No mesmo dia em que soube que seriam gêmeos, Harry chegou em casa e contou a mãe a novidade. Lily primeiramente ficou assustada e um tanto brava pela irresponsabilidade do filho, mas depois aceitou feliz a ideia de ter netos e, principalmente, que Ginny seria a mãe dos bebês.

Desde então, Lily começou a se aproximar de Ginny, queria conhecer melhor a mãe dos seus netos. Saíram várias vezes para almoçar e passear.

–Não estou atrapalhando, estou? Lily perguntou ao entrar na movimentada floricultura no meio da tarde.

–Não... Ginny entregou o buque ao senhor Peter. –Até semana que vem!

–Cliente fiel? Lily perguntou curiosa ao ver o senhor ir embora feliz com o lindo buque de rosas em mãos.

–Sim, toda sexta-feira ele passa aqui comprar um buque de rosas para dar a sua esposa. O senhor Peter disse que faz isso desde o primeiro dia em que se casaram, há cinquenta anos.

–Isso é romântico! Meu marido costumava fazer isso, qualquer dia te conto as várias histórias que nós já passamos. Mas agora não quero tomar seu tempo, apenas passei aqui para te convidar para um jantar que darei em minha casa hoje à noite.

–Hoje? Ginny planejava passar a sexta-feira à noite em seu pijama velho, comendo chocolate e assistindo seus filmes e seriados preferidos.

–Desculpe, já tem algum compromisso?

–Não, só...

–Ótimo! Lily a interrompeu feliz. –Serão apenas uns velhos amigos, às oito horas o motorista passa para te buscar, está bem?

–Claro... Hum... Harry não irá ficar incomodado?

–Ele não tem que ficar incomodado, afinal agora você faz parte da família também!

Ginny estava gostando de conhecer melhor Lily, mas não sabia o que Harry iria achar disso. Eles combinaram de pensar durante a semana sobre a situação que estavam vivendo e tinha certeza que a inclusão da mãe dele era um passo avançado. Lily deixou claro desde que procurou Ginny, no outro dia que soube da gravidez, que gostaria de estar presente em todos os momentos do crescimento e desenvolvimento dos netos.

Pontualmente às oito horas o motorista aguardava Ginny em frente à floricultura. Ginny não sabia o certo o que vestir, escolheu um simples, mas elegante vestido preto com um salto não tão alto e um casaco para se proteger do vento gelado do começo do outono. Pouco mais de trinta minutos, Ginny chegou a uma bela casa no elegante bairro de Greenwich, poderia dizer que deveria ser a parte mais nobre do bairro, afinal o Greenwich Park a poucos metros da residência.

–Você deve ser a famosa Ginny! Olivia abriu a porta a recebendo. –Prazer, Olivia.

–Prazer. Ginny disse sem jeito ao saber que era um assunto frequente na casa.

Olivia a levou para a sala de estar onde Lily e os amigos conversavam animadamente. Lily rapidamente interrompeu a conversa para apresentar Ginny.

–Queridos amigos, desculpe interromper, mas gostaria que conhecessem uma pessoa muito especial. Ele pegou a mão de Ginny e a trouxe para mais perto dela. –Essa Ginny, namorada do Harry e mãe dos meus futuros netinhos!

–Namorada? Teddy foi o primeiro a falar.

–Como assim netos? Sirius não entendeu.

Lily explicou melhor a novidade e fez as apresentações necessárias. Ginny conheceu Sirius, padrinho de Harry. Lupin, Tonks e o filho deles Teddy e sua noiva, Emma. Todos ficaram encantados com a notícia e em conhecer Ginny.

Antes do jantar, Ginny recebeu uma ligação inesperada.

–Onde você está? Era Harry que ligara. –Estou na frente da sua casa!

–Boa noite para você também! Ela brincou o fazendo rir do outro lado da linha. –Você não vai adivinhar onde eu estou!

–Aconteceu alguma coisa? Você está no hospital?

–Não, não é nada disso. Ginny o interrompeu antes que ele ficasse preocupado sem motivo. –Estou na sua casa e daqui a pouco irei jantar com seu padrinho e tios.

Harry não disse mais nada, apenas dava para escutar a sua respiração que ficou acelerada.

­–Você está bem? Ginny quebrou o silêncio. –Desculpe, mas sua mãe insistiu e eu não pude recusar...

–Você e a minha mãe tem se encontrado? Esse não era um assunto para se falar por telefone. –Não, não tem problema... Eu estou indo para casa!

–Venha logo e chegará a tempo do jantar! Ginny desligou receosa da reação que ele teria, sabia que deveria ter comentando sobre ela e Lily estarem se encontrando.

Harry ficou o caminho inteiro pensando no que sua mãe havia feito. Quando contou a ela que ele e Ginny teriam filhos, explicou que era tudo muito complicado e que prometeram pensar sobre isso durante a semana. Lily, aparentemente, tomou uma atitude enquanto Harry apenas ficou pensando, hoje deveria mudar isso.

–Olá! Ele entrou em casa, seguiu para a sala de jantar, onde todos estavam reunidos. –Atrapalho?

–De modo algum, papai! Sirius se levantou e foi até ele, não escondia de ninguém o quanto estava feliz por revê-lo e por saber que o afilhado seria pai.

–Mãe, o que foi que a senhora disse? Harry questionou por sobre o ombro de Sirius que o abraçava sem previsão para solta-lo.

–Apenas contei a eles novidade! Lily sorriu e olhou para Ginny. –E também apresentar Ginny aos seus tios, coisa que você não foi capaz de fazer!

–Eu não tive tempo... Ele respondeu pensando em tudo que sua mãe havia falado sobre eles. –Mas vejo que você já fez por mim.

–Ginny é uma mulher encantadora. Tonks a elogiou. –Boa escolha, querido!

–Finalmente fomos apresentados oficialmente a alguma namorada sua! Lupin brincou e deixou Harry ainda mais vermelho de vergonha. –Mas valeu a pena esperar, Ginny é especial! Não a deixe escapar, Harry.

–Não irei deixar isso acontecer, tio. Harry murmurou baixo, mais como uma resposta a si mesmo.

Logo Olivia trouxe pratos e talheres para que Harry se juntasse ao jantar. Sirius gentilmente cedeu seu lugar para que Ginny e Harry ficassem um do lado do outro.

–Você está bem? Ela sussurrou perguntando depois que ele sentou-se ao seu lado.

–Muito bem. Ele sorriu depositando um beijo no rosto dela. –Vamos aproveitar o jantar.

Durante o jantar e a noite, o assunto não mudou muito, sempre envolvia o relacionamento de Harry e Ginny e a chegada dos bebês. Ginny não tinha problema algum em falar sobre os bebês, estava adorando o carinho e atenção que eles demonstravam ter por ela e os filhos. Mas sempre que perguntavam sobre o relacionamento deles e se eles planejavam se casar ou morarem juntos para cuidarem dos bebês, tanto Ginny quanto Harry ficavam constrangidos ou não sabiam que resposta dar.

–Por hora o namoro está de bom tamanho, deixem os em paz! Teddy ajudou o primo.

–Mais do que todos aqui Teddy, você deveria aconselhar seu primo a se casar. Lily reprendeu o sobrinho.

Harry não sabia mais o que fazer para mudar de assunto, estava ficando constrangido e ao olhar para Ginny, viu que ela se sentia da mesma forma. Uma ideia passou em sua mente e sussurrou para Ginny: “Irei nos tirar daqui, apenas concorde com tudo que irei dizer”. Ela o olhou ainda mais assustada, mas concordou.

–Sirius, você veio com a sua moto? Harry interrompeu a conversa.

–Claro, Harry! Ele respondeu sem entender o porquê da pergunta. –Confio mais na minha moto do que em qualquer outro meio de transporte!

–Ótimo, será que eu poderia levar Ginny para um passeio?

–Você não vai fazer isso! Lily, Tonks e Emma falaram ao mesmo tempo, assustadas com a ideia absurda que ele tivera.

Ele apenas ignorou o que elas falavam e voltou à pergunta para Ginny.

–Ginny, você gostaria de dar uma volta comigo?

Ginny não sabia o que dizer, Lily, Tonks e Emma exclamavam bravamente para que ela não aceitasse. Sabia que um passeio de moto para gravidas não era recomendado, mas não aguentaria mais ficar ali escutando sobre o que ela e Harry deveriam fazer.

–Um passeio seria ótimo!

Harry sorriu feliz, pegou a chave da moto com Sirius e em meio aos protestos das mulheres Ginny o acompanhou até a porta.

–Porque fez isso? Ela perguntou assim que a porta se fechou atrás deles.

–Você preferia ficar lá dentro escutando elas opinarem sobre as nossas vidas? Ele questionou com um tom divertido. –Podemos voltar?

–Não... Ginny sorriu e antes que pudesse completar, Harry colocou o capacete em sua cabeça. –Só que pode ser perigoso para os bebês...

–Eu sei, não pense que estou sendo irresponsável ou que não estou me preocupando com os bebês. Prometo que terei todo o cuidado do mundo! Confia em mim?

–Confio. Ginny arrumou o capacete em sua cabeça e aceitou a ajuda dele para subir na moto.

Sirius sempre fora apaixonado por motos desde que Harry se entendia por gente. Ele e seu pai sempre viajavam a bordo de suas motos. A moto preferida de Sirius, e a de Harry também, era a que ele tem há anos, um modelo clássico e elegante da Harley Davidson.

Por mais que quisesse sentir o vento batendo no seu rosto, Harry foi devagar e não acelerou muito, Ginny em momento algum soltou a cintura dele, até com uma força além da necessária. Quando estava começando a se acostumar a ficar em cima de uma moto, viu que chegaram a um parque. Harry a levou para o Greenwich Park, o seu lugar favorito desde que era um menino. O lugar estava vazio, apenas os seguranças estavam circulando.

–Você me trouxe para um parque vazio há essa hora? Ginny perguntou depois que ele desligou a moto e o barulho do motor sessou.

–Não viemos ao parque. Ele explicou mantendo o mistério. –Se quiser podemos voltar e tenho certeza que até o fim da noite estaremos com o nosso casamento marcado.

–Tudo bem.

–Obrigado. Harry a pegou pela mão e a guiou até a guarita onde um segurança de idade estava. –Olá, senhor Jones!

O senhor largou o sanduiche que comia e apertou os olhos para ver quem o chamava, sorriu ao conseguir identificar a pessoa.

–Harry! Há quanto tempo, garoto!

–Prazer em revê-lo. Harry aceitou o abraço do velho conhecido. –Estive uns anos morando fora...

–É, eu sei. Jones deixou o modo carinhoso de lado e adotou um tom bravo. –Como teve coragem de deixar sua mãe, sua família, seu país e eu!

–Desculpe, Jones. Harry parecia uma criança de cinco anos pedindo desculpa quando faz algo errado. –Mas agora voltei e pretendo ficar aqui para sempre, melhor assim?

–Melhor apenas se você me apresentar esta linda moça!

–Ginny este é um grande amigo, o senhor Jones. Jones, essa é Ginny, minha namorada.

Ginny foi apresentada por Lily a toda família como namorada dele, mas escutar isso dele foi um tanto que emocionante. Jones abriu um largo sorriso e a abraçou.

–Achei que fosse morrer e Harry nunca me apresentaria uma namorada.

–Prazer, senhor Jones. Ela estava um pouco envergonhada, mas logo brincou. –O senhor não foi o único a pensar isso!

Harry encurtou a conversa e pediu ao senhor Jones se ele liberava a entrada deles ao Observatório Real. O senhor liberou imediatamente, dizendo que não poderia impedir a entrada do filho do seu grande amigo.

–Eu nunca vim aqui. Ginny disse encantada com a beleza do local. Intrigada com uma linha que passava por eles, perguntou. –É o Meridiano de Greenwich?

–Sim. Já esteve alguma vez no oriente? Ela negou e ele a colocou do outro lado da linha. –Pronto, agora você está no oriente!

Eles ficaram por um tempo brincando entre ocidente e oriente. Ginny ficou impressionada o quanto Harry sabia sobre o assunto.

–Você deveria trabalhar como guia turístico daqui, você sobre tudo!

–Aprendi tudo com meu pai. Harry ficou na dúvida se continuava ou não, mas ali era o melhor lugar que poderia falar sobre seu pai. –Meu pai era professor de física na Universidade de Greenwich e entre uma aula e outra, ele conheceu minha mãe que era e é até hoje professora de história lá. Sempre que meu pai precisava fazer alguma pesquisa ou trabalho aqui no observatório, eu o acompanhava e depois jogávamos bola no parque. E desde que ele morreu, sempre venho quando sinto saudades.

–Sinto muito. Ginny pegou a mão dele.

–Eu pensei em trazer você aqui, afinal meu pai tem que conhecer minha namorada e saber dos bebês!

–Precisamos conversar sobre isso. Ela se sentiu desconfortável com o novo status que fora colocada. –Antes de você viajar combinamos de pensar sobre isso e depois conversaríamos, mas agora sem conversa alguma, estamos namorando.

–Desculpe, mas desde que entrei em casa, só escutava minha família se referindo a você como minha namorada e achei que não tinha problema manter...

–Você quer mesmo ser meu namorado ou está apenas fazendo isso porque os outros acham que é o que você deve fazer? Ginny falou seria, era do futuro deles que estavam falando. –Eu não estou te pressionando a nada, podemos ficar apenas como amigos que terão filhos juntos...

Harry a calou com um longo e apaixonante beijo. Foi necessário alguns minutos para que eles voltassem com a respiração ao normal.

–Eu pensei muito sobre isso durante esses dias e eu não quero ser apenas seu amigo. Então se você aceitar, é claro, eu gostaria de ser seu namorado. –Aceita?

–Acho que fica constrangedor nós voltarmos para sua casa e dizer a todos que não estamos namorando! Todos ficariam arrasados, pois talvez eu fosse a única namorada que eles conheceriam.

–Vou considerar todo esse seu humor fora de hora como um sim! Ele riu, uma das coisas que mais gostava nela era o bom humor, independente da situação. –Acho melhor voltarmos, se demorarmos mais eles já terão enviado os convites do nosso casamento e planejado o primeiro aniversário dos bebês!

Ginny ficou satisfeita com o novo patamar que o relacionamento deles foi elevado, pode ter tido uma grande influência por parte de Lily, principalmente em cima de Harry, mas ele deixou claro que era isso que ele queria. Só tinha medo de estar indo rápido demais e lá na frente ver o erro que cometeram.