Sweet Lolita escrita por Hazel


Capítulo 1
Gotas de Chuva


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ^.^



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As gotas de chuva caíam lentamente, para no final terem o mesmo doloroso fim... Mas talvez fosse isso que elas queriam. Talvez a gota tivesse se apaixonado pela terra tão fofa e verde do jardim daquela senhora na esquina, ou talvez tivesse se apaixonado pelo parque de diversões onde os risos das crianças eram constantes.

Ou talvez... Ela fosse apenas uma sofredora solitária.

Encosto levemente meus dedos na janela. Está fria. Minhas lágrimas caíam lentamente como as gotas da chuva, mas elas não tinham propósito a não ser para comprovar que sou humana. Imperfeita, talvez.

Observei meu reflexo no vidro banhado pelas gotas solitárias de chuva. Sorri levemente. Como sou patética.

Levo minhas mãos até os olhos. Quero arrancá-los, mas não teria tanta coragem, creio eu. Quero arrancar minhas unhas. Quero que esse doce sofrimento cesse.

Mas ele não vai terminar, então, pretendo morrer como a sofredora gota. Graciosamente solitária.

Me afasto da pequena janela da sala e caminho em direção ao sofá estampado com flores e rosas azuis. Deito-me e tampo novamente os meus olhos com as costas da mão.

Amar é realmente um sentimento confuso. Não o entendo. Mas pretendo nunca mais amar. É amargo, mas ao mesmo tempo doce.

É triste, mas ao mesmo tempo é alegre. Eu me perco sempre nos sentimentos que sinto ao contemplá-lo.

Ele é belo, mas ao mesmo tempo é romântico e intelectual. Mesmo que o observe de longe me sinto satisfeita por vê-lo.

Oh como sou mentirosa. Cada dia sinto como se fosse morrer ao vê-lo falando com outra garota. Cada dia que se passa o desejo mais ao meu lado. É... Amar é para pessoas masoquistas, e, eu sou uma delas. Tenho certeza.

- Ami? – ouço a voz serena e preocupada de minha mãe. Retiro levemente minhas mãos dos olhos e a vejo me observando. Estava com uma sombrinha preta e fechada em uma das mãos e seu terno estava um pouco molhado com a água da chuva. Seus cabelos loiros estavam desgrenhados, caindo graciosamente pelo seu busto.

Mas os seus olhos eram os mais hipnotizantes na sua estatura séria e ao mesmo tempo maternal. Aquele azul fazia qualquer um entrar em um oceano límpido de beleza.

- Ah mãe. É ele novamente, me fazendo sofrer com esse estranho “amor”. – disse suspirando e sentando comportadamente no sofá.

Ela anda em minha direção, largando sua maleta e a sombrinha em cima da mesa no centro da sala.

- Querida, eu tenho uma idéia para parar com sua depressão... Quer tentar? – ela disse dando um sorriso reconfortante.

- Oh sim! – disse a abraçando. A verdade é que minha mãe quase não ia a casa, sempre trabalhando para nos manter. Ela e meu pai se divorciaram faz cinco anos, quando eu tinha aproximadamente 11 anos. Fazia muito tempo, realmente, mas ela nunca superou a separação e a cada dia se entupia mais de trabalhos.

E... Acabou me esquecendo.

Bom, eu sentia muita falta dela naquela época. Era tão triste ter que fazer minha própria comida, todas as noites e todos os dias. Era ruim dormir, tendo uma sensação de vazio.

Era péssimo ser chamada de bastarda ao ir à escola. Mas os meses foram se passando, e assim foram se passando os anos e eu me acostumei.

Agora, neste dia, completo meus dezessete anos. E... Ainda me lembro do que me fez sentir viva. Aquele garoto, o mesmo, a qual me apaixonei.

                                              “Ei, por que está chorando?”

                                              “Porque sou vazia”

                                                   “Mas que besteira. Todos temos um motivo para viver e nunca estamos vazios. Está vendo essa água que sai dos seus olhos? São lágrimas. Iguais as gotas de chuva que caem no verão. Você sente como todos. Você não é vazia”

                                              “Sinto?”

                                              “Isso é a tristeza, é um sentimento que nos faz sentir tristes”

                                               “Ah”

                                               “Aqui, vou te dar um presente, pra nunca mais pensar isso, ok?”

Então... Ele me entregou um pequeno coelho branco de pelúcia, ele tinha um belo laço rosa amarrado em seu pescoço.

Desde aquele dia, eu venho o amando secretamente.

-AMI! – minha mãe gritou – Você ouviu o que eu disse?

- Oh, não. Me desculpe o que era? – disse ainda meio inerte em meus pensamentos.

- Eu comprei passagens pra você, e te inscrevi em uma nova escola, em uma cidade aqui perto, chamada Amour Sucré.

- Você fez o que? – disse assustada. Não poderia me separar dele! Não agora... Eu ainda nem tinha dito o que sentia para ele.

- Tente minha querida. Talvez esqueça-o – disse minha mãe acariciando meus cabelos tão loiros quanto os dela. Era estranho... Ter essa sensação de novo.

Assenti. Talvez fosse melhor. Partir sem deixar rastros, como uma assassina. Mataria meus sentimentos de amor e não deixaria seus restos mortais à deriva de ninguém.

- Você ficará no apartamento de sua tia Alice, ok? Ela morreu deixando esse apartamento no seu nome, a pedido meu. Aqui está o endereço. Não precisa levar nada. Ele já está mobiliado.

- Obrigada – agradeci e fechei meus olhos azuis agora opacos.

- Quer que lhe leve agora? É só arrumar algumas coisinhas, como pente, escova de dente e algumas roupas, vou lhe dar dinheiro para comprar novas roupas, o material escolar necessário, comida e algumas bobeiras que quiser.

- Mas está escuro – disse olhando para a janela novamente. A chuva havia parado dando lugar a um céu estrelado.

- Não tem problema. Assim, você acorda amanhã e já vai conferir sua inscrição na escola, e também, quanto mais cedo você se afastar dele, melhor.

- Quanto tempo de viagem? – disse.

- Duas horas – minha mão completou.

A verdade é que era de madrugada. Uma duas horas da manhã. Mas não teria problema. Eu queria ir.

- Vou me arrumar, já desço – disse me levantando do sofá e subindo apressadamente as escadas rumo ao meu quarto.

Abri a porta violentamente. As lágrimas voltaram mais fortes, e embaçavam a minha visão. Kentin... Eu odeio e amo você. Não entendo isso!

Puxei a porta do meu armário e joguei algumas roupas em cima da cama. Peguei dois tênis, e agasalhos. Não levaria acessórios. Andei em direção a suíte e peguei pasta de dente, escova dental, alguns cremes e a escova de cabelos que estava dentro do box do chuveiro.

Olhei-me no espelho. Como era frágil. Minha pele era branca como a de uma boneca. Era pequena e com poucas curvas. Um corpo magro como uma marionete.

Os olhos azuis quase de vidro com sua opacidade. Meus lábios estavam rosados e os cabelos loiros quase chegados ao branco. Eles eram longos e iam até um pouco abaixo da minha cintura.

- Querida? – minha mãe clamou lá de baixo. Coloquei um agasalho negro por cima do vestido branco que portava.

Ele era bordado com laços e babados que iam até meus joelhos. Um presente do meu pai. Sorri melancólica.

Puxei uma mala dos entulhos do baú que ficava na ponta da minha cama. Ela era de um cor-de-rosa forte. Talvez por que, eu tinha seis anos quando comprei ela.

Joguei minhas roupas e coisas de qualquer jeito dentro dela. Peguei meu celular, notebook, modem, carregadores e meus fones de ouvido. Coloquei-os cuidadosamente na mala e a fechei. Pronto.

Desci apressada do mesmo modo que subi. Minha mãe puxou minha mão e juntas, corremos em direção ao carro parado no estacionamento da casa. Arremessei minha mala na parte do banco de trás e me sentei na cadeira do passageiro. Coloquei o cinto rapidamente.

Do mesmo modo minha mãe sentou no banco do motorista. Logo ela deu a partida no carro e fomos em direção a nova cidade e ao mesmo tempo, a minha nova vida.

Observei a janela durante o trajeto todo. Me lembrando de como conheci Kentin, da separação dos meus pais, do coelho que ele havia me dado... O coelho! Eu... Eu não o trouxe. As lágrimas começaram a escorrer pelas minhas bochechas novamente.

- Q-querida porque ainda chora? – ela disse perigosamente desviando os olhos da estrada.

- Mãe, presta atenção na estrada. Não liga pra mim, sou uma estúpida – disse abaixando a cabeça. Deixando que minha longa franja tampasse meus olhos. Continuei pensando no coelho e em Ken. Logo adormeci.

- Querida... – ouvi a voz da minha mãe, calma e serena – Chegamos. Venha.

Abri meus olhos e peguei a mala na parte de trás dos bancos. Abri a porta do carro e sai. Estava frio. Devia ser umas quatro horas da manhã. Minha mãe acionou o alarme do carro e andou em direção ao apartamento de dois andares. Não tinha elevador, então tivemos que subir escadas. Até que paramos em frente a uma porta branca com os números: 201.

Minha mãe puxou uma chave do bolso na saia do terno. Abriu a porta e logo meus olhos brilharam com a visão que tive.

Era um apartamento muito bonito. Iria mesmo morar aqui? Mas as palavras da minha mãe despertaram-me de meus pensamentos.

- Querida, já tenho que ir. Aqui as chaves. Hoje tenho turno às seis horas da manhã e você tem escola. É melhor deixar sua mala ainda desarrumada mesmo e ir dormir. Não se esqueça de colocar o despertador – ela disse acenando e se afastando, rumo às escadas escuras. Logo sumiu de vista.

Suspirei e adentrei no apartamento. Iria observá-lo depois. Tranquei-o e coloquei o despertador para as seis e cinco. As aulas deveriam começar sete e dez, como qualquer escola normal.

Subi as escadas que iam de forma espiral para o segundo andar. Encontrei um banheiro, um quarto e outro quarto. Entrei no primeiro e logo quis me deitar. Estava cansada dessas emoções. Dormi rapidamente e só acordei ouvindo a música do meu despertador.

Hora da escola...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.



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