Natural Disaster escrita por Thaís C


Capítulo 2
Capítulo 2 - Primeira Emoção


Notas iniciais do capítulo

Esse é o capítulo em que Derick conhece Catherine.



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Nos outros dias da semana ele seguiu acordando no mesmo horário, fazendo as mesmas coisas sempre e até que estava satisfeito com sua vida, estava tudo correndo 'bem'.

Era uma sexta-feira de tarde e seu pai o dispensou, então teve uma tarde livre para descansar e por algumas coisas em dia. Foi mexer no computador, conversar com uns amigos, marcar algumas saídas e encontros. De repente, recebeu um email. Era um email do professor Andrew, o qual ele auxiliava em uma pesquisa. O email era breve e bem objetivo.
“Derick, semana que vem receberemos mais uma aluna para o nosso projeto. O nome dela é Catherine Bellini, procure-a no meu perfil no sistema da universidade e adicione. Ela também é daqui da capital e transferiu o curso para a nossa instituição apenas para poder participar do nosso projeto. Catherine já participou de outras pesquisas com o mesmo tema da nossa e se interessa demais pelo assunto. Tenha um bom dia!”
– Professor Andrew
Chevalier
Imediatamente ele decidiu procurar o perfil da tal Catherine para adicioná-la, estava curioso para saber de quem se tratava a garota. Achou o perfil e ficou por 15 minutos olhando para a tela sem fazer nada. Estava hipnotizado com aquelas fotos. Não podia ser real. Já havia visto mulheres lindas, dormido com maravilhosas, mas nenhuma era como aquela. Via e revia as fotos milhares de vezes para certificar-se do que seus olhos mostravam, de que não estava delirando. Talvez estivesse delirando mesmo, talvez fossem os remédios, a abstinência ou algo sobrenatural, o fato era que não conseguia acreditar no que via. Era a mulher mais bonita que já havia visto.
Catherine era realmente linda, tinha 19 anos, seu cabelo era longo, naturalmente loiro e ondulado, pele bem clara e olhos verdes que se assemelhavam a esmeraldas em cor e em brilho. Feições simétricas, proporcionais, perfeitas. Um corpo escultural e curvas bem definidas capazes de encantar qualquer homem. “Absurdamente linda e inteligente, não é possível” – Pensou Derick, brincando.
Quando voltou de seu delírio, adicionou Catherine e, para a felicidade dele, ela estava online. Começou então a tentar descobrir os gostos da garota, observou de imediato que gostavam de assistir as mesmas séries, programas, documentários, filmes, liam o mesmo tipo de livros e etc. Apenas na música se diferenciavam, ele gostava de Rock e ela de Pop, de resto, eram muito semelhantes. Do nada, recebeu uma mensagem dela no bate-papo.
– Tudo bem? – Perguntou Cath.

– Sim, e você? – Respondeu Derick.

E assim, exatamente como todo mundo, começaram a conversar. Impressionantemente não tocaram no assunto do projeto, conversaram horas e horas a fio, sem ter a menor noção de tempo, como se eles se conhecessem há anos e fossem amigos íntimos. Haviam começado a conversar às 13 horas e só pararam por volta das 22 porque perceberam que não haviam saído do computador para nada e estavam com fome. Mesmo assim, voltaram às 23 horas e continuaram a conversa durante a madrugada toda. Passaram o final de semana inteiro conversando pela internet, por mensagens no celular e telefonemas. Derick por um motivo que não sabia explicar, adorava ouvir a voz de Catherine e para ele, conversar com ela passou a ser uma prioridade.
As conversas eram sempre enormes, eles tinham os mesmos interesses e Derick se sentiu como se finalmente tivesse encontrado alguém que também possuísse uma mente caótica como a dele, pela primeira vez não se sentia diferente. Alguém conseguia acompanhar o ritmo frenético de sua mente.

O fim de semana passou e o celular de Derick estava lotado de mensagens de seus amigos, o intimando para sair. Havia recusado todos os convites e todos estranharam, muitos se preocuparam e pensaram que ele estava doente, outros simplesmente insistiram e Derick recusou quantas vezes foi preciso. Passou o final de semana inteiro grudado no computador.

Finalmente era segunda-feira, ele iria conhecer Catherine e acordou nervoso. Não sabia ao certo o que esperar e sentia um medo profundo de se decepcionar. O garoto estava encantado, mas não tinha segundas intenções, pela primeira vez queria ser amigo. O que não deu muito certo, porque ele se sentia atraído por ela, terrivelmente atraído por Catherine. Estava com muito medo disso, preferia ser apenas seu expectador, seu amigo, mas a beleza dela era algo impossível de ser ignorado.
Derick dirigiu-se para a cozinha e leu um recado de sua mãe o avisando que havia comida na geladeira e mandando beijos. Abriu a geladeira e viu que em um dos potes havia Cuscuz Marroquino e se lembrou de Catherine novamente, pois em uma das conversas que tivera com ela, ela havia mencionado o quanto gostava desse prato. Parecia que cada detalhe daquelas mil horas de conversa importava.
Quando se deu conta, percebeu que estava tarde e foi correndo para a faculdade, porque dessa vez não poderia se atrasar, queria ver Catherine e estava extremamente ansioso. Chegou e viu que infelizmente havia se atrasado, ela provavelmente já havia entrado na sala, então decidiu que não iria assistir à aula, sentou-se na porta da sala de Catherine e ficou esperando até a hora que saísse. Leu alguns capítulos de um livro qualquer, porém não conseguia se concentrar em nada, seus pensamentos estavam do outro lado da parede.
Aproximadamente 2 minutos antes da aula de Catherine acabar, apareceram Emma e Rachel. Emma tinha uma pele morena, cabelos cacheados e olhos cor de mel, era muito bonita, usava roupas curtas e seu esporte favorito era provocar Derick. Rachel também era bonita, mas um pouco menos do que Emma, era um tipo comum, cabelo castanho claro e liso, olhos castanhos e um corpo razoável, não usava roupas curtas como a amiga, porém também adorava provocar Derick.
Ele não queria que Catherine as visse ali, pois queria conversar sozinho com ela e sabia que Emma e Rachel iriam se insinuar para ele o tempo todo, o que com certeza atrapalharia tudo. Por isso, pediu insistentemente para que elas fossem embora. Ao perceberem que ele não as queria como companhia, decidiram ir embora, porém, ficaram observando Derick de longe para saber quem ele estava esperando e que não podia vê-las.
A porta da sala de Catherine se abriu e os alunos foram saindo. À medida que o tempo passava e ele não a via, ficava cada vez mais nervoso. De repente ele a vê andando em sua direção. Era mais linda do que ele havia imaginado e fantasiado durante todo o fim de semana. Cath deu um sorriso para cumprimentá-lo e ele sorriu de volta para ela. Os dois ficaram calados, um estava esperando o outro começar a falar.
– Oi Cath. – Disse Derick para quebrar o gelo. – Desculpa por não ter chegado hoje antes da aula, me atrasei totalmente.
– Não tem problema. – Ela o abraçou e Derick pareceu derreter. Eles ficaram por alguns instantes ali. Gostaram de ficar um nos braços do outro. Catherine, percebendo que estavam naquela posição por tempo demais, saiu sem graça do abraço. – Durante a aula eu ouvi falarem muito sobre você, acho que é um prodígio. – Derick ficou tímido e corou.
– Não, não sou nada disso não, eu só estudo.
– Não, EU estudo, você faz magia negra ou qualquer coisa sobrenatural. Eu soube que ano passado você vendeu uma de suas pesquisas para um laboratório conhecido e eu sei que eles pagam muito e você só tem 17 anos, então não venha me dizer que “só estuda”.
Eles começaram a rir e conversar sobre os estudos que ele havia realizado.
Numa parte mais afastada do corredor estavam Emma e Rachel, observando toda a cena e achando o comportamento de Derick muito estranho. Ele não era tímido, muito menos com mulheres. E quem era aquela? Nunca haviam a visto e ela era bonita demais para ter passado despercebida. Logo sentiram o tamanho da ameaça que ela representava e resolveram interferir. Foram então em direção a Derick e Catherine especialmente para interromper a conversa.
– Oi lindo! – Rachel pulou nos braços de Derick.
– Oi. – Ele foi seco, não estava nem um pouco feliz em vê-las e pôde notar o desconforto de Catherine com aquela situação.
– Olha, hoje a noite meus pais não vão estar e eu vou dar uma festinha. Eu já comprei todas as bebidas e a Rach vai levar o narguile dela, vamos chapar demais. A casa toda tá liberada, menos o quarto, que vai ser só nosso. Não falta, você sabe que vai valer a pena. – Disse Emma enquanto acariciava o tórax de Derick. - Sua amiguinha também tá convidada, mas que fique claro que você vai me dar mais atenção. Você sabe que eu sou ótima no que faço... – Emma notavelmente debochava da Cath.
– Obrigada, mas eu não frequento esse tipo de festinha, muito menos me envolvo com esse tipo de gente. – Disse Catherine, que estava realmente irritada com aquilo tudo.
– Que tipo de gente querida? Vai dizer que não sai pra beber?
– Não, odeio álcool, odeio cigarro, odeio qualquer droga em geral. Não acho divertido. Com licença. – Catherine virou as costas para ir embora. Achou tudo aquilo ridículo, principalmente a postura de Derick com relação àquilo tudo, pelo tipo de pessoas com as quais ele andava, era um perdido, um baderneiro. Antes que pudesse ir embora, Catherine sentiu as mãos de Derick a segurando pelo braço.
– Volta aqui.
– Não encosta em mim. - Ela disse com firmeza e olhando bem nos olhos dele, que imediatamente a soltou.
– Não faz assim, vamos almoçar e a gente conversa melhor. Por favor. – Os olhos do garoto imploravam para que ela não fosse embora.
Tudo que Catherine havia aprendido sobre a vida e toda sua racionalidade a diziam para não ir, porém, quando deu por si, já estava indo em direção ao ponto de táxi da Universidade batendo boca com Derick.
– Aonde vamos almoçar madame? – Ele disse ironizando a situação e sorrindo debochadamente.
– Bom, você vai se encher de drogas por ai, provavelmente vai almoçar uma garrafa de Jack Daniel’s e eu vou para a minha casa.
– Qual é? – Disse o garoto virando os olhos. – Qual é o seu problema, dá pra parar de ser metida? Pensei que você era menos caretona. Para uma livre pensadora, você é muito encanada com essas coisas.
– E você é uma criança, que acha que isso tudo é brincadeira, que não leva nada a sério. Você tem potencial, isso é inegável, mas não adianta se não sabe o que fazer com ele. – Ela o olhou com um olhar de superioridade que o deixou constrangido.
– Acho que sei muito bem o que fazer com meu potencial, é como você disse, não é qualquer um que chega aonde eu cheguei aos 17 anos.
Catherine soltou uma gargalhada e riu dele de forma tão espontânea, que Derick chegou a se irritar, se sentiu de certa forma humilhado, menosprezado por ela, que parecia inabalável.
– Meu amor, você acha que é um vencedor, certo? – Ela o olhou como se ele não soubesse nada do mundo. – É fácil quando se tem um pai e uma mãe. Um pai e uma mãe podre de ricos, donos de uma empresa mundialmente conhecida. Muito mais fácil ainda quando se teve a oportunidade de estudar nas melhores escolas do país, fazer curso de quantos idiomas quisesse, esportes, enfim, do que quisesse... Quando se pode comprar todos os livros que desejar. Quando se pode pagar professores particulares para aperfeiçoar qualquer disciplina. E por uma sorte do acaso, ainda se vem com um cérebro um pouco privilegiado. Eu queria ver aonde você teria chegado se tivesse vindo de onde eu vim, passado pelo que eu já passei. Não venha cantar de galo. Você não passa de um playboy com roupas de roqueiro de boutique.
Após o sermão, Derick ficou sem ação e simplesmente não conseguiu responder nada. Nunca havia se deslumbrado por tudo que havia conseguido, mas aquilo o desestabilizou, se sentiu um merda. Catherine virou as costas e entrou num taxi para ir para casa, dessa vez, Derick não a impediu, estava chocado demais para fazer qualquer coisa. Ele então assistiu à partida dela e logo em seguida pegou seu skate atordoado, só queria ir direto para casa.


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Notas finais do capítulo

Comentem se gostaram, comentem se não gostaram. Enfim, comentem! Beijos.