I Would Bring You The Stars To See You Smile escrita por Lithium


Capítulo 47
46. Ponte


Notas iniciais do capítulo

Não, vocês não estão alucinando! Eu realmente postei dois capítulos em um dia só. Olha que maravilha? Minha inspiração e minha motivação estão me dando gás para fazer praticamente uma maratona.

Não tirem conclusões precipitadas antes de lerem o cap inteiro XD

Hope you'll enjoy!



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No capítulo anterior...

“As palavras pareciam ter morrido na minha garganta. Eu não sabia o que pronunciar – se deveria dizer o nome dela, gritar, “venha aqui” ou algo diferente. Mas, ao contrário de mim, Angel parecia muito mais preparada para aquele momento, pois sorriu e não hesitou nem mais um centésimo em correr na minha direção e me abraçar com força. Seus braços envolveram minhas costas e me trouxeram para perto. Ela enterrou sua cabeça logo abaixo do meu busto, e só então eu percebi: era real. Angel McKormick estava viva.”

POV – JAMES S. POTTER

Primeiro veio a luz. Depois, estabilidade, e logo em seguida, a confusão.

Eu não sabia onde eu estava. Podia-se perceber que era um jardim, mas não era o jardim da casa dos meus pais, muito menos o de Hogwarts. Eu nunca tinha visto aquele jardim na minha vida, mas já estava admirado. Era tudo tão belo.

O chão era coberto por folhas arranjadas como as folhas que caem das árvores no outono. Elas, que eram em grande quantidade, estavam por todos os lados. Em meio a grama mais verde que eu já tinha visto, flores de todos os tipos emergiam e brotavam. Meus pés estavam descalços e eu vestia apenas um pano branco. Havia um rio, que brilhava como se estivesse cheio de diamantes boiando sobre as águas, e o atravessando, uma ponte que dava em um lugar que eu não podia enxergar, pois era ofuscado por uma neblina. O céu era muito azul, o sol brilhava bastante sem que estivesse muito calor. Olhei ao redor. Aparentemente, eu estava sozinho. Não conseguia ver ninguém além de eu mesmo. Até que, de repente, uma voz soou atrás de mim:

– Bem vindo, James.

Estupefato, virei-me para trás. Um homem usando vestes pretas me encarava, sorrindo. Ele era alto e esguio, dono de olhos azuis-acinzentados e cabelos negros, cacheados e longos. Senti que o conhecia de algum lugar, mas não conseguia me lembrar de onde.

– Quem é você?

O homem sorriu irônico.

– Eu imaginei que você fosse reconhecer instantaneamente o homem do qual você herdou o nome do meio.

As palavras me atingiram rapidamente, como um chicote. Arregalei meus olhos, incrédulo. Então, era “dali” que eu o conhecia. Eu estava conversando com Sirius Orion Black em pessoa.

– Sirius Black?!

– Eu mesmo.

– Mas... mas... como assim? – balbuciei. – Quero dizer... como eu vim parar aqui?

Mal proferi a pergunta e as lembranças atingiram minha cabeça. John Creevey e Claire Zabini. Angie. A adaga. Angie. A adaga prestes a prefurar Angie. Angie. Onde ela estava? Como, com quem? E por que eu estava naquele jardim, conversando com um homem que todos me diziam que estava morto?

Fiquei estático.

Morto.

Então, era isso.

Eu morri.

Nunca pensei muito em como eu iria morrer. Mas saber que eu havia morrido para salvar a vida da garota que eu mais amei me dava uma estranha sensação de dever cumprido. Algumas pessoas acreditam que todo mundo tem uma missão na Terra, esse tipo de coisa. Nunca duvidei, da mesma maneira que nunca acreditei, mas se realmente fosse verdade e se eu realmente tivesse uma missão, esperava que fosse aquela: salvar a vida de Angie. Porque ela tinha um futuro inteiro pela frente, enquanto eu, dificilmente, passaria nos N.I.E.Ms.

Apesar de tudo, havia uma dor em meu peito, também. Poderia ser da adaga, mas eu sabia que não. Me sentia mal por ter deixado Fred e Lucy, e Al e Lily e minha mãe e meu pai, assim como todos os meus amigos e familiares. Nunca gostei de cemitérios, enterros, esse tipo de coisa. A vida é muito frágil, realmente. E nós aqui, apegados.

Pensei em todos eles, na dor que deveriam estar sentindo agora, e torci para que superassem. Porque eu havia morrido feliz. Minha vida pela vida de outra pessoa.

– Esse é o Céu? – perguntei.

– Depende muito daquilo em que você acredita – Sirius respondeu. – Mas, como você aparentemente acredita em Céu e Inferno, posso dizer que isso aqui não é nem um, nem outro. É a entrada.

Franzi a testa.

– Entrada?

Sirius fez um gesto indicando a ponte atrás de mim.

– Está vendo aquela ponte? Ela é um caminho sem volta. A partir do momento em que você a atravessa, você está definitivamente morto, e é depois dela que o seu caminho espiritual será trilhado.

– Espera aí – interrompi. – Como assim “definitivamente morto”?

– Você não morreu, James. Só está muito perto disso – ele explicou. – Você está aqui porque, daqui em diante, seu destino é pura e simplesmente decisão sua.

Desviei o olhar para as folhas alaranjadas, tentando raciocinar. Eu estava vivo, ou quase isso. Quase morto. E quem decidia se eu atravessaria a ponte ou não era eu mesmo.

– Sirius... eu não estou entendendo. Quer dizer que eu decido se vou viver ou morrer?

Ele assentiu.

– Você chegou a um ponto onde os médicos do St. Mungus não podem fazer mais nada para te ajudar. É literalmente sua decisão. Uns morrem instantaneamente, outros acabam não tendo essa oportunidade, mas o seu caso é diferente. Você quem decide se fica ou vai. É sua luta, sua decisão.

Levemente atordoado, eu tornei a desviar o olhar para as folhas. Logo voltei a encarar Sirius.

– O que... o que eu faço? – perguntei, em um tom tão baixo que era quase um sussurro.

– Se quiser ir, basta atravessar a ponte. Mas se quiser ficar, basta convencer a você mesmo disso.

– Me convencer?

– Muitos, quando chegam aqui, decidem ir de uma vez, James. Eu entendo. Deve ser uma sensação nunca experimentada por nenhum humano. E o seu caso... você deve sentir uma sensação de dever cumprido, certo? Morrer pela garota que você ama.

Engoli em seco e assenti lentamente, tentando organizar os pensamentos.

– Então... você acha que eu deveria ir?

Sirius me deu um sorriso de compaixão.

– Eu não acho nada, James. É uma decisão totalmente sua. Você acha que viveu o suficiente? Ou acha que tem muito ainda para ver e experimentar?

Com as palavras de Sirius em minha cabeça, passei a refletr.

Eu tinha vivido muito em comparação a muitos garotos de minha idade. Eu aproveitei cada segundo bem a base do carpe diem, aproveitei todas as risadas e até mesmo as lágrimas e os momentos de dor foram essenciais para formar quem eu sou. Gostava de pensar que não me arrependeria de nada, nunca, e que mesmo os desafios e os momentos ruins faziam parte. Afinal, o que é uma vida sem sofrimento?

Colecionava histórias, muitas delas memoráveis. Logo entendi o que Sirius queria dizer quando disse que a maioria das pessoas que se encontram nesse estado decidem ir. Para que viver mais? Foi uma vida curta, mas feliz, apesar de uma morte prematura ter me tirado do mundo.

No entanto, logo aquela mesma dor voltou a invadir o meu peito. Eu estaria pronto para deixar todos os que me amaram? E esses estariam prontos para seguir sem mim? A resposta pareceu meio óbvia de início. Ninguém nunca está pronto para lidar com uma morte. Somos educados desde sempre a saber que a vida é efêmera, mas nunca pensamos é sobre sua fragilidade. Pessoas podem morrer a qualquer momento. Em um piscar de olhos, você está rindo, alegre, e em outro, tudo acabou. Assim, rápida e indolor. Eles não estavam prontos. Ninguém nunca está.

Com uma enorme dor em meu peito, pensei em Fred. Meu primo, meu melhor amigo, meu irmão, a pessoa mais importante para mim. Crescemos juntos, do mesmo modo em que fizemos tudo juntos. Descobrimos coisas como cigarro e bebida e o sexo com a mesma idade. Juntos. E finalmente me toquei do quão sortudo eu era. Pessoas como Fred eram raras, e as que têm sorte de ter alguém como ele em suas vidas são mais raras ainda. Mas lá estive eu, o tempo inteiro, crescendo e vivendo com ele. Imaginei o medo e o desespero que ele deveria estar sentido. O receio. O modo como o coração dele deve estar pesando. Pensei se ele chegara a chorar, imaginei como ele estava fazendo para suportar.

Pensei em Lucy, minha prima que tinha tudo para me detestar a vida inteira e acabou se mostrando minha melhor amiga. Lembrei-me de todas as brincadeiras, dos desafios que enfrentamos juntos, das vezes em que ela se mostrou uma menina totalmente diferente do usual e se juntou a nós nas “brincadeiras de meninos”, desde os carrinhos até as rodinhas sobre sexo. Me perguntei o que ela estaria fazendo. Se estava espairecendo em algum lugar ou com Fred, chorando a dor do incerto.

Meus pensamentos finalmente atingiram Angie, a garota que passou de instrumento de realização de apostas a amor da minha vida. Era para ela que eu estava me dedicando, foi por ela que eu havia me atirado em direção àquela adaga. Mesmo que eu decidisse ficar e que nós algum dia não déssemos certo, nunca haveria nenhuma garota como ela. Angie era única. A única menina que conseguiu conquistar meu coração seria deixada. Eu não me arrependia, de forma alguma, de ter deixado-me ser ferido no lugar dela. Talvez, se eu tivesse feito diferente, Angie teria ido e eu teria que seguir em frente sem ela. E foi me colocando no lugar dela que tive uma breve ideia do desespero dela frente a essa situação. O que ela estaria sentido enquanto lidava com o medo de me perder?

Eu estava sendo um filho da puta egoísta ao querer deixar as três pessoas mais importantes para mim só por pensar que já havia feito o suficiente. O que dera em mim, afinal? Eu tinha dezoito anos. O quanto você pode viver em tão pouco tempo? Como eu estava sendo burro. Tinha a opção de ficar e queria jogá-la fora.

Não. De jeito nenhum. Eu ficaria. Ainda havia muito para ver e viver, muito para experimentar. Não iria sacrificar meu destino por puro egoísmo.

– Sirius – chamei em um tom extremamente decidido.

Ao prever o que eu diria, Sirius tornou a sorrir.

– Sim?

– Eu decidi que vou ficar. Eu tenho muito para viver ainda! Não posso simplesmente dar as costas às pessoas que eu amo e atravessar uma ponte. Claro que individualismo é sempre bom, mas isso seria egoísmo demais. Não. Definitivamente não. Não vou sacrificar tudo o que eu ainda tenho para viver.

O sorriso de Sirius expandiu.

– Você não tem ideia do quanto ouvir isso me orgulha, garoto.

Sorri de canto.

– Ah, é?

– Seria exatamente o que eu ou o seu avô faríamos – ele disse. – Uma boa vida se constrói na base do carpe diem. Você tem muitas oportunidades, James. Muito para viver ainda. Fique. Aproveite, viva tudo o que você tem a viver.

– E quando é que eu “volto”?

– A qualquer momento. Basta você pedir.

– Agora é um bom momento.

Eu mal terminei a frase e senti um forte puxão na região do umbigo. Era quase como aparatar, só que bem mais forte. Era como ser puxado para cima em uma velocidade colossal.

No que me pareceu menos de um segundo, senti-me atirado em algo macio. Eu não via nada; meus olhos estavam fechados. Tentei me mover, e aos poucos fui sentido meus dedos, meus braços, minhas pernas. Meu tórax doía insuportavelmente. Aos poucos, fui abrindo os meus olhos, até que uma luz cegante atravessou minhas retinas. Me vi no hospital, deitado em uma cama, cheio de agulhas no meu corpo. Os bips agudos do meu coração soavam em alto e bom som.

Novamente, tentei mover alguma coisa, sem sucesso. Não ouvia som algum além do som do aparelho e um outro bem próximo a mim: uma respiração quente e pesada, como se seu dono estivesse cansado.

Uma sombra cobriu a luz, e com dificuldade, eu percebi que era um rosto. E um rosto conhecido. As orbes castanhas de Fred me encaravam alegres e espantadas, quase incrédulas.

– James?

30-10-2015

No próximo capítulo...

“– Nunca mais faça isso comigo, filho de uma mãe. Tem ideia do susto que eu levei? Não sabia se chorava, se me desesperava por completo ou se dava apoio a sua namorada, que por sinal, estava surtando e teria surtado muito mais se não tivesse encontrado a irmã.

– Eu sei disso. E relaxe, seu bobo. Enquanto eu tiver a oportunidade, eu não o farei. Não vai conseguir se livrar de mim tão cedo.

– “Oportunidade”? Do que você está falando, James Sirius?

– É complicado, mas... eu estive no Céu, Fred.”


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Notas finais do capítulo

Se continuar assim, termino I Would em Novembro. O próximo vai ficar grande, o último antes do Epílogo também, e o Epílogo vai ter que vir junto do primeiro cap da segunda temporada, mas se calcularmos bem dá para escrever tudo em três semanas se eu me focar apenas em I Would!

Gente, dois capítulos até o Epílogo O.o

Beijos :*



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