(…)

Abri os olhos, bem devagar, o sol já batia contra as janelas. Olhei para o relógio, onze da manhã. Tentei-me mexer, mas tinha uma lapa nas costas que me prendia contra ele. Suspirei.

Afastei os braços dele bem devagar, ele moveu-se, pondo as mãos a cabeça.

- Ai! – Resmungou.

- Bem feita! Não abusasses… - Ele olhou para mim com os olhos arregalados. Levantou a coberta para ver se estava minimamente vestido. – Calma! As roupas estão na casa de banho…

- Aconteceu alguma coisa?

- Achas? Claro que não, vieste-me chatear a cabeça na discoteca, estavas podre de bêbado…

- Eu lembro-me… - suspirou

- Obrigado!? – Ele fitou-me furioso

- Dormimos juntos?

- Sim… Querias que dormisse onde? No chão? Realmente és mesmo mal-agradecido… - Comecei a levantar-me, ele segurou-me o braço.

- Eu disse-te alguma coisa? – Perguntou

- Ah sim… disseste! – Ri-me – Aquece-me…Tenho frio… Cheiras bem, a baunilha! – Gozei com ele. Soltou-me e passou a mão na cara.

- Deus!

- Doi-te a cabeça?

- Sim! – Fui até a gaveta e procurei os comprimidos da Mickie para a ressaca. Fui a casa de banho enchi o copo que costumo lá deixar com agua e levei-lhe.

- Toma! Vai fazer-te bem… - Ele sentou-se devagar e meteu o comprimido à boca, bebendo a agua de seguida.

Ouvimos batidas na porta, ele assustou-se e eu nem por isso.

- Holly! – Falou a minha tia do outro lado.

- Sim? – Respondi.

- Os vizinhos  disseram que te viram a entrar com um rapaz e que ele não ia nada bem! – Revirei os olhos, malditos cuscos.

- Ele está melhor?

- Sim tia!

- Ele ainda ai está?

- Sim…

- Usaram protecção, certo?

- Sim Tia… - Ri-me – Usamos…

- Então continuem… Protegidos! Cheguei agora, não façam muito barulho, quero dormir! – Falou e eu sorri.

Ele olhava espantado para mim, assustado melhor dizendo.

- Tens fome? – Perguntei sem muita paciencia.

- A tua tia é assim? – sussurrou.

- É… - Fui a casa de banho, trouxe as roupas dele, ainda um pouco molhadas. – Ainda não estão secas, mas se quiseres vestir, só para safar até ao teu carro tudo bem! – ele levantou-se meio mole.

- Não olhes!

- Por amor de deus… Até parece que não vi nada ontem a noite! – Falei virando costas.

- Estou fudido… - Respondeu e eu ri-me, pensando nas fotos… Pois estás! Acrescentei mentalmente.