Natural Disaster escrita por Thaís C


Capítulo 28
Capítulo 28 - Reaprender a andar. Por: Derick Becker.


Notas iniciais do capítulo

Viu gente? Estou postando relativamente rápido *-* Esse capítulo grandão (perto dos outros) e está escrito de forma diferente dos que eu escrevi até aqui, ele está em primeira pessoa e é narrado pelo Derick. Escrevi o capítulo assim a pedido da leitora liss potter, e gostei muito dessa coisa toda de "entrar na cabeça do personagem" e por isso farei isso algumas vezes. Então, assim como ela fez, quem quiser pode dar dicas e sugestões que na medida do possível eu faço siim! Espero que tenham gostado, e que não sejam leitores fantasmas, comentem né *-*



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Os dias foram se passando e eu mal podia pensar em mim sem que também pensasse em Catherine. Talvez porque ficássemos juntos praticamente o tempo todo, e cada vez mais nossas vidas estavam entrelaçadas de forma com que mesmo que nos separássemos a noite para dormir, ainda nos falávamos por mensagens de texto, internet e ligações. Sem cobranças ou obrigações burocráticas, apenas vontade de estar um com o outro.
Tudo havia sido tão rápido e eu já nem sentia minhas mãos tremerem tanto ao olhar um cigarro ou uma garrafa de qualquer bebida que fosse, tomava apenas meia taça de vinho em ocasiões formais, e era fácil lidar com aquilo, eu tinha um foco e a melhor terapeuta. Agora que já havia tomado ciência sobre tudo a respeito do passado de Cath, sabia mais do que nunca que não poderia vacilar, ela havia passado meses dentro de um porão sendo apenas uma criança, sido obrigada a se destruir consumindo tudo aquilo que antes eu considerava um divertimento. Mesmo não sendo, me sentia culpado.

Aquela garota havia me ensinado tantas coisas sobre a vida. Como havia passado por um período de desintoxicação, sabia das dificuldades que toda aquela reabilitação trazia. Isso me motivou ainda mais a lutar para conseguir superar todos os meus vícios, exceto um. Estava viciado em Catherine. Era o único vício que só me fazia bem, portanto era o único que eu não deveria largar.

Para a felicidade do professor Andrew, aquele final de período estava sendo o mais produtivo de todos os tempos. Já havíamos sido aprovados, mas nossos projetos continuavam. Tanto eu quanto Catherine estávamos empolgados, o que de certa forma contagiava a todos os outros bolsistas daquele laboratório. Pesquisávamos sobre marcadores genéticos em doenças degenerativas e muitos médicos conceituados eram colaboradores do projeto. Vislumbrávamos um prêmio, mas o principal não era sermos ovacionados, e sim deixarmos nossa contribuição para a sociedade.
Meus amigos já haviam percebido que eu não era mais o mesmo. Por conta daquilo tudo, havia rompido com muitos deles. Para falar a verdade, apenas Peter me apoiava, restava apenas ele, meu irmão. Achava que receberia o mesmo apoio dos outros dois membros da The Rebel Machine. Anos de parceria geram grandes expectativas, que para mim foram profundas decepções.

Murillo era indiferente àquilo tudo, preferia não opinar sobre o assunto, não queria se comprometer com nenhuma das partes. Já Giulio, nunca estava satisfeito com nada. Por mais que eu me esforçasse e fizesse composições cada vez melhores (segundo ele mesmo), tudo que importava para ele era que eu voltasse a ser sua companhia no consumo de drogas. Era triste sentir que perdi meus amigos, mas o que eu havia ganhado era mais do que recompensador.
Meu relacionamento com Cath, apesar de agora já estar mais sólido, ainda passava por muitos problemas. Sentíamos ciúmes um do outro, um ciúme tão grande que quase nos fazia colocar tudo a perder. Eu havia me relacionado com muitas garotas, algumas delas totalmente desequilibradas e é lógico que aquilo me trazia conseqüências negativas. Algumas ainda tentavam, mesmo que sem sucesso, me fazer cair em tentação, mas eu jamais poderia culpá-las, quem estava comprometido era eu.
O humor de Catherine mudava da água pra o vinho quando percebia que alguma garota falava algo sugestivo para mim, principalmente Emma Wiggers. Eu achava engraçado nos primeiros dias, pois assim percebia o quanto ela gostava de mim. Depois de um tempo, passei a odiar aquilo, pois na minha cabeça não fazia o menor sentido ela não perceber que era a única em quem eu tinha interesse. Ficava irritado e a criticava muito por isso sem perceber que eu fazia EXATAMENTE a mesma coisa.
Aquela garota era estonteante e obviamente não era só eu que me interessava por ela. Muitos caras da faculdade a cobiçavam e aquilo me tirava do sério. Tentava não brigar com ela, e ser o mais calmo possível por todo trauma que ela havia vivido, mas minhas tentativas eram inúteis, ficava frio e distante, o que a deixava ainda pior. Eu tentava, mas não conseguia admitir que Catherine ainda ficasse conversando com Giovanni.
O que me intrigava era que depois que ela começou a namorar comigo e depois do nosso noivado, ele se aproximou muito mais dela. “O que ele podia querer com ela ainda se ela estava comigo!?” – Eu pensava e não conseguia chegar a conclusão alguma que não fosse negativa. Cath jurava por tudo que a única coisa existente entre eles dois era uma sincera amizade, mas cá entre nós, que homem poderia ter uma amizade completamente desinteressada com uma mulher tão linda quanto Catherine? Nenhum né, eu sabia disso.
Eu estava noivo, sabia que tinha uma grande responsabilidade. Apesar de meus pais terem oferecido para mim uma parcela do lucro da empresa para que eu sustentasse a família que iria formar com ela, eu não conseguia ver dignidade naquilo. Receberia uma casa da presente, sustento de presente, como sempre, tudo de mão beijada. Aquilo me fazia sentir um inútil, de fato o homem mais inútil da terra, que não conseguia sustentar sua esposa com seus próprios meios.
Decidi, sem comunicar a ninguém, exceto meu pai, não receber mais minha mesada e tentava viver decentemente com o pouco que recebia nos shows da The Rebel Machine. Meu pai depositava na minha conta mesmo assim, mas eu só sacava o dinheiro dos shows. Aquilo não era suficiente para manter o padrão o qual eu estava acostumado, mas eu precisava aprender a viver com somente o que fosse fruto do meu trabalho.
Me deixava pior ainda saber que Catherine já havia sido várias coisas, trabalhado em lojas, dado aulas particulares, ajudado no salão de sua mãe e vendido quentinhas que ela mesma cozinhava para ajudar na renda da família. E eu? Eu era um playboy, mesmo que negasse, era um filhinho de papai. Eu sabia disso, mas é horrível quando esfregam na nossa cara certas verdades dolorosas e não sabemos como nos defender.
Era uma quarta-feira e toda a equipe estava no laboratório pesquisando desde o turno da manhã. Havíamos parado apenas para almoçar e continuado a tarde inteira sem descanso. Catherine estava exausta, mas parecia que quanto mais o tempo passava mais ela se motivava a querer descobrir coisas novas. Isso me fazia ficar cada vez mais encantado.

Por volta das 18 horas, ela me avisou que iria ao banheiro. Despediu-se com um beijo, deixando-me sem graça na frente do grupo, que começou a assobiar e fazer piadas. Eu fiquei ali pesquisando, até que me dei conta de que já havia se passado meia-hora e Cath ainda não havia voltado. Estranhei, mas decidi esperar mais um pouco ao invés de ir procurá-la. Às 18:50 ela ainda não havia voltado e todos começaram a se preocupar. Fui então procurá-la para ver se estava tudo bem.
Assim que saí daquele laboratório, percebi que já estava muito escuro, e a universidade estava praticamente vazia. Como era um período de férias, apenas nos laboratórios de pesquisa ainda tinha gente naquele horário, além dos seguranças e da secretaria, é claro. Estávamos no instituto biomédico do campus, e o banheiro ficava relativamente longe de nosso laboratório.
Resolvi então cortar caminho pelo jardim central. Cheguei rapidamente na porta do banheiro e gritei o nome de Catherine várias vezes em vão. Eu estava preocupado, e, ao perceber que o banheiro estava vazio, entrei para procurá-la por via das dúvidas, mas ela não estava mesmo lá. Temia que houvesse acontecido o pior, que Ernesto tivesse a raptado e me culpava por não ter pedido para alguma garota acompanhá-la.

Desesperado, tentei ligar para o celular dela, o que também foi em vão, pois estava fora de área. Resolvi então voltar para o laboratório, antes de entrar em total desespero, talvez nós dois apenas tivéssemos nos desencontrado. Fiz o caminho “normal”, ao invés de voltar pelo jardim, por onde eu havia ido para lá. Fui andando rapidamente, e apenas parei ao ouvir uma voz conhecida:
– Não sei sinceramente como você agüenta ele. Ele é uma criança e você é tão madura. – Andei mais um pouco e virei à direita. Pude ver que era de Giovanni a voz conhecida, e Catherine estava lá com ele.
Senti o ímpeto de ir para lá interrompê-los, mas resolvi pensar friamente e ouvir aquela conversa, fiquei escondido atrás de algumas caixas que estavam espalhadas por ali. O que ele estava fazendo lá com ela? Percebi que o assunto da conversa era eu, então mais do que nunca eu precisava saber o que falavam.
– Eu o amo. – Ela respondeu, para o meu alívio.
– Ama? Tem certeza? – Ele era insistente, e isso me irritava mais ainda. – Catherine, o que ele sabe da vida? Ele nem trabalha, como quer formar uma família com ele? Você precisa de um homem de verdade, não de um garotinho para você criar.
– Você não tem o direito de falar sobre ele assim... Não o conhece. Eu nem sei por que estou te dando ouvidos, me desculpe, mas esse assunto não lhe diz respeito.
– É que eu não posso te ver prestes a cometer um erro o qual vai se arrepender para sempre. Ele pode ser um cara legal, inteligente e atencioso agora, mas vai cansar de brincar contigo de família feliz. – Giovanni a segurou pelo pulso enquanto despejava mil e um argumentos para que ela não se casasse comigo. – Vocês não precisarão se preocupar com o dinheiro, mas eu sei que pra você isso não significa nada. Mesmo que ele te largasse dois meses depois e você recebesse uma pensão maravilhosa, você ficaria muito mal e é esse sofrimento que eu quero evitar.
– Você não sabe tudo que ele já fez por mim, todas as provas de amor que ele me dá diariamente. – Ela disse triste. – Eu já estou indo ok? Boa noite. – Cath se soltou das mãos dele.
– Quer dizer então que vai ser o brinquedinho desse playboy? Ele só te deu esse anel pra transar com você, porque você foi a mais difícil. Assim que você ceder, ele vai esquecer que te pediu em casamento. – Catherine pôs uma as mãos na testa, fez que não com a cabeça e foi andando rumo ao laboratório.
Giovanni então permaneceu ali, esbravejando pelo fato dela tê-lo ignorado. Quando vi que ela já havia virado uma das curvas do prédio, saí de trás das caixas colocando o dedo indicador na frente da boca, sinalizando para que ele fizesse silêncio e fui me aproximando.
Quando já estávamos próximos, liberei toda a raiva que estava contida em mim. O encostei na parede, segurando-o pela camisa e sussurrei:
– Fica quietinho, senão eu quebro todos os teus dentes.
– Eu não vou.. - Ele falou alto e eu o estapeei no rosto com força, fazendo com que ele me obedecesse. – O que você quer, seu babaca? – Giovanni falou, dessa vez também sussurrando.
– Eu só quero que saiba uma coisa: Catherine me ama, desiste, some, não enche mais nosso saco.
– E se eu não quiser sumir? Você não manda em mim. Não duvido que ela te ame, mas você só quer fodê-la, assim como fazia com as vadias com as quais você saia. O que você tem para oferecer a ela? Ela não quer teu dinheiro, ela quer um homem maduro, um homem de verdade, coisa que você não é. É um babacão que depende do papai até pra limpar a própria bunda. – Ele foi direto, e eu perdi a cabeça, estava com ódio e o empurrei para o outro lado, jogando-o com força no chão.
– Eu até quebraria a sua cara, mas fiquei com pena de você agora. – Debochei. – Eu sou muito mais do que você pensa, como ela mesma jogou na sua cara. E pra que fique claro, eu a pedi em noivado depois de já ter dormido com ela. O que eu sinto por ela, você não é capaz de entender. – Eu disse rindo enquanto o observava ficar cada vez mais transtornado, Giovanni realmente não esperava que eu e Catherine já tivéssemos transado, havia sido um baque muito forte para ele. Não consegui sentir pena, pois ele queria me tirar Catherine, o que era o mesmo que querer tirar minha vida.
Andei o mais rápido que pude, e Cath já havia voltado. Ahh, e se doeu tudo que Giovanni havia dito sobre mim? Eu achava que não tinha nada para oferecê-la mesmo, ainda me achava muito pouco para aquela mulher. Sim, sim, é claro que doeu, mas ninguém precisava saber disso, entrei sem deixar transparecer que estava mal. Eu ainda não era um homem a altura dela, mas eu me dedicaria a ser o mais rápido possível.
Cath me abraçou forte ao me ver entrando no laboratório, meu coração se sentiu confortado, ela também me amava, e isso precisava ser o suficiente para que ficássemos juntos até que ela pudesse se orgulhar de mim. Ainda estava abraçado com ela quando meu celular tocou e eu atendi:
– Derick, você precisa voltar para casa imediatamente. Temos um grande problema para resolver! Venha logo mesmo, sem enrolação, quando chegar eu te explico. – Era meu pai, parecia muito nervoso, o que me deixou preocupado. Eu não fazia ideia do que estava por vir.


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Notas finais do capítulo

#VAITERCAPÍTULOEMPRIMEIRAPESSOA sim! E se não gostar, vai ter dois! KKKKKKKKKKKK parei. Beijos e deixem review! *-*



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