Tudo que Vai Volta Ii escrita por kaka_cristin


Capítulo 6
Capítulo 6




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Ainda não estava acreditando no que tinha acabado de ouvir. Seria mesmo aquele nome ou uma alucinação, ou será que eu ainda estava sonhando? Não, aquilo não era um sonho. Minha mãe continuava de pé na minha frente com uma expressão séria. Não era nenhum tipo de brincadeira. Ela estava esperando que eu reagisse. Eu não sabia o que fazer, a primeira coisa que me passou pela cabeça foi pedir pra ela inventar uma desculpa, mas aquilo não seria certo. Eu não podia ficar fugindo dele, de qualquer forma na festa da revista nos encontraríamos. Seria melhor vê-lo naquela hora e evitar esse baque no dia da festa.

 

- O que eu faço? – Perguntei nervosa.

 

- Agora não dá pra se esconder. Eu disse que você estava em casa.

 

- Ai meu Deus. – Coloquei a mão sobre meu peito sentindo meu coração bater cada vez mais forte.

 

Corri pro banheiro e ajeitei meu cabelo despenteado depois de acordar e passei uma leve maquiagem no rosto tentando esconder minhas olheiras. Respirei fundo e depois me dirigi ao alto da escada. Desci os degraus devagar, imaginava o que iria avistar ao descer. Como ele estaria agora, sua aparência, seu jeito, se continuava o mesmo. O que ele fazia ali? Essa pergunta não se calava. Conforme eu descia os degraus, uma parte de seu corpo ia se revelando. Ele estava de pé no meio da sala. Usava uma calça jeans da cor preta meio surrada, tênis all-star (não sei por que ele gostava tanto desses tênis. Eu odiava), a camiseta preta com algo escrito que não reparei e então seu rosto. Meu olhos encontraram-se com os dele. Um pouco mais de um ano e ele continuava a mesma coisa, ao contrario de mim que estava incrivelmente horrorosa. Quando desci o último degrau, permaneci imóvel olhando para ele com uma expressão séria. Ele parecia sem graça e tinha as bochechas levemente coradas. Ele foi o primeiro a se pronunciar, se dependesse de mim continuaríamos naquele jogo de silêncio por horas.

 

- Olá. – Pronunciou um pouco sem jeito.

                                                   

- Olá. – Respondi com o mesmo cumprimento.

 

- Tudo bem?

 

- É. Tudo ótimo. – Respondi tentando ser o mais firme possível. Não podia deixar transparecer o quanto eu estava abalada nos últimos meses. Ele pelo contrário de mim, estava ainda mais lindo, com a pele sedosa e o cabelo cheio de brilho. Estava muito bem mesmo. – E você? – Não queria ficar muda.

 

-Estou bem. Já deve saber que tenho uma banda não é? É algo que tem me deixado orgulhoso.

 

- Hum... – Não tinha o que dizer, na verdade não sabia o que falar e fiz um barulho com a boca que o deixou sem graça. Antes que ele falasse qualquer coisa, eu tomei a frente a perguntar o que perguntava a mim mesma enquanto me dirigia à sala: - O que faz aqui? – Tentei parecer o menos grosseira possível, mas acho que não obtive muito sucesso.

 

- Não precisa ficar nervosa, só vim fazer o que havia prometido. Lembra quando disse que um dia viria te visitar e tomaríamos café juntos?

 

- É, demorou pra isso acontecer. – Eu coloquei meu cabelo pra trás das orelhas, então me lembrei que eu não ficava muito bem daquela maneira então rapidamente tratei de tirá-los e deixá-los solto.

 

- Desculpa, eu estive muito atarefado.

 

- Deve ter estado. – Eu disse cinicamente. Com certeza estaria ocupado com aquela garota da cafeteria, ou até mesmo com outra. Ele era bonito, com certeza não estaria solteiro. Rapidamente meus olhos passaram por suas mãos. Não havia nenhum anel.

 

- Como vai a empresa? Fiquei sabendo sobre a morte do Sr. Banks e sobre sua efetivação.

 

- É. Vai bem dentro do possível. – Estava sendo o mais breve possível. Ao mesmo tempo em que eu o desejava ali eu queria que ele fosse embora o mais rápido possível. Eu estava desesperada sem saber o que falar com ele, como agir, o que dizer, o que contar... Fazia tanto tempo que não nos víamos.

 

- E então, não vai me oferecer uma xícara de café? – Ele sorriu amigável.

 

Nos dirigimos até a cozinha e eu preparei café para nós dois. Minha mãe ainda não havia preparado. Despejei o liquido quente em duas xícaras e me juntei a ele à mesa. Estendi a ele a xícara com o café que ele segurou seguido de um gole.

 

- Está ótimo. – Ele me lançou um sorriso tentando ser simpático.

 

- Então, o que te trouxe aqui?

 

- Vim ver como você está. Parece um pouco abatida. – Ele me pareceu um pouco preocupado comigo, mas não sei se era isso ou ele estava se referindo a minha terrível aparência que eu adquiri nos últimos meses.

 

- Estive gripada nos últimos dias. – Inventei.

 

- Você gosta mesmo de estar sempre mudando. Da ultima vez que eu te vi estava com os cabelos curtos agora está com eles longos e castanhos. – Na verdade aquela era a cor natural dos meus cabelos, eu tive que parar de pintar por causa da gravidez. - Mas continua linda. – Ele continuou.

 

Olhei constrangida pra ele e virei o rosto passando a mão na nuca.

 

- Bom, você também está ótimo. – Respondi com sinceridade. Ele realmente estava com vida em seu rosto, estava ainda mais lindo, se é que isso era possível.

 

- Obrigado. – Ele respondeu com um enorme sorriso tentando fazer graça.

 

Ontem depois da conversa com a minha mãe, fiquei pensando sobre o que conversamos e tudo pareceu tão fácil na minha cabeça, mas agora com o Gerard bem na minha frente como eu contaria aquilo? Como eu diria “Gerard, eu tive uma filha sua”? Penso até que talvez ele ache que estou inventando só pra ele voltar pra mim ou ganhar dinheiro dele agora que ele tem uma banda. Por que não consigo me sentir como me sentia antes ao lado dele? Antes era tão mais fácil, me sentia tão a vontade e agora eu tenho medo de falar as coisas pra ele, vergonha, sei lá. Mesmo assim eu preciso ser forte e falar. Eu não tenho outra escolha. Essa pode ser a ultima oportunidade dele saber que tem uma filha. Talvez isso seja até melhor, assim eu evitaria ter essa conversa com ele.

 

- Foi bom você ter vindo, Gerard. – Acabei dizendo por impulso depois de brigar com a minha mente.

 

- Sério? – Ele me olha surpreso. – Estava com tantas saudades assim? – Ele me pergunta sério. Não tive respostas e abaixei a cabeça encolhendo os ombros sem graça. Então ele ri sem graça. – Não quis dizer na má intenção foi só uma...

 

- Tudo bem. – Eu o interrompi já que ele começava a se complicar enquanto falava. – Quando eu disse que foi bom você ter aparecido é por que eu precisava te contar uma coisa... Séria.

 

- “Coisa séria”? – Ele repetiu curioso parando com a brincadeira.

 

- Bom, eu sei que já faz tempo que não nos... – Tentei amenizar as coisas –... Que não estamos juntos, mas... É que aconteceu uma coisa nesse meio tempo. – Eu explicava devagar enquanto ele me encarava atento. - O que eu estou tentando te dizer é que... Gerard, você é...

 

O maldito celular dele tocou naquele momento cortando totalmente o clima. Ele me olhou esperando o restante da frase, mas eu tinha perdido totalmente a linhagem do que estava dizendo. Olhei para o bolso dele onde estava o celular e ele compreendendo o que eu queria dizer com o olhar, atendeu o telefonema.

 

- Alô, sim. – A expressão dele mudou. Parecia ter recebido uma notícia ruim. - Hum... Então estou indo praí. Ta. Tchau. – Então ele desligou o celular e me olhou um tanto sem graça. – Eu preciso ir... – Eu concordei e ele continuou: - Mas podemos continuar essa conversa no dia da festa, o que você acha?

 

- Não sei se será o melhor lugar para te contar isso.

 

- Se quiser eu posso ficar agora e depois eu vou embora.

 

- Não. Eu estou vendo como está nervoso. Deve ter sido algo sério. Pode ir. Conversamos no sábado.

 

- No sábado então. – Ele disse como se houvesse um acordo entre nós. Nos levantamos e fomos para a sala, eu abri a porta de entrada para ele sair. Ele se virou na tentativa de nos despedirmos e ficamos frente a frente, tão próximos que pensei que íamos trocar aqueles beijos que eu tanto sentia falta, mas nada disso aconteceu, olhei para baixo e ele estendia a mão pra mim, então eu a apertei.

 

- Tchau. – Falou ele sério e se virou partindo.

 

Assim que fechei a porta, deixei a vontade de chorar tomar conta de mim. Foi uma despedida fria e ele não havia me dado qualquer tipo de esperança sobre nós dois. Era mesmo o fim. O que eu esperava também? Um buquê de rosas? Palavras românticas e beijos? Com certeza não tinha sido pra isso que ele veio. Talvez ele tenha vindo aqui só por causa da capa da revista pra não ficar uma coisa chata na festa. Apenas isso, nada a ver com o que tivemos no passado.


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