Rose não sabia o que fazer, nem como reagir, então simplesmente ficou parada enquanto Scorpius a beijava. Os lábios dele eram tão doces e convidativos, mas a sua mente girava e ela estava tão confusa que não sabia o que fazer. O selinho foi longo, mas quando Scorpius se afastou, parecia que não tinha durado mais do que um milésimo de segundo.

Ela encarou-o em choque, não acreditando que ele havia mesmo feito aquilo. Mas logo o choque mudou para raiva. Quem ele pensava que ela era?

– TU ESTÁS LOUCO? - gritou e deu um tapa na cara dele. - PORQUE FIZESTE ISTO? - Estava indignada com o que ele tinha feito, mas no fundo da sua mente havia uma voz que lhe sussurrava que apesar de tudo, ela tinha gostado.

– Au - reclamou enquanto passava a mão no local onde ela lhe tinha batido. Ele não sabia a resposta àquela pergunta. Não sabia porque a beijara, nem porque aquilo lhe parecera tão bom e certo. - Porque sim - respondeu friamente.

– Porque sim não é resposta - as suas bochechas estavam tão vermelhas, de vergonha e raiva, que quase adquiriam a cor dos seus cabelos.

– É sim! - respondeu e conteu a vontade de rir, aquela conversa não tinha sentido nenhum.

– Porque me beijaste? - perguntou novamente, mas desta vez, mais calma. Mas Scor, novamente, nao respondeu. Em vez disso, aproximou-se mais dela e voltou a beijá-la.

Desta vez, não foi um selinho, mas sim um beijo intenso e apaixonado e por alguma razão que nem mesmo a ruiva sabia, deixou-se levar, encostando-o à parede e passando as maos pelos seus cabelos loiros. Scorpius tinha as mãos à volta da cintura dela e puxou-a para mais perto, fazendo os seus corpos embaterem e uma corrente elétrica percorrer todo o seu corpo.

O beijo era bom, ela não podia negar. Aqueles lábios eram tão viciantes que ela se perguntava se os podia continuar a beijar até ao fim da sua vida. Podia ouvir o coração de Scorpius batendo no seu peito, tão descontroladamente quanto o seu e isso deu-lhe uma satisfação estranha que fê-la arranhar os cabelos dele e beijá-lo mais intensamente.

No fundo da sua mente, havia uma vozinha que gritava o quanto aquilo era errado, que ele era um idiota e que passava a vida a humilhá-la. Mas Rose não queria ouvir aquela voz porque ela não queria pensar, pensar porque o estava a beijar, pensar porque Malfoy a estava a beijar e principalmente pensar porque estava a gostar tanto daquele beijo.

Quando Malfoy afastou-se dela, ela respirou fundo, percebendo que estava completamente sem fôlego. Ficaram alguns segundos se encarando confusos e preocupados, com um milhão de perguntas nas suas cabeças. Então, o loiro limpou a sua boca com nojo e foi embora.

(...)

Rose chegou ao seu dormitório com o coração batendo tão freneticamente, o que nao era realmente algo normal. Nem sabia se alguma vez o seu coração batera tanto. Sentou-se na cama sentindo-se estranha e profundamente confusa. Respirou fundo várias vezes e depois sim, permitiu-se pensar no que acabara de acontecer.

ELA BEIJARA SCORPIUS MALFOY! Ou melhor, ele tinha-a beijado e embora no inicio, ela nao correspondera, acabou por fazê-lo, não por obrigação, mas porque gostara. Oh merlin, como ela havia gostado daquele maldito beijo.

Mas então, aquela vozinha irritante gritou o que ela muito bem sabia. Scorpius era o maior idiota à face da Terra, ele tinha namorada, ele não queria saber dela, só humilhá-la e aquele beijo fora provavelmente alguma aposta que tinha feito com os seus amigos. Ela podia vê-lo a contar a todos que tinha beijado a "sabe-tudo irritante".

Abanou a cabeça em negação e tentou repelir as lágrimas que começam a cair pelos seus olhos. Burra! Como ela fora tão burra? Porque tinha deixado aquilo acontecer?

Mas o pior não fora ter deixado Scorpius beijá-la (2 vezes), o pior mesmo, foi ter gostado.

(...)

Scorpius entrou no seu quarto, olhando de um lado para o outro e certificando-se que Evanna já não ali estava e pelos vistos, John também não.

"Devem ter ido se comer para outro lugar " - pensou alto e deitou-se preguiçosamente na sua cama. Estava cansado e apetecia-lhe dormir. Tinha sido um dia daqueles que mais valia nem ter-se levantado da cama.

Mas quem é que ele estava a tentar enganar? Ele não queria dormir, ele nem se sentia cansado, apenas não queria pensar na merda que tinha acabado de fazer. Porque razão ele tinha beijado a Weasley? No início, fora uma forma de se vingar de Evanna, de mostrar que também ele a traira. Mas depois... quando ela lhe bateu, ele sentiu uma vontade enorme de repetir aquele beijo e fora mesmo isso que fizera. A razão? Ele não sabia, mas para quê pensar nisso? Fora bom e já passara, não é como se alguma coisa mudasse por ele ter beijado a ruiva. Mas talvez alguma coisa tivesse realmente mudado e ele ainda não se tinha apercebido...

(...)

No dia seguinte, Rose acordou sem vontade nenhuma de sair da cama e encarar o mundo. Toda a sua coragem do dia anterior tinha-se desvanecido completamente. Talvez fosse por isso que Scorpius a beijara, para a intimidar.

Mas, obrigou-se a si mesma a fazer o que era certo e sair da cama. Tomou um duche rápido, prendeu os seus cabelos num coque mal feito e vestiu o uniforme da Gryffindor. Minutos depois saia pelo retrato da mulher gorda em direção ao salão principal. Só esperava que Malfoy ainda não tivesse acordado, a última coisa que queria era dar de caras com ele.

(...)

Scorpius acordou com alguém a chamar o seu nome baixinho, espreguiçou-se e virou-se para o outro lado. A voz aumentou de volume e ele deixou os seus olhos abrirem-se para puder ver de quem se tratava. Mas quando o fez, arrependeu-se na hora.

– O que fazes aqui, Bulstrode? - perguntou, sentando-se na cama em seguida. Nunca a tratara pelo sobrenome, mas decidira o fazer, uma forma de a punir pelo que fizera.

– Scor, amor, nós precisamos de falar! - disse docemente. Mas Scorpius conhecia-a suficentemente para saber que aquela simpatia era falsa.

– Nós não temos nada para conversar. Tu traiste-me e está tudo acabado entre nós. Afinal o que queres mais? Atirar-me à cara que John é melhor que eu na cama? - levantou a sobrancelha lançando-lhe um olhar frio.

– Scor, eu juro que não fiz por mal, eu tentei resistir mas ele seduziu-me, por favor, acredita em mim - lágrimas falsas começaram a cair pelos seus olhos. Evanna era boa mentirosa, Scorpius tinha de admitir. Qualquer um que não a conhecesse, acharia que ela era inocente. Felizmente, Scorpius a conhecia muito bem.

– Vamos esclarecer uma coisa: Nós namoravamos e apesar de ambos sabermos que não sentiamos nada um pelo outro, era bom, o sexo era ótimo e apesar de tudo, tu eras uma boa amiga. Mas era só isso... - disse naturalmente, começando a fartar-se daquela conversa - Tu traiste-me e agora qualquer confiança que eu tinha em ti foi-se e não vai voltar, não importa o que tu faças. Então, por favor, sai do meu quarto. - pediu da forma mais educada possivel.

Evanna concordou com a cabeça, ela sabia que ele tinha razão. Não havia amor ali, talvez uma pequena paixão, mas nada sério. Sorriu fraco, voltou-se e foi embora.

(...)

Apesar de tudo, Rose achava que aquele dia correra excepcionalmente bem e, estranhamente, ninguém a incomodara. Parecia que os sonserinos tinham esquecido que ela existia. Mas mesmo assim, não conseguiu deixar de baixar a cabeça, olhando para os seus sapatos, quando passara por Scorpius durante a aula. Não queria olhá-lo, talvez por vergonha e medo. O que acontecera fora um grande erro e não voltaria a acontecer.

Depois das aulas, ficou conversando com a sua prima e o seu irmão no salão comunal da Gryffindor. Quando estava com a sua família, tudo parecia mais fácil.

Mais tarde, acabou os seus trabalhos de casa de Astronomia e Herbologia e foi dormir. Infelizmente, acabou sonhando com Scorpius Malfoy.