Onde será que eu estou ? Isso parece um parque abandonado. Havia lixo jogado pelos cantos, a grama estava muito alta e as árvores tão altas que cobriam a luz da lua, deixando o lugar na completa escuridão.

Eu usava a luz do meu celular como lanterna, não era lá grande coisa, mas é mil vezes melhor que ficar no escuro.

Me sentei em um banco e fiquei olhando para as árvores. Esse lugar me dava uma sensação de.... não sei como definir em palavras, só sei que me sinto bem aqui. Apesar de todo esse lixo, sinto que aqui é um lugar especial. 

 Olho para essas árvores e sinto como se tivesse alguém me observando, e que eu não devo temer esse alguém. É como se.... isso pudesse me levar a algum lugar

De repente notei que Tris vinha correndo na minha direção, e me levantei.

Será que ela veio atrás de mim por conta própria ? ou veio me levar de volta para casa ?

De qualquer forma eu queria ficar sozinha, então sem pensar muito adentrei as árvores correndo. Esse lugar é tão grande. Mais parece uma floresta do que um parque.

Ela continuava vindo atrás de mim, não tinha como eu conseguir despista-la aqui, nem sei onde estou, não sei aonde esses caminhos podem me levar.

De repente vejo uma movimentação estranha em uma moita enquanto corria e pensei e ir para lá, mas aquela direção não fazia parte das trilhas, e se fosse perigoso ?

Escuto passos e ouço a voz de Tris me chamando, olho para trás e ela já está próxima. Que droga!

Pulo a moita e continuo correndo, mas já estou ficando cansada. Vejo uma luz a direita, mas o que poderia ser ? Isso está abandonado, e também não pode ser o sol já que está de noite. De qualquer maneira sinto que devo ir naquela direção.

Continuo correndo, escutando os passos e gritos de Tris. Ela pede para que eu pare de correr. E é o que eu faço.

Não por pensar que era melhor voltar ou coisa parecido. É que não tenho para onde correr,  na minha frente tudo o que vejo é um precipício.

Tris continua correndo na minha direção.

-Poxa Luce, eu estava preocupada – diz se aproximando ainda mais – Eu estava lhe procurando e quando te acho você sai correndo. Eu vim atrás de você porque quis. Sua mãe ia me levar para casa mas eu não quis ir.

Eu continuava parada na beira do precipício e então percebi que aquilo poderia não aguentar o peso de nós duas

-Tris, fique aí –Gritei – Não chegue perto!

- Porque ? – disse ainda andando na minha direção .

E então ela ficou ao meu lado e tudo que ouvi foi o barulho da terra cedendo.

-  Era por isso!!! – Gritei furiosa, mas mesmo assim abracei-a enquanto a terra cedeu de uma vez e nós caímos

                                                   *  *  *  *  *

Acordei toda dolorida, estava deitada no chão com Tris ao meu lado. Olhei-a e ela estava machucada.

-Tris, Tris! – gritei desesperada, não, ela não estava morta. Não poderia estar. – Vamos Tris. Eu sei que você não morreu – Comecei a sacudi-la pelos ombros

Ela se mexeu um pouco e então seus olhos se abriram

- Luce ? – Ela olhou para os lados desnorteada – Aonde nós estamos ? –Ela se sentou e passou as mãos pelo corpo, como se para ver se estava tudo bem – Nós morremos ?

- Claro que não morremos sua idiota – Me levantei e estendi a mão para ajuda-la.

Deveríamos estar em uma caverna. Tris estava indo para o único ponto de luz.

- Já está de manhã – Disse, e então olhou para baixo e arregalou os olhos – Luce venha aqui ver isso

Andei até ficar a seu lado e então olhei para baixo também. Meus olhos se arregalaram. Nós não caímos o precipício todo. Estávamos em uma caverna mais ou menos na metade do caminho, mas..... como ?

Olhei para cima, não havia nenhum lugar onde poderíamos ter nos segurado e não parecia também ter nenhuma pessoa aí.

- Não é possível que tenhamos caído aqui acidentalmente – Afirmei

- Então alguém nos ajudou, mas também não parece ter ninguém aqui.

Concordei coma cabeça e voltamos para dentro da caverna.

De repente, Tris começou a adentrar a o lugar cada vez mais, e eu a segui. Mas perguntei:

-Para onde você está indo ?

-Eu não sei, mas acho que vi alguma coisa ali

-Ah sim, claro – bufei - até porque sempre que estamos em uma caverna e ouvimos uma voz estranha devemos segui-la, não é ?

Ela me ignorou e continuou andando, até que parou abruptamente, fazendo eu me chocar contra suas costas.

- Porque você parou assim..... – Olhei para frente e lá estava um homem alto, com cabelos negros e braços fortes, ele era bonito mas... Suas orelhas eram meio grandes,  e ele usava uma roupa estranha, um colete de couro marrom bem rústico e uma calça do mesmo material, uma camiseta branca velha e estava descalço

Ele ficou nos encarando, como esperando que não o tivéssemos visto  e fossemos embora. Mas é claro que o havíamos visto.

- Olá – falei, e ele pareceu surpreso

- Vocês conseguem me ver ? – Disse com um tom de voz surpreso, mas ao mesmo tempo contente – Que raro, os humanos não conseguem nos ver. Isso quer dizer que vocês também devem ser do Reino de Bascard.

-Reino de Bascard ? – Tris repetiu

-Vocês são Fadas ? ou são intocáveis ?

- Fadas ? Intocáveis ? – foi minha vez de repetir

Aquele homem devia ter batido com a cabeça, ou eu estava vendo e ouvindo coisas. Era melhor explicação que eu tinha.

- Vocês não são metidas então com certeza não são intocáveis-  ele estendeu a mão para mim – Prazer, me chamo Josh

- Eu me chamo Tris e essa é a minha amiga Luce – Tris respondeu no meu lugar, deve ter notado que eu estava muito confusa para responder qualquer pergunta- Me desculpe, mas pare com essa brincadeira. Você não acha que vamos cair nesse pegadinha acha ? e também, você já não é bem grandinho para ficar por aí pregando peças nos outros ?

- Não entendo, vocês devem ser humanas já que não conhecem o Reino de Bascard. Mas então, como conseguem me ver ? – ele murmurou, mais para si mesmo do que para nós

- Claro que somos humanas, o que mais poderíamos ser ? – Tris estava com um tom de voz bem irritado.

- Como já disse, pensei que fossem fadas , bem, vamos tirar essa dúvida.

E então ele atravessou a parede da caverna. Eu fiquei encarando a parede onde ele sumira boquiaberta. Tris parecia estar tão surpresa quando eu

- Mas como diabos ele atravessou a parede ? – Ele falou, acho que essa pergunta era para mim

-E eu é que sei ? – Respondi, enquanto andava em direção a parede

- V-v- você vai tentar atravessar isso também ? –  perguntou me olhando como se eu estivesse louca – Deve ser uma pegadinha, devem haver câmeras do outro lado – Disse me empurrando para trás e ficando mais próxima da parede – Eu já sei, estamos em um daqueles programas de pegadinha, veja eu vou atravessar a parede e tudo vai se esclarecer. Isso nem deve ser uma parede, é um holograma!- disse enquanto atravessava

-Tris ? – Chamei – Tris! Mas que droga – Atravessei também.