New Life escrita por Lívia Rabelo
Notas iniciais do capítulo
Sugestão de música para o capítulo: It Ends Tonight - The All-American Rejects
Link: http://www.kboing.com.br/the-all-american-rejects/1-49904/
Será sinalizado no capítulo o momento da música.
Boa Leitura!
(Coloque It Ends Tonight – All The American Rejects)
Ele segurou em minha mão e me direcionou ao centro do salão. Comecei a tremer. A mesma tremedeira de antes, mas não era mais frio. Enquanto todos formavam um círculo ao nosso redor e nos lançavam olhares curiosos, a única coisa com a qual eu me importava era o que Andrew estaria achando disso tudo.
Harry segurou em minha cintura e colocou uma das minhas mãos sobre o seu ombro. Logo já estávamos nos mexendo de um lado para o outro. Ouvi a voz de Andrew cantando e apertei os olhos. Ele devia estar furioso de estar cantando para que a namorada dele dançasse com outro.
– Namorado ciumento? – ele me tirou dos meus pensamentos. Pela primeira vez olhei diretamente para o seu rosto. Ele era bonito, eu tinha que admitir. Seu cabelo preto caía insistentemente sobre seus olhos azuis. Mordi o lábio e segurei a vontade de arrumá-lo. – Olá? – nesse momento percebi que estava olhando para ele de uma forma estranha.
– Ah... Desculpa... O que você disse mesmo? – tentei não manter contato visual com ele.
– Seu namorado... Ele é ciumento?
– Totalmente. – olhei para Andrew que continuava cantando e olhando para nós dois.
– Então acho que alguém vai ter problemas. – ele riu e revelou dentes branquíssimos.
– Pode apostar. – avistei umas pessoas apontando e cochichando. – Meu Deus, o que eu estou fazendo aqui? – olhei para o chão, envergonhada. – O que VOCÊ está fazendo aqui? Você estuda na nossa escola? – olhei para o ombro dele.
– É... Sou novato. – ele falou e passei meu olhar pelo seu e por um instante pensei ter visto sua pupila dilatar. Ele limpou a garganta. – Então... Você é tão popular assim?
– Não mesmo. Eu ainda não entendi o que estou fazendo aqui... Essa música não acaba nunca? – perguntei irritada.
– Nossa! Assim você me deixa ofendido. A música começou agora e eu também não pedi para estar aqui dançando com uma garota que eu nem conheço. – ele olhou para o lado e eu lembrei que o vi no jardim da minha casa.
– O quê você estava fazendo no jardim da minha casa hoje de manhã? – fui bem direta.
– Hã? – ele pareceu desconcertado. – Do que você está falando? Eu nem te conheço.
– É... – balancei a cabeça. – Deixa pra lá. Devo ter imaginado.
– É. As garotas geralmente sonham comigo até mesmo acordadas. – ele abriu bem os olhos. – Você não está apaixonada por mim, está? Tipo, aquelas coisas de amor à primeira vista, sabe? Quero que saiba que eu não me apaixono facilmente assim, mas se você quiser, posso satisfazer suas necessidades e...
– Hey! – bati em seus ombros. – Que papo é esse? Eu nem te conheço. Quer saber? Que se foda essa dança idiota! – tentei me afastar dele, mas ele segurou minha cintura. – Me solta! – falei baixo, tentando não chamar atenção.
– Você tem que terminar a dança. É a tradição. – nesse momento, seu rosto adquiriu um tom sombrio e eu senti algo.
Medo.
Você está louca para continuar dançando com ele..., uma voz soou em minha mente.
– O quê? O que você está dizendo? – tentei falar em meio ao som. A voz continuou em minha mente, ecoando sem parar a mesma frase. – Para com isso! Cala a boca!
– Eu não estou falando nada. Você está doida?
As vozes continuavam e eu já não tinha o controle da minha mente. Coloquei as duas mãos no ouvido e olhei para ele.
– Eu não quero mais dançar com você. Por favor, me solte! – ele apertou mais suas mãos em minha cintura e eu senti como se meu vestido estivesse pegando fogo. Olhei para baixo rapidamente, mas estava tudo normal. – O que você está fazendo? – fiquei ofegante, ainda sentido como se meu corpo estivesse queimando. – O que você está fazendo?! – me desesperei.
– Shiiu... Estou te fazendo um favor. Você não estava com frio? – ele sorriu maliciosamente.
– Eu estava com fri... – eu não havia falado sobre o meu frio pra ninguém, a não ser pro Andrew. Empurrei-o fortemente e o deixei no meio do salão, com todos nos olhando.
Corri para o banheiro ainda sendo perturbada pela voz. Afastando-me da multidão pude perceber que era a minha própria voz. Cheguei ao banheiro e apertei meus ouvidos novamente.
– Sai da minha cabeça! – gritei. No mesmo instante a voz parou. Senti um alívio enorme. Olhei no espelho e percebi que lágrimas caíam sobre o meu rosto.
– Amanda?
– O quê?! – virei para trás completamente fora de mim e percebi que era Julie que me olhava com uma expressão apavorada. – Me desculpa, Julie. Eu... Eu só estou com dor de cabeça...
– Eu não pude ver sua dança... Tive que vir ao banheiro... – ela falou hesitante. – Como é a sensação de ser rainha do baile?
Eu estava me sentindo horrível, mas não queria transparecer. O que quer que tenha acontecido, não parecia real. Ninguém precisava saber.
– Podemos conversar amanhã? Eu estou com muita dor de cabeça... – olhei para o seu vestido lilás. – E você está linda. – sorri e saí do banheiro.
Ao chegar ao lado de fora, o barulho da multidão me deixou mais aborrecida. Segui em direção ao palco, quase correndo e Andrew ainda estava lá cantando. Levantei os dois braços tentando chamar sua atenção. Ele olhou para mim, mas continuou cantando. Fiz sinal de que estava indo embora e ele fez uma expressão de espanto. Dei um tchauzinho e mandei um beijo. Não esperei uma reação de volta. Apenas saí esbarrando em todos.
– Hey! – era Meredith. – Ah, é você. – ela revirou os olhos. – Se queria ser rainha do baile era só ter dito. Não precisava me humilhar fingindo que eu estou bonita. – ela veio ofensiva em minha direção. – Espero que esteja feliz agora que é o centro das atenções.
– Mel... Eu não sabia... Eu nem sei quem votou em mim, mas eu votei em você.
– Ah, votou em mim por pena? Nossa, Amanda, estou mesmo precisando da sua piedade. Quem você pensa que é?! – ela gritou.
– Ei garotas, o que vocês estão fazendo? Está todo mundo olhando! – era Matt.
– Olha, Mel, eu espero que você esteja falando isso porque está bêbada. Eu nunca te perdoaria por estar me tratando desse jeito. – argumentei.
– Ah, que pena! A pobre Amanda não pode ser magoada... Awn! – ela fez biquinho e aquilo me deixou totalmente irritada. – Sai da minha frente antes que eu quebre essa garrafa na sua cabeça! – ela gritou mais alto. Olhei para os lados e todos estavam prestando atenção. Dei uma última olhada para Meredith. Ela estava completamente fora de si. Dei as costas e saí do local.
Comecei a caminhar esperando que algum táxi passasse por mim, mas a rua estava deserta. Um frio cortante tomou conta de meu corpo. Comecei a olhar para os lados, temendo algo.
Eu devia voltar lá e quebrar o pescoço dela..., minha voz ecoou novamente em meus pensamentos.
– O quê? Não! – sussurrei.
Eu quero quebrar o pescoço dela!, a minha voz tinha um tom sombrio. Comecei a me desesperar. Aquilo estava ficando fora de controle. Eu nunca havia tido pensamentos daquele jeito. Eu nunca faria aquilo com as minhas amigas.
Aquela vadia magrela! Ela merece uma humilhação...
– Cala a boca! – gritei. – Cala a boca!
– Falando sozinha? – uma pessoa se formou bem na minha frente. O impacto foi tão grande que eu caí, ralando uma parte do meu braço.
Comecei a me arrastar pelo chão para ficar o mais longe possível dele. Eu estava apavorada.
– Sai daqui! – levantei e tentei correr, mas ele segurou meu braço e me trouxe de volta. – Me deixa em paz! Socorro! – senti minha garganta arder por causa do esforço que eu estava fazendo.
– Calma aí, mocinha... Porque todo esse medo de mim? Eu não sou nenhum estuprador. Só quero ser seu amigo. – Harry fez uma cara de quem estava mentindo descaradamente. Minhas pernas gelaram. O frio estava tão intenso que eu comecei a bater os dentes.
– Eu só quero ir pra casa... – comecei a chorar. – Me deixe em paz...
– Ai que dramática. – ele olhou para sua mão que estava segurando meu braço. Acompanhei seu olhar e logo senti meu corpo se aquecendo e todo o frio indo embora. Uma sensação de calmaria me tomou e o choro também se foi. – Viu? Não precisa ficar gritando igual uma louca. – soltou meu braço.
Eu não conseguia falar nada. Não conseguia entender o que estava acontecendo. Aquilo parecia mais um daqueles sonhos estranhos que a gente tem. Ele cruzou os braços e esperou que eu falasse algo.
Nossa! Esse cara é gostoso. Eu devia beijá-lo agora., novamente minha voz interior falando coisas sem sentindo. Olhei para ele e ele parecia saber o que eu estava pensando.
– Concordo com ela. Eu também me acho muito gostoso... Só não sei se seu namorado vai gostar de você andando por aí beijando caras que você nem conhece direito.
– Espera! Você está ouvindo isso também? – uma ponta de esperança tomou conta de mim. – De onde vem esse som? Eu pensei que... Pensei que estivesse na minha mente. – eu falei desesperadamente e ele deu uma gargalhada demorada. – Mas eu não estou louca. Você está ouvindo também... Não é?
– Não sei do que você está falando. Não sei de voz nenhuma. – segurou um riso.
– Mas você disse que concordava... Você disse! – meus olhos começaram a se encher de lágrimas novamente.
– Definitivamente, você está louca.
Olhei furiosa para ele.
– Okay. Eu vou para a minha casa agora. Vou dormir e amanhã não lembrarei nada disso. – dei as costas, mas voltei. – E se você chegar perto de mim, eu falarei com o Andrew. – saí de uma vez, quase correndo. Ao contrário do que eu pensei, ele não me seguiu. Agora o frio estava de volta e tudo que eu queria era uma boa noite de sono. Não queria pensar sobre aquele dia.
Frio e calor.
Vozes internas.
Amigas doidas.
Eu precisava dormir.
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Beeijos ;*