POV. Santana:

Quando eu via Brittany dançar, eu tinha a certeza de que ela nascera para isso; a cada movimento, ela parecia tão feliz... É claro que ela também canta bem, mas dançar é o seu dom.  Então, eu sempre achei que, quando ela terminasse o colégio, ela iria se dedicar integralmente a dança. Talvez até mesmo ingressar em uma universidade com um bom curso de Dança, como o Mike. Mas eu sabia por que ela estava indo para o MIT. Ela queria provar a todos e, principalmente, a  ela mesma, que ela era sim inteligente e capaz de ir para uma faculdade renomada.

Durante o show, eu me emocionei com a música da Marley. A garota podia ser bulímica, mas era talentosa. Ela me lembrava a pequena Berry... Mas a minha atenção estava mesmo em Brittany. Ela parecia me procurar na multidão e, quando me achou, não olhou mais para nenhum outro lugar. Ela dançava para mim.

A apresentação acabou e todos aplaudiram muito. É claro que o ND venceu e, depois de todas as comemorações, no palco e fora dele, eu encontrei Brittany sentada no palco, sozinha. Ela olhava para as poltronas, já vazias, mas sabia que eu estava ali. Fui em sua direção e sentei ao seu lado. Ela ainda não olhava na minha direção, mas começou a falar:

- Sabe do que eu lembro?

- De quê?

- De todas as nossas apresentações, cada uma delas. Com o grupo e com você.

- Eu também lembro, Britt.

- Eu lembro de cada música que dancei e cantei com você. De cada música que você dedicou a mim e de cada palavra que me disse.

Eu a escutava em silêncio, sem saber ao certo aonde aquela conversa iria chegar.

- I wanna dance with somebody... - Ela cantarolou.

- With somebody who loves me. - Completei no ritmo da música, com um pequeno sorriso.

Britt ficou em silêncio e eu sabia que ela estava pensando em tudo o que ela viveu, o que nós vivemos ao longo desses anos. Eram muitas lembranças. Algumas boas, outras nem tanto.

- Eu estou com medo, Santana.

- De que, Britt?

- De não ser aceita, de não me sair bem... De perder você de vez.

- Britt, você sempre vai  poder contar comigo. Independente de onde esteja, aqui ou em Massachusetts... Eu estou aqui, não estou? Além disso, você conseguiu, Britt! Você está indo pro MIT! - Eu disse, tentando parecer animada, mas não tenho certeza se ela estava convencida.

- Eu sei, Sant. Mas você vai voltar pra NY, pra sua vida. E tenho medo que se afaste de novo, que se esqueça de mim. Você não sabe o quanto eu invejo Kurt e Rachel... Eles moram com você e eu não.

- Brittany, olhe pra mim. - Eu segurei suas mãos e a fiz olhar em meus olhos. - Eu amo você. Não consigo te esquecer, nem mesmo depois de todo esse tempo. Eu terminei com você e acho que foi a coisa mais estúpida que já fiz. Eu só não queria que você ficasse triste, por estar aqui em Lima sozinha. Percebi que não estava sendo a melhor namorada do mundo e que a distância estava nos machucando. Mas nada do que eu sinto por você mudou. - Eu desabafei, as lágrimas voltando aos meus olhos. Malditas lágrimas!

- Então... Você sente a minha falta, como eu sinto a sua? Mesmo depois de todo esse tempo longe? - Ela perguntou insegura.

- Sempre.

- Santana, eu não quero sair da sua vida. Não quero que você saia da minha. Você me disse que eu sempre seria a sua namorada.

Eu segurei seu rosto e a beijei. Ela passou os braços pela minha cintura e aprofundou o beijo. Parecia tão desesperada quanto eu. Só nos separamos quando o ar começou a faltar. Colei nossas testas e ela disse:

- Eu não quero te dizer adeus.

- Eu não vou aceitar te dizer adeus.

Ela deu um sorriso que iluminou seus olhos. Mas pareceu um pouco confusa.

- Sant... Você quer dizer que... Podemos ser namoradas outra vez?

- Nós sempre fomos, Britt. Você quer ser minha namorada de novo?

- É claro! - Ela disse me abraçando e eu ri do entusiasmo. Mas ela logo me soltou e perguntou:

- Mas... terminamos uma vez por causa da distância. Como faremos agora?

- Daremos um jeito. Eu prometo. - Eu disse, séria.

- Então... Isso não é um adeus? - Ela me perguntou, estendo o mindinho, os olhos azuis ansiosos.

- Definitivamente não. - Eu entrelacei o meu mindinho ao dela, sorrindo. - É apenas um novo começo.

- Novo começo. - Ela repetiu, sorrindo pra mim.

Então nos levantamos e saímos do auditório de mãos dadas.