06:09

A tela do meu celular dizia que faltavam 21 minutos para o início da aula. Meia hora era o tempo que costumava levar para fazer o que gostava de fazer. E o fazia sempre que podia.

Sempre que ganhava estímulo.

Cabine de deficientes físicos do banheiro feminino. Uma pequena mochila com os materiais necessários para a aula de hoje. Deitada no chão limpo e brilhante - mais uma das mil e uma regalias de estudar em um colégio de elite. Chão gelado, com um uniforme que mal protegia suas costas da friagem. Meu cabelo longo e escuro estava espalhado sobre a cerâmica do piso. Àquela, eu já não me preocupava em sujá-lo ou simplesmente esfregá-lo no chão. Minhas pernas, dobradas e abertas, como se fosse fazer um exame no ginecologista.

Mas estava sozinha.

Nove minutos a menos não eram problema pra mim.

Abri devagar a blazer bege, de apenas dois botões. E depois a camisa, de cinco botões. Quando senti a pele exposta, afaguei o ventre de leve. Sorri involuntariamente, com os olhos para o teto. Folguei minha gravata vermelha e senti a nítida friagem do ar no pescoço. Deslizei as mãos desde a barriga até a linha do quadril. Passei a mão para o lado do corpo e abri o zíper lateral da saia xadrez. Ao tocar o laço frontal de minha roupa íntima, a desci vagarosamente. Quando uma parte da feminilidade estava exposta, invadi-a com os dedos. Por baixo da calcinha, meus dedos mexiam por dentro da minha área íntima. Envolvi a parte carnosa com os dedos médio e indicador e apertei com não muita força. No nível que me deixava confortável e me aquece no interior. Comecei a tocar a pontinha. A sensibilidade sendo desperta me fazia subir o quadril, quase me levantando em ponte. Como um vulcão logo abaixo do ponto de prazer, um líquido deliciosamente quente começava a escorrer. Afaguei-o, estimulando a escorrer um pouco mais. Quando quase sentia um fósforo aceso enfiado dentro de mim, passei o dedo pela "lava" e o espalhei por toda a área.

Magmática. Melada.

Mordo os lábios e deixo um baixo gemido escapar. Todos os movimentos que fiz foram pensados em segundo plano. Em minha mente, todos os meus pensamentos pairavam por ela.

Sua gentileza, simpatia, quando fala comigo. Seus olhos cor de mel olhando diretamente nos meus. Seu aperto de mão firme, mesmo com mão tão macias. Aquele rosto que parecia esculpido por na era Clássica da Escultura Grega. Talvez por Lísipo ou Carés de Lindos, quem sabe.

Eu costumava olhá-la de longe discretamente, até de fato um dia falar com ela. Quando fui chamada para do conselho estudantil, ela entrou para o mesmo logo depois. Então, eu tinha sempre algum motivo para conversar com ela. Extra-curriculares, um projeto de ciências, um teste aqui ou ali, qualquer coisa. Somos agora amigas. Mas sinto algo especial por ela. Do jeito que ela sorri pra mim, e sempre se senta ao meu lado. Eu tenho a leve impressão de que ela sinta algo por mim também. Não sei até onde vai, mas acho que ela sente.

Como gosto dela... Penso em seu corpo pressionando o meu contra o chão. Esvaziei os pulmões imaginando sua respiração quente na pele do meu rosto. Os dedos dela em mim... E se eu não fizesse todo esse trabalho com os dedos sozinha? Desejo os toques dela em mim. Quero que ela me aperte pressione com mais força, se desejar.

Faço meu dedo invadir a pequena entrada molhada sem ir mais fundo. Gosto da fina pele, da parede que me mantém selada.

Vozes agudas rasgam o silêncio, juntamente com a porta do banheiro sendo indiscretamente aberta. Passos de sapatilhas me indicam que um pequeno grupo de garotas acabou de entrar no banheiro. Olho de relance para a tela do celular e descubro que já são 06:27. Com um rápido cálculo mental, me irrito ao perceber que só tive 18 minutos de lazer. Me irrito comigo por não ter tido tempo o suficiente e me irrito com as garotas que entraram no banheiro. Melhor eu sair de onde estou.

Pego um pedaço de papel higiênico do meu lado - o havia deixado ao alcance para não precisar me esticar quando terminasse o "serviço". Limpei meus dedos e em seguida, minha área íntima, que estava pra lá de melada. Limpei minha calcinha molhada e a subi. Levantei-me e fechei minha saia, apertando minhas pernas novamente dentro dela. Fechei minha camisa, botão por botão, e a blazer logo depois. Desfiz o nó da gravata folgada para amarrá-la de novo. Peguei minha mochila e destranquei a porta da cabine de deficientes físicos.

As estudantes olharam pra mim por menos de um segundo e lavaram suas mãos. Faziam o 2º ano, uma série abaixo da minha. Já estavam de saída. Fiquei aliviada quando elas passaram pela porta do banheiro me deixando sozinha. Talvez eu ainda estivesse meio tensa. Respirei fundo.

Me observei no espelho. Eu parecia alguém que havia acabado de sair de um ritual sexual individual interrompido? Chequei se minhas roupas pareciam amassadas. Decidi que estava apresentável. Passei a mão pelo cabelo comprido e preto, que descia até o meu quadril. Fitei meus olhos. Grandes e escuros. Eu pareço séria? Pareço simpática? Difícil distinguir o que minha expressão diz de mim.

Preciso ir.

Segurar os pensamentos lascivos e tentar não ficar molhada em sala de aula.