Não posso dizer que odeio Antonio. Não completamente. Mesmo sendo um idiota sorridente, ele cuidou de mim desde pequeno, e acho que devo ser um pouco grato por isso.

Na maioria das vezes, ele era um bom “pai” – se é que posso dizer isso. Eu costumava ser uma colônia de exploração, mas isso nem sempre deu certo... Aquele stronzo pensava que eu ia fazer serviços para ele? Coitado, mas eu acho que não!

Devo admitir que, depois de um tempo, acabei me ligando a ele. Querendo ou não, o dito “Patrão Espanha” acabou sendo toda a minha família. Eu mal via Veneziano. O bastardo do piano não deixava... O stronzo dos tomates acabou sendo a única pessoa em quem eu podia me apoiar.

Talvez eu tenha dado algum trabalho a ele. Sei que não sou fácil. Mas era tão engraçado ver a cara do bastardo quando eu lhe respondia atravessado! Até hoje não resisto.

A pior coisa que já aconteceu entre nós talvez tenha sido quando eu me vi sozinho em casa, enquanto Espanha estava na casa do fratello. Eu já estava cansado demais de ser comparado com Feliciano, não precisava que Antonio me trocasse por ele. Fiquei muito frustrado. Foi a primeira vez que realmente admiti a mim mesmo que precisava do babaca sorridente.

E admito novamente: preciso até hoje.