Não conseguia explicar o que eu estava sentindo. Ou melhor, eu realmente não sabia se ainda tinha sentidos.

Tudo estava acontecendo tão rápido... O vento que passava por mim era frio, gelado, e a cada segundo a escuridão parecia aumentar.

Eu achava que não pararia de cair, mas tudo tem um fim. Fechei os olhos e me deixei levar por aquela estranha sensação que temos... quando sabemos que nossa vida terminou.

Mas eu estava errada.

Não consigo definir quanto tempo fiquei com os olhos fechados... Pareceram segundos, mas algo me dizia que haviam sido horas. Abri meus olhos lentamente, e sem conseguir me mexer, foquei minha visão em uma bola de luz azulada que flutuava na minha frente.

Realmente, era muito brilhante e muito grande. Uma sensação boa tomou conta de mim, mas continuei olhando para a Lua, na certeza de estar morta.

De repente, como se tivesse sido empurrada em um impulso para frente, levantei.

Parecia que meu corpo estava em pedaços, mas lentamente a dor foi passando.

Suspirei profundamente, aproveitando ao máximo o ar gélido daquela floresta escura. A luz da Lua era a única coisa que clareava aquele ambiente.
Toquei em meus cabelos. Lisos, loiros, longos...
Meus olhos, sabia por algum motivo que eram castanhos.

Mas algo realmente me assustou. Toquei nas minhas orelhas, e gostaria de não ter feito aquilo.
Estavam pontudas. Alongadas. Como as orelhas... De um elfo.

Ofegando com o frio daquela noite nas montanhas, notei que tinha comigo, presa na cintura, uma adaga. Atordoada, resolvi seguir em frente.
Dei um passo, e parecia que havia andado dez metros. Se eu corresse, poderia me deslocar em uma velocidade incrível...

Mas, na hora, não achei aquilo empolgante.
Saí correndo daquele lugar nas montanhas, tentando encontrar alguém, alguma coisa da qual não me lembrava.

De repente, ao longe, ouvi risos e uma luz no meio da floresta.
Uma aldeia. Pessoas rindo, comemorando algo. Resolvi me aproximar, para pedir ajuda.

Havia uma garotinha segurando um pano com uma estampa de um lobo, e no instante seguinte, ela se aproximou de uma fogueira e jogou o tecido nela, que rapidamente queimou. Todos por ali comemoraram.

Mas, quando me aproximei de um homem, que estava parado perto de uma casa, ele andou e... passou através de mim. Eu não tinha corpo, o que eu era então?!

Mais uns metros à frente, vi que um homem e uma mulher estavam sentados, chorando juntos, sozinhos.
Por que eles estavam tristes, enquanto todos estavam rindo? Quem eram eles?

Um garotinho também passou por mim, como se eu não existisse.
Chocada, querendo chorar, segurei forte a adaga na minha cintura e corri rapidamente para longe, para a floresta novamente.

Eu não me lembrava de nada. Meu passado, como eu tinha parado abaixo de um enorme penhasco e por que eu era uma elfa. Ou melhor... Quem eu era?

Meu nome é Skylla Hilt. Como eu sei disso? Porque o homem da Lua me contou.

Mas foi a única coisa que ele contou.

E isso foi a muito, muito, muito tempo.

Continua...