As Vantagens De Ser Ou Não Ser escrita por mikkaelinhah


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, estou trabalhando, mas nao abandonarei a Fic :3



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06 de janeiro de 1993

Ri. Ri o mais alto que pude, sem temer o que aquela risada traria de consequência para mim.

Definitivamente o tiro foi para a culatra. A arma de Elizabeth - um revolver calibre 32 - foi apontado para as costas desprotegidas de Lyra, mas, ao disparar, a bala atinge o vidro da janela entreaberta do quarto, destroçando-o em pedacinhos.

— Bela pontaria, Rainha Elizabeth — Falei, ignorando o fato de que ela ainda segurava a arma.

Ao escutar a zombaria, automaticamente aponta o objeto letal para minha direção. Suas mãos tremiam, como se temesse falhar novamente. Eu poderia estar mais nervosa que ela, até porque a arma estava mirada em mim. Mesmo assim fiquei calma, na esperança que ela não enlouquecesse novamente e soltasse o gatilho subitamente.

— Cala a boca, sua imbecil. — Retruca Lyra, bastante assustada — Não tem noção do perigo, não? Ela pode ter errado uma vez, mas pode acertar agora.

Tive que segurar o riso. Alguém com a pontaria "perfeita da Mary sem dúvida alguma seria expulsa dos Atiradores de Elite.

— Ela é uma inútil segurando uma arma, não percebeu isso? Se fosse boa nisso já tinha acertado seu coração.

— Eu sei, mas.. — Ela tenta falar, mas Mary interrompe.

— As duas podem para com a D.R. e lembrar que estou bem aqui?

Revirei os olhos. Não por sermos interrompidas, mas pelo fato de ter esquecido por um momento o perigo da situação.

Queria apenas fechar os olhos e esquecer tudo de uma vez.

Depois de respirar fundo, as perguntas saíram de uma vez só:

— Porquê? Pra quê? Com que objetivo? — Não consegui formular frase completas, longas, então foi isso que saiu de minha boca no momento.

A portadora da arma descansa o revolver na escrivaninha do lado direito da cama de meu pai.

— Poderia ser mais clara?

Não. Não dá para ser mais clara com a garota que quis destruir minha vida.

— Porque sente tanto ciúmes do Charlie? — Falei, do modo mais calma que pude. — Pensei que o Charlie estivesse certo sobre você estar feliz com seu namorado.

Estou até feliz demais. Um longo silêncio. Ele está morto. Infelizmente, eu não sou a assassina.

Mandei matá-lo, era o que ela queria dizer, mas não teve coragem.

Você é uma psicopata! Não resisti a falar. Como teve a audácia de mandar matar o próprio namorado?

Ela olha para as unhas, como se estivessem precisando ser lixadas e dá de ombros.

Não ligo para o que você diz. Fiz isso por amor ao Charlie, nós vamos ficar juntos, para sempre e ninguém, nem mesmo você, vai impedir.

A raiva me tomou o corpo. Como a sede de posse pode mudar tanto uma pessoa? Aquilo era obsessão!

Ele não te ama, Mary, ele deixou isso bem claro para você.

— Isso é mentira! — Seu tom de voz muda de ameaça para ódio. — Ele é louco por mim. Ele não ama a Sam, obrigou-a a ficar com ela, isso não é óbvio? Porque não tenta aceitar a realidade, será porque também ama o Charlie?

— Eu o amo, sim. Mas como o irmão mais novo que sempre quis ter e até isso está me tirando. O que você quer com minha família? O problema é comigo, não com eles.

Em poucos segundos, as mãos de Mary estavam envoltas em meu pescoço, sufocando-me. Tentei tira-las dele, mas era inútil.

— Cale sua boca, sua vadia. Eu salvei a vida de seus pais.

— Mary, pare com isso! — Lyra grita. Já tinha esquecido de sua presença ali.

Suas mãos se afrouxam e os olhos piscam como se ela estivesse acordando de um pesadelo.

Respirei com dificuldade. Eu poderia morrer naquela hora.

— Mary, olhe para você! Virou uma assassina. E tudo isso por conta de um ciúme besta, sem necessidade alguma. — Desabafei.

Lagrimas saem de seus olhos e ela recosta-se na parede, sentando no chão, com a palma das mãos cobrindo o rosto.

— O que eu estou fazendo, meu Deus? — Ela murmura, soluçando.

Lyra pareceu menos surpresa que eu. Caminhou até ela, ajoelhando-se na sua frente e ergueu seu rosto molhado, com o afeto de uma irmã.

— Ei, não chora. — Ela volta seu olhar para mim e murmura:Ela tem transtorno de bipolaridade, de vez em quando surta desse jeito, então não ache que está se entregando, daqui a pouco ela "volta".

Espero que não volte, por favor. Cruzei meus braços. Aquela garota era altamente anormal. O próximo evento explica isso.

Elizabeth levantou e avançou sobre o corpo adormecido de meu pai, falando algo como "acorde, seu imbecil" ou " sua filha está aqui".

Tive que puxá-la junto com Lyra para longe dele.

Tarde demais.

Seus olhos se abriram e empurrei Mary para longe dele. Segurei sua mão trêmula.

— Frio...— É só o que ele consegue falar.

Desdobrei um lençol grosso que estava em uma gaveta da escrivaninha e cobri-o. Todo seu corpo tremia.

— Pai, vai ficar tudo bem... — Meus olhos ficam marejados. — vai ficar tudo bem, tentei convercer a mim mesma.

Nada vai ficar bem.


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