolas de supermercado no balcão da cozinha.

- Damon – respondeu simplesmente.

- Mas quem é Damon?

Damon é… Damon, oras. – Elena pensou.

- Um amigo – de repente, soube que adoraria ter dito “namorado”, mas sabia que isso não era verdade.

Jenna esperou por uma resposta mais completa, que não veio.

- Ok – disse.

- Ok?

- Se você não quer me contar tudo, eu entendo, Elena. Eu não sou a sua mãe, eu sei que vocês eram muito próximas e não estou esperando que você vá agir comigo da mesma forma que agia com ela. Eu entendo que não queira me contar agora. Eu não vou ser a tia chata. Mas eu também não vou ser a tia cega. Eu sou responsável por você agora e, eu preciso admitir, o que eu vi lá fora me assustou um pouco.

Jenna fez uma pausa, dando a Elena uma oportunidade de dizer algo, mas diante do silêncio da sobrinha, continuou:

- Eu só moro com vocês há poucos meses, mas eu até onde eu sabia, Matt foi seu único namorado sério. Eu sei que vocês terminaram, e eu não sei como era antes, quando os seus pais eram vivos, mas eu… Eu apenas não esperava ver você dando uns amassos na porta de casa. Dentro do carro, ainda mais.

- Você tem razão, Jenna. Eu sei que não devia.

- Você tem 17 anos, pelo amor de Deus, é claro que devia. – sorriu. – Talvez não dentro do carro na frente de casa… Mas eu fico feliz de saber que você está seguindo em frente.

- Fica?

- É claro, por que não? Eu gostaria de conhecer o, como é mesmo?

- Damon.

- Damon. Eu gostaria de conhecer o Damon. Hey, foi com ele que você foi à festa dos Lockwood?

- Foi, foi com ele.

- Então, como é? Estão saindo há quanto tempo?

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A reação de Jenna serviu para Elena ter certeza do quanto tinha sido imatura. Na exaltação do momento, acabou praticamente expulsando Damon – algo de que ela passou os próximos dias se arrependendo. Na mesma noite, ficou acordada até tarde esperando algum contato dele. Pegou-se indo à janela várias vezes com esperança de ver algum vulto entre as árvores, mas nada aconteceu. Na manhã seguinte, ficou tentada a pedir a Caroline que conseguisse o telefone dele com Stefan, porém desistia a cada vez que pensava em fazer isso, pois lhe ocorria o pensamento incômodo de que, se Damon quisesse que ela pudesse encontra-lo, ele já teria lhe dado pelo menos o número do telefone.

Dias se passaram sem que Damon desse notícias. Por dias, Elena foi andando para casa, na esperança de ele aparecer de surpresa oferecendo uma carona. Também foi ao terraço da Biblioteca algumas vezes durante a semana, para escrever e, quem sabe, ter a sorte de uma visita surpresa.

No sábado, a vontade de rever Damon já havia se misturado à frustração por ele não ter aparecido. Em parte, Elena se culpava por isso – afinal, ela não devia tê-lo enxotado –, e em parte ela se perguntava se isso não era para o melhor. Damon não parecia ser o tipo de cara que fica muito tempo em um lugar. Por que motivos ele iria perder tempo com uma garota de cidade do interior? Talvez fosse melhor que ele sumisse, talvez fosse melhor que tudo acabasse antes que ela se envolvesse demais. Algo a dizia que se isso ainda não tinha acontecido, então estava prestes a acontecer.

Cansada de não ter uma resposta para o que quer que estivesse causando o silêncio de Damon, Elena aceitou o convite das amigas para ir ao Grill na noite de sábado.

- Damon? – Jenna perguntou quando viu a sobrinha pronta pra sair.

- Bonnie e Caroline. Noite das garotas. – Elena respondeu.

- Não quero estragar a sua noite, mas se vir o Jer…

- Eu sei. Não vou tirar os olhos dele.

- Obrigada. Eu vou ficar em casa, tenho uma porção de trabalhos da faculdade pra concluir.

Elena passou na casa de Bonnie pra buscá-la e as duas encontraram Caroline no Grill em uma das mesas mais isoladas “conversando” com Tyler. Ela fez um sinal para as amigas, que foram pegar uma mesa para si.

- Tyler? – Elena perguntou quando se sentou. – O que aconteceu com Ben?

- Quem sabe? – Bonnie jogou a bolsa na cadeira. – Ela diz que é só amiga do Tyler. Mas a questão é: Tyler consegue ser só amigo de alguém? Especialmente mulheres?

- Não gosto disso, Vicky não ficou nada bem depois que eles terminaram.

- Eu não a tenho visto ultimamente.

- Eu sim. Jer tem saído com ela.

- Ela não é um pouco velha pro Jeremy?

- É. Ela é mais velha que o Matt…

- Uau, isso deveria ser excitante? – Bonnie não segurou um riso.

- Droga – Elena ficou séria.

- O que foi? – Bonnie olhou ao redor procurando pela que tinha causado a reação na amiga.

- Não olhe agora!

- Mas o que houve?

- Aquele Stefan me encarando lá do fundo.

Stefan Salvatore estava sentado sozinho em uma das mesas mais escondidas do Grill, olhando fixamente para Elena.

- Ele não desistiu? Quer dizer, você está saindo com o irmão dele.

- Ele não tem do quê desistir, já que não houve nada. Só não gostei do jeito que ele está me olhando.

- Méritos de Caroline. Acho que a amizade deles estremeceu depois do sábado passado. Também você foi aparecer de braço dado com Damon hot Salvatore…

Põe hot nisso… Elena sentiu o rosto queimar.

- Então é assim? Não se pode falar no Damon que você cora?

- Demos um amasso – disse de uma vez.

-O quê?! Quando, onde, como?!

- No começo da semana. Mas segure a empolgação, ele sumiu logo depois.

- Hã?

- Sumiu. Damon foi Damon e desapareceu. Não o vi mais depois disso.

- OMG… Elena… vocês transaram?

- Não, não. Foi só um amasso, como eu já disse. Ele me deu uma carona, quando chegamos em casa nos beijamos no carro, o clima foi esquentando… Então a Jenna chegou e nos pegou no meio da coisa toda. Eu fiquei nervosa, sei lá o que me deu, praticamente expulsei o Damon de lá e fui falar com ela.

- Não entendi a parte do nervosismo. Alguém estava pelado?

- Pelo amor de Deus, Bonnie, é claro que não! Não ouviu a parte sobre estar no carro dele na frente da minha casa?

- Ouvi, mas um carro pode ter muitas utilidades… - sorriu maliciosa e Elena não conseguiu não sorrir junto com o pensamento.

- Foi apenas um amasso, ok? Conforme-se. Além disso, eu acho que acabou por aí.

- Nem pense nisso.

- Não acho que eu tenha escolha. Ele sumiu. Não apareceu mais, não ligou, eu não sei onde achá-lo… Ele deve estar pensando que eu sou criança demais pra ele.

- Como foi o amasso?

- Que diabos, Bonnie, eu não vou entrar em detalhes.

- Diz logo, não se faça de difícil. Em uma escala hot de 0 a 10…

- Aprendeu isso com a Car ou o quê?

- Quem aprendeu o quê comigo? – Caroline se acomodou na cadeira como se estivesse presente durante toda a conversa.

- Não desconverse, Elena.

- O que ela está desconversando? – Caroline perguntou curiosa.

- Bonnie… - Elena tentou impedir. Podia lidar com as insistências de Bonnie, mas contra Caroline seria uma batalha perdida.

- Elena deu uns amassos com Damon. – ela disse a Caroline. Os olhos da loira brilharam. – Eu só quero saber…

- Elena – Caroline se adiantou. – De 0 a 10?

- Você estão me matando, sabia? Desisto! De 0 a 10, foi tipo um 20! Satisfeitas?

- Vocês transaram?! – Caroline elevou a voz.

- Por Deus, Caroline! – Bonnie repreendeu.

- Não. Eu já expliquei a Bonnie o que aconteceu, você teria ouvido se não estivesse se pegando com o Tyler.

- Elena, o assunto aqui é você e não eu.

- Muito conveniente!

- Ok, voltando ao foco. – Bonnie lembrou: - Você não tem nada de criança, Elena. Ele pode não ter a nossa idade, mas eu posso apostar que o que ele vê quando olha pra você é uma mulher linda.

- Que teve um mini ataque de pânico quando foi pega no flagra.

- Não é motivo pra ele desaparecer.

- Espere, ele desapareceu? – Caroline estava tentando se situar na conversa.

Bonnie resumiu rapidamente a situação com Jenna.

- Acha que ele deu no pé por causa dessa bobagem?

- Eu não sei de mais nada. Vocês me confundem mais do que ajudam.

- Ingrata. – Caroline brincou. Do nada, ela se levantou. – Espere aí.

Elena e Bonnie observaram atônitas a amiga ir até Stefan e se sentar em frente a ele. Bonnie pegou Elena pelo braço e puxou-a em direção ao balcão.

- Precisamos de uma bebida.

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Mais tarde, quando parou na casa de Caroline para deixá-la, Elena tentou convencer a amiga:

- Car, eu não vou fazer isso.

- Elena, não custa nada. É só estudo, ok? Vai ter mais gente.

- Eu não vou ser a “ficante” perseguidora.

- Claro que não. Vai ser apenas uma garota estudiosa, assim como o resto de nós. Vejo vocês amanhã!

Ela desceu do carro e Elena ficou em silêncio no caminho até a casa de Bonnie.

- Eu não vou – disse à Bonnie.

- Elena, não quero ser insistente como a Car, mas também acho que não custa nada.

- Até tu, Brutus!

Bonnie riu. – Hey, ela tem razão, é só estudo.

- Na fachada, é claro.

- Sim, mas é o que todos vão ver. Qual é, isso não vai te matar. Você não vai estar sozinha, não vai parecer uma perseguidora.

- Sei.

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Elena chegou em casa tentando se manter firme em sua decisão. O plano de Caroline era uma furada, ela tinha certeza. Criar um grupo de estudos da noite para o dia, apenas para ter um motivo para ir à casa dos Salvatore não podia ser uma boa ideia.

Era, porém, absurdamente tentador. Tinha um motivo para ir à casa de Damon, poderia saber mais sobre ele, quem sabe até vê-lo… Essa parte a animava tanto quanto a intimidava. Não queria que ele pensasse que ela estava desesperada para vê-lo ou algo do tipo, não queria parecer que estava perseguindo-o, não queria que ele pensasse que ela fora à casa dele de propósito.

Por outro lado, estava louca pra vê-lo. Queria que ele soubesse que estava tudo bem, que ela não quis mandá-lo embora naquele dia. Queria que ele soubesse que ela queria que ele ficasse.

Elena tentou mensurar a extensão desse sentimento em relação a Damon e não conseguiu. O quanto ela queria que ele ficasse? O quanto ela o queria na vida dela? Não soube responder a essas perguntas e isso a assustou ao mesmo tempo em que a aqueceu.

Avisou a Jenna que não tinha visto Jeremy, mas a tia a tranquilizou. O garoto chegou excepcionalmente cedo em casa. Elena foi dormir depois de separar alguns livros.

Estava em um grupo de estudos, afinal.