Tudo que Vai Volta Ii escrita por kaka_cristin


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Gentiiii tudo bem com vcs??? Dez anos depois, stoy aqui!!!
Me desculpem por esse cap estar uma merda, mas vou tentar melhorar. Tentem me entender, está um calor desgraçado, minha cuca está fervendo!!!
Eu ia postar ontem, mas aí teve o tal do blackout e me ferrei!!! Eu nem acredito que consegui dormir sem ventilador Huhauahuahuha
bjuuss meninasss!!! :)



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E lá estava eu submersa na banheira. Era tudo tão silencioso e calmo lá dentro. Eu precisava de um pouco daquilo pra me esquecer de todos os problemas que me rondavam. Eu estava com um pedaço da coxa roxa por causa do impacto com o chão no hall do prédio que eu trabalho. Meu trabalho... Eu tinha tanta coisa pra fazer. Eu não devia ter ido embora daquele jeito. E se a Claudia não der conta de tudo? Eu devia ter ido a cafeteria como tinha planejado, e enfrentado o tal do Wallace, o atendente. Como eu iria comprar um copo de capuchinno amanhã? E os funcionários da empresa? O que era todo aquele burburinho quando liguei pra Claudia? Estariam falando de mim? Eu sabia que o Gerard aparecer lá na empresa não era uma boa idéia. Se eu soubesse que isso aconteceria eu tentaria impedi-lo. Ai, que droga! Preciso buscar ar.

- Natasha! – Ouvi minha mãe gritar enquanto mexia na maçaneta da porta.

- Mãe? – Eu sabia que era ela, mas eu estava assustada. Será que estava acontecendo alguma coisa? Minha voz saiu afobada por causa da minha falta de ar ao prender a respiração debaixo da água por muito tempo. Saí da banheira molhando todo o chão, e enrolei uma toalha no corpo para abrir a porta. – Aconteceu alguma coisa? – Perguntei preocupada olhando por trás dela, mas não havia ninguém ali, estava tudo num perfeito silêncio e minha mãe estava com cara de cansaço.

- O que está acontecendo? – Ela olhou por trás de mim na direção da banheira.

- Estou tomando banho. – Eu disse sem entender, então me dei conta do que estava passando pela mente super protetora dela. – Ah, já até sei o que você estava pensando.

- Eu não estava pensando em nada. – Ela responde sem graça desviando seu olhar. Ai, ai, quando ela vai aprender a mentir pra mim?

- Então o que veio fazer aqui? – Eu perguntei mesmo já sabendo a resposta. Ela gaguejou algo sem sentido, então eu a interrompi. – Eu não estava me suicidando se é o que você quer saber.

- Não, - Ela disse horrorizada como se aquilo não tivesse passado pela sua cabeça. –, eu não pensei em nada disso. É que, a Kate disse que você chegou e subiu depressa sem nem aparecer na cozinha para cumprimentá-la.

- É óbvio que é por que eu não sabia que ela estava lá. – Menti. É claro que eu sabia, pois eu a ouvi conversando com os filhos, mas eu precisava urgente esfriar minha cabeça com um banho bem demorado antes de falar com qualquer pessoa.

- Mas aconteceu alguma coisa? Você não parece bem.

- Eu estou bem. – Eu disse bem firme. – Eu só preciso de um banho pra me dar mais disposição, pois eu estou acabada ainda por causa da festa, você sabe, eu quase nem dormi naquela noite.

- Eu sei. – Minha mãe engoliu minha desculpa. – Eu vou preparar algo pra você comer, o que você quer?

- Não precisa, eu não estou com fome.

- Eu estava pensando em fazer um bolo de chocolate.

- Pensando bem, acho que acabei de ouvir minha barriga roncando. – Brinquei, o que a fez sorrir. Agora ela não tinha dúvidas de que eu estava bem, isso era bom, por que assim eu não teria que falar sobre a minha aflição.

Demorei mais algum tempo na banheira até me sentir recuperada. Vesti uma calça de flanela e uma camiseta branca colada no corpo que eu havia separado. Então fui ao quarto da Jessy que estava acordada, mas quietinha em seu berço, e a peguei.

- Oi minha princesa. Como é que você está? – Ela respondeu com um gemido esticando os bracinhos. Eu a levei pro meu quarto e me sentei na cama colocando-a deitadinha na minha frente. – Você é a coisa mais linda, sabia?

Jessy mordia a sua minúscula mãozinha enquanto mexia as perninhas. Ela tinha enormes olhos verdes, como os do pai. Aquilo martelou na minha cabeça por alguns segundos. O que eu estava achando ao expulsar o Gerard da minha vida? Ele nunca sairia da minha vida, ele sempre estaria ali, bem na minha frente, na cor dos olhos da Jessy, na boca, na pele bem branquinha. Ela nunca me deixaria esquecê-lo, mesmo que eu quisesse. Mas eu tinha que esquecê-lo. Chega de drama na minha vida. Eu cuidaria da Jessy sozinha. Se eu contasse pra ele sobre ela, ele iria querer fazer parte disso, mas eu não o quero mais perto de mim. Eu quis deixar isso bem claro pra ele quando disse que tudo entre nós havia acabado. Não tinha mais volta. Nós nunca daríamos certo mesmo.

- O Gerard agora é passado. – Eu disse firme pra mim mesma tentando me convencer daquilo. Como se a Jessy entendesse o que eu estava falando, ela começou a chorar. – Que foi, princesa?

Eu a peguei no colo e tentei fazê-la mamar, mas ela não quis. Não era isso. Seria cólica? A abracei fazendo sua cabecinha repousar em meu ombro enquanto eu a balançava, aos poucos seu choro foi cessando, então ela pegou no sono. Quando eu me levantava para colocá-la no berço, a porta do meu quarto se abriu e a Kate entrou de mãos dadas com as crianças.

- Ih, ela dormiu. – Cochicha Kate pra mim e eu balancei a cabeça afirmando.

- Eu quero brincar com ela, mamãe. – Cochichou a menina imitando a mãe.

- Depois, agora ela está dormindo.

Quando voltei pro meu quarto depois de colocar a Jessy no berço, Kate estava sozinha sentada em minha cama como se me aguardasse.

- Oi. – Eu a cumprimentei rapidamente indo até o espelho para tirar meus brincos.

- Pode sentando aqui e me contando tudinho. – Ela disse com dois tapinhas na cama.

- Tudinho o que? – Eu perguntei achando graça.

- Você pode enganar sua mãe, mas a mim você não consegue. Senta aqui. – Ela exigiu novamente batendo na cama.

Eu tirei o último brinco e me sentei de frente pra ela cruzando as pernas. Ficamos caladas durante um tempo, ela me encarando a todo tempo e eu desviando meu olhar, então eu balancei minha cabeça e a encarei também.

- Você está certa.

- Eu estou. – Ela concordou risonha. – Pode contar. Você tem que aproveitar enquanto sua amiga está aqui te dando trabalho, pois quando eu voltar pra Nova Jersey, pra quem você vai contar seus problemas?

- Você nunca me dará trabalho, pelo contrário, você está sempre ajudando.

- Não enrola e conta logo. – Ela disse me dando uma beliscadinha na perna.

- OK. – Eu disse contendo a risada. – Bom... Eu resolvi eliminar de vez o Gerard da minha vida.

- Como é que é? – Ela perguntou como se não tivesse entendido. – Como você pretende fazer isso?

- Ele foi à empresa hoje pra pedir desculpas pela mulher dele, ou noiva, sei lá, e pediu pra eu decidir o que queria pra gente e eu escolhi que eu o quero fora da minha vida.

- Você está falando sério? – Ela me perguntou parecendo surpresa. Eu balancei a cabeça espremendo meus lábios.

- Eu estou farta de tudo isso, Kate. Desde que eu permiti que ele entrasse na minha vida pela primeira vez eu não tenho tido mais sossego. É sempre um dramalhão atrás do outro, brigas, choros, isso só tem me feito mal. Me diz pelo menos alguma coisa de bom que ele tenha me proporcionado?

- Bom... – Ela disse um tanto sem jeito e apontou pra fralda da Jessy que estava na cama.

- Sim, a Jessy, mas isso foi só uma conseqüência da nossa relação, eu estou querendo dizer sobre sentimento. Todas as vezes que ele saiu da minha vida, o que foi que sobrou?

- Uma Natasha devastada. – Ela concluiu cabisbaixa.

- Eu às vezes me sinto como uma personagem de uma novela mexicana. – Eu fiz uma piadinha tentando amenizar o clima. - Você me disse na festa uma coisa que me fez pensar durante todo o domingo. Eu tenho que seguir minha vida. Você estava certa o tempo todo, e eu admito que no começo fiquei com raiva quando você me disse aquilo, mas essa é a coisa mais sensata a se fazer. Eu estou até me sentindo melhor agora e eu sei que as coisas vão melhorar, eu já até sinto uma pequena mudança, um alívio por que finalmente não vou ter mais com o que me preocupar, ele é coisa do passado.

- Você está se esquecendo de uma coisa, Natasha. – Ela me interrompeu.

- Da Jessy?

- Quando eu disse pra você esquecê-lo, eu disse pra você aceitar o seu destino de ser apenas uma amiga dele por causa da criança. Eu não disse pra você afastá-lo totalmente da sua vida.

- Mas é o que eu quero, Kate. Ele não tem que obrigatoriamente fazer parte da minha vida. Só por que eu tive a Jessy, e daí? Ele só teve uma pequena parcela de participação nisso, eu sou totalmente capaz de criá-la sozinha.

- Eu não duvido disso, mas não acha que é injusto com ele?

- Não. – Eu respondi tentando parecer o mais firme possível.

- Com a Jessy? – Ela continuou.

Eu me calei pensativa. É lógico que era injusto com a minha filha e também com o Gerard, eu devo admitir, mas o que era mais importante pra mim, fazê-lo saber sobre a existência da filha ou a minha felicidade? A Jessy com certeza me entenderia quando crescesse e eu a contasse algum motivo qualquer sobre ela não ter pai.

- Eu estou bem. – Eu disse pra mim mesma, então encarei a Kate novamente.

- Tem certeza? – Ela perguntou colocando a sua mão sobre a minha. – Você ainda o ama.

– Eu vou ficar bem, Kate. – Eu disse sorrindo. – Eu me sinto até mais leve, se você quer saber. Como se um peso saísse das minhas costas.

- Tudo bem. Se você se sente tão bem assim, quem sou eu pra discordar? Mas se você quiser desabafar, chorar, sei lá...

- Chorar? – Eu perguntei seguido de uma risada irônica. – Isso não está mais no meu dicionário. De hoje em diante meus dias serão cheio de sorrisos.

- Isso soa um tanto assustador. – Brincou Kate me fazendo rir, então minha mãe entrou no quarto.

- Eu fiz um bolo de chocolate com brigadeiro por cima. – Anunciou ela me fazendo pular da cama para comer. Tem coisa melhor do que chocolate? Sabe, eu não estou me sentindo tão mal assim. Meu dia está melhor do que eu achava que seria se isso acontecesse, estou falando sobre mandar o Gerard pro espaço e talz. Tudo bem que eu levei um tombo depois daquilo e ainda por cima paguei o maior mico na frente de vários trabalhadores daquele prédio, mas pelo menos eu estou me sentindo mais leve, vou comer um delicioso bolo de chocolate e ainda por cima há uma alegria contagiante dentro de mim que há muito tempo eu não sentia. Eu sinto que meus dias serão cada vez melhores daqui pra frente.

...

Eu acordei, dobrei os lençóis, arrumei a cama, alinhei os travesseiros no topo da cama e respirei fundo enquanto me espreguiçava. De repente me bateu aquela dor no peito, uma dor profunda que me fez desmanchar e então lágrimas começaram a brotar dos meus olhos e o desespero me tomou conta. Em poucos segundos eu chorava como se fosse uma criança que tivesse acabado de ter seu doce roubado. A porta do meu quarto se abriu e Kate apareceu assustada.

- Natasha, o que aconteceu, você está bem? – Ela me sacudiu tentando me fazer falar.

- Não. – Eu disse em meio ao berreiro.

- O que foi que aconteceu?

- Kate, - Eu agarrei os braços dela que me olhava de olhos arregalados. -, caiu a ficha.

- O que? Onde? – Ela perguntou confusa olhando pelo chão.

- Eu perdi o Gerard.

- O que? – Ela me olhou incrédula, então tudo começou a fazer sentido. – Está me dizendo que só agora se deu conta do que fez?

- É! – Eu gritei como se fosse óbvio, então fiz um dããã pra ela que voltou a me olhar assustada. – Provavelmente agora ele está lá, se casando com a tal da Jasmine, tentando me substituir.

Kate cruzou os braços e me olhou sem dizer nada. Ela já havia dito tudo no dia anterior, mas eu não quis ouvi-la. Meu Deus, como eu fui burra! Eu perdi o cara que amava por causa de uma birra estúpida. Só pra que? Provar o que? Agora o que tenho? O que eu ganhei? Só mais um pedaço do coração partido. Kate se aproximou ainda sem dizer nada e me abraçou forte. Ela era como eu, não era muito boa com as palavras nesses momentos, mas sabia do que eu precisava, de um abraço, talvez também uns tapas por ter sido tão idiota, mas só aquele abraço valeu. 


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