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I

Ok, eu* estou de detenção. Mas é por injusta causa, ok? Sim, eu acho que isso foi um exagero. Só porque eu não fiz UMA atividade importante de ciências. Tudo bem, não foi só uma, tinha umas... Cinco e eu “sem querer” chamei o professor de burro. Qual é, isso sempre acontece! Em que mundo falar mal do professor é pecado? Isso foi uma tempestade num copo de água.

O maior problema nem era esse. O ruim era que eu tinha que ficar presa durante duas horas em uma sala olhando para a velha Sra.Bones e ainda ter que aguentar o idiota do Freddie.

Freddie era o maior badboy da escola. Não houve um dia em que ele não ficasse de detenção. Sem contar com esse fato, ele ainda era irritante, chato, arrogante e pensava que podia fazer o que quisesse quando quisesse. O pior de tudo isso? Fred era extremamente lindo. Seus cabelos bagunçados combinavam perfeitamente com os olhos azuis elétricos dele que eram realçados pela jaqueta preta. Freddie era irresistível. E isso me irritava desde que o conheci quando éramos crianças.

Depois de uns 30min a Sra. Bones, que estava de muito mau-humor, se levantou da cadeira e olhou feio para mim e o badboy.

—Tenho que resolver uma coisa importante com o diretor da escola – Ela falou estreitando os olhos – Se algum de vocês tentarem fugir... As consequências não serão nada agradáveis.

Ao falar isso, saiu da sala e bateu a porta muito forte (até achei que tinha quebrado a tadinha).

Logo depois que ela saiu, Freddie deu um assobio e começou a procurar alguma coisa dentro de sua bolsa. Quando a encontrou deu um sorriso enorme e foi na direção da janela da sala (que sempre vivia trancada, sim, eu também nunca entendi o porquê disso). Ele estava mesmo fazendo o que eu achava que estava? Ele por acaso é maluco ou algo assim?

—O que você pensa que esta fazendo? – Perguntei.

Ele me olhou com um sorriso que deixava claro suas intenções: Nada de bom.

—Tentando nos tirar daqui, não é obvio? – Respondeu Freddie.

—Você é surdo ou tem problemas mentais mesmo? – Perguntei levantando-me de minha cadeira e indo para a janela.

Ele deu de ombros e voltou-se para o trabalho de abrir a janela.

—Olha, eu sei muito bem que nem eu nem você queremos ficar aqui – Ele falou – Então... Qual o problema de fugirmos?

—Fugir? Eu não sou medrosa mas, qual parte de “consequências nada agradáveis” você não entendeu? Estar na detenção já é muito ruim para...

Agora era tarde para reclamar. Ele tinha acabado de abrir a janela e sorriu novamente para mim.

—Então, a princesinha da detenção vai me acompanhar, ou não? – Ele falou pegando sua mochila.

Bem, eu não tinha muita escolha. Não queria fugir da detenção e arranjar mais problemas com meus pais do que já tinha, mas também não iria ficar naquele lugar idiota olhando para uma velha com rosto de bode velho.

—Vou com você. Mas como vamos sair da escola sem ser vistos, gênio?

—Minha moto esta estacionada por aqui – Fred respondeu e, logo depois, ouvimos alguns passos – Sra. Bones! Vamos logo!

Peguei minha mochila e ele me puxou pelo braço. Saímos pela janela e Freddie me levou até sua moto. Ele subiu primeiro e depois eu.

II

Depois que subimos na moto pedi ao Freddie que me deixasse em casa. Eu não queria preocupar muito meus pais. Ele respondeu algo que me pareceu um ok. Todavia, depois de alguns metros percebi que ele não estava me levando para casa.

—Ei, para onde esta me levando? – Perguntei.

—Espere um pouco – Respondera ele.

Depois de uns vinte minutos, reconheci para onde estávamos indo. Realmente, nunca achei que o Freddie um dia me levaria à praia.

Quando chegamos, desci da moto com uma expressão não muito amigável. Tirei o capacete e olhei Freddie com raiva.

—O que aconteceu? – Perguntou.

—Esse lugar te parece uma casa? – Perguntei.

—Não – Ele olhou ao redor – Esse lugar parece um cenário de filme água com açúcar.— Ele arqueou as sobrancelhas – O que parece para você? Sabe, não parece nada com uma casa. - Continuou irônico.

Olhei para praia. Seu nome era Praia Bela, antes eu saberia dizer o motivo, porém, já fazia muito tempo que eu não ia alí. Ela tinha águas nem muito claras nem muito escuras. Não tinha muitas pedras ou construções ao seu redor a não ser uma ponte de madeira velha, que na minha opinião é o que deixa a praia mais bonita.

Suspirei.

—Me leve para casa, Freddison – Pedi.

Ele me olhou de um jeito desafiador. Freddie odiava quando erravam seu nome. Ele sorriu, ajeitou sua mochila nas costas e me respondeu:

—Não – E andou para a ponte**.

—O que? – Caminhei atrás dele na ponte – Qual seu problema? Eu não quero ficar aqui nessa praia chata com você!

—Bem, o que eu posso fazer por você... – Ele virou para trás me olhou dos pés a cabeça – Hmm... Nada. Desculpe não posso fazer nada por você– Dizendo isso, virou-se novamente e recomeçou a andar pela ponte.

Ele estava querendo me irritar de verdade naquele dia não é mesmo?

—Como assim não pode fazer nada? Você me trouxe até aqui, pode muito bem me levar para casa!

—Na verdade não posso não. A Srta.Lavine quis vir comigo por livre e espontânea vontade e agora vai ter que completar o tour comigo.

—Esta brincando, não é? Tenho que ir para casa! Meus pais vão me matar se souberem que eu fugi da detenção.

Chegamos ao fim da ponte e ele ficou olhando para a água do mar.

—O máximo que seus pais vão fazer é te colocar de castigo. Para de neura e aproveita a vida, ok?

—E se eu não quiser aproveitar a vida nesse instante? – Perguntei com raiva.

Freddie com certeza estava conseguindo me deixar com raiva. Com muita raiva.

—Bem, o problema é todo se...

Antes que ele terminasse a frase eu o empurrei na água. Comecei a rir dele. Quando o garoto voltou a superfície eu falei:

—Agora sim! Estou aproveitando a vida e vou te falar uma coisa, é sensacional!

—Que droga! – Ele falou bravo – Acabou de molhar meu novo IPhone!

—Uau, me falando isso você só me deixa mais feliz.

—Te deixa feliz é? – Ele falou e nadou ate perto de mim – Sabe o que me deixa feliz? Você me ajudando a sair daqui.

Ele não achou mesmo que ia cair naquela não é?

—Não vou cair nessa! - Respondi

—Ok, já devia saber disso.. Pode pegar minha mochila? – Ele tirou a mochila das costas e estendeu a para que eu a pegasse.

Abaixei-me devagar. Quando segurei a mochila ele me puxou para dentro da água. Não. Acredito. Que. Caí. Nessa.

Quando voltei à superfície ele estava na minha frente sorrindo para mim.

—Isso me deixou muito feliz – Ele falou se aproximando de mim.

—Vou dar um soco em você!

—Como está agressiva! – Ele chegou muito perto de mim e seus braços envolveram minha cintura – Sabe o que me deixaria mais feliz que isso?

—O que esta fazendo, Freds?

Ele não falou nada. Tentei me soltar de seus braços, mas não consegui, ele não deixou. Freddie tirou uma de suas mãos de minha cintura e a levou ao meu rosto tirando alguns fios de cabelo e colocando atrás da orelha. Depois disso ele fez algo inesperado. Freddie me beijou.

Depois do beijo eu não sabia o que estava sentindo. Minha cabeça estava confusa e eu só tinha certeza de duas coisas: Um, eu amei aquele beijo. Dois, eu queria muito que Freddie fizesse aquilo de novo.

—Por que fez isso? – Perguntei com o rosto ainda próximo do dele.

—Por que... Por... – Freddie me parecia um pouco nervoso naquela hora – Pelo mesmo motivo que as pessoas beijam as outras.

Olhando para os olhos dele soube que era mentira.

—Por quê?

—Por que... Acho que estou... Apaixonado por você, minha garota azul. E dizendo isso, ele sorriu e me beijou novamente.