[Ângela POV On]

Confusa. Feliz. Eu estou tão confusa, nada do que aconteceu faz sentido! No entanto, me sinto tão feliz! Ele me beijou e foi exatamente como eu pensei que seria – só que melhor. Ele me levou em casa – mudo -, eu apenas encarava meus próprios pés – envergonhada. Ele ao se despedir, novamente me beijou.  Um beijo rápido, em que dizia que não estava arrependido.

[Ângela POV Off]

[Victor POV On]

Mudava de posição a cada dois minutos – estava agitado, muito agitado. Será que não estou prestes a magoa - lá? Mas beijar ela foi tão... Bom. Não conseguia parar de pensar se o que eu estava fazendo era realmente certo. Fechei os olhos com força e tentei apenas me concentrar na minha respiração – dormi.

[Victor POV Off]

[Bela POV On]

-Filha, acorda!- Minha mãe gritou no alto da escadaria.

Resmunguei um palavrão baixinho, cobri a minha cabeça com o fino lençol lilás que deixava transparecer algumas frestas de luz que irritavam meus olhos. Abracei o travesseiro, ouvi a porta se abriar. O lençol é puxado com força para cima, tento puxá-lo de volta – o reivindicando -, a claridade da um violento beijo em minha face.

-Eu mandei você acordar. –Minha mãe disse, jogando o lençol na parte esquerda do quarto.

-Já acordei!-Disse mal humorada.

 Me sentei na cama,fechei novamente os olhos e ouvi o som do sapato de salto se distanciar. Esperei alguns segundos pra poder me levanta. A água fria do chuveiro me causava arrepios ao longo da espinha – mas me deixava desperta. Um copo de vitamina de banana e um sanduíche de queijo, tudo que eu precisava pra enfrentar essa manhã. Meu pai me deixou em frente do portão, Natasha veio correndo na minha direção animada com um sorriso maroto no rosto.

-Eu estava doida pra você chegar, tenho um babado fortíssimo pra te contar! Mas não posso contar aqui, tem muita gente!-Ela pegou a minha mão e me deixei arrastar até a sala de aula.

Estava curiosa, a coisa devia ser boa pra ela se recusar a falar em público. Tinha duas garotas conversando nos fundos da sala, Natasha com um gesto de cabeça as mandou sair – elas obedeceram.

-Menina! Você não sabe! As minhas amigas do 2º ano C mataram aula ontem porque era prova de português e você não vai acreditar em quem elas viram no shopping!

-Quem?! Vai conta logo, to curiosa!

-Elas viram o esquisitinho...

-O Victor?

-Dãã! Quem mais podia ser?!

-Ta! Mas e daí? Estamos num país livre!

-Ah! Você não me deixou chegar ao melhor da história!

-Não? Então continue!

-Onde eu estava mesmo? Sim... Minhas amigas viram o esquisitinho no shopping com a garota da outra sala. Agora eu me esqueci o nome dela.

-Ângela?

-Acho que o nome dela é esse, só sei que os meninos a chamam de anjinha.

-Então é ela mesma, mas o que isso tem demais? Eles são só amigos.

Ela arqueou uma sobrancelha e balançou a cabeça em sinal negativo. Eu a olhava em sinal, esperando apenas que ela apontasse o seu ponto de desconfiança.

-Será que são mesmo? Pelo o que elas me disseram não era isso que parecia!

-Elas estão enganadas. - Afirmei um pouco alto demais.

-Falando assim... Parece até que você gosta do esquisitinho...

-Ele não é esquisito!

-Fala sério! Você ta afim do esquisito?! Cara, isso é mal!

-Não a nada de mal nisso - Bufei. - Por que todas as garotas daqui não conseguem enxergar o gato que ele é?

-Se aquela coisa é a sua denominação de “gato”... Mas essa não é a questão, mesmo que você esteja realmente afim daquela coisa, essa “anjinha” pelo visto o conseguiu antes de você!

-Eles são só amigos! Ela mesma me disse que gosta dele como irmão.

-Então ela deve gostar bastante desse “irmão”. -Ela disse, com um sorriso sarcástico no rosto.

A sala começa se encher e o professor Mendonça que era um homem grande e pesado entrou na sala resmungando alguma coisa sobre a ex - esposa. Irritar aquele dali nunca era uma boa idéia, ele era grosseiro, sarcástico e me olhava de um jeito que me incomodava. Ele bateu com força na mesa, causando um barulho alto – que ecoou por entre as paredes brancas. Uma onda de silêncio, ele se levantou e começou andar da esquerda pra direita. Os alunos seguiam os seus movimentos com os olhos. Ele começou a falar alguma coisa – bravo. Eu vi apenas a sua boca se mexer, mas não assimilava suas palavras. E se a Natasha estiver certa? E se tudo o que a Ângela disse for mentira? Não... Quer disser ela pareceu tão sincera! Olhei pra o Victor, ele parecia ouvir o que o professor estava dizendo. Será que pensar que ele sentia o mesmo que eu era só um delírio da minha cabeça? Não! A Natasha está errada! Victor e Ângela são apenas amigos. Nada a mais! Só amigos!

[Bela POV Off]

[Hector POV On]

Procurei no pátio, por Ângela e Victor. Ângela estava sentada na pequena escada branca, mexia impaciente num graveto. Victor sentou ao lado dela, eles estavam conversando. Andei na direção deles, parei quando vi... Eles se beijarem! Ela levou as mãos ao pescoço dele – abraçando-o. Ele pousou a mão na cintura dela. Meu punho fechou, que ódio! Só foi preciso um dia! Um dia pra eu perde-la. Me virei e fui embora,não queria mais ver aquilo!

[Hector POV Off]

[Bela POV On]

Descuti com a Natasha no pátio, ela não conseguia entender que ele e a Ângela são só amigos. Bons amigos!

- Eu to vendo o quanto bons amigos, eles são. - Ela apontou.

Olhei na direção que ela tinha apontado, queria que os meus olhos tivessem falhado naquele momento. Então, era tudo mentira! Tudo o que a Ângela me disse era mentira! Como eu sou idiota, era claro que era mentira!  Eu a olhava com ódio, caminhei em passos pesados na posição oposta.