Por que ela fugia?

Tal pergunta nunca fora respondida. Talvez, pela timidez dele, na hora de perguntar. Ou talvez, porque ela nunca quisera falar sobre esse assunto, realmente.

Depois da conclusão do caso, lá estavam eles, cada um, sem a coragem suficiente para perguntar, o que realmente queriam.

- Bem, - suspirou ela - como você mesmo disse, você é a relação mais longa que eu já tive com um homem.

Elliot sorriu, derrotado, e tentou negar, mas ela prosseguiu:

- Quem mais iria me aguentar? - e deu um gole no chá.

- Sabe, acho que esse tempo todo, nós viemos brigando, e depois reconciliando-nos, mas eu sempre quis perguntar-te coisas, que você nunca responderá, por completo. - suspirou ele. Olivia sorriu.

- Acho que já sei o que você quer perguntar, e acho que não conseguirei responder. - disse, olhando fixamente para o chá amarelado. Elliot sorriu, e tomou um gole do café.

- Posso perguntar?

- Faça o que quiser. - respondeu, seca.

- Por que você foge?

Olivia suspirou, e olhou para longe. Elliot observou o olhar perdido dela. O sorriso tímido tornou-se desafiador.

- Por que quer saber? - começou ela. - Você não tentou contatar-me, em nenhuma das vezes que eu supostamente fugi. E, além do mais, você tinha Dani, não parecia se incomodar comigo.

Elliot abriu a boca, para retrucar, mas Olivia prosseguiu, mesmo assim:

- De todas as vezes que eu passava na rua, ou estava em alguma cafeteria, eu via vocês, e a parceria parecia melhor do que a que nós dois tínhamos! Elliot, não precisa fingir, e você não sabe tudo, até porque existem coisas sobre mim que você não sabe, e muitas que precisaria saber, para entender porque eu supostamente fugi. - concluiu. Elliot estava boquiaberto, e ela não respondera da forma que ele pensava que seria.

- Liv, se você nunca me disser o que preciso saber, nunca saberei. - exaltou ele. Olivia olhou para ele, com uma expressão estressada.

- Acho que você não precisa saber de tudo. Mas precisa saber o suficiente, para descobrir porque eu, supostamente, fugi. Achei que com todos esses anos, você já teria descoberto, mas não. Você não tinha tal interesse.

E depois disto, ambos ficaram calados.

Imóveis.

De vez em quando, um deles bebia, para aquecer-se. Olivia tinha o olhar perdido, e não mostrava vontade alguma de conversar.
Olivia tinha uma dor interior. Algo que nem ele sabia, e que, por ela, ele nunca saberia.

- Se quiser ir embora, não vou me importar. - sussurrou ele. Olivia sentiu os próprios olhos marejarem.

- Eu sei... - gaguejou, com muita dificuldade. - Eu sei que não. Acho que se você arranjar outro parceiro, não se lembrará de mim, ou do que passamos juntos.

- Sabe que não é assim, Liv... Vai ser difícil esquecer nossos momentos juntos. - suspirou Elliot, olhando-a nos olhos.

- Sei que não é fácil, mas não é tão difícil. - admitiu Olivia. - E, do mesmo jeito que você esqueceu-me, enquanto estava com Dani, vai conseguir, com outro parceiro.

Elliot se pegou pensando no argumento dela. Era verdade, ele se estava entretido com Dani, mas não a esquecera.

Não poderia.

Existia algo sobre os dois, algo que não conseguiam explicar. Era mágico, era doce, era... Era sobre eles.

- Não. Eu não conseguiria. - exaltou ele. Olivia deixou o copo de lado, e fitou-o.

- Como assim? Explique-me.

- Aqui está frio, vamos subir, e conto-te lá em cima. - exaltou ele, levantando-se.

Pediu a mão de Olivia, e ajudou-a a levantar-se.

====================================

Não se falarem, até chegarem até o apartamento dele. Olivia era a que menos queria conversar, no momento.

Elliot indicou o sofá, para que ela sentasse, mas ela não o fez.

- Estou bem em pé. – argumentou Olivia.

Elliot não esperou nenhum segundo a mais.

Aproximou-se dela, e tascou-lhe um beijo, fazendo-a tremer, dos pés à cabeça, e tentar afasta-lo, com todas as forças de seu ser. Apesar de todo o esforço para afasta-lo, e toda a raiva que consumia seu corpo, ela deixou os fortes sentimentos deixarem atuar por um instante.

Por um tempo, o beijo era violento, e necessitado. Depois, lento, e carinhoso.

Separaram-se com vários selinhos.

Olivia virou-se de costas para ele, e pôs o rosto sob as mãos. Elliot abraçou-a por trás, e ela esquivou-se do contato.

- Eu... Eu preciso ir, não posso ficar aqui, depois do que aconteceu, e... – a voz saiu entrecortada, e ela não conseguiu mais falar, depois de senti-lo contra si, novamente.

- É por isso que eu não posso esquecer-te. Eu amo você. – sussurrou ele. Olivia suspirou, e virou-se para ele.

- Mas, e o que faremos, em relação ao trabalho? – perguntou Olivia, preocupada.

- Sh... – pediu ele, colocando o indicador sobre os lábios dela. – Pensaremos nisto depois. Eu já esperei demais. – e tornou a beijá-la.

Olivia separou-se dele, e suspirou.

- Era por isso que eu fugia. Por puro medo.

Elliot sorriu, e tornou a beijá-la. Nenhum dos dois, nunca mais, fugiria.