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Depois de tudo esclarecido,Misa conseguiu perdoar a mãe e o pai.Ainda não entendia bem porque o pai dela não quisera adotar L,mas não importava.Ela ainda ficaria no hospital mais uns dois dias antes de receber alta e poder ir pra casa.

L vinha de tarde todo dia,trazendo a lição que ela estava perdendo na escola.Misa gostava.Passara a ver L mais como um irmão,o que talvez ele fosse.Passara a vê-lo com outros olhos,e seu carinho por ele aumentava todo dia.

Carinho...e algo mais?

-Misa,você tem visita.

-Ué...-Misa estranhou.Sua mãe já viera vê-la nesse dia.Seu pai tivera que ir embora da cidade,depois de se certificar que Misa estava bem.Ryuzaki havia saído fazia menos de meia hora.Quem poderia ser?

Então,ela viu quem era.

Raito.

Ele entrou pela porta,meio timidamente,e disse:

-Oi,Misa.

Misa se sentiu muito estranha no momento.Toda a raiva que sentia dele veio à tona nesse momento.Mas,também,sentiu uma estranha pena dele.Ele estava horrível.Magro,muito magro,com olheiras,muitos sinais que indicavam que ele estivera doente,muito doente.Era um contraste estranho com as roupas de marca que usava.

-Raito...

Raito andou e parou na frente de Misa.

-Eu vim ver como você estava.Saí do Centro de Recuperação faz uns dois dias,e fiquei sabendo só ontem que você estava hospitalizada.

Então isso explicava a aparência doentia de Raito.Como Naomi disse,ele ESTAVA usando drogas.Mas ficara num centro para drogados e agora saíra.

“Deve ter sido bastante sofrido...Espere,por que estou pensando isso?”

-Eu...estava bastante preocupado com você,Misa,de verdade.Não consegui dormir essa noite sabendo que você estava aqui.Quando o Mikami me contou que você tinha sido atropelada,eu...

-Tá,Raito.O que você quer?

Raito a olhou no fundo dos olhos.

-Como assim?

-A quem você pensa que engana,Raito?Você,preocupado comigo?Conta outra,vai.Ainda não esqueci e nem perdoei você pelo que me disse naquele dia.E nunca vou perdoar.Por que você não vai pra baixo da saia da Kiyomi e me deixa em paz de uma vez?

Raito suspirou.

-Misa...eu entendo que você me odeie.O que eu disse aquele dia...na época em que a gente estava namorando eu já tinha começado a me drogar.E eu tinha tomado uma dose naquele dia.

-E daí?Quer dizer que as drogas que inventaram tudo aquilo que você disse?

-Não,Misa.Eu não vou fugir do que fiz.É verdade que o efeito me induziu a botar tudo pra fora,mas aquilo já estava em meu interior.Eu sou homem,Misa.Assumo o que disse.

-...

-Porém,Misa,eu reconheci que estava errado.Eu me arrependi de ter terminado com você.Desde que a gente terminou eu não olho pra mais nenhuma garota.E,naquele centro,enquanto eu passava as noites mordendo os cotovelos querendo heroína,eu pensava em você,e prometia pra mim mesmo que ficaria limpo,pra poder sair de lá e ver você de novo.

“Pare...por favor,pare...”

As palavras de Raito abriam velhas feridas,e a deixavam fragilizada.Ela poderia acabar cedendo a ele de novo,mesmo que todo o seu corpo gritasse que não.

-Essa é a verdade,Misa.Eu não menti pra você.Eu...eu amo você,de verdade.

Essas palavras explodiram em seu interior.Misa sentiu uma tempestade dentro de si mesma,uma sensação de pânico,confusão e vontade de chorar.

Precisou de toda a sua força de vontade pra permanecer impassível,sem deixar transparecer a fragilidade dentro de si.

Apenas se endireitou e disse o mais friamente possível:

-Tá bem.

-Misa...eu não espero que você me perdoe.Eu vou entender se você não quiser mais me olhar na cara novamente.Mas eu tinha que dizer isso,Misa.Apesar de tudo...eu amo você.De verdade.

-Raito...por favor,vá embora.

Raito,então,se levantou devagar e saiu.Porém,antes de sair,parou na porta,olhou para Misa e disse:

-Misa...por favor,pense bem antes de fazer uma loucura dessas de novo.Sua vida é preciosa demais pra ser perdida pra um acidente estúpido.

Então,Raito saiu,deixando Misa com uma mescla de sentimentos imensa dentro de si.

Raito a amava?

E ela,ainda o amava?