- POV NARRADOR –

O dia seguinte já havia chegado, e com ele vinha o jantar que Rebekah teria durante a noite na companhia de Stefan e dos seus irmãos. Obviamente que a loira preferia ficar sozinha com o seu mais que tudo, mas ela tinha perfeita consciência de que Stefan desse jeito nunca iria aceitar jantar na casa dos Mikaelson. Para além disso seria muito difícil expulsar os irmãos mais velhos de casa para que ela pudesse ficar mais à vontade com o Salvatore mais novo. Elijah até se ausentaria de bom grado, e provavelmente Klaus também se ausentaria depois de Rebekah suplicar o dia inteiro. O pior seria sem dúvida alguma Kol, que sabendo das intenções que a irmã mais nova tinha em conquistar Stefan, iria querer arruinar tudo. Seu típico lado rebelde e desmancha prazer era mais forte do que a bondade.

Não faltaria muito tempo para Stefan estar à porta da mansão dos Mikaelson. Rebekah ainda se encontrava fechada no quarto a experimentar os seus melhores vestidos enquanto as empregadas iam colocando a mesa. Depois de tantas horas de indecisão e a experimentar os imensos vestidos que tinha no armário, acabou por optar por um vermelho sem alças, bem curto e justo. O objetivo dela era estar perfeita e chamar a atenção do Salvatore mais novo, e já que com palavras meigas as coisas não resultavam, Rebekah via-se obrigada a usar o seu poder de sedução. Se Stefan em tempos já tinha caído nos braços dela devido ao seu poder de sedução, provavelmente iria cair uma outra vez, embora a loira quisesse que desta vez fosse tudo mais sério.

Deu um último retoque na leve maquilhagem e saiu do quarto, descendo a escadaria situada no centro do enorme salão. Dirigiu-se até à sala de jantar onde a mesa estava posta do jeito que ela tinha pedido às empregadas. Só faltava que a presença mais importante da noite chegasse, que o jantar fosse servido e que tudo corresse como desejado, sem alguma piada desagradável da parte de Kol. Pelo menos Rebekah esperava que assim fosse.

- Nem consigo exprimir o quanto ridícula ficas dentro desse vestido. – Gozou Kol entrando na sala e soltando uma gargalhada, coisa que deixou a loira com vontade de lhe saltar em cima e apertar o pescoço.

- Demorei horas a arranjar-me, agradecia que calasses essa boca porque ninguém pediu a tua opinião. – Rugiu Rebekah olhando o irmão com um olhar mortal e dirigindo-se até à mesa. – E se queres viver até amanhã é bom que te comportes e não mandes das tuas piadinhas de mau gosto.

- Isso não será necessário, irmã. Para grande infelicidade tua não vou poder ficar para jantar porque estou já de saída. Tenho um pequeno compromisso. – Respondeu Kol sorrindo de lado e caminhando para fora da sala. – Mas manda comprimentos meus ao Stefan e diz-lhe que entregue um beijinho meu à sua doce amada, Elena.

- Desaparece, idiota! – Gritou Rebekah sentindo os ciúmes a apoderarem-se do seu corpo quando ouviu o irmão proferir o nome da Elena como amada de Stefan.

Quando ouviu a porta da entrada fechar-se, Rebekah soltou um suspiro de alívio, pois a maior peste da família ia estar ausente o que queria dizer que tudo poderia correr como esperado. Mexeu nos talheres, nos pratos e nos copos, desviando-os ligeiramente para o lado como se não estivessem posicionados no sítio certo. Na verdade aquilo era tudo nervosismo, ela queria arranjar alguma coisa para fazer enquanto Stefan não chegasse, pois só assim podia distrair-se e esquecer-se do quanto nervosa estava. Rebekah não conseguia perceber a razão de se encontrar naquele estado, nunca em tempo algum tinha ficado assim por um simples jantar com o homem que amava.

- Rebekah? - Chamou Elijah, entrando na sala de jantar com o telemóvel na mão. – Recebi um telefonema da Elena, e ela disse que precisava de falar comigo. Pareceu-me importante, por isso não vou ficar para jantar.

- Tu também? Vai ser mesmo romântico este jantar. – Resmungou Rebekah sentando-se numa das cadeiras. – Eu, Stefan e o Nik. Sem dúvida muito romântico.

- Se pedires com jeitinho o Klaus deixa-te sozinha com o Stefan. Na verdade foi sempre isso que quiseste, não foi? – Perguntou Elijah sorrindo para a irmã mais nova de um jeito que pareceu irritá-la.

- Não me chateies e vai lá encontrar-te com aquela doppelganger de segunda categoria. – Respondeu Rebekah cruzando os braços.

- Isso são ciúmes? – Inquiriu Elijah rindo-se discretamente.

- Muito pelo contrário! Enquanto a Elena estiver ocupada contigo tenho o Stefan livre para mim. – Disse Rebekah soltando um largo sorriso. – Só ficamos a ganhar com isso, maninho.

- Vou rezar pelo pobre Stefan. – Brincou Elijah ainda rindo-se

- Vai lá rezar e ter conversas sem importância com a chata da Elena enquanto eu fico aqui com o Stefan a desfrutar de um ótimo jantar. – Pediu Rebekah apontando para a porta da sala de jantar, como se estivesse a expulsar o próprio irmão de casa.

- A desfrutar de um ótimo jantar e da companhia de Niklaus. Tenho a certeza que será uma noite fantástica. – Respondeu Elijah caminhando para a saída. – Até logo e boa sorte.

Enquanto Elijah saía da sala de jantar e se dirigia para o enorme salão onde se situava a enorme porta da mansão, a campainha soou deixando todos alerta. Quando abriu a porta e achando que talvez fosse o convidado especial da sua irmã mais nova, surpreendeu-se ao ver uma loira que Niklaus tanto amava.

- Caroline? A que se deve a tua visita? – Perguntou Elijah educadamente, como sempre fazia.

- Queria falar com o Klaus, ele está em casa? – Inquiriu Caroline sem tentar disfarçar a amargura expressa no seu olhar que percorria cada canto daquele salão como se procurasse algo.

- Neste momento ele já te ouviu, por isso não tardará a aparecer. – Respondeu Elijah acabando de abrir a porta e dando espaço para que Caroline pudesse entrar. – Estou de saída mas podes entrar e desfrutar da companhia de Rebekah enquanto o Niklaus não aparece.

- Obrigado. – Agradeceu Caroline soltando um sorriso forçado e entrando na mansão.

Quando Elijah abandonou a mansão, Caroline manteve-se no mesmo local, junto à porta da entrada que agora estava fechada. Não se atrevia a entrar naquela casa sabendo que debaixo daquele teto estava o homem que tanto a estava a magoar de momento. Ela não conseguia perceber a razão de se sentir daquele jeito, um aperto no coração e na sua garganta que faziam com que ela tivesse uma vontade louca de gritar por socorro. Era sem dúvida uma sensação estranha e desconfortante. Uma sensação que ela sempre pensou deixar de sentir quando se torna-se vampira, o que pelos vistos não tinha acontecido. Caroline sentia-se muito melhor desde que se tinha tornado vampira, pois tinha passado a ser uma rapariga forte, corajosa e jovem para sempre. A coragem e juventude permaneciam, mas a força psicológica parecia ter abandonado o seu corpo no momento em que ouviu Tyler dizer que Klaus tinha engravidado Hayley. Não dava para Caroline viver na dúvida. Ela tinha de falar com Klaus e perguntar-lhe se era verdade que ele tinha dormido com aquela loba que Caroline tanto odiava.

Ao sentir a presença de alguém no cimo das escadas, Caroline desligou-se dos seus pensamentos e fintou Klaus com o seu ar mais sério possível. O loiro desceu as escadas com um sorriso nos lábios expressando claramente a surpresa e felicidade que sentia por ver ali a sua amada, linda como sempre.

- Sweetheart! O que te trouxe até mim? – Inquiriu ele acabando de descer as escadas e indo ao encontro da sua amada.

- Preciso de falar contigo a sós. Podíamos sair e dar uma volta enquanto falo o que tenho para dizer? – Perguntou Caroline com um tom de voz fraco e o seu olhar vazio pousado sobre Klaus que já a olhava preocupado. – Prometo não roubar o teu tempo, até porque depois do que tenho para dizer, não existirá mais nenhuma razão para ficar contigo.

- O que se passsa Caroline? Estás tensa. – Apreciou Klaus aproximando-se da loira e preparando-se para colocar a sua mão no rosto da amada.

- Eu disse que queria falar a sós, fora desta casa. – Respondeu Caroline de forma ríspida, desviando o rosto para que Klaus não lhe tocasse.

- Vai lá, Nik. Faz-me um favor e abandona-me como os nossos irmãos. – Incentivou Rebekah aparecendo no enorme salão com o seu olhar atento sobre Caroline.

- Manda o meu pedido de desculpas ao Stefan. – Pediu Klaus fintando rapidamente a irmã mais nova, dirigindo-se de seguida para a porta e abrindo-a.

- Não tem problema. Ele irá sentir-se muito melhor sem a tua presença para intimidá-lo. – Respondeu Rebekah com um sorriso sábio nos lábios.

Foi o tempo de Klaus e Caroline irem embora para Stefan aparecer logo de seguida. Quando se cruzou com eles notou que havia alguma tensão no ar, e de certa forma ficou preocupado com a amiga que raramente estava tão abalada como parecia estar no momento. Tentou afastar essa curiosidade no momento, e adentrou na mansão dos Mikaelson visto que a porta ainda estava aberta e já com uma Rebekah sorridente à sua espera. Stefan tinha de admitir que ela estava deslumbrante naquele vestido vermelho e sensual, definia as curvas da loira na perfeição e valorizava todo o seu corpo. Por mais que ele quisesse desviar o olhar e disfarçar que aquela imagem lhe agradava, não conseguia sem antes apreciar tudo ao pormenor.

- Estou muito mal? – Perguntou Rebekah olhando receosa para ele. Como não obteve resposta imediata, soltou um longo suspiro de frustração. – Eu sabia que devia ter escolhido o azul, nem sei porque raio escolhi este!

- O vermelho fica-te bem. – Falou Stefan finalmente, para grande alívio da loira que começava a ficar desesperada com o silêncio dele. – Na verdade, estás perfeita.

- Obrigado. – Agradeceu ela com um sorriso convencido. – Já agora, é meu dever informar-te que os meus queridos e amados irmãos nos abandonaram.

- Acabei de ter essa confirmação ao ver o Klaus e a Caroline a passar por mim. – Respondeu Stefan apontando para a rua. – Mas o que é feito do Kol e do Elijah?

- Nós nunca sabemos nada da vida de Kol, tudo o que sei é que ele disse que não podia comparecer no jantar porque tinha um compromisso. Quanto a Elijah… - Rebekah fez uma careta e riu. – A tua amada Elena queria falar com ele. Acho que ela te trocou pelo meu irmão.

- E tu insistes com essa conversa de a Elena ser minha amada. – Resmungou Stefan controlando-se para não soltar uma gargalhada e rir na cara da Original. – Tanto eu como a Elena estamos livres, e ficarei muito feliz se ela seguir em frente e tentar ser feliz com Elijah ou com outro homem qualquer que a ame.

- Queres que ela seja feliz com alguém que a ame, mas já alguma vez pensaste na tua felicidade? – Inquiriu Rebekah olhando séria nos olhos dele, que se esforçou ao máximo para não desviar o olhar e mostrar fraqueza.

- Não tento pensar muito nisso. Quando o momento para ser feliz surgir, pensarei acerca disso, mas por enquanto não tenho interesse em procurar. – Respondeu Stefan dando de ombros.

- Quanto tempo achas que demora para encontrares felicidade, ou para achares que podes ser feliz com alguém? – Interrogou Rebekah bastante interessada em saber o tempo que demoraria para conquistar o coração do Salvatore mais novo.

- Não sei, Rebekah. Sinceramente, tanto pode demorar séculos, como anos, como meses, ou como somente só algumas semanas ou alguns dias. – Responde ele dando um pequeno sorriso de lado. – Não vamos falar nisso, temos um jantar e uma noite para conversar só nós dois.

- Posso fazer-te uma pergunta? – Perguntou Rebekah com um tom de voz sério e ao mesmo tempo receoso.

- Se puder responder… - Disse Stefan, acabando por ser interrompido.

- O que farias se eu te beija-se neste exato momento? – Inquiriu ela muito direta e sem desviar o seu olhar dos olhos de Stefan que a olhava incrédulo.

- Não sei, depende do que sentisse no momento em que me começasses a beijar e… - Mais uma vez Stefan não conseguiu terminar a sua fala, pois Rebekah colocou um dedo na frente dos lábios dele e murmurou um “Shh”.

- Tenho saudades tuas. – Sussurrou Rebekah segurando o rosto de Stefan com as mãos trémulas, e aproximando-se dele sem nunca quebrar aquela troca de olhares que existia entre eles.

 Com aquela aproximação e o toque das mãos da loira no seu rosto, Stefan não conseguiu raciocinar nem reagir. Limitou-se a ficar quieto no seu lugar enquanto olhava para Rebekah que olhava para os seus lábios e seguidamente para os seus olhos.

Quando Rebekah estava relativamente perto de tocar nos lábios dele, fechou os olhos e Stefan fez o mesmo processo. O toque dos lábios húmidos e gelados criou arrepios em ambos, mas ao mesmo tempo um calor ardente invadiu-os de uma forma quase exagerada. O toque das suas línguas era das coisas mais saborosas que algum deles havia sentido. Tão perfeito que eles poderiam ficar assim para sempre. Aquele beijo trazia recordações do passado, momentos que eles tinham vivido juntos antes de terem de se separar. Rebekah sonhava com aquele beijo desde que tinha regressado, e finalmente estava a realizar o seu desejo.

- Rebekah… - Murmurou Stefan tentando arranjar forças para se separar dela.

Por mais que Stefan não quisesse admitir, o seu cérebro gritava-lhe para continuar o beijo porque na realidade sempre foi aquilo que ele quis. Da última vez que tinha ficado com Rebekah tudo parecia ter sido superficial, sem nexo e sentimentos alguns. A única coisa que importava na altura era o desejo sexual que sentiam um pelo outro, porque apesar de os sentimentos nunca terem desaparecido de todo, naquela altura tanto Stefan como Rebekah estavam interessados noutra pessoa. Mas agora não era o desejo sexual ou a atração física. Ele conseguia sentir grandes vibrações vindas dos lábios de Rebekah, e também conseguia sentir os seus lábios a transmitir as mesmas vibrações para ela. Aquilo pareciam as vibrações do amor, coisa que Stefan de momento se recusava a acreditar ser possível.

- Rebekah… - Murmurou ele mais uma vez, ganhando finalmente coragem para a afastar. – Acho melhor irmos jantar, afinal foi por isso que me chamaste.

- Tudo bem. – Respondeu Rebekah soltando um longo suspiro e caminhando para a sala de jantar, seguida de Stefan que tentava concentrar-se para não agarrar nela e beijá-la novamente.

Notava-se deceção no olhar da loira, mas preferiu esconder isso com todas as suas forças, pois não iria permitir que mais um homem a magoasse. Por isso mesmo ambos se sentaram à mesa e puxaram um tema de conversa para se distraírem e esquecerem aquilo que tinha acabado de esquecer. Não era o momento certo para falar de sentimentos, pois iriam estragar o momento e a intenção nunca tinha sido essa. Mas o dia iria chegar, por mais que o adiassem, ele chegaria quando menos esperassem.