A Ciclofaixa escrita por Brenda


Capítulo 1
Apenas Mais Um Passeio,Ou Não...




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Eu tinha chegado ao aluguel de bicicletas, mas fiquei extremamente triste quando soube que só tinha uma bicicleta. 

             Mas aí você pensa: “Por que você não pegou a bicicleta, afinal?” 

             Aí eu te respondo, meu caro amigo. Eu não peguei aquela bicicleta porque ela não era como as outras, ela tinha 4 assentos. Bom, eu poderia sair a procura de novos amiguinhos para pedalar comigo, certo? É claro que eu posso!
             Olhei para um cara que acabava de entrar. Ele se inclinou em direção ao balcão e eu escutei ele perguntar algo como “Onde posso arranjar um bicicleta?” e depois vi apenas sua cara de desgosto.

             – Hey man! – gritei e balancei as mãos pro alto.

             – Eu?  perguntou me olhando com cara de espanto, do tipo “Quem é essa loira louca?”

             – É! Eu também quero pedalar, sabe? – disse quando ele se aproximou. – A gente poderia procurar mais duas pessoas, não acha?

             – Pode ser. Qual é o seu nome? – ele sorriu e perguntou.

             – Diana Bones, senhor. – disse me curvando, fazendo graça.

             – Leonardo Furtado, senhora. – disse ele se curvando também. Ele tinha o cabelo escuro e era magro, parecia um ator de novela teen.

            – Já te roubaram muito?– perguntei.

            – Não, por quê?

            – Sabe, furtadoFurtado, Leonardo– falei tentando fazer ele entender minha piada sem graça– Não?

             – Não mesmo. Super sem graça.– disse com uma cara de tédio, que eu ignorei porque outro cara acabava de entrar no local.

             – Ei! Ei! Você!– o garoto loirinho olhou para mim.

             – Eu?– perguntou.

            A vontade foi de gritar “Não, a puta que me pariu!”, mas a minha mãe já tá morta e o carinha não ia gostar.
             – É cara! Olha, tá sem bike aqui, só tem aquela de quatros assentos, aí a gente tá esperando aparecer mais um pessoa, é claro, só se você topar, senão é esperar mais duas.– disse e fiz biquinho. O bom de ter o cabelo loiro e os olhos verdes e que quem te vê acha que tu é meiga e pá! Quando o cara se dá conta eu tô sambando na cara dele. Sim, eu sou perva.

             – É, pode ser.– o cara deu de ombros.Quem são vocês dois?  perguntou. 

            Ele era loirinho com os olhos verdes, assim como eu. Além de ser super gostoso. Mas eu não gosto dessa fruta, sabe? Prefiro as garotas. Elas são capazes de ser fofas e sacanas ao mesmo tempo. Elas sabem quando você quer algo, porque é exatamente o que ela iria querer se estivesse no seu lugar. Entende? Bom, e o melhor é que mulheres não colocam a toalha molhada em cima da cama e se lavam direitinho, pelo menos a maioria.

             – Eu sou a Diana e esse é o Leonardo.– disse jogando o polegar para trás apontando Leonardo.– E você?– perguntei.

             – Apolo.– respondeu. Ele era mais calado, percebi.

            Sentamos em uma das poltronas de espera que tinha na sala. A sala era grande, um tipo de escritório, só que em vez de mais cadeiras, ao lado da sala tinham ganchos apropriados para segurar as bicicletas.
            Esperamos outra pessoa chegar. Eu tinha dado sorte com os 2 primeiros caras, pois ambos tinham chegado em menos de 7 minutos.
            A porta rangeu e outra pessoa entrou. Não, não era outra pessoa, era a pessoa. A garota tinha os cabelos curtos tingidos de azul, usava uma regata laranjinha da Adidas, ambos shorts e casaquinho eram roxos e seus sapatos - super estilosos - eram vermelhos. Ela olhou diretamente para bicicleta e depois olhou para nós.
             – Vocês já têm alguém pra andar nessa bike?– perguntou. Ela tinha a voz bem feminina, apesar dos seus olhos serem um pouco maus. Ui! Adoro!

             – Se você quiser, vamos todos juntos.– me apressei em dizer.

            Eu já tinha visto o olho grande do Leo na menina. Mas qual é? Eu vi primeiro! Ela sorriu, e Deus! Que sorriso lindo! Ela - ao contrario de mim, que era magra - era gostosa. Seus seios pareciam dois melões e... Porra, Diana! Para com essa putaria!
             – Ok, posso saber quem são os senhores?– perguntou.

             – E as senhoras também.– acrescentei.

             – A senhora para ser exato.– disse Apolo.

             – Ai meu Deus!– exclamou sorrindo.– Ok, posso saber quem são os senhores e a senhora?– perguntou e olhou diretamente para mim.

             – A senhora se chama Diana e os senhores se chamam Leonardo e Apolo.– respondi falando na terceira pessoa como uma boba. Minha boca ficou aberta lá, acho que ela pensou “Quem é essa mongolóide?”, mas mesmo assim, não era possível parar de notar aqueles super peitos. 

             Mas, espera... Pode ser papel, certo? Bom, eu tinha uma queda por peitos porque eu não tenho eles, sabe? Meus seios são tão pequenos que se você aperta eles somem. Ok, eu estou exagerando um pouco, mas é bem por ai.

             E a senhora, podemos saber seu nome?– perguntei.

             – Rosalie White, ao seu dispor.– disse e piscou para mim.

            Ai minha Nossa Senhora da Bicicletinha Cor-de-rosa! Será que ela gosta dessa fruta?Hehe! Já sei o que vou fazer, eu vou pegar um picolé e... espera! Para tudo! Eu e minha mente perva! Eu tenho que parar de pensar em putaria!
             – Ok, vamos lá! Já temos quatro pessoas aqui!– disse Apolo animado.

            Fomos até o balcão onde se encontrava uma mulher com dreads longos no cabelo loiro. Ela usava uma roupa colorida e cheia de símbolos.
             – Você vão naquela bike ali, não é?– perguntou apontando para a única bike no lugar.

            Não! Imagina! A senhora me viu sentada ali faz meia hora por nada! Mordi minha língua para não insultar a mulher.
             – É sim.– disse a gostosa da Rosalie sorrindo.

            Para de pensar em putaria! Pense em pandas, Diana! Pandas fofos, pandas comendo tortas, pandas comendo pandas, Diana comendo Rosalie, Rosalie gritando por mais, Diana por cima... Ai meu Deus! Como eu fui parar de pandas para sexo com Rosalie? Não sei.
            Pegamos a bicicleta após cadastrar-nos e registrar que estávamos responsáveis por ela.
             – Onde você querem ir? Eu pensei no Central Park.– disse Rosalie. Estávamos do lado de fora, e o vento nos açoitava o rosto.

             – Eu concordo. – disse de prontidão.

            Qualquer coisa que a minha pandinha decidisse tava bom. Espera... Que porra é essa de pandinha?
             – Pode ser.– disse Leonardo.

             – Pra mim tá fechado!– disse Apolo.

            Pegamos a bicicleta e começamos a pedalar. A primeira foi eu. Os outros apenas sentaram lá trás e observaram a paisagem urbana, que logo iria ser substituída pelas arvores do Central Park.
            [...]
            Eu seguia pedalando, mas minhas pernas estavam começando a queimar.
             – Leonardo,você pode vir pedalar agora?– perguntei com a respiração um pouca acelerada.

             – Claro Di.– disse Leonardo. Bom, eu não tinha dado intimidade para ele, mas tudo bem né?

            Parei a bicicleta perto de uma árvore.
             – Aqui tá bom pessoal?– perguntei.

             – Tá sim! Hey, qual é o seu nome mesmo?– perguntou Apolo. Esse garoto tem algum problema, porque eu vou te contar viu! Já era a quarta vez eu dizia meu nome.

            – Di-a-na! Di-a-na! Vê se não esquece!– exaltei-me um pouco estressada.

             – Calma aí Di... Toma uma água vai. Agora é a vez do Polo pedalar.– disse Leonardo. Esse cara dá apelido a todo mundo mesmo?

             – Ok.– disse.

            Rosalie me encarava de vez em quando, mas assim que era flagrada por mim fazendo isso, corava. Subimos novamente na bicicleta, desta vez eu fiquei lá trás - no ultimo assento - e eu vi que Rosalie me seguia, sentando uma cadeira à frente da minha.
            Ela me olhou e sorriu. Neste momento Apolo tinha começado a pedalar, a cintura de Rosalie estava virado para frente mas seu tronco estava virado o Maximo possível para trás. Percebendo que a posição era incômoda, virou totalmente para trás.
             – Acho que você vai cair desse jeito.– comentei.

             – É bom viver loucamente.– brincou e sorriu para mim.

             – É impressão minha ou você tá dando em cima de mim?– perguntei.

            Meu pai dizia que um dia eu iria me condenar por causa da minha língua, mas eu sempre fui assim: direta.
             – Acredita que eu ia te perguntar a mesma coisa?

             – Não se reponde uma pergunta com outra.– esquivei.

             – Onde você viu isso? No Facebook?– perguntou e gargalhou, acabei rindo com ela, porque foi exatamente isso.

             – Foi bem isso!– admiti.

             – Bom, talvez, somente talvez eu tenha dado em cima de você.– disse com naturalidade– Mas você tem que me responder algumas perguntinhas antes. Você até pode ganhar um brinde, sabia?

             – O que vai ser meu brinde?– perguntei curiosa.

             – Você escutou o que eu disse antes?– perguntou com uma sobrancelha arqueada.

             – Claro que eu escutei! Talvez, blá, blá, blá, perguntas, blá, blá, blá! Mas e o brinde?– perguntei e fiz meu clássico biquinho.

            Mas ela me ignorou e perguntou:
             – Onde você mora?

             – Brooklyn.– respondi quando percebi que só iria ganhar o brinde quando respondesse tudo.

             Com quem mora?

             Meu pai, só que há dois meses ele teve um AVC, aí fudeu né? Eu pago pra uma enfermeira cuidar dele. Apesar de ele não merecer.

             Por que ele não merece?– perguntou.

             Porque quando eu assumi minha sexualidade em casa, ele me deixou sem comida por três dias.– suspirei.

             Credo! Mata logo essa porra!– disse Rosalie assustada e revoltada.

             Não é por falta de vontade viu? Mas ele ainda é o meu pai, né? Eu tenho que cuidar.– suspirei novamente. Era por isso que eu não falava desses assuntos, as pessoas sentiam pena. Rosalie pigarreou e sorriu.

             Acredita que quando eu assumi a minha sexualidade, meu pai assumiu também? Até hoje minha mãe me odeia, diz que a culpa foi minha...

            Eu não deixei ela terminar de falar, pois estava rindo.
             Ah, para de rir! O meu pai é gente boa!– reclamou.

             E viado também!– ela arregalou os olhos em falso espanto com meu atrevimento.– Ok, já parei.– ela ignorou meu sorriso sacana e continuou.

             Trabalha?

             Sim, numa livraria.– respondi.

             Você lê muito?– perguntou com os olhos brilhando.

             Na verdade não. O único livro que li foi “Diário de uma paixão”.

            Nós continuamos nossa conversa até chegar ao fim do dia, quando tivemos que voltar para levar a bike. A hippie nos reconheceu e logo nos ajudou a colocar a bicicleta no lugar. Leo deu uma carona a Apolo depois de descobrirem que moram a uma esquina de distância.
             Tchau meninas, a gente liga!– gritou Leo do banco do motorista.

             Tchau!– gritamos em coro.

            Em frente ao lugar onde se pegava as bicicletas existia uma praça, que era suja, mas muito ventilada, fazendo os cabelos azuis de Rosalie voarem. Eu e ela atravessamos a rua correndo e sentamos no lugar.

             Minha barriga faminta não pôde parar de encarar a barraquinha de hot-dogs que tinha ali. O que era uma pena pois eu não tinha dinheiro nem pra passagem de ônibus - sendo obrigada a ir a pé - quanto mais pra comprar hot-dog. Escutei uma risada solta pelo nariz e me virei a tempo de ver Rosalie me encarando.
             O que foi?– perguntei confusa.

             Por que você não disse que estava com fome? Vamos fazer assim, pegamos uns hot-dogs e vamos para o nosso caro.– sugeriu.

             Seria perfeito, se não fosse pelo fato de não ter dinheiro pro hot-dog e também não ter um carro.

             Nossa...Você vai pro Booklyn de ônibus? Não é perigoso?– perguntou preocupada.

            Soltei uma gargalhada.
             Querida,eu não tenho dinheiro nem pra passagem! Eu vou com as minha canelas finas!

             Ok, vamos fazer melhor! Eu te pago os hot-dogs, te levo em casa e depois de dou o seu brinde! Tá lembrada de como você respondeu tudo direitinho?– perguntou com um sorriso sacana e a sobrancelha arqueada.

             Ok,eu topo! Mas é só dessa vez, da próxima eu pago!– exclamei feliz.

             Vai ter uma próxima vez?– perguntou olhando pro chão.

             Hey! É claro que vai!– exclamei e dei um tapa no seu rosto.

             Ai vadia!– disse rindo e massageando o rosto– por que você fez isso?

             Pra você para de olhar pro chão com cara de cachorro que caiu da mudança.– disse e sorri.– Você não ia me pagar um hot-dog?

             Na verdade são três! Vamos tirar a barriga da miséria!

            Corremos até a barraquinha e pedimos seis hot-dogs. O que eu gostava de hot-dog de rua é que eles colocam carne até não caber mais no pão. Depois de pagarmos ao homem da barraquinha, atravessamos a rua e entramos em um estacionamento que tinha por trás de alguns prédios.
            Entramos no carro da Rosalie - que era uma caminhonete - e devoramos a comida. De vez em quando eu fazia nojeira com a comida dentro da boca e Rosalie gargalhava como um bebê. Nós jogamos o lixo no chão, o lugar já estava imundo mesmo.
            Durante o caminho ligamos o radio, e por pura ironia do destino, tocava I Kissed A Girl da Katy Perry.Cantamos bem alto, pois combinava muito com nós duas. Mas mais cedo do que eu esperava, chegamos em casa.
            Ela desligou o rádio e pulou fora do carro, eu fiz o mesmo. Ficamos nos encarando em frente ao meu pequeno prédio.
             Então... eu te ligo, certo?– dei o primeiro passo, quebrando o gelo.

             Pode ser.

             Cadê meu brinde?– soltei, quicando de curiosidade.

            Ela riu pelo nariz.
             Você é uma ambiciosa e tanto!– disse ela fingindo negação– Feche os olhos, já!

            Fechei de prontidão. Primeiro senti meus cabelos sendo lançados para trás, deixando o meu rosto livre, depois senti uma pressão sobre os meus lábios, uma boca forçando passagem por eles. Logo me dei conta de que estava sendo beijada, e retribuí de bom grado. Com a mão direita agarrei seus curtos cabelos e forcei-a para mais perto de mim, e com a esquerda apertei sua cintura. Ela fez o mesmo. Mas o ar nos faltou e tivemos que nos separar.
             Nossa véi! Nossa!  foi a única coisa que eu consegui dizer.

             Eu já estou indo Diana, até amanhã! – disse Rosalie trocando um sorriso inseguro por um sacana logo após perceber minha reação.

              Espera... Amanhã a gente vai se ver? – perguntei com esperança.

             Quem sabe. – ela disse dando de ombros.


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Notas finais do capítulo

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