-Se quiser, pode ir, mas nao crie muitas expectativas ta meu bem? Goldensmith é uma faculdade de renome, e as chances de passar sao...

-Eu ja entendi mãe, nao sou tao esperta quanto Frederick. - Eu disse impaciente.

-EU NAO DISSE ISSO LUCIANA! Essa sua mania de se comparar ao seu irmao! Alem do mais, de que vale uma faculdade em artes? Quando voce se formar vai ser o que? Uma inutil com certeza, essa profissao nao vai lhe dar bons empregos e - Eu a interrompi:

-EU VOU PAGAR COM A MINHA MESADA OK? Tchau! To indo pra aula particular!

-COMO ASSIM?! O COMBINADO ERA DAS AULAS SEREM AQUI! LUCIANA!

- Nao adiantava, eu ja tinha ido e batido a porta subido na bicicleta e pedalei com a maior velocidade que pude.

A culpa nao era minha, Daniel realmente nao podia ir para minha casa, os medicos lhe recomendaram repouso absoluto por conta do pe, segundo eles, eu nao deveria ter feito curativos ou qualquer coisa em seu pé, no final das contas, eu só piorei tudo.

Bati na porta da casa, um tanto receosa, uma senhora de cabelos loiros atendeu, nao pude deixar de notar a cor de seus olhos, eram de um azul marinho misterioso e sedutor, quando falou, percebi que sua voz em muito se assemelhava a Daniel, forte e suave, como o toque de mãe, um sorriso encheu meu rosto naturalmente.

-Voce deve ser Luciana, entre querida, Daniel esta lhe esperando no segundo andar.

-Obrigada senhoraa...

-Grigori. Mas pode me chamar de Aurora. Sou mãe de Daniel, muito prazer, agora suba, ele esta esperando, ultima porta a esquerda, levo biscoitos e suco mais tarde. - Subi as escadas, e la de cima, pude perceber que toda a decoração da casa era moderna, e muito bonita, nao havia nada fora do lugar, exceto por uma fralda jogada no sofa e por uns poucos brinquedos no chao. Me perguntei se Daniel tinha irmãos.

Quando abri a porta do quarto, encontrei minha resposta, tres crianças, totalmente sujas de lama, pulavam em cima Daniel, que estava deitado na cama, com o pé enfaixado, e ria freneticamente, como se possuisse a mesma idade que elas. A cena era estonteante, quandos as crianças me viram pararam de pular e tudo ficou quieto por meio segundo, nesse meio segundo pude jurar que vi Daniel corar. Antes que pudesse ter certeza, senti o baque.

-Elas sao um tanto... Selvagens!

-É eu sei, elas sao como tres cachorrinhos, ficam loucas quando veem visitas, acho que podemos contar isso como parte da minha vingança. - Daniel riu e me olhou com aquela velha expressao que só ele, e aparentemente eu, era capaz de produzir. Sua sobrancelha esquerda levemente acima que a direita e o seu meio sorriso fizeram meu coração palpitar. Fique furiosa por isso.

-Vingança? Como assim? Se vingar de que afinal?! - Daniel riu da minha atitude e apontou para o pé enfaixado, soltei um gemido de cansaço e me deitei no sofa no lado oposto do quarto, completamente suja de lama enquanto ouvia Aurora gritar com os trigemeos.

-Quantos anos eles tem? - Perguntei sem pensar.

- Quatro e meio, fazem cinco em outubro, no hallowen pra ser exato. - Sorri com a ironia do destino.

-Quando voce faz aniversario?

- Na pascoa. - Ele respondeu sem rodeios ou comentarios, comecei a perceber que Daniel nao costumava detalhar absolutamente nada, dizia somente o que era de seu interesse, uma caracteristica um tanto irritante.

Estava prestes formular a proxima pergunta quando Daniel me interrompeu no meio do raciocinio:

-Voce nao veio aqui para falar do aniversario de cada membro da familia certo? Por que precisas de aulas particulares?

-Quero ir para a faculdade claro, pretendo entrar para a Goldensmith! - Eu disse um tanto energética, Daniel baixou a cabeça e tentou abafar o riso. Por fim ele disse:

-Certo, certo, quais as materias caem na prova de seleção? 

-Prova de seleção? - Eu disse intrigada. Daniel deu uma risada de escarnio levantou a sobrancelha esquerda, e enquanto um meio sorriso se formava em seu rosto, deixou escapar bem baixinho:

-O que se esperar de uma inutil!

Suas palavras podem ter sido fortes e grosseiras, mas sua voz foi tao doce que instantaneamente, corei.