Os Problemas De Amar escrita por Julia Castro


Capítulo 59
Cara de raposa estava pior que um tomate


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora,gente,mas tá ai!Desde já agradeço a todas as recomendações,sem vocês leitores,essa fic com certeza não existiria,muito,muito obrigada :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/373564/chapter/59

Narração:Finch

Sexta

O sorriso em meu rosto não queria me largar de nenhum modo.Aposto que nesse momento sou a pessoa mais feliz do mundo inteiro.Bem,não sei se sou a mais,até porque podem ter várias pessoas felizes junto comigo,mas mesmo assim eu me sentia única.Seria três dias seguidos ao lado de Marvel,o que poderia ser melhor que isso?

Nesse momento eu estava no carro no banco de trás e meus pais nos da frente.Eles conversavam sobre a generosidade da senhora Quaid em nos deixar passar o fim de semana com eles na casa de praia.Eu só conseguia pensar em Marvel enquanto olhava a pela janela do carro.Um filmezinho começou a passar em minha cabeça e eu me senti um pouco constrangida.Imaginei eu e Marvel nos beijando na beira da praia.Estúpida!Como você pode imaginar uma coisa dessas?Obviamente eu corei,espero que meus pais não tenham visto.Infelizmente minha mente pervertida não parou por ai,comecei a imaginar nosso casamento,eu vestida de noiva caminhando em um tapete vermelho ao lado de meu pai.Sorri.E por fim inconscientemente imaginei nós dois na nossa lua de mel...ai que vergonha!Como posso pensar nisso?Eu sou pervertida,só pode.

–Querida,você está bem?Está vermelha...-disse mamãe olhando-me seriamente.

Oh!Ela não pode saber que eu estou tendo esses pensamentos!Que vergonha,que vergonha!O que está acontecendo comigo?!Vou mentir para minha mãe novamente...

–Eu estou bem,deve ser o calor,sabe?-digo forçando um sorriso.

–Querido,liga o ar por favor.-disse mamãe para meu pai.

Ele assentiu e ligou.

Voltei a encarar a janela morrendo de vergonha.Tentei pensar em outra coisa,em como vai ser a casa,que cor,coisa banais,mas nem um pouco vergonhosas.

–Chegamos.-avisou meu pai estacionando o carro em frente a casa mais linda que eu já havia visto.Tinha dois pisos e era branca,com algumas ondas do mar desenhadas em azul.Havia duas janelas de madeira e uma sacada virada para o mar.Além disso tinha um jardim pequeno na frente,com uma grama incrivelmente verde e bem cuidada.

Meu coração bateu com muita intensidade quando Marvel abriu a porta de seu carro,saindo com sua mochila preta.Fiquei olhando para ele tão abobada que não me dei conta que ele sorria e vinha até mim.

–O que achou,raposinha?-perguntou ele abrindo a porta do carro.

Meus pais estavam saindo e cumprimentando a senhora Quaid e o senhor Quaid.

–Sua casa é linda.-digo ainda boquiaberta.

–Ah,nem tanto...-disse ele.-Vem,você não quer entrar?

Assenti saindo do carro.Primeiramente cumprimentei a senhora Quaid assim como meus pais,ela disse que eu estava muito bonita e agradeci,logo apertei a mão do senhor Quaid que era muito educado.O homem era alto com a pele levemente bronzeada,mas nem tanto,tinha o cabelo liso e muito preto.Não encontrei muita semelhança nele e em Marvel,acho que Marvel tem mais traços da mãe,menos pela parte da altura.

–Mãe,eu vou mostrando a casa para ela enquanto vocês conversam aqui fora.-disse ele apontando para mim.

Novamente ele não me chamou pelo nome.A essa altura eu já estava um tanto acostumada em não ser chamada de Finch por Marvel,embora eu ficasse bem triste.”Raposinha”é um apelido para crianças,não quero ser chamada assim...

–Certo,certo.-disse a senhora Quaid voltando a conversa com meus pais.

Mamãe me olhou parecendo um pouco brava,com uma expressão do tipo “não faça isso,não gosto que você fique sozinha com ele”.De fato eu ignorei.Marvel não ia me agarrar,ele estava longe de fazer isso.Embora a Finch pervertida que vive em meu corpo estava gritando “uhu,espero que isso acontece”.Ignorei a Finch detestável,voltando rapidamente a mim.

Abanei para minha mãe e junto de Marvel entrei na casa.A porta era de madeira,dando a impressão de ser velha.Era bem grande.Nós dois entramos e eu fiquei surpresa ao ver a sala.Era completamente linda.Havia uma televisão bem grande em cima de uma mesa,um sofá marrom bem grande e umas revistas e livros em uma outra mesinha.Ao lado da sala estava a cozinha,sem mesa,apenas um balcão grande com quatro cadeiras em frente.

–Sua casa é demais...-digo olhando para todos os lados e tentando gravar aquele lugar.

Minha família não tinha muito dinheiro.Não éramos pobre,mas não podíamos ter uma casa de praia,ainda mais tão grande e bela.

–Tem mais coisas lá em cima.-disse Marvel pegando minha mão.

Eu sorri.Sua mão era forte e em comparação a minha,que é incrivelmente pequena,era grande.Minha vontade era continuar subindo as escadas segurando sua mão perfeita e ir correr abraçar ele,mas lembrei que a qualquer momento mamãe podia aparecer e ela adora fazer isso.

Soltei a mão rapidamente,encarando o chão.Estava envergonhada,provavelmente vermelha e Marvel deve estar cheio da minha cara de tomate.

–O que foi?-perguntou ele ainda sorrindo.

–Err...eu to meio suada,sabe?É nojento...-digo esfregando uma mão na outra.

–Não,você não está.-disse ele encostando-se na parede.

–Eu estou.-digo cruzando os braços.

–Não está.-disse ele.

Marvel caminhou até mim,sussurrando em meu ouvido:

–Sua mão não está vendo e além do mais você me deve um beijo,lembra?

Senti minhas pernas tremerem.Ele estava perto de mais,perto de mais.Podia sentir sua respiração tocando minha pele,seu cheiro entrando por minhas narinas,seus lábios encostando de leve minha orelha.Um arrepio percorreu minha coluna.

Marvel puxou meu braço,pegando minha mão e assim subindo as escadas devagar,quase como se estivesse zombando da proteção de minha mãe.Aquilo me fez rir,pois nunca nenhum garoto havia tentando ir contra mamãe.Até porque nunca nenhum garoto gostou de mim...

–Seu quarto.-disse abrindo uma porta.

–Mas tem uma cama de casal,deve ser da minha mãe e do meu pai.-digo.

–Não,é seu.Qual o problema de ter uma cama de casal?-perguntou ele.

–Bem...eu...-na verdade eu não sabia o que dizer.

–Tem muito mais espaço,oras.-disse ele.

A Finch pervertida sentiu um pouco de malícia na voz dele.Ela tentou me alertar,mas a ignorei.Eu gostava disso nele.Gostava do fato de ele ser diferente comigo,gostava do jeito como ele mexia comigo.

–Onde é o dos meus pais?-perguntei.

–Ao lado.-disse ele apontando para uma porta fechada.

–Certo.-digo mexendo em meus cabelos um tanto nervosa.

–Então,você...-disse Marvel até ser interrompido por minha mãe.

–Filha,onde você está?-gritou mamãe lá do andar de baixo.

Levei um susto e acabei dando um pulo.Marvel sufocou uma risada.

–Eu estou aqui,mamãe.Estou vendo meu quarto.-digo com medo de sua reação.

Ela deve pensar que eu sou algum tipo de vadia.Mamãe nunca deixou meus primos homens entrarem sozinhos comigo em meu quarto e muito menos ainda com garotos desconhecidos.Até porque os únicos homens que iam em nossa casa eram da família.

–O que está fazendo ai sozinha?-perguntou ela.-Desça logo,vamos.

Olhei para Marvel e ele ainda sorria.Seu sorriso era lindo,completamente perfeito.Olhei para seu lábios.Eram finos,mas impecáveis.Senti uma forte tentação em tocar neles com os meus.Desci as escadas correndo antes que mamãe aparecesse.

–Que falta de educação,Finch!A senhora Quaid está mostrando a casa e você some.-disse ela cruzando os braços e me olhando muito brava.

–Ah que isso!Deixa eles brincarem.-disse a senhora Quaid dando uma piscadela para mim.

Fiquei ainda mais constrangida.

–O que podíamos fazer para o jantar?-perguntou ela.

–Acho que uma massa é mais fácil,certo?-perguntou mamãe.

–Verdade.Se tivesse vindo mais cedo podíamos ter aproveitado o mar.-disse ela desviando o assunto.

–É mas ainda temos amanhã.-disse mamãe.

–Ei,homens!Não querem ir ao mercado?-perguntou a senhora Quaid para seu marido e para meu pai.

–Querer a gente não quer,mas...-disse o senhor Quaid dando uma gargalhada.

Senhora Quaid lhe mostrou o dedo do meio e ele riu.Mamãe abaixou a cabeça.Acho que não somos muito acostumados a se xingar assim,então minha mãe pareceu não gostar.

–Marvel,quer ir junto?-perguntou o senhor Quaid.

–Pode ser.-disse ele descendo as escadas.

Fiquei um pouco irritada por seu pai ter convidado ele.Eu queria aproveitar o tempo inteiro com Marvel,mas acho que mamãe não ia gostar que eu fosse ao mercado com os homens.Minha mãe é dá seguinte teoria:homens para um lado e mulheres para o outro.

–Raposinha,tá afim de ir junto?-perguntou Marvel.

Meu coração bateu mais forte.Ele não havia se esquecido de mim.

–Eu...-quando estava prestes a responder mamãe se meteu na frente.

–Ela não vai nos ajudar a fazer a janta,Marvel.-disse ela rígida.

–Certo.-disse ele e seguiu para a porta.

A senhora Quaid estava se segurando para não cair na gargalhada.

Por que minha mãe tinha que ser tão chata?Qual o problema de eu ir ao mercado com ele?Meu pai estaria lá,obvio que nada aconteceria.E além do mais:eu já tenho idade mais que o suficiente para namorar.Dezessete anos!Eu já deveria pelo menos ter dado meu primeiro beijo...

Abaixei a cabeça.

–O que eu tenho que fazer?-perguntei.

–Corta essa cebola aqui.-disse mamãe me entregando uma faca e uma cebola.

–A qual é,Sarah!Deixa a menina se divertir...-disse a senhora Quaid.

–Não,não,eu insisto senhora Quaid.-digo.-Devo ajudar,afinal estou na sua casa.

–Já que você está na minha casa eu insisto duas coisas:não me chame de senhora Quaid,me chame de Ellen e não quero que corte cebola.-ela caminhou em minha direção me fazendo sentar em uma cadeira alta.

Depois pegou a cebola em sua mão e começou a cortar.

–Se eu chorar culpe a cebola.-disse ela rindo.

Mamãe cortava o tomate ao lado de Ellen.

–Então,Finch,como você e Marvel se conheceram?-perguntou Ellen.

O tomate escorreu da mão de minha mãe,caindo diretamente no chão.

–Ah...sou uma desastrada.-disse ela juntando o tomate.

–Todas somos,querida.-disse Ellen.-Me conte Finch.

Eu engoli em seco.Não queria falar de Marvel para a mãe dele,isso era um tanto constrangedor.Me senti um pouco namorada dele.Tenho certeza que o tomate não caiu por desastre de mamãe.

–Bem,eu estava sentada e o professor colocou ele sentado ao meu lado.-digo.

–Na mesma cadeira?-perguntou Ellen.

–Não!Claro que não...-digo dando uma risadinha sem graça.

Ellen riu.

–Estou brincando,continue.-disse ela.

Respirei fundo.

–Então,ele disse que tinha muita dificuldade em matemática.Combinamos de ele ir na minha casa e eu ensinei ele.Ai viramos amigos.-digo sem revelar todos os detalhes que faziam meu coração pular para fora da boca.

–Humm...interessante.-disse ela.

Eu estava um tanto suada e puramente constrangida.Mamãe estava com um expressão muito irritada.Não era culpa,eu só estava respondendo as perguntas da senhora Quaid.

–Finch,por que você não vai tomar banho?-perguntou mamãe numa tentativa de acabar com aquele assunto.

–Sim,sim.-digo levantando-me da cadeira.

–Eu te ajudo a levar sua mala.-disse ela pegando a mala e subindo as escadas.Subi atrás,até que largou em cima de minha cama.

–Obrigada.-digo.

–De nada.Vou lá ajudar Ellen.-disse ela dando-me um beijo em minha testa e caminhando até as escadas.

Peguei um toalha e segui para o banheiro.Tranquei a porta,despindo-me.A água do chuveiro era morna,relaxando meus músculos rapidamente.Seria tudo muito melhor se mamãe não ficasse interferindo a todo o momento.Eu estava cansada de suas crises,mas não sabia o que fazer.Não queria magoá-la.

Depois de terminar sequei meu corpo.Tateei o balcão da pia a procura de minhas roupas.

–Ah não...não!Que droga!Não acredito nisso!-digo dando-me conta que eu havia esquecido as roupas no quarto.

“Só a uma coisa a se fazer”,pensei.

Enrolei meu corpo na toalha.Abri a porta um pouquinho para espiar se havia alguém lá fora.Pude ouvir a voz de meu pai e de Ellen lá embaixo.Mamãe estava rindo também.

“Eles estão lá embaixo”

Abri a porta por inteiro tentando não fazer barulho.Andei pé por pé até meu quarto,assim fechando a porta.

“Consegui”

Quando me virei para a cama a ponto de tirar a toalha levei um susto.

–Ah...ah...raposinha,eu...desculpa...eu...-Marvel não sabia o que dizer,mas continuava sentado me olhando.

O pior de tudo é que ele continuava me olhando.

–Marvel,por favor,sai.-peço.

–Claro,eu...raposinha,desculpa.-dizia ele se levantando.

–Tá tudo bem.-digo.

“Não está tudo bem,o garoto que você gosta viu você de toalha”,pensou a Finch pervertida.

Marvel abriu a porta e saiu.Era a primeira vez que eu via ele vermelho.Se Marvel estava vermelho imagina eu?Devia estar pior que um tomate.Mas o que pode ser pior que um tomate?

Fechei a porta rapidamente.Eu estava ofegante,minhas mãos tremendo,minhas pernas tremendo.Isso não podia ter acontecido.Se mamãe souber ela vai ficar maluca.Não,ela não pode saber.Oh Deus...

Joguei a toalha no chão,colocando qualquer roupa que aparecesse pela frente.Sai do quarto com o cabelo ainda pingando,mas não me importei.Eu ainda estava tremendo e vermelha.

Encontrei Marvel parado na porta.

–Eu juro que eu não queria ver nada.-disse ele.

–Eu sei.Deveria ter levado a roupa para o banheiro.-Nunca estive mais constrangida que isso.-Só não comenta pra ninguém,tá?

–Juro nunca falar sobre isso.-disse ele.

–Certo.É melhor a gente descer se não a mamãe não vai gostar.-digo.

Desci as escadas na frente de Marvel,não queria mais olhar para ele.Eu estava muito envergonhada.

–A gente já está na mesa,seu pai comprou massa pronta.-disse minha mãe parecendo muito alegre.

–Você está vermelha filha.-digo.

–Não é nada.Mãe,eu estou morrendo de fome,se você puder...-digo.

–Claro,claro.-disse.

Ela me mostrou onde estava a massa e eu me servi.Comi o mais rápido possível.Mamãe conversava com Ellen,papai conversava com Marvel e o senhor Quaid.Eu estava tão constrangida que não conseguia olhar para ninguém.

–Mãe,eu estou com sono,acho que vou dormir.-digo dando um beijo em sua bochecha.

–Mas é cedo.-disse ela.

–Eu estou com muito sono.-digo.

–O.k,boa noite então.-disse ela.

–Boa noite,gente.-digo para todo mundo.

–Boa noite.-eles respondem.

Marvel me olha um pouco triste,mas antes que ele pudesse me seguir eu corri para meu quarto.Eu queria trancar a porta,mas mamãe tem medo que eu desmaie e isso é bem constante.

Coloquei o pijama,deitando na cama e fechando os olhos.

“O que será que ele pensou quando te viu semi nua?”,pensou a Finch pervertida.

“Não quero pensar nisso,para...”

Mas foi meio inevitável.As vezes não consigo controlar esses pensamentos idiotas que tenho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!