In Case escrita por Nicole Horan


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)
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“Eu vou voltar.” Ele sussurrou em meu ouvido enquanto cada parte do meu corpo gelava. Eu deveria mesmo confiar naquela chance? Talvez eu fosse forte o suficiente para deixá-lo ir, mas fraca o suficiente para precisar que ele ficasse. Talvez eu devesse apenas fechar meus olhos e deixá-lo ir, e quando os abrisse, talvez todo aquele pesadelo iria acabar.

Ele passou seus braços em volta da minha cintura, e encostou seu corpo no meu. Tudo acontecendo tão rápido... Quisera eu que aquele momento durasse para sempre. Tinha a certeza de que iria sentir falta daquilo. E quando eu mais precisasse, ele não iria estar lá. Só apenas no meu pensamento.

“Agora eu tenho que ir”, ele disse. Cada parte de mim dizia para que ele ficasse. Para não deixar que ele fosse embora tão rápido. Mas eu sabia que eledeviair, e que quando ele voltasse poderíamos ficar juntos.

 E então ele pegou a mala do chão, e me deu um beijo na testa como despedida. Sua mãe já o esperava na porta de embarque. E fiquei ali parada. Observando ele caminhar pelo corredor, e então finalmente o perdi de vista. Quase corri para ver o avião decolar. E em meus pensamentos uma frase surgiu “Leve ele em segurança, Deus. Vai com ele nesta viagem, e não o abandone em minuto qualquer.” Logo o avião finalmente decolou, e deixei uma lágrima rolar pelo meu rosto. Tentei conter minha emoção, mas não consegui.

Enquanto andava de volta para casa, lembrei de todos os momentos que passamos juntos. Desde o dia em que nos conhecemos até o dia de hoje. Ah, e lembro como se fosse ontem.

Foi em uma manhã de domingo, o céu estava tão nublado que parecia que estava de noite, e o vento ficava cada vez mais forte. Lembro que estava correndo quando vi que um menino andava devagar, com as mãos no bolso, parecendo não se importar com a chuva que se anunciava ou com qualquer outra coisa que acontecesse. Desacelerei meus passos, até que ficasse mais ou menos ao lado dele. Sem querer, acabei o assustando quando peguei em seu ombro. Perguntei se ele estava bem e ainda em choque, ele respondeu que sim. Disse que só estava indo pra casa.

E de repente senti uma vontade de acompanhá-lo. Fui andando um pouco atrás dele, que virava em cinco e cindo segundos para ver se eu ainda continuava a segui-lo. Ele poderia ser um ladrão, ou outro tipo de pessoa má, mas eu não pensei em nada na hora.

Percebi que o menino foi diminuindo ainda mais os passos. E no final, ele se sentou no banco da praça esperando o ônibus passar. A chuva já havia começado a cair na metade do caminho, e agora estava muito mais forte. E quando decidi voltar para casa, já era tarde demais. Se eu estava na chuva, era pra me molhar. Resolvi ficar. E enquanto a chuva ficava cada vez mais forte, continuávamos sentados um ao lado do outro, sem pronunciar nenhuma palavra. E quanto mais passava o tempo, mais a chuva ficava forte. Eu já não me importava com o cabelo molhado em meu rosto, e tampouco com minhas roupas. Muito menos ele.

 E nem sinal do ônibus. E se ele chegasse... O que eu iria fazer? Iria pegar o mesmo ônibus que ele? Ir para um lugar talvez desconhecido? O que eu iria fazer? E a pergunta que me martela a cabeça até hoje.Por que eu fiquei?

Destino? Talvez.

Depois de meia hora, a chuva já não estava tão forte. Resolvi ir pra casa, pois sabia que meus pais estariam preocupados. Levantei-me, a roupa toda encharcada, e quando anunciava dar o primeiro passo, ele segurou meu pulso. O olhei nos olhos e ele parecia gritar por dentro. Procurava uma resposta, mas não a encontrava. Simplesmente saí correndo.

Uma semana depois, encontrei o mesmo garoto na rua do colégio. Eu o olhei, mas logo desviei. Eu mal o conhecia. Ou conhecia? Ele estava com o uniforme do colégio! Mas... Como eu nunca tinha o visto por lá?

Ele era da outra turma, com certeza. Agora sim o reconheci.

Na manhã seguinte, o encontrei sozinho na hora do intervalo, sentado em uma mesa com papéis espalhados, lápis e borracha ao lado. Pedi licença para fazer companhia e o mesmo aceitou. Perguntei o que ele estava fazendo, e me respondeu que escrevia poesias. Fiquei encantada e pedir para ler, mas ele disse que ainda não estava pronta. Logo o sinal tocou e interrompeu nossa conversa. Mas depois que comecei a conversar com ele, o nosso convívio foi ficando cada vez maior.

E passado muitos trabalhos, muitas conversas, e todo esse convívio, ele se tornou meu melhor amigo. Saímos juntos, e todo mundo dizia que nós éramos namorados. Era até engraçado... Em uma dessas saídas, foi que as coisas começaram a mudar. Ele começou a passar muito mal. Se sentiu tonto, e acabou desmaiando. Eu não sabia o que fazer na hora, gritei pedindo ajuda e um senhor me ajudou. O levou para o hospital e eu liguei para os pais dele.

E depois de um tempo, ninguém me dizia o que ele tinha. Parecia ser grave, pois parecia que ele não saía do hospital. Meus pais até tentaram me distrair, mas nada me tirava da cabeça que eu precisava ajudar esse menino de alguma forma.

Depois de alguns dias, eis que ele me manda uma mensagem pedindo para que eu fosse a sua casa. E lá fui eu, ansiosa, com medo, mas tentando parecer o mais calma possível. O que será que ele queria me dizer? Tinha tantas perguntas... Chegando lá, ficamos do lado de fora onde havia um balanço. Ele olhou diretamente em meus olhos e me contou o que ele tinha. Senti meu corpo gelar, meus pensamentos estavam todos misturados na minha cabeça, eu mal conseguia pensar direito. Eu sabia que ele precisava que eu fosse forte, pra ele poder ser forte também. Eu sabia que ele precisava de mim o tanto que eu precisava dele. Eu tive que aceitar que o garoto que eu amo, tinha leucemia.  

Cheguei a ir várias vezes em sua casa para ajudar com a matéria da escola, com certos problemas, e principalmente quando ele estava triste. Ele me disse que queria fazer muitas coisas antes de “ir embora”. E me lembro dele ter dito que queria sair pra passear, apenas andar, sem direção.  

E enquanto íamos andando, pudemos sentir as gotas de chuva sob nosso rosto. Era a chuva forte que já se anunciava. Deixamos que as gotas caíssem e não nos importamos. Andamos tanto que acabamos chegando perto do ponto de ônibus onde nos conhecemos. Sentamos naquele mesmo banco, deixando a chuva cair. Ele me olhou e disse:

-Como na primeira vez.  

E parece que a cada dois minutos a chuva ia ficando cada vez mais forte.  E no meio daquela “confusão”, ele me olhava de um jeito diferente, como nunca tinha me olhado antes. Pelo menos não que eu tenha reparado.  Ele colocou sua mão na minha nuca e se aproximou. E então, ele me beijou.

Foi aí que os sentimentos começaram a ficar mais intensos. Nas horas vagas da escola, ele ficava escrevendo poesias, mas nunca me deixava ler. Eu sempre ali, o fazendo companhia. Enquanto o menino enfrentava quimioterapias, e enquanto eu assistia seu cabelo cair, tentava ser forte. Acreditava em uma cura. Eu só não poderia ajudá-lo, o que me causava total desconforto.

Em uma dessas semanas difíceis, recebemos uma notícia que mudaria nossas vidas. Conseguiram um doador de São Paulo para ele.  Portanto, ele teria que ir para lá fazer a cirurgia e o tratamento, e ter todos os cuidados necessários, claro. E é aí que paramos.

Nesta semana, recebi a notícia. Um telefonema da mãe dele. Ela estava com a voz rouca, não aparentava ser boa notícia. Dito e feito.

 No dia da despedida no aeroporto nunca pensei que seria a última vez que sentiria seu abraço, e ouviria sua voz. O garoto que escrevia poesias, o que tinha uma mala cheia de sonhos e objetivos, o garoto do ônibus, omeu garoto, foi e nunca mais voltou. Voltei para casa desolada.

Por acaso, encontrei em uma de minhas gavetas um envelope amarelo. Não sei como e nem quando ele foi parar lá. E quando o abri, era uma das poesias que ele tinha escrito para mim, aquela que ele insistia em não me mostrar. E dizia:

Será que foi destino?

Será que foi um sonho? Porque se foi, foi o melhor de todos.

Saiba que dentre todos os motivos que tive pra desistir,

Você me fez lutar. Foi por você que eu acreditei.

E não desista dos seus sonhos. Lute por eles.

Talvez eu esteja longe fisicamente,

Mas basta pensar mim para que fiquemos juntos novamente.

Amo você. Muito mesmo.

Aproveite o tempo que você tem com seus amigos e familiares. Você nunca sabe o dia de amanhã. O presente é uma dádiva, não desperdice seu tempo com besteiras, viva intensamente, e saiba viver! E faça de um simples momento, uma lembrança boa.


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Notas finais do capítulo

Enfim... Eu acho que poderia ter feito melhor. Mas até que pra primeira one-shot até que ficou bom... Enfim, obrigada por ter lido, espero que entenda a mensagem que eu quis passar.
Beijos e até a próxima!! *u*