Meu celular começou com sua costumeira música para me acordar. Despertei animada, hoje usaria um dos lindos vestidos de Leight. Levantei-me cambaleante da cama e desliguei a música. Peguei minhas muletas que descansavam ao lado da minha cama e andei até o banheiro.

Olhei para as coisas um pouco bagunçadas no caminho e logo pensei que teria de fazer uma faxina no apartamento, mas com esse pé torcido vou precisar de ajuda... Será que Castiel e Lysandre me ajudariam?

Abri as torneiras e dessa vez entrei antes que a água enchesse até o topo. Lavei meu corpo e meus cabelos calmamente e tomando um cuidado especial com meu pé.

Admito que na hora de levantar foi muito difícil... Encostei-me na parede e enrolei a toalha no meu corpo, amarrando com um pequeno nó no topo. Peguei as muletas novamente e fui andando até o meu quarto, até que ouço o barulho da campainha.

Será que é a mamãe vindo me fazer uma visita? Mas essa hora da manhã? Bom... Talvez o turno dela só tenha acabado agora.

Fui descendo as escadas em um pé e logo que cheguei ao chão ouvi mais uma vez o barulho da campainha. Comecei a usar as muletas rapidamente e abri a porta.

– C- Castiel?! Lysandre?! – disse envergonhada. Eu estava apenas de toalha, meu deus. Senti meu corpo ficar quente e fiquei um pouco tonta.

– A- Ami? – disse Castiel – Você tá bem? – ele foi se aproximando... Não! Tentei andar pra trás, mas acabei me desequilibrando e cai com tudo no chão.

– V- você tá bem? – disse Lysandre se agachando ao meu lado, ele puxou minha cabeça na sua direção e a colocou em seu próprio colo.

– N-não – disse colocando a mão na cabeça. Estava doendo muito. Senti meu corpo sendo erguido, Castiel estava me carregando.

– Onde é seu quarto? – ele perguntou. Eu apontei para as escadas e logo ele começou a subi-las comigo no colo e Lysandre atrás. Apontei para o primeiro quarto e ele entrou, me deitando na cama com cuidado.

– Obrigada – agradeci sorrindo – Eu acho que não vou mais à escola – disse rindo levemente.

– N- não tem de que – disse Castiel meio corado. Corado?... Toalha! Lembrei, eu estou apenas de toalha. Peguei meu cobertor e me cobri totalmente. Eles riram da minha reação.

Senti meu rosto ficar vermelho novamente. Que situação embaraçosa. Lysandre se aproximou um pouco e encostou sua mão na minha cabeça, como se medisse minha temperatura.

– Você está com febre – ele disse se sentando ao meu lado – E não é baixa. Como conseguiu se levantar? – ele perguntou.

– E- eu não percebi... – disse me sentindo um pouco mais fraca assim que ele falou.

– Eu fico aqui com você – disse Castiel – Com esse pé torcido e essa febre você não vai ser capaz de se cuidar sozinha – ele disse sorrindo.

– Também posso ficar – disse Lysandre sorrindo pra mim. Eles são tão gentis... Sinto-me mal por aproveitar deles.

– Seria muito bom – sorri. Ambos sorriram e se sentaram ao meu lado. Castiel na esquerda e Lysandre na direita da cama. Senti meus olhos fecharem lentamente e adormeci, na presença daqueles dois imponentes garotos.

– Ami – ouvi uma voz forte e melódica me chamar. Abri meus olhos imediatamente, dando de cara com um Lysandre muito próximo - Você tem que tomar seu remédio – ele disse segurando um copo de água e uma pequena pílula - Castiel foi à farmácia comprar pra você, e agora ele está indo no mercado comprar algumas coisas – disse.

Assenti levemente com a cabeça e me ergui um pouco da cama. Peguei o copo e a pílula e a tomei rapidamente. Deitei minha cabeça no travesseiro e fiquei observando Lysandre sorrindo.

Ele acenou com a mão e disse que ficaria lá embaixo, se precisasse era só chamá-lo. Assim que ele estava saindo pela porta o chamei.

– Deita comigo? – disse com a voz fraca. Ele pareceu ficar constrangido e foi se aproximando lentamente, tirou seus sapatos e eu lhe dei espaço para deitar ao meu lado. Ele engatinhou lentamente e se deitou. Dividi meu travesseiro com ele.

Sua respiração quente batia em meu pescoço e me deixava arrepiada. Encolhi-me um pouco e fechei meus olhos. Senti seus braços envolverem meu corpo e assim me fizeram chegar mais perto dele.

Seu perfume... É muito bom Lysandre...

– Você cheira a morangos frescos – disse ele antes de eu me entregar completamente ao mundo dos sonhos.

“Porque está chorando?”

“Porque sou vazia...”

Acordei rapidamente e tentei me levantar, mas algo me impedia. Olhei para o lado e vi Lysandre com os braços sobre mim, ele dormia. Olhei para o outro lado e estava Castiel. Ele estava acordado e logo seus olhos cinza me fitaram.

– Pesadelo? – ele perguntou sussurrando.

Assenti levemente com a cabeça e ele se aproximou mais, assim como Lysandre ele me envolveu em seus braços. Os dois estavam deitados comigo, me abraçando. Senti meu coração bater mais rápido. Castiel encostou sua cabeça na curva do meu pescoço e logo adormeceu. No final eu acabei dormindo também.

Assim que acordei de manhã vi um bilhete na minha cama. Com certeza estou melhor depois daquele remédio, mas ainda sentia o cheiro dos dois no meu lençol. Corei ao pensar que havia falado para Lysandre se deitar comigo de tal maneira...

Comecei a ler o bilhete:

Bom dia,

Assim que vimos que você estava melhor decidimos voltar pra casa, mas não deixaríamos você sem mais nem menos não é? Então escrevemos este bilhete. Castiel pegou o número do seu celular enquanto você dormia então vamos te ligar lá pras seis horas, você vem no cinema com a gente e nem tente dizer não... Sabe como Castiel é. Te buscamos aí.

PS: Panquecas no forno da cozinha

Lysandre e Castiel

– Vocês são incríveis – disse rindo. As panquecas estavam deliciosas e mal esperava encontrá-los de novo.