Dramione - Redemption escrita por Lady Luna


Capítulo 1
— chapter one




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— chapter one

Slytherins don’t cry

"Draco Malfoy, príncipe da sonserina e garoto mais invejado entre todas as casas, até mesmo a Grifinória. Draco Malfoy, o mais desejado.” Repassou mentalmente os seus ‘títulos’, concedidos em Hogwarts pelos que o cercavam, como abelhas em torno do doce favo do mel. Porém, se ele era mesmo tudo isso, por que se sentia tão... Sozinho? Onde estavam seus amigos, aqueles que sempre o seguiram e que ele sempre tratou como servos? E — alguém por favor poderia explicar para si — por que ele se sentia tão vazio? Draco, só queria poder soltar uma lágrima que seja, porém, isso poderia parecer fraqueza. Sonserinos não choram em público, e não seria ele a quebrar a tradição.

O Malfoy não quisera fazer nada do que fez: nunca desejou tornar-se um comensal, nunca desejou — não realmente — matar o velho e decrépito diretor de Hogwarts. Draco nunca desejou ter visto os corpos que se espalhavam por todos os lugares do castelo, e sentir que fora de algum modo parte de todas as lágrimas — que seguiam-no por todos os cantos, como espectros. Por que, diabos, Draco não pode ter escolha? Quisera ele ter nascido em uma família diferente. Quisera ele. Poderia até ter sido até um sangue-ruim: ao menos não passaria por isso sozinho. Poderia ter amigos que o consolassem. Poderia não ter ajudado. Quisera ele ser até mesmo um grifinório — o único comensal que conheceu da Grifinória, foi Pettigrew, e era realmente muito maltratado entre os seus iguais; talvez, se fosse mais um sangue-ruim e grifinório não teria de se tornar o monstro que se tornou.

Ah, como Draco queria chorar. Debulhar-se em lágrimas, esvaziar todo o peso que o possuía por inteiro. Quem dera Malfoy pudesse demonstrar aos outros como estava arrependido, gritar em plenos pulmões que não queria ter feito nada daquilo: como queria ser igual a cada um deles. Queria gritar que Draco Malfoy nunca existiu; aquilo era só uma máscara imposta a ele. Doía-lhe ainda mais no peito notar o modo como todos estavam cercados de família e amigos, que os confortavam por perdas, e olhar para si mesmo e ver que estava sozinho. Ninguém ali se importava com ele. Ah, mas é claro que ele tinha família: um pai frio, que além de tudo era um comensal e uma mãe cuidadosa, que fora levada para aquela maldita confusão sem nem mesmo ter conhecimento do que se passava ao redor. Mas se não podia contar com família, e os seus amigos? Onde estavam seus amigos? Talvez — e muito provavelmente — não existissem.

Naquele momento, sentindo-se sozinho como estava, Draco entendeu: todo dinheiro que sempre teve não basta, servos não bastavam, a fama e o poder não lhe serviam para nada sem a amizade, sem alguém para confiar, sem alguém para lhe entender. Draco sentia-se tão responsabilizado por tudo!, Queria poder desabafar com alguém. Então, como em uma epifania, o garoto entendeu qual deveria ser o seu próximo passo para redimir-se. Draco deveria engolir todo o seu orgulho, abaixar as defesas e pedir desculpa a os maiores prejudicados pelo seu ego: o trio de ouro. Granger — Ah, como Malfoy desejava que ela soubesse sobre a paixão e afeto mudo que sentia por ela! O afeto que sufocou arduamente desde sempre -, Weasley e Potter.

Decidiu-se em um impulso, encaminhando-se para onde notou uma Granger e um Weasley abraçados, como se nunca mais pudessem se soltar. Como se caso se soltassem, um comensal poderia pular e lançar-lhes a maldição da morte. Ver aquela cena doeu em seu coração. Ainda assim, suportando a tortura de ver a amada junto ao que sempre considerou seu inferior, continuou.

“Grang... Quer dizer, Hermione, sabe onde foi Potter?” perguntou ele para a castanha, que o olhou com pena. Ele não queria pena: preferia um abraço, que coresponderia com um pedido perdão sincero.

“Por que ela diria, filhote de comensal?” disse Ronald, respondendo pela namorada. Ah, sim, o apelido de Weasley doeu como um chicote na pele nua. Decidiu disfarçar. “Decidiu acabar com Harry sozinho após a queda do seu mestre?”

“Por favor... Ronald, só quero me desculpar por tudo.” disse Draco, numa voz passiva. Em um décimo de segundo, Weasley levantou e acertou-lhe um soco no nariz, sem ter recebido nenhuma provocação; simplesmente acertou-o. Draco nem mesmo se moveu para defender-se contra a fúria do inimigo de infãncia. “O que foi Malfoy, não vai revidar?”

“Sinceramente? Não. Me falta o tempo e o interesse para lidar com um bruto como você. Se não podem me dizer para onde foi o Potter, adeus.” Replicou de uma maneira fria. Tentara ser educado e recebera um soco, para que perder o seu tempo?

Quando começou a andar, sentiu dois dedos firmes e quentes em seus ombros. O toque lhe enviou choques por todo o corpo, como se todos os seus nervos fossem diretamente tocados. Olhou para trás e deparou-se com o olhar desesperado de Hermione.

“Draco, posso conversar com você?” disse a garota, parecendo com um pouco de medo de ser rejeitada.

“Claro.” disse ele, recebendo um olhar furioso de Rony. A garota o levou em passos calmos para o corujal, e após subirem uma escada íngreme chegaram a um jardim, belo, com a maior variedade de flores. Somente de inspirar o ar fresco do local, que se coloria com os cheiros familiares de sua infância, o garoto pode sentir-se um pouco melhor. Porém, somente em pensar que naquele momento a sua casa — que poderia parecer assustadora e desconfortável para os outros, mas que era a única referência de lar para o garoto — estava queimada, reduzida as cinzas pelos membros da Ordem, e que ele não possuía mais nada (o que era um exagero, se ele contasse as inúmeras propriedades na França, Escócia, Portugal e outros lugares) que realmente lhe inspirasse boas coisas, doía-lhe mais um pouco. Será que era isso que o futuro reservava para si? Dor e mais dor? E um mar de culpa, não podia esquecer.

Ficaram em um silêncio muitíssimo desconfortável, até que a garota resolveu interrompe-lo. “Eu adoro esse lugar, sabia?” disse, recebendo um olhar curioso do garoto. Riu suavemente. “Sabe, no primeiro ano esse era o lugar em que eu ficava quando... sabe... quando Rony e Harry ainda não falavam comigo e todos me chamavam de irritante sabe-tudo. Era meu porto seguro.” Completou, omitindo intencionalmente a parte que dizia a respeito de quem fazia isso a ela. Ele, em grande parte.

“Isso é interessante.” Respondeu o Malfoy, sorrindo verdadeiramente para ela. Parecia que ficar junto dela trazia para fora de si uma vontade desconhecida nele. Uma vontade de provar-se merecedor de algo, de fazer qualquer coisa boa.

“Draco...” começou Hermione, em uma voz insegura. Estava com os olhos fechados, e Draco pensou que ela era a menina mais linda que ele já havia visto. Assustou-se quando seus olhos se abriram de repente. “Você realmente quer se redimir?”

Draco olhou-lhe, pensando numa resposta sincera. O seu cinza tempestade no castanho amendoado. Culpa na compaixão.

“Sim. Eu nunca quis fazer nada que fiz, quer dizer, não realmente.” respondeu ele, tentando extrair a resposta da mais profunda parte de si. Realmente, nunca gostaria de ter feito nada daquilo. Pena que havia notado aquela resposta tarde demais.

“Sabe, Malf... Draco, você poderia se redimir. De algum modo.” respondeu a castanha suavemente. Apesar de suas palavras serem sinceras — como a maioria das que eram proferidas pela jovem, que parecia não contar com nenhuma máscara — Draco não encontrou utilidade nelas. Como poderia se redimir, se metade daquela escola odiava-o e julgava-o?

“Hermione, isso é impossível.” retorquiu tristemente. A garota iria revidar, porém, ele encostou os dedos nos seus lábios — como se para calá-la. O toque novamente enviou choques — nele e nela. “Ninguém quer me ver nesse lugar. Eu ajudei a matar o diretor. Influenciei sem notar na morte de seus amigos. Não sou alguém digno de perdão. Nem mesmo entendo como você consegue falar comigo, um ser tão puro falando com um pecador sujo como eu. Vá embora, antes que pensem algo ruim de você, assim como pensam sobre mim.”

Esperava que ela saísse correndo. Chamasse-o de monstro, canalha ou assassino, como ele queria, mas ela simplesmente continuou do seu lado. Como poderia continuar lá, ao lado do monstro que a fizera sofrer por tanto tempo?

Draco ainda esperava uma rejeição qualquer vinda da garota, porém, a única coisa que recebeu foi um abraço forte. Hermione cheirava a rosa e hortelã — um cheiro estranho que caia-lhe perfeitamente. O coração do garoto disparou. Seria aquilo real?

“Você ainda tem chance, Draco. Chance de ser bom. Vou depositar minhas fichas em você, não vou te abandonar.” Disse ela, afagando gentilmente seus cabelos claros, do mesmo modo que a sua mãe fazia quando era pequeno e machucava-se de algum jeito.

Então — como se cada tristeza passada contribuísse naquele momento — Draco chorou. Chorou como nunca.

E, incrivelmente, Hermione continuava lá, afagando seus cabelos e sussurrando-lhe que acreditava nele.


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