Zombie Attack escrita por Like a Boss


Capítulo 28
II - Pesadelo.


Notas iniciais do capítulo

Dormir talvez não tenha sido a melhor opção.



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De repente estou novamente no hospital, de pé no meio do corredor principal da ala dos acidentados.

Conheço muito bem esse local, era o hospital aonde eu começaria a trabalhar e exercer minha profissão.

— Mas... - Após uma pausa percorrendo meu olhar pelo corredor. - Que estranho... (Eu)

Dizia eu olhando ao meu redor.

Notava-se que o mesmo estava vazio e todas as portas estavam fechadas, com exceção de uma.

Não havia movimentação alguma e nenhum som era audível, exceto por minha respiração, batimentos cardíacos e falas.

— Muito estranho... (Eu)

Olhando para baixo pude notar que eu estava vestido com um jaleco todo branco, onde havia costurado no bolso da frente meu nome. Além de estar com calças brancas e sapatos brancos.

Quando eu decidi caminhar em direção à essa porta pude ouvir de trás de mim um risinho bem baixo vindo da dobra à direita que o corredor fazia.

Parecia alguém tentando chamar minha atenção. Então não pude deixar de perguntar.

— Olá? Alguém está aí? Posso saber o que estou fazendo aqui? - Fiz mais uma pausa, mas não ouve resposta. - Quem está aí? (Eu)

Novamente fez-se silêncio.

As luzes pouco iluminavam o ambiente, olhando para uma janela próxima não pude diferenciar se era dia ou noite, mas como tudo aquilo era estranho pra mim, ficar parado no mesmo lugar não me parecia uma boa ideia. Percebendo que não obtive resposta a minhas perguntas resolvi caminhar em direção ao riso que veio de trás de mim.

Porque obviamente a melhor decisão a se fazer é seguir o som de alguém rindo de você.

Uma das luzes começou a piscar enquanto um calafrio passou por todo o meu corpo. O ar estava frio, mas sem nenhum vento entrando por lado algum, nem mesmo uma brisa leve.

Senti minhas mãos geladas e suadas, meu corpo se arrepiou por inteiro, enquanto me mantinha seguindo em frente e virando o corredor.

Nada... Era o que havia ali... Da mesma forma que o corredor anterior estava completamente vazio e com as portas fechadas.

Estranhamente senti uma vontade de dar uma olhada na porta antes aberta que havia no corredor anterior.

Na curva do corredor botei a cabeça e pude ver essa mesma porta se fechando lentamente.

Novamente aquela sensação horrível, seguida de um calafrio que me arrepiou por inteiro.

Não vá em direção à porta... Não vá em direção à porta... (Eu)

Isso era tudo o que passava na minha cabeça, várias e várias vezes essa frase se repetia.

Enquanto minha mente dizia não, meu corpo dizia sim e por algum motivo não pude me controlar direito até estar parado diante daquela porta e com a maçaneta em mãos.

— Alguém... Aí? (Eu)

Dessa vez minha pergunta saiu como um sussurro, por um lado eu queria saber o que estava fazendo ali e porque estava sozinho, mas por outro aquilo estava aumentando meu nervosismo e fazendo meu coração acelerar.

Lentamente segurei firme na maçaneta e girei a mesma para abrir, fez-se um som agudo, como se a porta estivesse precisando de óleo nas juntas. Então empurrei a mesma que agora se abria devagar, o quarto estava escuro e provavelmente com as cortinas fechadas, já que não emitia sinal algum de luz da janela que deveria estar do lado oposto desta porta.

— Olá? (Eu)

Dessa vez a minha voz saiu meio rouca, eu estava com medo esperando que algo ou alguém aparecesse ali, ou simplesmente respondesse minha pergunta, mas nada aconteceu.

Meus olhos foram se acostumando com a escuridão e diante de mim começou a se formar uma cama metálica, com um fino colchão sobre a mesma.

Sobre a cama havia uma silhueta, apenas sentada ali, sem se mexer ou emitir som algum. Não pude reconhecer quem era, mas não fez questão nem de se virar pra mim, após minha repentina aparição na porta.

Dei um passo para dentro do quarto, a curiosidade estava igualada com o medo nesse momento, então outro passo, enquanto firmava a perna que começara a tremer como se tivesse vida própria e finalmente quem estivesse ali acabou por me notar, lentamente se virando em minha direção, então quando eu estava prestes a ver quem era a porta atrás de mim se fechou em uma forte batida, nos deixando no completo escuro.

Com o susto que tomei acabei dando um pulo para o lado e esbarrei em algo metálico, fino e longo, como um suporte de soro que não havia notado antes estar ali.

Ele acabou caindo de lado e fazendo mais barulho ainda, meu coração estava a mil, preso em um ambiente escuro, sem conseguir enxergar nada e fazendo o máximo de barulho possível para me tornar furtivo.

Realmente eu teria de ser mais silencioso se quisesse descobrir o que raios estava acontecendo ali.

Resolvi então abaixar lentamente e levantar o suporte, mas enquanto eu passava a mão pelo chão senti algo molhado, mas não tão aquoso quanto o líquido de um soro. Não podia ser aquilo, era um tanto viscoso, meio pegajoso de inicio, e logo em seguida em minha mente me veio o que seria exatamente.

SANGUE!!! (Eu)

Minhas pernas bambearam e eu me levantei mais que depressa, superando este estado. Reconheci aquela textura e não queria estar ali pra descobrir de onde estava vindo.

Quando fiquei de pé acabei recuando dois passos pra trás, e ao final do segundo passo acabei batendo minhas costas contra algo.

Não era sólido, e tenho certeza que apenas a porta deveria estar atrás de mim, mas quando senti a respiração poucos centímetros atrás do meu pescoço eu percebi. Era alguém, mas estaria ali pra me ajudar ou me dar o mesmo destino do que estivesse no chão?

 Sua respiração era pesada, parecia estar vindo de alguém muito cansado, como se tivesse corrido uma maratona e apenas havia parado pra descansar neste instante.

Meu corpo permaneceu imóvel, nem minhas pernas ou meus braços me obedeciam, eu queria sair dali, queria correr o mais longe possível, mas não conseguia sair do lugar.

 Do lado direito, alguns metros uma torneira começou a pingar, eu não sabia se a água caia no chão ou apenas no suporte da pia abaixo da mesma. Era um barulho constante e ritmado, como o som de um ponteiro de relógio se mexendo.

A respiração normalizou, mas eu ainda não me atrevia a me virar e encarar quem quer que estivesse ali, foi então que senti em meu ombro uma mão, leve e delicada, lisa e suave, encostando sobre mim.

Meu coração estava em ritmo de escola de samba, não parava quieto e nem sabia em qual ritmo bater.

Lentamente aquela mão começou a pesar em meu ombro e me puxar levemente pra trás, me forçando a encarar quem estivesse ali.

 No instante em que fui forçado a virar, acabei por suspirar de alívio quando acabei por ver Lara em minha frente. Meus olhos já estavam se acostumando com a escuridão, e olhando para ela pude ver que a mesma levou sua mão que estava em meu ombro até os próprios lábios, esticando o indicador verticalmente sobre os mesmos, como nos cartazes espalhados pelos hospitais pedindo silêncio. Apenas assenti com um movimento de cabeça pra cima e pra baixo, quando notei que com sua outra mão ela tirou uma espada que estava embainhada em suas costas. A lâmina ecoou pelo quarto enquanto era exposta e então Lara a ergueu, apontando em direção à minhas costas, mais especificamente onde havia aquela cama antes vista.

Minha cabeça lentamente se virou na direção apontada, um clarão seguido de um trovão iluminou e preencheu o quarto. Por um instante pude ver as costas de alguém sentado na cama hospitalar.

O quarto voltou a ficar todo escuro e a pessoa sentada naquela cama começou a sussurrar alguma coisa, quase inaudível, mas aos poucos seu tom de voz se elevou e ficou mais fácil entender.

— Você... (Voz conhecida)

Após mais alguns sussurros a frase começou a se formar e eu acabei lembrando e associando aquela voz.

 – Você prometeu... que a salvaria... protegeria minha irmãzinha... mas a deixou pra trás... você a abandonou, sozinha... deixou que os Zombies a devorassem. (John)

Eu só escutei sua voz uma vez, mas facilmente identifiquei o irmão de Lara. Ele continuava repetindo e repetindo a mesma frase, cada vez mais alto.

 Quando outro clarão preencheu o quarto, dessa vez pude ver Lara com a espada apontada para a cabeça dele. Eu estava imóvel ouvindo-o repetir a mesma frase, quando Lara elevou e desceu rapidamente a espada em sua direção, mas a lâmina cortou o ar, pude jurar que ele apenas se moveu alguns centímetros para o lado. O quarto voltou à escuridão e com um estrondo de trovão John parou de falar e o quarto silenciou.

Pude sentir a tensão no ar, algo que nem aquela espada poderia cortar, e no mesmo instante caminhei em direção à porta lentamente de costas. Pela movimentação ao meu lado notei que Lara também se distanciava no mesmo sentido.

 Outro clarão mostrou o quarto vazio, sem ninguém sentado na cama, olhei para Lara e pude perceber com o canto do olho que John estava logo atrás dela, parado, inexpressivo e nos encarando. Mas com o barulho do trovão notei que ele correu em nossa direção, apenas me dando tempo de erguer meus braços em frente ao rosto para me proteger.

 Enquanto ele corria em direção de Lara, notei que John estava se transformando aos poucos, sua pele caindo, olhos mudando de cor para um tom avermelhado e mudando para uma expressão de raiva em sua face tudo em uma fração de segundos.

 Lara acabou percebendo tarde e quando tentou reagir ele já estava próximo, com a boca em seu braço e com os dentes afiados cravados no mesmo. Ela soltou um grito de dor e tentou se desvencilhar, mas ele a segurou com as duas mãos e tentou afastar sua cabeça rapidamente, com a intenção de arrancar um pedaço.

Após ser mordida Lara derrubou a espada e tentou se libertar com ambas as mãos, mas John parecia extremamente forte e não dava brecha para a mesma se soltar.

A escuridão retornou ao quarto e além daquela luta corporal o gotejar da pia era o único som a ser escutado. Tentei pegar a arma no chão, mas a escuridão não deixava que eu me orientasse. Estava tateando o mármore liso e nada de encontrar a mesma.

 Dessa vez o som de chuva lá fora pôde começar a ser ouvido, os pingos caindo no telhado acima de nós e batendo na janela, enquanto lentamente elevou-se.

 O quarto era preenchido com o som da chuva e então sem aviso as luzes do mesmo se acenderam. Após alguns segundos em que minha vista levou para se adaptar a claridade olhei em direção ao chão, mas a espada não estava mais lá, olhei próximo a cama e não havia nem mais aquela poça de um material que eu julguei ser sangue pela textura. Elevei minha face em direção à onde estava ocorrendo a "briga", mas percebi estar sozinho no local. Parecia um quarto hospitalar comum, sem nada fora do lugar, alguns balões e flores dispostos sobre a mesinha de madeira rubra ao lado da cama, a cortina vermelha sobre a janela e o suporte estava de pé ali ao lado.

 Realmente estranhei tudo aquilo, mas com a ajuda de minhas mãos pude me levantar do chão e ficar de pé, parando no meio do quarto. Se tivesse algum espelho por ali eu poderia ter visto uma expressão incrédula em meu rosto nesse mesmo instante.

 Dobrei levemente meus joelhos, me agachando com o intuito de notar se não estavam de baixo da cama ou atrás dela, mas nada, eu realmente estava sozinho ali, de novo. Levantei-me e levei uma das mãos aos olhos, esfregando um de cada vez antes de caminhar em direção à porta. Novamente meu instinto estava gritando e tentando me impedir de seguir, mas minha outra mão segurou firme na maçaneta e a girou, a porta se abriu lentamente com um leve empurrãozinho quando Lara surgiu do nada e pulou em mim, sua aparência era semelhante ao que eu vi no irmão, minutos antes, e sua força era extremamente grande, eu mal conseguia conte-la. A mesma me fez cair pra trás, de costas no chão, caindo por cima de mim, aproximando sua boca aberta, com dentes afiados.

 – Lara... - Eu continha a mesma tentando achar um fio de memória, para o caso dela se lembrar de mim. - Você não quer... Fazer isso. (Eu)

Rapidamente ela se aproximou e mordeu meu pescoço, tentando da mesma forma que o irmão arrancar um pedaço meu. Sua mandíbula parecia firme e ela agia como se estivesse decidida, do corredor pude ouvir em forma de sussurro a voz de seu irmão.

— Você não a salvou... E foi nisso... Que ela se transformou. (John)

Ele continuava a repetir essa mesma frase como se fosse um disco riscado, até que então eu comecei a sentir uma dor quase insuportável na mesma região da mordida, como se eu notasse um courinho sobressalente no dedo e começasse a puxa-lo sem parar enquanto não tirasse tudo, mas essa dor era na região do pescoço, no entanto.

 Quando a dor começou a aumentar e Lara a distanciar sua cabeça eu pude sentir forças internas reagindo e me levantei de uma vez.

Percebi que estava sentado na cama que ficava naquele quarto dentro do navio, minha roupa toda úmida por conta do suor enquanto eu estava ofegante.

— O que houve? Teve pesadelos? (Cleber)


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