Scarlet Blood I - One Last Heartbeat escrita por Léo Prime


Capítulo 15
Capítulo 14




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/374995/chapter/15

  Matt sentou-se no banco e olhou para a namorada.

 - Venha, Annie - chamou ele -, sente-se. Há muitas coisas que eu preciso te contar. Vamos começar tudo de novo, certo? ... Meu nome é Matthew Spencer, sou um vampiro, tenho 125 anos e fui transformado aos 17.

 "Eu vinha de uma boa família. Era o ano de 1906. Estava uma bela tarde naquele dia. Sai para dar uma volta. Caminhava tranquilamente por um bosque e um homem apareceu. Ele puxou um papo estranho, não entendi nada. Poucos segundos depois, ele estava mordendo meu pescoço e eu me senti fraco, como se minha vida estivesse se evanescendo. Tudo ficou escuro."

 "Acordei numa grande  cama. Quando abri os olhos, me deparei com aquele mesmo homem me olhando. Gritei. Tentei sair dali, mas ele me impediu. Era mais forte que eu. Finalmente, me acalmei. O homem contou o que havia acontecido. Disse que tinha me transformado em um vampiro. A principio, não acreditei, afinal, como podia aquilo ser verdade? Mas, naquela mesma noite, quando ele me trouxe uma mulher indefesa e mandou que eu a mordesse... Ah, Deus. Eu a mordi e drenei todo o sangue dela. Nunca tinha me sentido tão saciado em toda a minha vida."

 "Nos meses que se seguiram... ou melhor, nos anos que se seguiram, fiz muitas vítimas. Eu simplesmente não conseguia abandonar o sangue. O homem que me transformou, Heinrik, era o líder dos vampiros. Com o tempo, ele passou a confiar em mim e me deu uma benção. Coisa de vampiro antigo. Ele me deu uma bebida dos nossos ancestrais. Aquilo permitiria que eu andasse à luz do Sol. Como você sabe, vampiros não podem andar debaixo do Sol."

 "Foi numa tarde quando encontrei um garoto sozinho na rua. Ele estava muito triste e quando o vi, eu pensei que poderia acabar com o sofrimento dele. Mordi ele. O garoto morreu, mas Heinrik o transformou em vampiro. É um ritual simples. Basta que se drene o sangue do indivíduo e depois é só lhe dar sangue de um vampiro. Isso traz a pessoa de volta à 'vida'. Esse garoto era Mason. Ele nunca me perdoou pelo que eu fiz. Isso aconteceu em 1923."

 "Depois de ter transformado Mason, fiquei muito decepcionado. Uma onda de remorso pousou sobre mim. Quantas pessoas eu já tinha matado para me alimentar? Nem podia me lembrar das centenas de homens, mulheres e crianças que morreram por meu egoísmo. Além do mais, Mason fora a primeira pessoa que eu matei e foi transformada em vampiro. Não escolhi transformá-lo, para mim, ele era apenas mais uma vítima. Foi Heinrik que interveio e, de alguma forma, viu potencial nele. Decidiu que ele daria um bom vampiro. De fato, Heinrik estava certo."

 "A princípio, Mason não aceitava sua condição e ele quase morreu desidratado. Finalmente, quando ele aceitou o seu verdadeiro eu, se transformou numa máquina de matar. Ver aquilo me embrulhava o estômago. Me fazia lembrar de todos aqueles que já tinha matado. E me fez sentir culpado porque, de certa forma, foi minha culpa Mason ter se tornado um vampiro. Daquele dia em diante, decidi, nunca mais beberia sangue humano. Ou, pelo menos, jamais mataria novamente. Mason fora minha última vítima."

 "Foi difícil a princípio. Depois de tantos anos me alimentando de sangue humano e, do nada, começar a beber sangue animal. O gosto era diferente e aquilo não me saciava o bastante. Sofri diversas recaídas, mas, no último instante, conseguia me controlar e fugia, deixando as vítimas que quase matei. Foram muitas. Diversas vidas salvas. Se passou mais algum tempo e eu comecei a roubar bolsas de sangue de hospitais e ambulatórios. Era muito melhor do que se alimentar de sangue animal, até porque, de certa forma, eu também estava tirando a vida de pequenos e indefesos animais. Não me sentia bem com aquilo. Eu sei que talvez muitas pessoas precisassem de todo aquele sangue que roubei, mas muita gente doa sangue. Sempre existia mais do que o que eu roubava. Não é, definitivamente, o mesmo que beber direto da veia, mas saciava muito mais do que sangue animal. Fato."

 "Desde então, me manti forte. Às vezes, ainda é difícil, sabe? Querendo ou não, sangue é o que me alimenta e, pelo menos outra vez na vida, eu daria tudo para beber direto da veia, mas é quando me lembro que, para isso, seria necessário matar alguém. E matar um, significaria matar dois, dez... Eu voltaria a matar qualquer um se estivesse com fome, seria uma recaída muito grande, considerando o tempo que não bebo sangue humano."

 "Sabe, Annie, eu fiz muitas coisas nessa vida. Coisas das quais não me orgulho. Matei. Destrui vidas, famílias, lares inteiros... E é uma luta me manter limpo dia após dia. É sempre uma batalha que tenho de vencer. E eu tenho conseguido. Me orgulho disso. Minha força de vontade provou ser maior que minha necessidade."

 "Agora, acredito eu, você deve estar sentindo repulsa de ficar perto de mim e, se você quiser se afastar, Annie, entenderei. E, no mais, te darei toda a razão. É mais seguro para você se manter longe de mim. É mais seguro para todos. Mas, caso você vá, apenas saiba que esses últimos meses foram os mais maravilhosos de toda a minha vida. Nunca conheci alguém como você ou seus amigos, pessoas que me acolheram tão bem, mesmo quando eu era um total estranho. E que estranho! Saiba que você é maravilhosa, Annie, e eu te amo!".


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Scarlet Blood I - One Last Heartbeat" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.