Na manhã seguinte, ouvi barulhos de malas sendo arrastadas para lá e para cá. Minha mãe teria chegado? Ou seria meu pai? Estava rezando para que não seja meu pai! Ia dar problema se ele visse o Riley lá, já que ele não o conhecia.

Desci correndo as escadas para logo descobrir o que era aquela sinfonia de rodinhas no piso da sala, quando vi Riley ajudando o Ty a colocar as malas na porta de entrada de casa. Arregalei os olhos incrédula e fui chegando perto de Tyler lentamente.

–Amm... oi Mel. - disse Tyler passando os dedos magros por entre os cabelos. - Eu... eu tenho que...

– Tyler... Porque suas malas estão na porta? Porque você está com essa roupa? - eu disse interrompendo Tyler.

Eu comecei a entrar em pânico. Tyler não podia ir embora! Não agora que tudo estava tão perfeitamente bem! Ele não poderia me deixar assim! Não!

– Meu amor vem cá... - Tyler disse fazendo gestos com as mãos para que eu me aproximasse. - Eu tive um imprevisto. Minha mãe sofreu um pequeno acidente. Ela quebrou a perna e eu tenho que ir ajuda-la.

–Meu Deus! Mas a Sra. McCarty está em casa? - disse apavorada e preocupada.

– Não, eu tenho de buscar ela no Hospital e depois levo-a para casa. - disse Ty com a voz abafada.

Abracei-o fortemente, como nunca tinha feito antes. Tyler precisara mais de mim do que nunca naquele momento. Eu precisara ajuda-lo! Afinal, quantas vezes ele já não tinha me ajudado nos momento difíceis na minha vida.

Segurei seu rosto entre minhas mãos trêmulas, levantei-o e olhei em seus olhos.

–Você pode contar comigo pra o que precisar, a que horas quiser! Seja de noite, de tarde ou manhã... ligue em qualquer telefone! Eu vou atender e ir te ajudar o mais rápido possível ok? Eu não quero que se esqueça disso!

Ele deu um sorrisinho e abaixo o olhos.

–Ei! Olhe pra mim - eu disse já com os olhos empoçados - Eu sei que você é orgulhoso! Eu sei que você deve estar falando pra si mesmo que não irá me incomodar com problemas seus! Mas EU to MANDANDO você me ligar por qualquer probleminha! Qualquer seja o grau de dificuldade ok?

Dei-lhe um beijo no bochecha demorado e ajudei-o a levar as bagagem para seu carro. Acenei e ele retribuiu. Desenhei um coração no ar e disse sem emitir som algum: "EU TE AMO!". Ele fez o mesmo e disse "EU TE AMO MAIS" . Deu partida no carro e saiu rasgando o asfalto, até que perdi a visão de seu carro na esquina da rua.

Me senti "imperfeita" naquele momento. Uma das pessoas mais importantes na minha vida, havia se afastado de novo. Duas vezes para mim era demais.

Voltei pra dentro de casa em lágrimas. Aquilo jorrava dos meus olhos como se fosse uma troneira aberta totalmente. Fique paralisada, de braços cruzados e cabeça baixa na frente do sofá, onde, há 24 horas, Tyler estava deitado. Dormindo feito um anjo. Riley veio em minha direção, envolveu seus braços em mim e deu um beijo em minha testa.

–Vai ficar tudo bem gatinha! Ele vai voltar! Ele tem que cuidar da mãe dele... você entende não é?

Assenti com a cabeça. Encostei a mesma no ombro dele e desabei. Literalmente. Minhas pernas, de um modo surreal, haviam ficado moles! Cai no chão e fiquei com a cabeça encostada no estofado do sofá. Riley correu para me acudir.

–Amor? Amor? Está tudo bem? Me responde?

–Calma... Eu estou... bem.

Não, eu não estava nada bem. Minha cabeça girando, minha visão embaçada, pernas bambas...

– Eu te levo pro quarto. Vai ficar tudo bem!

Ri me pegou no colo e me levou pro quarto. Me deitou na cama e ficou me observando. Como seu eu fosse um ser estranho. Mas na verdade... eu parecia ser um ser estranho! Aquela não era eu! Eu não poderia ficar assim! Prometi a Tyler que não iria chorar.

Tentei levantar mas tive dificuldades. Ri me ajudou a ficar em pé.

–Onde vai? A senhorita está debilitada! Nada de sair perambulando pela casa!

–Eu só vou no banheiro. Espere aqui!

Riley me olhos meio desconfiado. Entrei no banheiro e tranquei a porta. Me olhei no espelho e realmente, aquela não era eu! Totalmente descabelada, olhos inchados rosto todo molhado. Eu tinha que dar um jeito naquilo. Tomei um banho e fique minutos embaixo da água quente para que aquele inchaço sumisse mais rápido. Sai do chuveiro me enxuguei e pedi pra que Ri me desse a roupa que estava em cima da minha mesa.

Me vesti e sai do banheiro.

–Vamos sair. Não posso ficar em casa! Vá se trocar! Tenho uma surpresa pra você!

Continua...